Leão, o goleiro que também fez sucesso com as pernas


Revista feminina contratou goleiro do Palmeiras em 1974 para um poster e queria ele nu

Por Acervo Estadão
Atualização:

O goleiro Leão, do Palmeiras e da Seleção Brasileira, foi o destaque de uma das páginas de Esporte do Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. O motivo não era a sua atuação na dura tarefa de tentar impedir o principal momento de uma partida de futebol, o gol. Leão ganhou o alto de página naquele dia por causa do sucesso que fazia com o público feminino depois que um jornal alemão o elegeu como as “pernas mais bonitas da Copa de 1974″.

Sob uma foto de Leão posando vestido somente com uma sunga em cima de um tapete com pele e cabeça de um anima felino, o repórter Octacílio do Carmo contou como o goleiro vinha lidando com a situação e que naquele dia chegava às bancas a edição de uma revista feminina que pagou um cachê de 20 mil cruzeiros, equivalente a 117 mil reais atuais, para tê-lo no poster. A editora da revista disse que Leão aceitou aparecer nu, mas depois recuou. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 17 de setembro de 1974

continua após a publicidade
Reportagem sobre as pernas do goleiro Leão no Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. Foto: Acervo Estadão

Leão, o bom uso das pernas bonitas

Ele tem consciência que virou atração para as mulheres. E está cobrando por isso

continua após a publicidade

Octacílio do Carmo

Pelé vendeu muito o seu soco no ar; Rivelino, o chute potente; César, os beijos para a torcida; e agora Leão vende caro suas pernas. Elas são o novo produto que entra definitivamente no mercado. Elas custaram 20 mil cruzeiros, entre outras despesas, a uma revista feminina que está chegando hoje às bancas. Leão confessa que essa pose, em poster colorido na revista, foi até agora o seu melhor contrato publicitário mas tem planos de aproveitar a imagem de “o homem das pernas bonitas”, para ganhar muito mais ainda.

— Eu não sei se realmente minhas pernas são as mais bonitas.- dizem que são. Não tenho culpa.

continua após a publicidade

A fama começou durante a Copa da Alemanha. O jogo defensivo do Brasil exigia que as televisões mostrassem ao mundo a boa atuação de Leão no gol, o calção apertando as pernas grossas.

— Não é verdade que eu mandei fazer um calção mais justo para mim. O que aconteceu é que nossos adversários lá na Alemanha usavam calções largos e esse contraste causou a curiosidade.

Aí um jornal alemão elegeu as pernas de Leão, “as mais bonitas da Copa”, enquanto Rivelino era considerado “o jogador mais briguento”, entre outros. Isso foi suficiente para incendiar a imaginação feminina. E hoje, entre surpreso e vaidoso, Leão observa crescer, dia a dia, a fama de suas pernas.

continua após a publicidade

— Tem gente que vem até apalpar minhas pernas, mesmo quando estou de calças. É incrível. Ainda agora, tive que mudar de mesa no restaurante para poder almoçar.

Leão citava esse exemplo pouco antes do jogo Palmeiras e Noroeste, ainda no Hotel Cidade de Bauru. Ao mesmo tempo procurava negar a “imagem de antipático”, consiciente de que “devo sorrir e atender bem a todas as pessoas, mesmo quando não estou para sorrisos”.

O goleiro do Palmeiras gosta de usar também o termo “responsabilidade profissional”, referindo-se ao novo público (o feminino) que sente arrastar aos estádio.

continua após a publicidade

— Nas propostas de amistosos que o Palmeiras tem recebido, eu sou um dos jogadores indispensáveis. Bom para o Palmeiras, que pode exigir mais na cota do jogo, e a mim cabe manter essa imagem, para não decepcionar ninguém e lucrar com ela também.

Se a cidade de Bauru servir de exemplo, Leão está perto de ganhar o que jamais imaginou. As vésperas do jogo contra o Noroeste, as ligações telefônicas para ele, no hotel, tiveram de ser suspensas.

