Ponte Rio-Niterói: veja como foi a inauguração em 1974. Multidão tentou atravessar a pé
Ligação de 14 quilômetros entre as duas cidades foi inaugurada em 4 de março de 1974
Compartilhe:
Por Rose Saconi
Atualização:
Em meio a uma multidão estimada de 10 mil pessoas, uma comitiva de 20 carros encabeçada pelo então presidente do Brasil, general Emílio Garrastazu Médici, seguido pelo ministro dos Transportes, Mário Andreazza, atravessou pela primeira vez na manhã de 4 de março de 1974 os 14 quilômetros da nova Ponte Rio-Niterói. Parte da multidão tentou invadir as pistas para atravessar a ponte a pé, de Niterói rumo ao Rio de Janeiro, mas foi contida pela polícia e por fuzileiros navais.
“Esta obra magnífica de engenharia é um monumento à Revolução de 64″, discursou o ministro Andreazza, único a falar na cerimônia, tomado pelo espírito de “Brasil Grande” que a ditadura militar propagava naqueles tempos de milagre econômico.
Sonhada durante cerca de 100 anos, projetada em seis e construída em cinco, a ligação Rio-Niterói foi uma das obras mais polêmicas da engenharia nacional pelos debates que suscitou nos campos político, econômico, social e técnico. Com irregularidades denunciadas dentro do possível num regime ditatorial, entre elas a falta de segurança para os trabalhadores, foi considerada na época uma obra caríssima.
continua após a publicidade
Operários distantes
Apenas 20 operários, entre os milhares que trabalharam ou ainda trabalhavam na construção da ponte puderam assistir à inauguração de um lugar privilegiado. Selecionados após exames escritos de Português, Matemática, Geografia e História, ficaram perfilados e uniformizados, a 100 metros do palanque destinado a autoridades, que incluía o vice-presidente, ministros, quatro governadores. militares, diplomatas estrangeiros e políticos.
continua após a publicidade
“Os outros operários tiveram que permanecer atrás do cordão de isolamento, junto a centenas de populares, a 300 metros do palanque. Muitos tentaram aproximar-se mais do lugar onde estavam o presidente Médici e o ministro dos Transportes, mas foram impedidos, alguns de maneira agressiva, pela guarda de segurança”, contou a reportagem do Estadão, que destacou o caso do carpinteiro-chefe Emiliano Primo, que teve que se aposentar após um acidente na obra.
“Foi o caso, por exemplo, do ex-carpinteiro-chefe de obras da Ilha do Fundão, Emiliano Primo. Aposentado depois de sofrer um ferimento profundo na mão direita, Emiliano chegou à praça do pedágio, em Niterói, às 7 horas da manhã. E ficou um pouco magoado, quando viu que não poderia chegar mais perto.
“Isso é muito desagradável - disse -, eu e vários companheiros queríamos ficar ao lado do palanque, mas os policiais não deixaram. Nós, os operários que trabalhamos na ponte, temos mais motivos para gostar dessa inauguração do que qualquer uma das pessoas presentes aqui. Principalmente no meu caso, que fui obrigado a parar de trabalhar por causa desse acidente.
continua após a publicidade
Muitos operários acompanharam o público em direção ao vão central da ponte, e alguns deles serviram de cicerone, explicando detalhes da construção a parentes e amigos. Na altura da ilha da Conceição, 500 metros depois do pedágio, entretanto, o público foi barrado por fuzileiros navais, que só permitiam a passagem de automóveis.
Missa aos operários mortos
No fim da tarde, houve uma missa campal em memória dos operários mortos na construção da ponte. A cerimônia contou com a presença de ministros, entre eles Delfim Netto e Mario Andreazza, mas poucos trabalhadores.
continua após a publicidade
Sonho do Imperador
Ligar o Rio a Niterói foi um sonho do Imperador Dom Pedro II, que fixou normas para a construção e exploração de um túnel submarino, seguindo projeto do engenheiro inglês Hamilton Lindsay-Bucknall.
continua após a publicidade
Em 1883, o Estadão noticiou a proposta de construção de “um grande emprehendimento, cujas vantagens são incontestáveis.”
