Lembrando os ataques contra a base americana de Pearl Harbour, na 2ª Guerra Mundial, a capa da edição do Estadão sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 tentava evocar alguma comparação que pudesse alcançar a força histórica daquele evento ímpar. O jornal dedicou 24 páginas ao noticiário da tragédia que deixou cerca de 3 mil mortos. Relatou os sequestros das três aeronaves pelos terroristas da Al-Qaeda, seguidos dos ataques coordenados contra as Torres Gêmeas em Nova York, o Pentágono em Washington, além da queda do avião na Pensilvânia. Relembre 20 trechos marcantes da cobertura.
>> 11 de Setembro 20 anos depois
EUA sob ataque.“Desde o ataque japonês de 1941 à base de Pearl Harbor, na 2.ª Guerra, os norte-americanos não se viam desafiados assim. Em menos de três horas, ontem, dois dos maiores símbolos de seu poder econômico e militar foram parcial ou totalmente destruídos por um ataque terrorista sem precedentes. Os dois prédios mais altos (110 andares) do conjunto World Trade Center, em Nova York, foram atingidos cada um por um Boeing sequestrado e ruíram. Pouco depois, outro avião seqüestrado foi atirado sobre o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA. Mais alguns minutos, e um quarto Boeing seqüestrado caía perto da cidade de Pittsburgh. Nos quatro aviões, morreram pelo menos 250 pessoas; o número de vítimas nos edifícios só será conhecido quando 500 mil toneladas de aço e concreto forem removidas, mas não deverá ter menos de quatro dígitos” Capa do Estadão de 12/9/2001
>> A difícil tarefa de traduzir o horrorNinguém está a salvo do terror." (...) Demonstrando o propósito de permitir a captação direta, pelas câmeras de televisão, dos atos terroristas e suas dantescas conseqüências, para que o mundo inteiro pudesse parar, atônito, para assisti-los, seus mentores e executores lograram pleno êxito em sua estratégia de obter a mais colossal repercussão (...) Pela escolha dos alvos, a mensagem passada pelos terroristas é cristalina: nenhum país, nenhuma população e nenhum sistema de segurança - contenha ou não escudos de satélites, de mísseis ou o que se possa imaginar está a salvo, nos dias de hoje, de catastróficas ações do terrorismo internacional (...)" Editorial, Estadão, 12/9/2001Perplexidade."(...)De qual quer forma, outra dúvida já estava na cabeça de todas as pessoas: qual será a reação dos EUA, tão logo descubram a autoria do atentado? Muitas outras dúvidas cresceram com a fumaça, além do número de vítimas e da origem dos ataques. Por exemplo: como eles conseguiram? (...)" Um país em estado de choque, Estadão,12/9/2001
Osama bin Laden. "(...) As maiores suspeitas recaí ram sobre o exilado saudita Osama bin Laden, que vive no Afeganistão (...) " Terror destrói WTC e parte do Pentágono com jatos, Paulo Sotero, Estadão, 12/9/2001
O inimigo número 1 dos EUA.“(...) as maiores suspeitas de funcionários americanos e analistas recaem sobre o declarado inimigo número 1 dos EUA, o milionário dissidente saudita Osama bin Laden, e sua organização Al Qaeda (A Base), que reuniria entre 3 mil e 5 mil seguidores. Analistas concordam que Bin Laden, responsabilizado pelos EUA pelos atentados quase simultâneos contra duas embaixadas americanas na África em 1998, que mataram 228 pessoas, é um dos poucos terroristas com dinheiro e meios para lançar ataques como os de ontem. Há apenas três semanas, o próprio Bin Laden - que vive supostamente na área de Kandahar, no Afeganistão, como "hóspede" do grupo fundamentalista islâmico Taleban - advertiu que seus seguidores lançariam um ataque sem precedentes contra interesses dos EUA em represália por seu apoio a Israel, ressaltou ontem Abdel-Bari Atwan, editor da revista árabe Al-Quds al-Arabi, com sede em Londres (...)” Maiores suspeitas recaem sobre milionário saudita, Estadão, 12/9/2001Último telefonema. "Uma passageira de um dos quatro aviões seqüestrados telefonou para o marido por seu celular e lhe contou que o aparelho estava sendo desvia do, informou a rede de TV a cabo CNN. Supõe-se que ela estava no avião que se chocou contra o Pentágono. Barbara Olson, de 45 anos, ligou duas vezes e disse que os terroristas estavam armados com na valhas e canivetes, e os passageiros e tripulantes tinham si do levados para a parte de trás." Dia de horror, EFE, Estadão, 12/9/2001 Mundo aguarda retaliação americana. "Perplexos com a organização e a ousadia dos terroristas, que atacaram com sucesso e de maneira espetacular alguns dos principais alvos - símbolos do poder americano, especialistas em estratégia e em relações internacionais já previam, logo após os ataques, que os Estados Unidos vão reagir aos atentados. "Estamos diante de um mundo novo e de um novo tempo, pois essa série de atentados é um desafio para o presidente Bush e a resposta dele vai decidir o destino do mundo nos próximos anos", adverte o professor Domício Proença Júnior, do Grupo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (...)" Estrategistas prevêem represálias dos EUA, José Maria Mayrink, Estadão, 12/9/2001Engrenagens do poder americano