Há um século, Estadão transmitia vitória histórica da Seleção em tempo real


Multidão foi à sede do jornal acompanhar lances através do 'placard' na fachada do edifício

Por Liz Batista
Atualização:
O Estado de S.Paulo- 31/5/1919 Foto: Acervo/Estadão

Uma fotografia da multidão aglomerada em frente ao prédio do jornal O Estado de S.Paulo para acompanhar os lances da final do Campeonato Sul-Americano de Futebol através de um placar instalado na fachada do edifício dá uma ideia da paixão que o esporte já provocava em 1919. Naquela época, a sede do jornal ficava no Palacete Martinico Prado, na Praça Antônio Prado, onde hoje funciona a Bolsa de Valores de São Paulo.

O Estado de S.Paulo - 30/5/1919 Foto: Acervo/Estadão
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A partida, realizada em 29 de maio de 1919, no Estádio de Laranjeiras do Fluminense, no Rio de Janeiro, se tornou um épico do futebol, não só pela árdua disputa em campo, mas porque com a vitória a Seleção escreveu um importante capítulo da história do esporte nacional. Aquele foi o primeiro título internacional conquistado pelo Brasil. Foi uma vitória suada, o único gol do jogo, que garantiu o placar de1 a 0 para o Brasil, aconteceu aos 3 minutos da segunda prorrogação, nos 122 minutos do jogo. Veio dos pés do craque Arthur Friedenreich, apelidado de “El Tigre” pelos adversários depois dessa final.

O Estado de S.Paulo - 29/5/1919 Foto: Acervo/ Estadão

No dia seguinte ao jogo, a edição do jornal de 30 de maio de 1919 contou em detalhes todos os lances da disputa. Trouxe também uma tabela com a estatística do desempenho das equipes nas competições de 1916, 1917 e 1919, com todos os gols e resultados das partidas. O texto “Football: O campeonato Sul-americano: Brasileiros vc. Uruguayos” é marcado pelo linguajar técnico herdado do inglês. Está repleto de expressões como “goal”, "match",  “Stadium”, “full-back”, “toss”, “off-side”. A expressão "shoot" já encontrava um ensaio de equivalência para o português, na  sua variação“shoota” que descrevia um ataque ao gol e  pode ser vista no trecho que narra a abertura do placar para o Brasil: " (...) os uruguayos avançam, mas são de novo relidos. Neco avança, emquanto Heitor apanha a bola e escapa, fazendo um belíssimo passe a Friedenreich, que 'shoota', marcando o primeiro 'goal' para o quadro nacional às 16 horas e 52 minutos."

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O Estado de S.Paulo - 31/5/1919 Foto: Acervo/Estadão

Entre as notas curiosas da cobertura, um destaque é grande presença feminina noticiada na edição de 31 de maio de 1919,  que trata da movimentação de torcedores no dia da partida: "Desde as 10 horas que as ruas que circundam o 'stadium' do Fluminense apresentavam um movimento desusado. O elemento feminino predomina. Muitas senhoras e senhoritas levaram até farnéis para o campo (...) Depois do meio dia, já não se cabia mais gente na magnífica praça de 'sports'. Mas, as bilheterias ainda funcionavam. Nos portões, inúmeros cambistas, que conseguiam burlar a vigilância da polícia, revendiam entradas a preços exorbitantes."

Outra nota digna de menção é um ensaio de crônica esportiva publicado em 30 de maio de 1919. Intitulado “Ligeiras considerações”, o texto enumerava as qualidades que faziam o 'football' brasileiro superior: “a) agilidade assombrosa (…); b) extraordinário poder de reação (…); c) igual capacidade tanto para o ataque mais impetuosos como para a defesa mais continua e eficiente (…); d) excepcionais possibilidades de resistência.”

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A foto da imagem da multidão acompanhando o jogo só seria publicada dois dias depois, na edição 31 de maio.

Veja também:

#Friedenreich também foi craque fora dos campos#Há um século: Copa América

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O Estado de S.Paulo- 31/5/1919 Foto: Acervo/Estadão

Uma fotografia da multidão aglomerada em frente ao prédio do jornal O Estado de S.Paulo para acompanhar os lances da final do Campeonato Sul-Americano de Futebol através de um placar instalado na fachada do edifício dá uma ideia da paixão que o esporte já provocava em 1919. Naquela época, a sede do jornal ficava no Palacete Martinico Prado, na Praça Antônio Prado, onde hoje funciona a Bolsa de Valores de São Paulo.

O Estado de S.Paulo - 30/5/1919 Foto: Acervo/Estadão

A partida, realizada em 29 de maio de 1919, no Estádio de Laranjeiras do Fluminense, no Rio de Janeiro, se tornou um épico do futebol, não só pela árdua disputa em campo, mas porque com a vitória a Seleção escreveu um importante capítulo da história do esporte nacional. Aquele foi o primeiro título internacional conquistado pelo Brasil. Foi uma vitória suada, o único gol do jogo, que garantiu o placar de1 a 0 para o Brasil, aconteceu aos 3 minutos da segunda prorrogação, nos 122 minutos do jogo. Veio dos pés do craque Arthur Friedenreich, apelidado de “El Tigre” pelos adversários depois dessa final.