— Vim aqui para jogar, sei me cuidar e levo a profissão a sério.

continua após a publicidade

Em campo, uniforme todo azul, Leão foi, sem dúvida, o responsável pela presença de muitas mulheres no pequeno estádio Alfredo Castilho, que teve o público récorde de 22.863 pagantes.

Leila, jovem que frequenta o badalado “Pop Top” - ponto de encontro da juventude de Bauru — esteve também no estádio, observou as pernas de Leão mas não mostrou muito entusiasmo:

— Acho que sou a única mulher que não se entusiasma com as pernas do Leão. Na Faculdade (de Ciências Matemáticas), as meninas só falavam nas pernas dele mas eu não vi nada demais. Para mim, são normais, como tantas outras.

Para a revista, que há mais de seis meses procurava um homem “de físico perfeito, sensual”, Leão foi um grande achado:

— “Procuramos homens da televisão, mas são todos feios de físico. Tó Tarciso Meira [”Só Tarcísio Meira...” A frase foi impressa no jornal com erro de digitação] tem bom físico, mas eu sei que ele não posaria. Então apareceu Leão, físico ideal, popular, sexy, tudo o que nós queríamos — diz Fátima Ali, diretora da revista, esperando também que. as pernas de Leão sejam um bom negócio para a publicação, que teve a tiragem aumentada por causa do poster.

Fátima Ali revela ainda: Nos íamos mostrar Leão nu. A princípio, ele havia concordado, mas depois. voltou atrás. E para não criar caso, respeitamos sua opinião; mas pelo contrato assinado, podería-mos exigi-lo nu.

Reportagem sobre as pernas do goleiro Leão no Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

O goleiro Leão, do Palmeiras e da Seleção Brasileira, foi o destaque de uma das páginas de Esporte do Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. O motivo não era a sua atuação na dura tarefa de tentar impedir o principal momento de uma partida de futebol, o gol. Leão ganhou o alto de página naquele dia por causa do sucesso que fazia com o público feminino depois que um jornal alemão o elegeu como as “pernas mais bonitas da Copa de 1974″.

Sob uma foto de Leão posando vestido somente com uma sunga em cima de um tapete com pele e cabeça de um anima felino, o repórter Octacílio do Carmo contou como o goleiro vinha lidando com a situação e que naquele dia chegava às bancas a edição de uma revista feminina que pagou um cachê de 20 mil cruzeiros, equivalente a 117 mil reais atuais, para tê-lo no poster. A editora da revista disse que Leão aceitou aparecer nu, mas depois recuou. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 17 de setembro de 1974

Reportagem sobre as pernas do goleiro Leão no Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. Foto: Acervo Estadão

Leão, o bom uso das pernas bonitas

Ele tem consciência que virou atração para as mulheres. E está cobrando por isso

Octacílio do Carmo

Pelé vendeu muito o seu soco no ar; Rivelino, o chute potente; César, os beijos para a torcida; e agora Leão vende caro suas pernas. Elas são o novo produto que entra definitivamente no mercado. Elas custaram 20 mil cruzeiros, entre outras despesas, a uma revista feminina que está chegando hoje às bancas. Leão confessa que essa pose, em poster colorido na revista, foi até agora o seu melhor contrato publicitário mas tem planos de aproveitar a imagem de “o homem das pernas bonitas”, para ganhar muito mais ainda.

— Eu não sei se realmente minhas pernas são as mais bonitas.- dizem que são. Não tenho culpa.

A fama começou durante a Copa da Alemanha. O jogo defensivo do Brasil exigia que as televisões mostrassem ao mundo a boa atuação de Leão no gol, o calção apertando as pernas grossas.

— Não é verdade que eu mandei fazer um calção mais justo para mim. O que aconteceu é que nossos adversários lá na Alemanha usavam calções largos e esse contraste causou a curiosidade.

Aí um jornal alemão elegeu as pernas de Leão, “as mais bonitas da Copa”, enquanto Rivelino era considerado “o jogador mais briguento”, entre outros. Isso foi suficiente para incendiar a imaginação feminina. E hoje, entre surpreso e vaidoso, Leão observa crescer, dia a dia, a fama de suas pernas.