Na tarde de 9 de novembro de 1968, numa cerimônia que durou apenas meia hora e contou com forte esquema policial, a rainha Elizabeth II e o príncipe Phillip deram início simbólico às obras da ponte Rio-Niterói, descerrando uma placa comemorativa de bronze, incrustada numa rocha de granito, na Ponta do Caju.
A rainha e seu marido foram recebidos pelo então ministro dos Transportes Mário Andreazza que falou um pouco sobre a futura obra. Em seguida, foram levados a um pavilhão para examinar a maquete da ponte, financiada em parte pelo banco inglês Nathan Mayer Rothschild & Sons, representante de um consórcio de bancos britânicos.
Observaram ainda painéis fotográficos com informações técnicas das vias de acesso e saída da ponte e os cortes seccionais das estruturas. As obras começaram efetivamente em janeiro de 1969.
Em meio a uma multidão estimada de 10 mil pessoas, uma comitiva de 20 carros encabeçada pelo então presidente do Brasil, general Emílio Garrastazu Médici, seguido pelo ministro dos Transportes, Mário Andreazza, atravessou pela primeira vez na manhã de 4 de março de 1974 os 14 quilômetros da nova Ponte Rio-Niterói. Parte da multidão tentou invadir as pistas para atravessar a ponte a pé, de Niterói rumo ao Rio de Janeiro, mas foi contida pela polícia e por fuzileiros navais.
“Esta obra magnífica de engenharia é um monumento à Revolução de 64″, discursou o ministro Andreazza, único a falar na cerimônia, tomado pelo espírito de “Brasil Grande” que a ditadura militar propagava naqueles tempos de milagre econômico.
Sonhada durante cerca de 100 anos, projetada em seis e construída em cinco, a ligação Rio-Niterói foi uma das obras mais polêmicas da engenharia nacional pelos debates que suscitou nos campos político, econômico, social e técnico. Com irregularidades denunciadas dentro do possível num regime ditatorial, entre elas a falta de segurança para os trabalhadores, foi considerada na época uma obra caríssima.
Operários distantes
Apenas 20 operários, entre os milhares que trabalharam ou ainda trabalhavam na construção da ponte puderam assistir à inauguração de um lugar privilegiado. Selecionados após exames escritos de Português, Matemática, Geografia e História, ficaram perfilados e uniformizados, a 100 metros do palanque destinado a autoridades, que incluía o vice-presidente, ministros, quatro governadores. militares, diplomatas estrangeiros e políticos.
“Os outros operários tiveram que permanecer atrás do cordão de isolamento, junto a centenas de populares, a 300 metros do palanque. Muitos tentaram aproximar-se mais do lugar onde estavam o presidente Médici e o ministro dos Transportes, mas foram impedidos, alguns de maneira agressiva, pela guarda de segurança”, contou a reportagem do Estadão, que destacou o caso do carpinteiro-chefe Emiliano Primo, que teve que se aposentar após um acidente na obra.
“Foi o caso, por exemplo, do ex-carpinteiro-chefe de obras da Ilha do Fundão, Emiliano Primo. Aposentado depois de sofrer um ferimento profundo na mão direita, Emiliano chegou à praça do pedágio, em Niterói, às 7 horas da manhã. E ficou um pouco magoado, quando viu que não poderia chegar mais perto.
“Isso é muito desagradável - disse -, eu e vários companheiros queríamos ficar ao lado do palanque, mas os policiais não deixaram. Nós, os operários que trabalhamos na ponte, temos mais motivos para gostar dessa inauguração do que qualquer uma das pessoas presentes aqui. Principalmente no meu caso, que fui obrigado a parar de trabalhar por causa desse acidente.
Muitos operários acompanharam o público em direção ao vão central da ponte, e alguns deles serviram de cicerone, explicando detalhes da construção a parentes e amigos. Na altura da ilha da Conceição, 500 metros depois do pedágio, entretanto, o público foi barrado por fuzileiros navais, que só permitiam a passagem de automóveis.
Missa aos operários mortos
No fim da tarde, houve uma missa campal em memória dos operários mortos na construção da ponte. A cerimônia contou com a presença de ministros, entre eles Delfim Netto e Mario Andreazza, mas poucos trabalhadores.
