Maceió: governo alagoano reconheceu erro na localização do pólo químico antes da inauguração em 1977


Poluição do mar e risco de vazamento de cloro fizeram governo estadual admitir erro com a Salgema S.A, mas nada foi feito porque custo do replanejamento era alto

Por Carlos Eduardo Entini
Atualização:
A localização do pólo-químico em Alagoas despertou preocupação antes da inauguração Foto: Acervo/

O governo de Alagoas reconheceu o erro na instalação de usinas de cloro e soda na região metropolitana de Maceió cinco meses antes do complexo cloro-químico ter entrado em operação, no final de fevereiro de 1977.

“O governo de Alagoas reconheceu finalmente que a localização das unidades de cloro e soda da Salgema S.A é inadequada e decidiu fazer o replanejamento da “Grande Maceió” que custará 900 milhões de cruzeiros”, escreveu o repórter Valdeci Verdelho na reportagem “Alagoas reconhece erro ao instalar a Salgema”, publicada na edição dominical do Estadão de 12 de setembro de 1976.

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O enviado especial à capital alagoana contou que a cidade não teria os recursos necessários para a correção do problema. “As autoridades locais, entretanto, não se abalam diante das dificuldades previstas. “Com as indústrias do pólo cloro-químico seremos o primeiro estado do Nordeste a atravessar a barreira do desenvolvimento.

A preocupação, na época, ainda não era por causa da exploração silenciosa do subsolo em busca do sal-gema, por quase cinco décadas, que acabou por afundar o solo em cinco bairros da região e desabrigou mais de 50 mil pessoas.

O problema era visível: a poluição ambiental da área colada ao mar e repleta de pessoas ao seu redor com perigo de serem atingidas pelo vazamento de cloro. Além de estar em zona de canais das lagoas, incluindo as duas maiores do Estado, Mundau e Manguauba.

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Quase dois anos antes, em dezembro de 1975, o repórter do Estadão, José Maria Santana, foi enviado ao local para reportar os efeitos da instalação das usinas no ambiente. A primeira constatação da reportagem foi que enquanto não houvesse o tratamento da salmoura, um dos resíduos daquele processo industrial, ela seria jogada diretamente no mar.

Em dezembro de 1975, Estadão enviou repórter para conhecer a nova realidade de Maceió Foto: Estadão Acervo

Poluição marítima

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O outro problema seria o despejo de cloro no mar enquanto não fosse construída outra unidade para aproveitar a substância e transformá-la dicloretano. O despejo em grande quantidade dessas substâncias no mar iria alterar o PH da água e muitas espécies desapareceriam, argumentou um dos cientistas consultados pela reportagem.

Um dos primeiros efeitos da destruição ambiental ocorrida com o projeto foram os técnicos da Salgema dinamitando recifes para a construção de um terminal marítimo.

Além dos efeitos ambientais, a região passou a sofrer com os sociais. Por causa da construção do pólo, iniciou a corrida por terras, “a população, contudo, já está sendo forçada a conviver com a realidade trazida pela Salgema: o aluguel de casas em Maceió aumentou em mais de 100 por cento; os terrenos estão sendo vendidos a até 1.500 cruzeiros o metro quadrado e a especulação imobiliária obriga as famílias pobres a retirar-se para a periferia, que se distancia sempre mais do antigo centro urbano”, relatou Santana.

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Foi diante dessa realidade, de um projeto apressado e despreparado para as consequências, que o governador de Alagoas, Divaldo Suruagy, reconheceu a complexidade do problema e assumiu o erro da instalação do complexo. E na época, segundo a reportagem de 12 de setembro de 1976, Suruagy resolveu ‘refazer o planejamento da Grande Maceió’, ou seja, a mudança da população em tornos das usinas. Projeto que não ocorreu e morreu no papel.

A prova é que na reportagem intitulada ‘Alagoas protegerá os moradores da área de Salgema’ (7/10/1976) o secretário de planejamento, José Melo Gomes, afirmou que não havia nenhum plano de mudança da população da área da Salgema. Em compensação apresentou um plano para agir em caso de acidente na fábrica de cloro estabelecendo linhas diretas de telefone, sirenes, e transporte para fuga dos moradores.

O projeto Salgema

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Anúncio da Salgema publicado no Estadão em 21/11/1971 Foto: Acervo

O complexo de produção de soda e cloro, atualmente administrado pela Braskem, estava incluído nas diretrizes do Plano Nacional de Desenvolvimento do governo aprovado em lei em 4 de novembro de 1971. O plano era modernizar as empresas nacionais e desenvolver a indústria básica em diversos setores, entre eles o químico.

A Salgema é um dos empreendimentos do plano que previa a autossuficiência da produção de cloro e soda-cáustica, fazendo que que o País economizasse milhões de dólares na importação desses produtos e ajudasse a desenvolver a indústria petroquímica.

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O pólo-químico começou a ser construído no início dos anos 1970, e seria inaugurado dois anos depois. Originalmente a Salgema pertenceu ao gigante químico Dupont (45%), ao empresário baiano Euvaldo Luz (45%) e ao antigo BNDE (10%). Em 1975, com o atraso, a explosão dos gastos na construção do pólo e problemas financeiros, a Petroquisa, subsidiária da Petrobras, assumiu o controle adquirindo a maior parte das ações.

Depois de várias trocas de acionistas, a Salgema foi privatizada em 1995 com a venda da participação da Petrobras. No ano seguinte da privatização, a empresa muda de nome para Trikem. Em 2002, a Trikem e outras empresas foram integradas para a criação da Braskem.

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A localização do pólo-químico em Alagoas despertou preocupação antes da inauguração Foto: Acervo/

O governo de Alagoas reconheceu o erro na instalação de usinas de cloro e soda na região metropolitana de Maceió cinco meses antes do complexo cloro-químico ter entrado em operação, no final de fevereiro de 1977.

“O governo de Alagoas reconheceu finalmente que a localização das unidades de cloro e soda da Salgema S.A é inadequada e decidiu fazer o replanejamento da “Grande Maceió” que custará 900 milhões de cruzeiros”, escreveu o repórter Valdeci Verdelho na reportagem “Alagoas reconhece erro ao instalar a Salgema”, publicada na edição dominical do Estadão de 12 de setembro de 1976.

O enviado especial à capital alagoana contou que a cidade não teria os recursos necessários para a correção do problema. “As autoridades locais, entretanto, não se abalam diante das dificuldades previstas. “Com as indústrias do pólo cloro-químico seremos o primeiro estado do Nordeste a atravessar a barreira do desenvolvimento.

A preocupação, na época, ainda não era por causa da exploração silenciosa do subsolo em busca do sal-gema, por quase cinco décadas, que acabou por afundar o solo em cinco bairros da região e desabrigou mais de 50 mil pessoas.

O problema era visível: a poluição ambiental da área colada ao mar e repleta de pessoas ao seu redor com perigo de serem atingidas pelo vazamento de cloro. Além de estar em zona de canais das lagoas, incluindo as duas maiores do Estado, Mundau e Manguauba.

Quase dois anos antes, em dezembro de 1975, o repórter do Estadão, José Maria Santana, foi enviado ao local para reportar os efeitos da instalação das usinas no ambiente. A primeira constatação da reportagem foi que enquanto não houvesse o tratamento da salmoura, um dos resíduos daquele processo industrial, ela seria jogada diretamente no mar.

Em dezembro de 1975, Estadão enviou repórter para conhecer a nova realidade de Maceió Foto: Estadão Acervo

Poluição marítima

O outro problema seria o despejo de cloro no mar enquanto não fosse construída outra unidade para aproveitar a substância e transformá-la dicloretano. O despejo em grande quantidade dessas substâncias no mar iria alterar o PH da água e muitas espécies desapareceriam, argumentou um dos cientistas consultados pela reportagem.

Um dos primeiros efeitos da destruição ambiental ocorrida com o projeto foram os técnicos da Salgema dinamitando recifes para a construção de um terminal marítimo.