— Tem gente que vem até apalpar minhas pernas, mesmo quando estou de calças. É incrível. Ainda agora, tive que mudar de mesa no restaurante para poder almoçar.

Leão citava esse exemplo pouco antes do jogo Palmeiras e Noroeste, ainda no Hotel Cidade de Bauru. Ao mesmo tempo procurava negar a “imagem de antipático”, consiciente de que “devo sorrir e atender bem a todas as pessoas, mesmo quando não estou para sorrisos”.

O goleiro do Palmeiras gosta de usar também o termo “responsabilidade profissional”, referindo-se ao novo público (o feminino) que sente arrastar aos estádio.

— Nas propostas de amistosos que o Palmeiras tem recebido, eu sou um dos jogadores indispensáveis. Bom para o Palmeiras, que pode exigir mais na cota do jogo, e a mim cabe manter essa imagem, para não decepcionar ninguém e lucrar com ela também.

Se a cidade de Bauru servir de exemplo, Leão está perto de ganhar o que jamais imaginou. As vésperas do jogo contra o Noroeste, as ligações telefônicas para ele, no hotel, tiveram de ser suspensas.

— Vim aqui para jogar, sei me cuidar e levo a profissão a sério.

Em campo, uniforme todo azul, Leão foi, sem dúvida, o responsável pela presença de muitas mulheres no pequeno estádio Alfredo Castilho, que teve o público récorde de 22.863 pagantes.

Leila, jovem que frequenta o badalado “Pop Top” - ponto de encontro da juventude de Bauru — esteve também no estádio, observou as pernas de Leão mas não mostrou muito entusiasmo:

— Acho que sou a única mulher que não se entusiasma com as pernas do Leão. Na Faculdade (de Ciências Matemáticas), as meninas só falavam nas pernas dele mas eu não vi nada demais. Para mim, são normais, como tantas outras.

Para a revista, que há mais de seis meses procurava um homem “de físico perfeito, sensual”, Leão foi um grande achado:

— “Procuramos homens da televisão, mas são todos feios de físico. Tó Tarciso Meira [”Só Tarcísio Meira...” A frase foi impressa no jornal com erro de digitação] tem bom físico, mas eu sei que ele não posaria. Então apareceu Leão, físico ideal, popular, sexy, tudo o que nós queríamos — diz Fátima Ali, diretora da revista, esperando também que. as pernas de Leão sejam um bom negócio para a publicação, que teve a tiragem aumentada por causa do poster.

Fátima Ali revela ainda: Nos íamos mostrar Leão nu. A princípio, ele havia concordado, mas depois. voltou atrás. E para não criar caso, respeitamos sua opinião; mas pelo contrato assinado, podería-mos exigi-lo nu.

Reportagem sobre as pernas do goleiro Leão no Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

O goleiro Leão, do Palmeiras e da Seleção Brasileira, foi o destaque de uma das páginas de Esporte do Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. O motivo não era a sua atuação na dura tarefa de tentar impedir o principal momento de uma partida de futebol, o gol. Leão ganhou o alto de página naquele dia por causa do sucesso que fazia com o público feminino depois que um jornal alemão o elegeu como as “pernas mais bonitas da Copa de 1974″.

Sob uma foto de Leão posando vestido somente com uma sunga em cima de um tapete com pele e cabeça de um anima felino, o repórter Octacílio do Carmo contou como o goleiro vinha lidando com a situação e que naquele dia chegava às bancas a edição de uma revista feminina que pagou um cachê de 20 mil cruzeiros, equivalente a 117 mil reais atuais, para tê-lo no poster. A editora da revista disse que Leão aceitou aparecer nu, mas depois recuou. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 17 de setembro de 1974

Reportagem sobre as pernas do goleiro Leão no Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. Foto: Acervo Estadão

Leão, o bom uso das pernas bonitas

Ele tem consciência que virou atração para as mulheres. E está cobrando por isso

Octacílio do Carmo

Pelé vendeu muito o seu soco no ar; Rivelino, o chute potente; César, os beijos para a torcida; e agora Leão vende caro suas pernas. Elas são o novo produto que entra definitivamente no mercado. Elas custaram 20 mil cruzeiros, entre outras despesas, a uma revista feminina que está chegando hoje às bancas. Leão confessa que essa pose, em poster colorido na revista, foi até agora o seu melhor contrato publicitário mas tem planos de aproveitar a imagem de “o homem das pernas bonitas”, para ganhar muito mais ainda.

