O que Pelé guardava em seu armário na Vila Belmiro? Fotos inéditas do Estadão mostram pistas
Imagens do vestiário do Santos foram feitas pelo fotógrafo Reginaldo Manente na despedida de Pelé em 1974
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Por Edmundo Leite, Carlos Eduardo Entini, Liz Batista e Andrio Feijó
Atualização:
Com a morte de Pelé, a pergunta sobre o que teria ficado dentro do armário do jogador do Santos no vestiário da Vila Belmiro despertou a curiosidade geral. Segundo a lenda, Pelé teria deixado um objeto guardado lá quando se despediu do Santos, no jogo contra a Ponte Preta em 2 de outubro de 1974, e trancou com chave a porta do armário, que desde então nunca mais teria sido aberto.
Após alguns dias de especulação se o local onde Pelé guardava suas roupas e pertences no estádio do clube seria aberto, o Santos decidiu que o armário continuará fechado para manter o mistério. Amigos e jogadores contemporâneos de Pelé dizem não saber o que tem lá. O vestiário foi modernizado e os armários ganharam novo desenho, mas, segundo o Santos, o compartimento original de Pelé está preservado por trás da nova configuração.
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Embora não seja possível afirmar o que foi deixado pelo rei do futebol no armário, fotos inéditas arquivadas no Acervo Estadão mostram alguns dos objetos que estavam no armário naquela noite de despedida de Pelé.
Negativos digitalizados
Digitalizadas em altíssima resolução a partir dos negativos fotográficos originais, as imagens de autoria do fotógrafo Reginaldo Manente, do Estadão e do Jornal da Tarde, revelam detalhes como uma pequena estátua de Nossa Senhora, um troféu, um ramalhete de flores, um estojo daqueles que embalam placas de homenagem e um recipiente, aparentemente de talco Soapex.
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Também é possível ver pares de chuteiras, dois cabides vazios e, num dos fotogramas, as solas de um par de sapatos.
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Nossa Senhora, quadro religioso e santinho
Além da estátua da santinha, outros elementos dão amostras da fé religiosa de Pelé. Na parte interna da porta do armário é possível ver um santinho colado com fita adesiva e um quadro maior com os dizeres “Deus em Minha Casa” e diagramação do texto em formato de um crucifixo e uma estampa da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Um segundo folheto do tamanho do santinho pode ser visto colado na parte interna da porta em outro fotograma, mas não é possível ver a imagem com nitidez para descrever o seu conteúdo.
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Mensagens
Nas fotos também é possível enxergar duas mensagens escritas a giz para Pelé na face interna da porta de madeira do armário. A primeira, assinada por Marinho, diz “Eu gostaria de estar aqui na despedida do maior jogador do mundo”. Da segunda, com Pelé encobrindo parte dela, é possível ler trechos não contínuos: “Pelé não tive oportunidade de me despedir... honra e um prazer... do amigo...”
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Reginaldo Manente
Autor das fotos exclusivas de Pelé chorando no vestiário após deixar o campo, o fotógrafo Reginaldo Manente disse não se lembrar do que tinha dentro do armário. “Eu estava focado no Pelé e não direcionei minha câmara para o armário”, contou por telefone, direto de Tupã, onde mora no interior de São Paulo.
As imagens endossam a fala de Manente. Nos fotogramas onde é possível ver os objetos no armário, o foco das imagens está sempre na cabeça de Pelé ou de alguém que se aproxima dele no momento da captura da imagem.
Um dos mais premiados profissionais do fotojornalismo brasileiro, Manente é autor, entre outros trabalhos memoráveis, da foto do menino chorando na Copa do Mundo de 1982.
No dia da despedida de Pelé, Manente conta que teve que usar da astúcia para fazer as imagens exclusivas de Pelé chorando sozinho no vestiário. Com a Vila Belmiro lotada de fotógrafos e repórteres em campo, Manente decidiu se afastar dos colegas e foi para o túnel que leva aos vestiários logo no começo do jogo.
Lágrimas de Pelé
Na escada de acesso encontrou com um segurança que o barrou. Manente então disse que o filme de sua máquina havia travado e precisava de um lugar escuro para retirá-lo, sob risco de perder todo o trabalho que já havia feito.
O segurança argumentou que não havia lugar escuro no vestiário, mas Manente disse que daria uma jeito, se fosse o caso tirando a própria roupa para garantir um pequeno canto de escuridão lá dentro, mas que ali no campo não seria possível. O guarda então o liberou e esqueceu do fotógrafo, que ficou sozinho um tempão no vestiário aguardando a chegada de Pelé.