Sonho do Imperador
Ligar o Rio a Niterói foi um sonho do Imperador Dom Pedro II, que fixou normas para a construção e exploração de um túnel submarino, seguindo projeto do engenheiro inglês Hamilton Lindsay-Bucknall.
Em 1883, o Estadão noticiou a proposta de construção de “um grande emprehendimento, cujas vantagens são incontestáveis.”
Na tarde de 9 de novembro de 1968, numa cerimônia que durou apenas meia hora e contou com forte esquema policial, a rainha Elizabeth II e o príncipe Phillip deram início simbólico às obras da ponte Rio-Niterói, descerrando uma placa comemorativa de bronze, incrustada numa rocha de granito, na Ponta do Caju.
A rainha e seu marido foram recebidos pelo então ministro dos Transportes Mário Andreazza que falou um pouco sobre a futura obra. Em seguida, foram levados a um pavilhão para examinar a maquete da ponte, financiada em parte pelo banco inglês Nathan Mayer Rothschild & Sons, representante de um consórcio de bancos britânicos.
Observaram ainda painéis fotográficos com informações técnicas das vias de acesso e saída da ponte e os cortes seccionais das estruturas. As obras começaram efetivamente em janeiro de 1969.
Em meio a uma multidão estimada de 10 mil pessoas, uma comitiva de 20 carros encabeçada pelo então presidente do Brasil, general Emílio Garrastazu Médici, seguido pelo ministro dos Transportes, Mário Andreazza, atravessou pela primeira vez na manhã de 4 de março de 1974 os 14 quilômetros da nova Ponte Rio-Niterói. Parte da multidão tentou invadir as pistas para atravessar a ponte a pé, de Niterói rumo ao Rio de Janeiro, mas foi contida pela polícia e por fuzileiros navais.
“Esta obra magnífica de engenharia é um monumento à Revolução de 64″, discursou o ministro Andreazza, único a falar na cerimônia, tomado pelo espírito de “Brasil Grande” que a ditadura militar propagava naqueles tempos de milagre econômico.
Sonhada durante cerca de 100 anos, projetada em seis e construída em cinco, a ligação Rio-Niterói foi uma das obras mais polêmicas da engenharia nacional pelos debates que suscitou nos campos político, econômico, social e técnico. Com irregularidades denunciadas dentro do possível num regime ditatorial, entre elas a falta de segurança para os trabalhadores, foi considerada na época uma obra caríssima.
Operários distantes
Apenas 20 operários, entre os milhares que trabalharam ou ainda trabalhavam na construção da ponte puderam assistir à inauguração de um lugar privilegiado. Selecionados após exames escritos de Português, Matemática, Geografia e História, ficaram perfilados e uniformizados, a 100 metros do palanque destinado a autoridades, que incluía o vice-presidente, ministros, quatro governadores. militares, diplomatas estrangeiros e políticos.
“Os outros operários tiveram que permanecer atrás do cordão de isolamento, junto a centenas de populares, a 300 metros do palanque. Muitos tentaram aproximar-se mais do lugar onde estavam o presidente Médici e o ministro dos Transportes, mas foram impedidos, alguns de maneira agressiva, pela guarda de segurança”, contou a reportagem do Estadão, que destacou o caso do carpinteiro-chefe Emiliano Primo, que teve que se aposentar após um acidente na obra.
“Foi o caso, por exemplo, do ex-carpinteiro-chefe de obras da Ilha do Fundão, Emiliano Primo. Aposentado depois de sofrer um ferimento profundo na mão direita, Emiliano chegou à praça do pedágio, em Niterói, às 7 horas da manhã. E ficou um pouco magoado, quando viu que não poderia chegar mais perto.
“Isso é muito desagradável - disse -, eu e vários companheiros queríamos ficar ao lado do palanque, mas os policiais não deixaram. Nós, os operários que trabalhamos na ponte, temos mais motivos para gostar dessa inauguração do que qualquer uma das pessoas presentes aqui. Principalmente no meu caso, que fui obrigado a parar de trabalhar por causa desse acidente.
Muitos operários acompanharam o público em direção ao vão central da ponte, e alguns deles serviram de cicerone, explicando detalhes da construção a parentes e amigos. Na altura da ilha da Conceição, 500 metros depois do pedágio, entretanto, o público foi barrado por fuzileiros navais, que só permitiam a passagem de automóveis.