O Estado de S.Paulo - 29/5/1919 Foto: Acervo/ Estadão

No dia seguinte ao jogo, a edição do jornal de 30 de maio de 1919 contou em detalhes todos os lances da disputa. Trouxe também uma tabela com a estatística do desempenho das equipes nas competições de 1916, 1917 e 1919, com todos os gols e resultados das partidas. O texto “Football: O campeonato Sul-americano: Brasileiros vc. Uruguayos” é marcado pelo linguajar técnico herdado do inglês. Está repleto de expressões como “goal”, "match",  “Stadium”, “full-back”, “toss”, “off-side”. A expressão "shoot" já encontrava um ensaio de equivalência para o português, na  sua variação“shoota” que descrevia um ataque ao gol e  pode ser vista no trecho que narra a abertura do placar para o Brasil: " (...) os uruguayos avançam, mas são de novo relidos. Neco avança, emquanto Heitor apanha a bola e escapa, fazendo um belíssimo passe a Friedenreich, que 'shoota', marcando o primeiro 'goal' para o quadro nacional às 16 horas e 52 minutos."

O Estado de S.Paulo - 31/5/1919 Foto: Acervo/Estadão

Entre as notas curiosas da cobertura, um destaque é grande presença feminina noticiada na edição de 31 de maio de 1919,  que trata da movimentação de torcedores no dia da partida: "Desde as 10 horas que as ruas que circundam o 'stadium' do Fluminense apresentavam um movimento desusado. O elemento feminino predomina. Muitas senhoras e senhoritas levaram até farnéis para o campo (...) Depois do meio dia, já não se cabia mais gente na magnífica praça de 'sports'. Mas, as bilheterias ainda funcionavam. Nos portões, inúmeros cambistas, que conseguiam burlar a vigilância da polícia, revendiam entradas a preços exorbitantes."

Outra nota digna de menção é um ensaio de crônica esportiva publicado em 30 de maio de 1919. Intitulado “Ligeiras considerações”, o texto enumerava as qualidades que faziam o 'football' brasileiro superior: “a) agilidade assombrosa (…); b) extraordinário poder de reação (…); c) igual capacidade tanto para o ataque mais impetuosos como para a defesa mais continua e eficiente (…); d) excepcionais possibilidades de resistência.”

A foto da imagem da multidão acompanhando o jogo só seria publicada dois dias depois, na edição 31 de maio.

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Uma fotografia da multidão aglomerada em frente ao prédio do jornal O Estado de S.Paulo para acompanhar os lances da final do Campeonato Sul-Americano de Futebol através de um placar instalado na fachada do edifício dá uma ideia da paixão que o esporte já provocava em 1919. Naquela época, a sede do jornal ficava no Palacete Martinico Prado, na Praça Antônio Prado, onde hoje funciona a Bolsa de Valores de São Paulo.

O Estado de S.Paulo - 30/5/1919 Foto: Acervo/Estadão

A partida, realizada em 29 de maio de 1919, no Estádio de Laranjeiras do Fluminense, no Rio de Janeiro, se tornou um épico do futebol, não só pela árdua disputa em campo, mas porque com a vitória a Seleção escreveu um importante capítulo da história do esporte nacional. Aquele foi o primeiro título internacional conquistado pelo Brasil. Foi uma vitória suada, o único gol do jogo, que garantiu o placar de1 a 0 para o Brasil, aconteceu aos 3 minutos da segunda prorrogação, nos 122 minutos do jogo. Veio dos pés do craque Arthur Friedenreich, apelidado de “El Tigre” pelos adversários depois dessa final.

O Estado de S.Paulo - 29/5/1919 Foto: Acervo/ Estadão

No dia seguinte ao jogo, a edição do jornal de 30 de maio de 1919 contou em detalhes todos os lances da disputa. Trouxe também uma tabela com a estatística do desempenho das equipes nas competições de 1916, 1917 e 1919, com todos os gols e resultados das partidas. O texto “Football: O campeonato Sul-americano: Brasileiros vc. Uruguayos” é marcado pelo linguajar técnico herdado do inglês. Está repleto de expressões como “goal”, "match",  “Stadium”, “full-back”, “toss”, “off-side”. A expressão "shoot" já encontrava um ensaio de equivalência para o português, na  sua variação“shoota” que descrevia um ataque ao gol e  pode ser vista no trecho que narra a abertura do placar para o Brasil: " (...) os uruguayos avançam, mas são de novo relidos. Neco avança, emquanto Heitor apanha a bola e escapa, fazendo um belíssimo passe a Friedenreich, que 'shoota', marcando o primeiro 'goal' para o quadro nacional às 16 horas e 52 minutos."

O Estado de S.Paulo - 31/5/1919 Foto: Acervo/Estadão

Entre as notas curiosas da cobertura, um destaque é grande presença feminina noticiada na edição de 31 de maio de 1919,  que trata da movimentação de torcedores no dia da partida: "Desde as 10 horas que as ruas que circundam o 'stadium' do Fluminense apresentavam um movimento desusado. O elemento feminino predomina. Muitas senhoras e senhoritas levaram até farnéis para o campo (...) Depois do meio dia, já não se cabia mais gente na magnífica praça de 'sports'. Mas, as bilheterias ainda funcionavam. Nos portões, inúmeros cambistas, que conseguiam burlar a vigilância da polícia, revendiam entradas a preços exorbitantes."

Outra nota digna de menção é um ensaio de crônica esportiva publicado em 30 de maio de 1919. Intitulado “Ligeiras considerações”, o texto enumerava as qualidades que faziam o 'football' brasileiro superior: “a) agilidade assombrosa (…); b) extraordinário poder de reação (…); c) igual capacidade tanto para o ataque mais impetuosos como para a defesa mais continua e eficiente (…); d) excepcionais possibilidades de resistência.”

A foto da imagem da multidão acompanhando o jogo só seria publicada dois dias depois, na edição 31 de maio.

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