“O Alberto Helena Júnior, pauteiro, queria que eu fizesse uma foto do Pelé tirando as chuteiras. Mas o Pelé chegou e já foi tirando a chuteira com o calcanhar, sem sentar e já foi abrindo o armário. Ele me viu, mas não disse nada. Eu também não falei com ele. Só fiz as fotos”.
Após enxugar as lágrimas e tirar as ataduras que protegiam seus pés e canelas entregou as chuteiras pela última vez ao roupeiro Sabu, que o conhecia desde o primeiro dia que chegou ao Santos e pediu para guardar para ele. Sabu abaixou a cabeça e também começou a chorar, escreveu o Estadão no texto “A Vila Está em silêncio, acabou a sua alegria.” “Nunca imaginei que chegaria esse dia”.
Pelé nem se trocou. “Não vou conseguir falar nada”, disse, emudecendo a todos ao redor. “Vocês podem não acreditar, mas tive a despedida que queria. Fiz tudo para não chorar, mas não consegui”. Saiu do vestiário pela porta que dá na rua Tiradentes de calção, sem camisa, escoltado por policiais e entrou numa viatura.
Faustão
Na digitalização dos negativos fotográficos originais, um personagem ainda desconhecido do grande público aparece nas imagens: Fausto Silva. Então repórter de Esportes do Estadão, o futuro apresentador de televisão Faustão aparece ao lado de outros colegas da imprensa aguardando a chegada de Pelé ao vestiário da Vila Belmiro.
Com a morte de Pelé, a pergunta sobre o que teria ficado dentro do armário do jogador do Santos no vestiário da Vila Belmiro despertou a curiosidade geral. Segundo a lenda, Pelé teria deixado um objeto guardado lá quando se despediu do Santos, no jogo contra a Ponte Preta em 2 de outubro de 1974, e trancou com chave a porta do armário, que desde então nunca mais teria sido aberto.
Após alguns dias de especulação se o local onde Pelé guardava suas roupas e pertences no estádio do clube seria aberto, o Santos decidiu que o armário continuará fechado para manter o mistério. Amigos e jogadores contemporâneos de Pelé dizem não saber o que tem lá. O vestiário foi modernizado e os armários ganharam novo desenho, mas, segundo o Santos, o compartimento original de Pelé está preservado por trás da nova configuração.
Embora não seja possível afirmar o que foi deixado pelo rei do futebol no armário, fotos inéditas arquivadas no Acervo Estadão mostram alguns dos objetos que estavam no armário naquela noite de despedida de Pelé.
Negativos digitalizados
Digitalizadas em altíssima resolução a partir dos negativos fotográficos originais, as imagens de autoria do fotógrafo Reginaldo Manente, do Estadão e do Jornal da Tarde, revelam detalhes como uma pequena estátua de Nossa Senhora, um troféu, um ramalhete de flores, um estojo daqueles que embalam placas de homenagem e um recipiente, aparentemente de talco Soapex.
Também é possível ver pares de chuteiras, dois cabides vazios e, num dos fotogramas, as solas de um par de sapatos.
Nossa Senhora, quadro religioso e santinho
Além da estátua da santinha, outros elementos dão amostras da fé religiosa de Pelé. Na parte interna da porta do armário é possível ver um santinho colado com fita adesiva e um quadro maior com os dizeres “Deus em Minha Casa” e diagramação do texto em formato de um crucifixo e uma estampa da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Um segundo folheto do tamanho do santinho pode ser visto colado na parte interna da porta em outro fotograma, mas não é possível ver a imagem com nitidez para descrever o seu conteúdo.
Mensagens
Nas fotos também é possível enxergar duas mensagens escritas a giz para Pelé na face interna da porta de madeira do armário. A primeira, assinada por Marinho, diz “Eu gostaria de estar aqui na despedida do maior jogador do mundo”. Da segunda, com Pelé encobrindo parte dela, é possível ler trechos não contínuos: “Pelé não tive oportunidade de me despedir... honra e um prazer... do amigo...”
Reginaldo Manente
Autor das fotos exclusivas de Pelé chorando no vestiário após deixar o campo, o fotógrafo Reginaldo Manente disse não se lembrar do que tinha dentro do armário. “Eu estava focado no Pelé e não direcionei minha câmara para o armário”, contou por telefone, direto de Tupã, onde mora no interior de São Paulo.
As imagens endossam a fala de Manente. Nos fotogramas onde é possível ver os objetos no armário, o foco das imagens está sempre na cabeça de Pelé ou de alguém que se aproxima dele no momento da captura da imagem.
Um dos mais premiados profissionais do fotojornalismo brasileiro, Manente é autor, entre outros trabalhos memoráveis, da foto do menino chorando na Copa do Mundo de 1982.