Missa aos operários mortos
No fim da tarde, houve uma missa campal em memória dos operários mortos na construção da ponte. A cerimônia contou com a presença de ministros, entre eles Delfim Netto e Mario Andreazza, mas poucos trabalhadores.
Sonho do Imperador
Ligar o Rio a Niterói foi um sonho do Imperador Dom Pedro II, que fixou normas para a construção e exploração de um túnel submarino, seguindo projeto do engenheiro inglês Hamilton Lindsay-Bucknall.
Em 1883, o Estadão noticiou a proposta de construção de “um grande emprehendimento, cujas vantagens são incontestáveis.”
Na tarde de 9 de novembro de 1968, numa cerimônia que durou apenas meia hora e contou com forte esquema policial, a rainha Elizabeth II e o príncipe Phillip deram início simbólico às obras da ponte Rio-Niterói, descerrando uma placa comemorativa de bronze, incrustada numa rocha de granito, na Ponta do Caju.
A rainha e seu marido foram recebidos pelo então ministro dos Transportes Mário Andreazza que falou um pouco sobre a futura obra. Em seguida, foram levados a um pavilhão para examinar a maquete da ponte, financiada em parte pelo banco inglês Nathan Mayer Rothschild & Sons, representante de um consórcio de bancos britânicos.
Observaram ainda painéis fotográficos com informações técnicas das vias de acesso e saída da ponte e os cortes seccionais das estruturas. As obras começaram efetivamente em janeiro de 1969.
Em meio a uma multidão estimada de 10 mil pessoas, uma comitiva de 20 carros encabeçada pelo então presidente do Brasil, general Emílio Garrastazu Médici, seguido pelo ministro dos Transportes, Mário Andreazza, atravessou pela primeira vez na manhã de 4 de março de 1974 os 14 quilômetros da nova Ponte Rio-Niterói. Parte da multidão tentou invadir as pistas para atravessar a ponte a pé, de Niterói rumo ao Rio de Janeiro, mas foi contida pela polícia e por fuzileiros navais.
“Esta obra magnífica de engenharia é um monumento à Revolução de 64″, discursou o ministro Andreazza, único a falar na cerimônia, tomado pelo espírito de “Brasil Grande” que a ditadura militar propagava naqueles tempos de milagre econômico.
Sonhada durante cerca de 100 anos, projetada em seis e construída em cinco, a ligação Rio-Niterói foi uma das obras mais polêmicas da engenharia nacional pelos debates que suscitou nos campos político, econômico, social e técnico. Com irregularidades denunciadas dentro do possível num regime ditatorial, entre elas a falta de segurança para os trabalhadores, foi considerada na época uma obra caríssima.
Operários distantes
Apenas 20 operários, entre os milhares que trabalharam ou ainda trabalhavam na construção da ponte puderam assistir à inauguração de um lugar privilegiado. Selecionados após exames escritos de Português, Matemática, Geografia e História, ficaram perfilados e uniformizados, a 100 metros do palanque destinado a autoridades, que incluía o vice-presidente, ministros, quatro governadores. militares, diplomatas estrangeiros e políticos.
“Os outros operários tiveram que permanecer atrás do cordão de isolamento, junto a centenas de populares, a 300 metros do palanque. Muitos tentaram aproximar-se mais do lugar onde estavam o presidente Médici e o ministro dos Transportes, mas foram impedidos, alguns de maneira agressiva, pela guarda de segurança”, contou a reportagem do Estadão, que destacou o caso do carpinteiro-chefe Emiliano Primo, que teve que se aposentar após um acidente na obra.
“Foi o caso, por exemplo, do ex-carpinteiro-chefe de obras da Ilha do Fundão, Emiliano Primo. Aposentado depois de sofrer um ferimento profundo na mão direita, Emiliano chegou à praça do pedágio, em Niterói, às 7 horas da manhã. E ficou um pouco magoado, quando viu que não poderia chegar mais perto.
“Isso é muito desagradável - disse -, eu e vários companheiros queríamos ficar ao lado do palanque, mas os policiais não deixaram. Nós, os operários que trabalhamos na ponte, temos mais motivos para gostar dessa inauguração do que qualquer uma das pessoas presentes aqui. Principalmente no meu caso, que fui obrigado a parar de trabalhar por causa desse acidente.