Além dos efeitos ambientais, a região passou a sofrer com os sociais. Por causa da construção do pólo, iniciou a corrida por terras, “a população, contudo, já está sendo forçada a conviver com a realidade trazida pela Salgema: o aluguel de casas em Maceió aumentou em mais de 100 por cento; os terrenos estão sendo vendidos a até 1.500 cruzeiros o metro quadrado e a especulação imobiliária obriga as famílias pobres a retirar-se para a periferia, que se distancia sempre mais do antigo centro urbano”, relatou Santana.

Foi diante dessa realidade, de um projeto apressado e despreparado para as consequências, que o governador de Alagoas, Divaldo Suruagy, reconheceu a complexidade do problema e assumiu o erro da instalação do complexo. E na época, segundo a reportagem de 12 de setembro de 1976, Suruagy resolveu ‘refazer o planejamento da Grande Maceió’, ou seja, a mudança da população em tornos das usinas. Projeto que não ocorreu e morreu no papel.

A prova é que na reportagem intitulada ‘Alagoas protegerá os moradores da área de Salgema’ (7/10/1976) o secretário de planejamento, José Melo Gomes, afirmou que não havia nenhum plano de mudança da população da área da Salgema. Em compensação apresentou um plano para agir em caso de acidente na fábrica de cloro estabelecendo linhas diretas de telefone, sirenes, e transporte para fuga dos moradores.

O projeto Salgema

Anúncio da Salgema publicado no Estadão em 21/11/1971 Foto: Acervo

O complexo de produção de soda e cloro, atualmente administrado pela Braskem, estava incluído nas diretrizes do Plano Nacional de Desenvolvimento do governo aprovado em lei em 4 de novembro de 1971. O plano era modernizar as empresas nacionais e desenvolver a indústria básica em diversos setores, entre eles o químico.

A Salgema é um dos empreendimentos do plano que previa a autossuficiência da produção de cloro e soda-cáustica, fazendo que que o País economizasse milhões de dólares na importação desses produtos e ajudasse a desenvolver a indústria petroquímica.

O pólo-químico começou a ser construído no início dos anos 1970, e seria inaugurado dois anos depois. Originalmente a Salgema pertenceu ao gigante químico Dupont (45%), ao empresário baiano Euvaldo Luz (45%) e ao antigo BNDE (10%). Em 1975, com o atraso, a explosão dos gastos na construção do pólo e problemas financeiros, a Petroquisa, subsidiária da Petrobras, assumiu o controle adquirindo a maior parte das ações.

Depois de várias trocas de acionistas, a Salgema foi privatizada em 1995 com a venda da participação da Petrobras. No ano seguinte da privatização, a empresa muda de nome para Trikem. Em 2002, a Trikem e outras empresas foram integradas para a criação da Braskem.

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“O governo de Alagoas reconheceu finalmente que a localização das unidades de cloro e soda da Salgema S.A é inadequada e decidiu fazer o replanejamento da “Grande Maceió” que custará 900 milhões de cruzeiros”, escreveu o repórter Valdeci Verdelho na reportagem “Alagoas reconhece erro ao instalar a Salgema”, publicada na edição dominical do Estadão de 12 de setembro de 1976.

O enviado especial à capital alagoana contou que a cidade não teria os recursos necessários para a correção do problema. “As autoridades locais, entretanto, não se abalam diante das dificuldades previstas. “Com as indústrias do pólo cloro-químico seremos o primeiro estado do Nordeste a atravessar a barreira do desenvolvimento.

A preocupação, na época, ainda não era por causa da exploração silenciosa do subsolo em busca do sal-gema, por quase cinco décadas, que acabou por afundar o solo em cinco bairros da região e desabrigou mais de 50 mil pessoas.

O problema era visível: a poluição ambiental da área colada ao mar e repleta de pessoas ao seu redor com perigo de serem atingidas pelo vazamento de cloro. Além de estar em zona de canais das lagoas, incluindo as duas maiores do Estado, Mundau e Manguauba.

Quase dois anos antes, em dezembro de 1975, o repórter do Estadão, José Maria Santana, foi enviado ao local para reportar os efeitos da instalação das usinas no ambiente. A primeira constatação da reportagem foi que enquanto não houvesse o tratamento da salmoura, um dos resíduos daquele processo industrial, ela seria jogada diretamente no mar.