— Eu não sei se realmente minhas pernas são as mais bonitas.- dizem que são. Não tenho culpa.

A fama começou durante a Copa da Alemanha. O jogo defensivo do Brasil exigia que as televisões mostrassem ao mundo a boa atuação de Leão no gol, o calção apertando as pernas grossas.

— Não é verdade que eu mandei fazer um calção mais justo para mim. O que aconteceu é que nossos adversários lá na Alemanha usavam calções largos e esse contraste causou a curiosidade.

Aí um jornal alemão elegeu as pernas de Leão, “as mais bonitas da Copa”, enquanto Rivelino era considerado “o jogador mais briguento”, entre outros. Isso foi suficiente para incendiar a imaginação feminina. E hoje, entre surpreso e vaidoso, Leão observa crescer, dia a dia, a fama de suas pernas.

— Tem gente que vem até apalpar minhas pernas, mesmo quando estou de calças. É incrível. Ainda agora, tive que mudar de mesa no restaurante para poder almoçar.

Leão citava esse exemplo pouco antes do jogo Palmeiras e Noroeste, ainda no Hotel Cidade de Bauru. Ao mesmo tempo procurava negar a “imagem de antipático”, consiciente de que “devo sorrir e atender bem a todas as pessoas, mesmo quando não estou para sorrisos”.

O goleiro do Palmeiras gosta de usar também o termo “responsabilidade profissional”, referindo-se ao novo público (o feminino) que sente arrastar aos estádio.

— Nas propostas de amistosos que o Palmeiras tem recebido, eu sou um dos jogadores indispensáveis. Bom para o Palmeiras, que pode exigir mais na cota do jogo, e a mim cabe manter essa imagem, para não decepcionar ninguém e lucrar com ela também.

Se a cidade de Bauru servir de exemplo, Leão está perto de ganhar o que jamais imaginou. As vésperas do jogo contra o Noroeste, as ligações telefônicas para ele, no hotel, tiveram de ser suspensas.

— Vim aqui para jogar, sei me cuidar e levo a profissão a sério.

Em campo, uniforme todo azul, Leão foi, sem dúvida, o responsável pela presença de muitas mulheres no pequeno estádio Alfredo Castilho, que teve o público récorde de 22.863 pagantes.

Leila, jovem que frequenta o badalado “Pop Top” - ponto de encontro da juventude de Bauru — esteve também no estádio, observou as pernas de Leão mas não mostrou muito entusiasmo:

— Acho que sou a única mulher que não se entusiasma com as pernas do Leão. Na Faculdade (de Ciências Matemáticas), as meninas só falavam nas pernas dele mas eu não vi nada demais. Para mim, são normais, como tantas outras.

Para a revista, que há mais de seis meses procurava um homem “de físico perfeito, sensual”, Leão foi um grande achado:

— “Procuramos homens da televisão, mas são todos feios de físico. Tó Tarciso Meira [”Só Tarcísio Meira...” A frase foi impressa no jornal com erro de digitação] tem bom físico, mas eu sei que ele não posaria. Então apareceu Leão, físico ideal, popular, sexy, tudo o que nós queríamos — diz Fátima Ali, diretora da revista, esperando também que. as pernas de Leão sejam um bom negócio para a publicação, que teve a tiragem aumentada por causa do poster.

Fátima Ali revela ainda: Nos íamos mostrar Leão nu. A princípio, ele havia concordado, mas depois. voltou atrás. E para não criar caso, respeitamos sua opinião; mas pelo contrato assinado, podería-mos exigi-lo nu.

Reportagem sobre as pernas do goleiro Leão no Jornal da Tarde de 17 de setembro de 1974. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.