No dia da despedida de Pelé, Manente conta que teve que usar da astúcia para fazer as imagens exclusivas de Pelé chorando sozinho no vestiário. Com a Vila Belmiro lotada de fotógrafos e repórteres em campo, Manente decidiu se afastar dos colegas e foi para o túnel que leva aos vestiários logo no começo do jogo.
Lágrimas de Pelé
Na escada de acesso encontrou com um segurança que o barrou. Manente então disse que o filme de sua máquina havia travado e precisava de um lugar escuro para retirá-lo, sob risco de perder todo o trabalho que já havia feito.
O segurança argumentou que não havia lugar escuro no vestiário, mas Manente disse que daria uma jeito, se fosse o caso tirando a própria roupa para garantir um pequeno canto de escuridão lá dentro, mas que ali no campo não seria possível. O guarda então o liberou e esqueceu do fotógrafo, que ficou sozinho um tempão no vestiário aguardando a chegada de Pelé.
“O Alberto Helena Júnior, pauteiro, queria que eu fizesse uma foto do Pelé tirando as chuteiras. Mas o Pelé chegou e já foi tirando a chuteira com o calcanhar, sem sentar e já foi abrindo o armário. Ele me viu, mas não disse nada. Eu também não falei com ele. Só fiz as fotos”.
Após enxugar as lágrimas e tirar as ataduras que protegiam seus pés e canelas entregou as chuteiras pela última vez ao roupeiro Sabu, que o conhecia desde o primeiro dia que chegou ao Santos e pediu para guardar para ele. Sabu abaixou a cabeça e também começou a chorar, escreveu o Estadão no texto “A Vila Está em silêncio, acabou a sua alegria.” “Nunca imaginei que chegaria esse dia”.
Pelé nem se trocou. “Não vou conseguir falar nada”, disse, emudecendo a todos ao redor. “Vocês podem não acreditar, mas tive a despedida que queria. Fiz tudo para não chorar, mas não consegui”. Saiu do vestiário pela porta que dá na rua Tiradentes de calção, sem camisa, escoltado por policiais e entrou numa viatura.
Faustão
Na digitalização dos negativos fotográficos originais, um personagem ainda desconhecido do grande público aparece nas imagens: Fausto Silva. Então repórter de Esportes do Estadão, o futuro apresentador de televisão Faustão aparece ao lado de outros colegas da imprensa aguardando a chegada de Pelé ao vestiário da Vila Belmiro.
Com a morte de Pelé, a pergunta sobre o que teria ficado dentro do armário do jogador do Santos no vestiário da Vila Belmiro despertou a curiosidade geral. Segundo a lenda, Pelé teria deixado um objeto guardado lá quando se despediu do Santos, no jogo contra a Ponte Preta em 2 de outubro de 1974, e trancou com chave a porta do armário, que desde então nunca mais teria sido aberto.
Após alguns dias de especulação se o local onde Pelé guardava suas roupas e pertences no estádio do clube seria aberto, o Santos decidiu que o armário continuará fechado para manter o mistério. Amigos e jogadores contemporâneos de Pelé dizem não saber o que tem lá. O vestiário foi modernizado e os armários ganharam novo desenho, mas, segundo o Santos, o compartimento original de Pelé está preservado por trás da nova configuração.
Embora não seja possível afirmar o que foi deixado pelo rei do futebol no armário, fotos inéditas arquivadas no Acervo Estadão mostram alguns dos objetos que estavam no armário naquela noite de despedida de Pelé.
Negativos digitalizados
Digitalizadas em altíssima resolução a partir dos negativos fotográficos originais, as imagens de autoria do fotógrafo Reginaldo Manente, do Estadão e do Jornal da Tarde, revelam detalhes como uma pequena estátua de Nossa Senhora, um troféu, um ramalhete de flores, um estojo daqueles que embalam placas de homenagem e um recipiente, aparentemente de talco Soapex.
Também é possível ver pares de chuteiras, dois cabides vazios e, num dos fotogramas, as solas de um par de sapatos.
Nossa Senhora, quadro religioso e santinho
Além da estátua da santinha, outros elementos dão amostras da fé religiosa de Pelé. Na parte interna da porta do armário é possível ver um santinho colado com fita adesiva e um quadro maior com os dizeres “Deus em Minha Casa” e diagramação do texto em formato de um crucifixo e uma estampa da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Um segundo folheto do tamanho do santinho pode ser visto colado na parte interna da porta em outro fotograma, mas não é possível ver a imagem com nitidez para descrever o seu conteúdo.
Mensagens
Nas fotos também é possível enxergar duas mensagens escritas a giz para Pelé na face interna da porta de madeira do armário. A primeira, assinada por Marinho, diz “Eu gostaria de estar aqui na despedida do maior jogador do mundo”. Da segunda, com Pelé encobrindo parte dela, é possível ler trechos não contínuos: “Pelé não tive oportunidade de me despedir... honra e um prazer... do amigo...”
Reginaldo Manente
Autor das fotos exclusivas de Pelé chorando no vestiário após deixar o campo, o fotógrafo Reginaldo Manente disse não se lembrar do que tinha dentro do armário. “Eu estava focado no Pelé e não direcionei minha câmara para o armário”, contou por telefone, direto de Tupã, onde mora no interior de São Paulo.
As imagens endossam a fala de Manente. Nos fotogramas onde é possível ver os objetos no armário, o foco das imagens está sempre na cabeça de Pelé ou de alguém que se aproxima dele no momento da captura da imagem.
Um dos mais premiados profissionais do fotojornalismo brasileiro, Manente é autor, entre outros trabalhos memoráveis, da foto do menino chorando na Copa do Mundo de 1982.
No dia da despedida de Pelé, Manente conta que teve que usar da astúcia para fazer as imagens exclusivas de Pelé chorando sozinho no vestiário. Com a Vila Belmiro lotada de fotógrafos e repórteres em campo, Manente decidiu se afastar dos colegas e foi para o túnel que leva aos vestiários logo no começo do jogo.
Lágrimas de Pelé
Na escada de acesso encontrou com um segurança que o barrou. Manente então disse que o filme de sua máquina havia travado e precisava de um lugar escuro para retirá-lo, sob risco de perder todo o trabalho que já havia feito.
O segurança argumentou que não havia lugar escuro no vestiário, mas Manente disse que daria uma jeito, se fosse o caso tirando a própria roupa para garantir um pequeno canto de escuridão lá dentro, mas que ali no campo não seria possível. O guarda então o liberou e esqueceu do fotógrafo, que ficou sozinho um tempão no vestiário aguardando a chegada de Pelé.
“O Alberto Helena Júnior, pauteiro, queria que eu fizesse uma foto do Pelé tirando as chuteiras. Mas o Pelé chegou e já foi tirando a chuteira com o calcanhar, sem sentar e já foi abrindo o armário. Ele me viu, mas não disse nada. Eu também não falei com ele. Só fiz as fotos”.
Após enxugar as lágrimas e tirar as ataduras que protegiam seus pés e canelas entregou as chuteiras pela última vez ao roupeiro Sabu, que o conhecia desde o primeiro dia que chegou ao Santos e pediu para guardar para ele. Sabu abaixou a cabeça e também começou a chorar, escreveu o Estadão no texto “A Vila Está em silêncio, acabou a sua alegria.” “Nunca imaginei que chegaria esse dia”.
Pelé nem se trocou. “Não vou conseguir falar nada”, disse, emudecendo a todos ao redor. “Vocês podem não acreditar, mas tive a despedida que queria. Fiz tudo para não chorar, mas não consegui”. Saiu do vestiário pela porta que dá na rua Tiradentes de calção, sem camisa, escoltado por policiais e entrou numa viatura.
Faustão
Na digitalização dos negativos fotográficos originais, um personagem ainda desconhecido do grande público aparece nas imagens: Fausto Silva. Então repórter de Esportes do Estadão, o futuro apresentador de televisão Faustão aparece ao lado de outros colegas da imprensa aguardando a chegada de Pelé ao vestiário da Vila Belmiro.
Com a morte de Pelé, a pergunta sobre o que teria ficado dentro do armário do jogador do Santos no vestiário da Vila Belmiro despertou a curiosidade geral. Segundo a lenda, Pelé teria deixado um objeto guardado lá quando se despediu do Santos, no jogo contra a Ponte Preta em 2 de outubro de 1974, e trancou com chave a porta do armário, que desde então nunca mais teria sido aberto.
Após alguns dias de especulação se o local onde Pelé guardava suas roupas e pertences no estádio do clube seria aberto, o Santos decidiu que o armário continuará fechado para manter o mistério. Amigos e jogadores contemporâneos de Pelé dizem não saber o que tem lá. O vestiário foi modernizado e os armários ganharam novo desenho, mas, segundo o Santos, o compartimento original de Pelé está preservado por trás da nova configuração.
Embora não seja possível afirmar o que foi deixado pelo rei do futebol no armário, fotos inéditas arquivadas no Acervo Estadão mostram alguns dos objetos que estavam no armário naquela noite de despedida de Pelé.