Em dezembro de 1975, Estadão enviou repórter para conhecer a nova realidade de Maceió Foto: Estadão Acervo

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O outro problema seria o despejo de cloro no mar enquanto não fosse construída outra unidade para aproveitar a substância e transformá-la dicloretano. O despejo em grande quantidade dessas substâncias no mar iria alterar o PH da água e muitas espécies desapareceriam, argumentou um dos cientistas consultados pela reportagem.

Um dos primeiros efeitos da destruição ambiental ocorrida com o projeto foram os técnicos da Salgema dinamitando recifes para a construção de um terminal marítimo.

Além dos efeitos ambientais, a região passou a sofrer com os sociais. Por causa da construção do pólo, iniciou a corrida por terras, “a população, contudo, já está sendo forçada a conviver com a realidade trazida pela Salgema: o aluguel de casas em Maceió aumentou em mais de 100 por cento; os terrenos estão sendo vendidos a até 1.500 cruzeiros o metro quadrado e a especulação imobiliária obriga as famílias pobres a retirar-se para a periferia, que se distancia sempre mais do antigo centro urbano”, relatou Santana.

Foi diante dessa realidade, de um projeto apressado e despreparado para as consequências, que o governador de Alagoas, Divaldo Suruagy, reconheceu a complexidade do problema e assumiu o erro da instalação do complexo. E na época, segundo a reportagem de 12 de setembro de 1976, Suruagy resolveu ‘refazer o planejamento da Grande Maceió’, ou seja, a mudança da população em tornos das usinas. Projeto que não ocorreu e morreu no papel.

A prova é que na reportagem intitulada ‘Alagoas protegerá os moradores da área de Salgema’ (7/10/1976) o secretário de planejamento, José Melo Gomes, afirmou que não havia nenhum plano de mudança da população da área da Salgema. Em compensação apresentou um plano para agir em caso de acidente na fábrica de cloro estabelecendo linhas diretas de telefone, sirenes, e transporte para fuga dos moradores.

O projeto Salgema

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O complexo de produção de soda e cloro, atualmente administrado pela Braskem, estava incluído nas diretrizes do Plano Nacional de Desenvolvimento do governo aprovado em lei em 4 de novembro de 1971. O plano era modernizar as empresas nacionais e desenvolver a indústria básica em diversos setores, entre eles o químico.

A Salgema é um dos empreendimentos do plano que previa a autossuficiência da produção de cloro e soda-cáustica, fazendo que que o País economizasse milhões de dólares na importação desses produtos e ajudasse a desenvolver a indústria petroquímica.

O pólo-químico começou a ser construído no início dos anos 1970, e seria inaugurado dois anos depois. Originalmente a Salgema pertenceu ao gigante químico Dupont (45%), ao empresário baiano Euvaldo Luz (45%) e ao antigo BNDE (10%). Em 1975, com o atraso, a explosão dos gastos na construção do pólo e problemas financeiros, a Petroquisa, subsidiária da Petrobras, assumiu o controle adquirindo a maior parte das ações.

Depois de várias trocas de acionistas, a Salgema foi privatizada em 1995 com a venda da participação da Petrobras. No ano seguinte da privatização, a empresa muda de nome para Trikem. Em 2002, a Trikem e outras empresas foram integradas para a criação da Braskem.

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O governo de Alagoas reconheceu o erro na instalação de usinas de cloro e soda na região metropolitana de Maceió cinco meses antes do complexo cloro-químico ter entrado em operação, no final de fevereiro de 1977.

“O governo de Alagoas reconheceu finalmente que a localização das unidades de cloro e soda da Salgema S.A é inadequada e decidiu fazer o replanejamento da “Grande Maceió” que custará 900 milhões de cruzeiros”, escreveu o repórter Valdeci Verdelho na reportagem “Alagoas reconhece erro ao instalar a Salgema”, publicada na edição dominical do Estadão de 12 de setembro de 1976.

O enviado especial à capital alagoana contou que a cidade não teria os recursos necessários para a correção do problema. “As autoridades locais, entretanto, não se abalam diante das dificuldades previstas. “Com as indústrias do pólo cloro-químico seremos o primeiro estado do Nordeste a atravessar a barreira do desenvolvimento.