desestabilizadas. "(...) Essa violência "simbólica" e, ao mesmo tempo, "real" é testemunhada pelas imagens que, há horas, dão a volta ao mundo: as torrentes de fumaça negra, o grande número de mortos nas torres destruídas, os materiais em chamas projetados como fogos de artifício, as pessoas saltando pelas janelas, o silêncio prodigioso em que, após os primeiros momentos, caiu Manhattan, consternada, atormenta da pela angústia, atormentada pela dor. Imagens de tremores de terra, imagens de guerra total, imagens de ficção científica ou de pânico ("O inferno na torre" à décima potência). A enorme cidade, o farol do mundo, paralisada e, de repente, petrificada: sem ligações, sem metrô, com a eletricidade cortada, a TV muda. Os telefones celulares incomunicáveis. A mais bela paisagem urbana do universo, as duas torres fantásticas, orgulho dos Estados Unidos, suprimidas do espetáculo do mundo. E duas engrenagens do poder americano desestabilizadas: o dinheiro (o bairro dos grandes negócios do World Trade Center, bem perto da Wall Street) e a força militar (Pentágono) (...)" Violência, sem precedentes, abala a história, Gilles Lapouge, Estadão, 12/9/2001
Liberdade controlada. "(...) É possível prever que o início, com muito barulho, dessa guerra desconhecida, misteriosa, obscura vai provocar mudanças rudes na administração dos Estados Unidos - vamos assistir à vigilância implacável de todo o território e dois cidadãos. A liberdade será cada vez mais controlada pelas forças de segurança: vigilância das comunicações, controle dos telefones e da Internet, da imprensa, tal vez, da opinião (...)" Violência, sem precedentes, abala a história, Gilles Lapouge, Estadão, 12/9/2001
Memórias de Pearl Harbor. "Vivemos hoje (ontem) um segundo Pearl Harbor", disse outro senador, Chuck Hagel. "E não acho que haja algum tipo de exagero nessa afirmação." O objetivo do ataque contra Pearl Harbor era dar um golpe decisivo no moral americano, varrendo os Estados Unidos do Pacífico para que os japoneses pudessem estabelecer na área sua Esfera de Co-prosperidade do Grande Sudeste Asiático. Mas, ao contrário disso, acabou acirrando os ânimos da população e do governo dos Estados Uni dos, que se lançaram a uma guerra que culminaria com os ataques atômicos às cidades de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945 (...)" Ataques revivem o trauma de Pearl Harbor, The New York Times, Associated Press, France Press, EFE e DPA, Estadão, 12/9/2001.
O impacto dos atentados nos mercados. "O ataque terrorista ao World Trade Center e ao Pentágono provocou ontem a disparada dos preços do petróleo e do ouro no mercado internacional (...)Segundo analistas, a alta do petróleo deveu-se principalmente ao temor de que o atentado esteja relacionado ao aumento das tensões no Oriente Médio (...)" Disparam preços de petróleo e ouro no mercado, Estadão, 12/9/2001
Pânico nas bolsas. "O nervosismo tomou conta do mercado brasileiro ontem, refletindo o pânico que ditou os negócios no mundo inteiro, em razão dos atentados terroristas aos Estados Unidos. O dólar subiu 2,03%, cotado a R$ 2,66, mais uma vez em nível recorde. A Bovespa, numa decisão inédita, interrompeu o pregão às 11h15, quando o Ibovespa estava em queda de 9,18%, a maior desde 14 de janeiro de 99 (...) "Mercado tem dia de nervosismo e dólar bate recorde, Sergio Lamucci, Estadão, 12/9/2001Brasileiros acompanham pela TV. "O camelô Roberto Luiz Cirillo nunca teve tanta audiência como ontem na sua barraquinha que vende antenas de TV, monta da na esquina da rua Barão de Itapetininga com a Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo. Na frente da televisão 14 polegadas, um aglomerado de pessoas assistia ao atentado terrorista nos Estados Unidos, transmitido pelo canal de informações americano CNN que, por sua vez, era retransmitido pelo canal brasileiro 21. Poucos entendiam o que estava sendo dito, como o "homem sanduíche", que carregava sobre o corpo cartazes anunciando compra de ouro (...)" Tragédia americana pára centro de São Paulo, Márcia de Chiara, Estadão 12/9/2001
A busca por notícias. "Pouco mais de dez horas depois de se despedir da filha Marcela, de 22 anos, no Aeroporto JFK, em Nova York, a dona de casa carioca Denise Serpa, de 53 anos, não queria acreditar nas informações que recebia pelo celular, ao desembarcar em São Paulo. A preocupação se agravou quando soube que os Estados Unidos sofriam o maior atentado terrorista da história, com ataques ao World Trade Center, em Manhattan, e a prédios oficiais de Washington."Meu genro trabalha no comércio lá perto e não tenho idéia do que aconteceu", afirmou (...) " Aviões voltam, com passageiros assustados, Ana Carolina Sacoman, Estadão, 12/9/2001Declarações de Putin, Blair, FHC e João Paulo II.
“O Brasil continuará, reitero, empenhado na busca de fórmulas de convivência universal, que ponham um fima a essa marcha de insensatez.” Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República;
“Horror indizível”; papa João Paulo II.
*** Veja como o Jornal da Tarde cobriu os atentados de 11 de Setembro de 2001: