Maria da Graça Penna Burgos Costa
26/9/1945, Salvador (BA) - 9/11/2022, São Paulo (SP)
[Atualizado em 9/11/2022]
A cantora Maria da Graça Penna Burgos Costa, ou simplesmente Gal Costa, nasceu em Salvador, na Bahia, em 26 de setembro de 1945, já destinada a brilhar nos palcos com sua bela voz. A família incentivou sua vocação de cantora desde pequena. Filha de pai que tocava violão, Gal tocava e cantava em festas de escola desde os 15 anos de idade.
Em 1963 conheceu Caetano Veloso por intermédio da amiga e vizinha Dedé Gadelha e participou de um show com ele, usando o nome de Maria da Graça. O palco do Teatro Vila Velha, em Salvador, foi dividido ainda com Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé. Em 1965, depois de outras apresentações, gravou uma faixa (Sol Negro) no primeiro LP de Maria Bethânia.
Acervo Gal Costa
Mudou-se para São Paulo, participou de shows e, por sugestão do empresário Guilherme Araújo, adotou seu pseudônimo definitivo. A tímida Gracinha, como era carinhosa chamada pelos amigos, soltou a voz para participar do 1.º Festival Internacional da Canção, em 1966, defendendo a música Minha Senhora, de Gilberto Gil e Torquato Neto. Não obteve o primeiro lugar no concurso, mas mesmo assim saiu vencedora: foi convidada por Roberto Menescal a gravar o seu primeiro LP ao lado de Caetano.
Com a explosão da Tropicália em 1968 tornou-se uma das musas do movimento e continuou sendo uma afinadíssima extensão do gênero de Caetano e Gil, quando ambos foram forçados ao exílio em Londres. No disco coletivo histórico do movumento tropicalista, Gal aparece na capa de "Tripicália" junto aos outros artistas e canta sozinha a faixa "Mamãe, Coragem", faz um duo com Caetano em "Babty, além participar de outras faixas coletivas como "Bat Macumba", "Parque Industrial" e "Hino ao Senhor do Bonfim da Bahia".
Quando Caetano e Gil se exilaram em Londres, Gal foi visitar os amigos. Durante a estadia, foram o festival da Ilha de Wight, em 1970, um festival da contracultura realizado na esteira pós-Woodstock, Gal ficou acampada com os amigos e conseguiram dar uma canja no palco que recebeu astros como Jimi Hendrix, Doors, Leornard Cohen e Mile Davis.
De visual agressivo e esteticamente radical, Gal Costa foi reconhecida como uma das grandes cantoras do País. No final da década de 1970, sempre impecavelmente afinada, começou a amenizar seu estilo, a buscar plateias mais amplas, conservadoras, e a entronizar-se como grande vendedora de discos e superstar da MPB.
Gal Costa protagonizou, em 1971, o espetáculo Fa-tal, Gal a todo vapor, considerado um dos melhores shows de sua carreira. Registrado num disco ao vivo Fa-tal vendeu 10 mil cópias em menos de 15 dias, número significativo para o mercado fonográfico da época.
A ousadia da cantora continuaria alguns anos depois, quando realizou um ensaio fotográfico com os seios a mostra, para a contracapa do seu sexto LP Índia. Nada que superasse a polêmica causada pelos seios exibidos no show "O sorriso do gato de Alice", apresentado em 1994 com a direção do também polêmico Gerald Thomas. Antes disso, a sensualidade de Gal seria explorada fora dos discos e shows, com a cantora posando nua para a revista masculina Status em 1985.
Mas Gal Costa não precisava recorrer a sua beleza para fazer sucesso. Sua voz, afinação e estilo que davam conta de canções delicadas a explosivas eram reconhecida por público e crítica nas diversas fases da carreira em que experimentou os mais variados estilos, embora sempre mantendo uma coerência marcante de sua personalidade artística e vocal.
Nos anos 70, além de shows, disco e rádio, a voz de Gal conquistava o Brasil também em trilhas sonoras, como na interpretação de 'Modinha para Gabriela", de Dorival Caymmi , da novela Gabriela de 1975. No ano seguinte, Gal dedicaria um disco inteiro ao mestre baiano com "Gal canta Caymmi". Outra trilha sonora marcante de Gal em novela foi Brasil, na abertura de Vale Tudo, de 1988.
Em 1985, Gal Costa fez um dueto histórico com Tim Maia, na faixa "Um dia de Domingo", de Sullivan e Massadas, no seu disco "Bem bom". O encontro de gigantes foi um estouro, com uma das maiores vendagens da carreira da cantora.
No começo daquela década, quando o show "Gal Tropical" estreava em São Paulo, em 1980, o crítico Zuza Homem de Mello definiu em algumas linhas do artigo "Uma estrela, com muita classe" o que era Gal Costa na quele momento e que continuaria a ser ao longo dos anos:"Uma das mulheres mais capacitadas a brilhar na MPB, como já se podia perceber desde quanto, timidamente, cantava 'Minha Senhora'. Agora ela voltou a ser o João Gilberto de saias, como era apelidada; porém com um manejo de palco natural e eficiente como só a experiência proporciona".... "A classe de uma grande cantora, não apenas de uma boa cantora. Mas Gal Costa é igualmente uma cantora excepcional, de voz doce ou rascante, inventiva, cristalinamente afinada, e agora no pico maia alto de sua carreira. Assim não é de admimirar que num show concebido no sentido certo, ela deixa, ao final, todo mundo de queixo caído"
Gal Costa [1945 - 2022] em fotos históricas
De vida pessoal, discreta, nos anos 2000, decidiu adotar uma criança chamado Gabriel como filho. Em entrevistas, falava da experiência de ser mãe. ao mesmo tempo em que buscava interação com novos produtores e jovens compositores para renovar seus álbuns e espetáculos. Além dos tradicionais teatros e casas de shows, nos últimos anos, com a veneração de uma nova geração de público, abriu-se também a cantar em festivais.
Apresentaria-se no Primavera Sound de 2022, em São Paulo, mas por causa de um problema de saúde, o show foi cancelado. Em nove de novembro, a cantora morreu, deixando o filho Gabriel com 17 anos.
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