A preocupação, na época, ainda não era por causa da exploração silenciosa do subsolo em busca do sal-gema, por quase cinco décadas, que acabou por afundar o solo em cinco bairros da região e desabrigou mais de 50 mil pessoas.

O problema era visível: a poluição ambiental da área colada ao mar e repleta de pessoas ao seu redor com perigo de serem atingidas pelo vazamento de cloro. Além de estar em zona de canais das lagoas, incluindo as duas maiores do Estado, Mundau e Manguauba.

Quase dois anos antes, em dezembro de 1975, o repórter do Estadão, José Maria Santana, foi enviado ao local para reportar os efeitos da instalação das usinas no ambiente. A primeira constatação da reportagem foi que enquanto não houvesse o tratamento da salmoura, um dos resíduos daquele processo industrial, ela seria jogada diretamente no mar.

Em dezembro de 1975, Estadão enviou repórter para conhecer a nova realidade de Maceió Foto: Estadão Acervo

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O outro problema seria o despejo de cloro no mar enquanto não fosse construída outra unidade para aproveitar a substância e transformá-la dicloretano. O despejo em grande quantidade dessas substâncias no mar iria alterar o PH da água e muitas espécies desapareceriam, argumentou um dos cientistas consultados pela reportagem.

Um dos primeiros efeitos da destruição ambiental ocorrida com o projeto foram os técnicos da Salgema dinamitando recifes para a construção de um terminal marítimo.

Além dos efeitos ambientais, a região passou a sofrer com os sociais. Por causa da construção do pólo, iniciou a corrida por terras, “a população, contudo, já está sendo forçada a conviver com a realidade trazida pela Salgema: o aluguel de casas em Maceió aumentou em mais de 100 por cento; os terrenos estão sendo vendidos a até 1.500 cruzeiros o metro quadrado e a especulação imobiliária obriga as famílias pobres a retirar-se para a periferia, que se distancia sempre mais do antigo centro urbano”, relatou Santana.

Foi diante dessa realidade, de um projeto apressado e despreparado para as consequências, que o governador de Alagoas, Divaldo Suruagy, reconheceu a complexidade do problema e assumiu o erro da instalação do complexo. E na época, segundo a reportagem de 12 de setembro de 1976, Suruagy resolveu ‘refazer o planejamento da Grande Maceió’, ou seja, a mudança da população em tornos das usinas. Projeto que não ocorreu e morreu no papel.

A prova é que na reportagem intitulada ‘Alagoas protegerá os moradores da área de Salgema’ (7/10/1976) o secretário de planejamento, José Melo Gomes, afirmou que não havia nenhum plano de mudança da população da área da Salgema. Em compensação apresentou um plano para agir em caso de acidente na fábrica de cloro estabelecendo linhas diretas de telefone, sirenes, e transporte para fuga dos moradores.

O projeto Salgema

Anúncio da Salgema publicado no Estadão em 21/11/1971 Foto: Acervo

O complexo de produção de soda e cloro, atualmente administrado pela Braskem, estava incluído nas diretrizes do Plano Nacional de Desenvolvimento do governo aprovado em lei em 4 de novembro de 1971. O plano era modernizar as empresas nacionais e desenvolver a indústria básica em diversos setores, entre eles o químico.

A Salgema é um dos empreendimentos do plano que previa a autossuficiência da produção de cloro e soda-cáustica, fazendo que que o País economizasse milhões de dólares na importação desses produtos e ajudasse a desenvolver a indústria petroquímica.

O pólo-químico começou a ser construído no início dos anos 1970, e seria inaugurado dois anos depois. Originalmente a Salgema pertenceu ao gigante químico Dupont (45%), ao empresário baiano Euvaldo Luz (45%) e ao antigo BNDE (10%). Em 1975, com o atraso, a explosão dos gastos na construção do pólo e problemas financeiros, a Petroquisa, subsidiária da Petrobras, assumiu o controle adquirindo a maior parte das ações.

Depois de várias trocas de acionistas, a Salgema foi privatizada em 1995 com a venda da participação da Petrobras. No ano seguinte da privatização, a empresa muda de nome para Trikem. Em 2002, a Trikem e outras empresas foram integradas para a criação da Braskem.

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