"O Zé do Caixão é uma personagem que desafia a própria natureza, que utiliza a força do pensamento. Não tem religião, não tem Deus, não tem o diabo. Só sede de justiça." [José Mojica Marins, em entrevista ao Caderno 2 em 1986]
Mestre do cinema nacional, José não dividia com Zé apenas o nome. Criador e criatura se misturaram durante anos no imaginário dos espectadores, tornando-se indissociáveis. Assim como Zé do Caixão comandava mentes, José Mojica Marins comandava o seu show. Com suas longas unhas, vestes negras, capa e cartola, ao melhor estilo de um ilusionista hipnotizador do século 19, Mojica empostava sua voz gutural para dar vida à sua criação. Uma personagem tão fascinante e complexa que era difícil de ser sintetizada.
Na pele de sua personagem inimitável, perpetrou os clássicos do terror À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1963), Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966) e O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1967). Além do terror, o cineasta teve atuações no Cinema Novo e nas inevitáveis pornochanchadas dos anos 1970.
Em entrevista ao Estadão em 1986, ele buscou explicar a essência de Zé do Caixão: "Ainda pequeno eu admirava os homens que tinham as unhas do dedo polegar compridas. Então, por um bom tempo, fiquei com uma ou outra comprida. A coisa foi indo até eu fazer a personagem. O Zé do Caixão é uma personagem que desafia a própria natureza, que utiliza a força do pensamento. Não tem religião, não tem Deus, não tem o diabo. Só sede de justiça. Ele é revoltado com a própria natureza. Gosta de desafiá-la e de questioná-la. A pergunta que fica é uma só: se não tivesse a tesoura e deixasse a coisa ao natural, até onde chagaria? As unhas compridas, como garras para segurar o mundo e tudo que ele deseja."
> Zé do Caixão nas páginas do jornal
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