Negativos digitalizados
Digitalizadas em altíssima resolução a partir dos negativos fotográficos originais, as imagens de autoria do fotógrafo Reginaldo Manente, do Estadão e do Jornal da Tarde, revelam detalhes como uma pequena estátua de Nossa Senhora, um troféu, um ramalhete de flores, um estojo daqueles que embalam placas de homenagem e um recipiente, aparentemente de talco Soapex.
Também é possível ver pares de chuteiras, dois cabides vazios e, num dos fotogramas, as solas de um par de sapatos.
Nossa Senhora, quadro religioso e santinho
Além da estátua da santinha, outros elementos dão amostras da fé religiosa de Pelé. Na parte interna da porta do armário é possível ver um santinho colado com fita adesiva e um quadro maior com os dizeres “Deus em Minha Casa” e diagramação do texto em formato de um crucifixo e uma estampa da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Um segundo folheto do tamanho do santinho pode ser visto colado na parte interna da porta em outro fotograma, mas não é possível ver a imagem com nitidez para descrever o seu conteúdo.
Mensagens
Nas fotos também é possível enxergar duas mensagens escritas a giz para Pelé na face interna da porta de madeira do armário. A primeira, assinada por Marinho, diz “Eu gostaria de estar aqui na despedida do maior jogador do mundo”. Da segunda, com Pelé encobrindo parte dela, é possível ler trechos não contínuos: “Pelé não tive oportunidade de me despedir... honra e um prazer... do amigo...”
Reginaldo Manente
Autor das fotos exclusivas de Pelé chorando no vestiário após deixar o campo, o fotógrafo Reginaldo Manente disse não se lembrar do que tinha dentro do armário. “Eu estava focado no Pelé e não direcionei minha câmara para o armário”, contou por telefone, direto de Tupã, onde mora no interior de São Paulo.
As imagens endossam a fala de Manente. Nos fotogramas onde é possível ver os objetos no armário, o foco das imagens está sempre na cabeça de Pelé ou de alguém que se aproxima dele no momento da captura da imagem.
Um dos mais premiados profissionais do fotojornalismo brasileiro, Manente é autor, entre outros trabalhos memoráveis, da foto do menino chorando na Copa do Mundo de 1982.
No dia da despedida de Pelé, Manente conta que teve que usar da astúcia para fazer as imagens exclusivas de Pelé chorando sozinho no vestiário. Com a Vila Belmiro lotada de fotógrafos e repórteres em campo, Manente decidiu se afastar dos colegas e foi para o túnel que leva aos vestiários logo no começo do jogo.
Lágrimas de Pelé
Na escada de acesso encontrou com um segurança que o barrou. Manente então disse que o filme de sua máquina havia travado e precisava de um lugar escuro para retirá-lo, sob risco de perder todo o trabalho que já havia feito.
O segurança argumentou que não havia lugar escuro no vestiário, mas Manente disse que daria uma jeito, se fosse o caso tirando a própria roupa para garantir um pequeno canto de escuridão lá dentro, mas que ali no campo não seria possível. O guarda então o liberou e esqueceu do fotógrafo, que ficou sozinho um tempão no vestiário aguardando a chegada de Pelé.
“O Alberto Helena Júnior, pauteiro, queria que eu fizesse uma foto do Pelé tirando as chuteiras. Mas o Pelé chegou e já foi tirando a chuteira com o calcanhar, sem sentar e já foi abrindo o armário. Ele me viu, mas não disse nada. Eu também não falei com ele. Só fiz as fotos”.
Após enxugar as lágrimas e tirar as ataduras que protegiam seus pés e canelas entregou as chuteiras pela última vez ao roupeiro Sabu, que o conhecia desde o primeiro dia que chegou ao Santos e pediu para guardar para ele. Sabu abaixou a cabeça e também começou a chorar, escreveu o Estadão no texto “A Vila Está em silêncio, acabou a sua alegria.” “Nunca imaginei que chegaria esse dia”.
Pelé nem se trocou. “Não vou conseguir falar nada”, disse, emudecendo a todos ao redor. “Vocês podem não acreditar, mas tive a despedida que queria. Fiz tudo para não chorar, mas não consegui”. Saiu do vestiário pela porta que dá na rua Tiradentes de calção, sem camisa, escoltado por policiais e entrou numa viatura.
Faustão
Na digitalização dos negativos fotográficos originais, um personagem ainda desconhecido do grande público aparece nas imagens: Fausto Silva. Então repórter de Esportes do Estadão, o futuro apresentador de televisão Faustão aparece ao lado de outros colegas da imprensa aguardando a chegada de Pelé ao vestiário da Vila Belmiro.