Muitos operários acompanharam o público em direção ao vão central da ponte, e alguns deles serviram de cicerone, explicando detalhes da construção a parentes e amigos. Na altura da ilha da Conceição, 500 metros depois do pedágio, entretanto, o público foi barrado por fuzileiros navais, que só permitiam a passagem de automóveis.
Missa aos operários mortos
No fim da tarde, houve uma missa campal em memória dos operários mortos na construção da ponte. A cerimônia contou com a presença de ministros, entre eles Delfim Netto e Mario Andreazza, mas poucos trabalhadores.
Sonho do Imperador
Ligar o Rio a Niterói foi um sonho do Imperador Dom Pedro II, que fixou normas para a construção e exploração de um túnel submarino, seguindo projeto do engenheiro inglês Hamilton Lindsay-Bucknall.
Em 1883, o Estadão noticiou a proposta de construção de “um grande emprehendimento, cujas vantagens são incontestáveis.”
Na tarde de 9 de novembro de 1968, numa cerimônia que durou apenas meia hora e contou com forte esquema policial, a rainha Elizabeth II e o príncipe Phillip deram início simbólico às obras da ponte Rio-Niterói, descerrando uma placa comemorativa de bronze, incrustada numa rocha de granito, na Ponta do Caju.
A rainha e seu marido foram recebidos pelo então ministro dos Transportes Mário Andreazza que falou um pouco sobre a futura obra. Em seguida, foram levados a um pavilhão para examinar a maquete da ponte, financiada em parte pelo banco inglês Nathan Mayer Rothschild & Sons, representante de um consórcio de bancos britânicos.
Observaram ainda painéis fotográficos com informações técnicas das vias de acesso e saída da ponte e os cortes seccionais das estruturas. As obras começaram efetivamente em janeiro de 1969.
Em meio a uma multidão estimada de 10 mil pessoas, uma comitiva de 20 carros encabeçada pelo então presidente do Brasil, general Emílio Garrastazu Médici, seguido pelo ministro dos Transportes, Mário Andreazza, atravessou pela primeira vez na manhã de 4 de março de 1974 os 14 quilômetros da nova Ponte Rio-Niterói. Parte da multidão tentou invadir as pistas para atravessar a ponte a pé, de Niterói rumo ao Rio de Janeiro, mas foi contida pela polícia e por fuzileiros navais.
“Esta obra magnífica de engenharia é um monumento à Revolução de 64″, discursou o ministro Andreazza, único a falar na cerimônia, tomado pelo espírito de “Brasil Grande” que a ditadura militar propagava naqueles tempos de milagre econômico.
Sonhada durante cerca de 100 anos, projetada em seis e construída em cinco, a ligação Rio-Niterói foi uma das obras mais polêmicas da engenharia nacional pelos debates que suscitou nos campos político, econômico, social e técnico. Com irregularidades denunciadas dentro do possível num regime ditatorial, entre elas a falta de segurança para os trabalhadores, foi considerada na época uma obra caríssima.
Operários distantes
Apenas 20 operários, entre os milhares que trabalharam ou ainda trabalhavam na construção da ponte puderam assistir à inauguração de um lugar privilegiado. Selecionados após exames escritos de Português, Matemática, Geografia e História, ficaram perfilados e uniformizados, a 100 metros do palanque destinado a autoridades, que incluía o vice-presidente, ministros, quatro governadores. militares, diplomatas estrangeiros e políticos.
“Os outros operários tiveram que permanecer atrás do cordão de isolamento, junto a centenas de populares, a 300 metros do palanque. Muitos tentaram aproximar-se mais do lugar onde estavam o presidente Médici e o ministro dos Transportes, mas foram impedidos, alguns de maneira agressiva, pela guarda de segurança”, contou a reportagem do Estadão, que destacou o caso do carpinteiro-chefe Emiliano Primo, que teve que se aposentar após um acidente na obra.
“Foi o caso, por exemplo, do ex-carpinteiro-chefe de obras da Ilha do Fundão, Emiliano Primo. Aposentado depois de sofrer um ferimento profundo na mão direita, Emiliano chegou à praça do pedágio, em Niterói, às 7 horas da manhã. E ficou um pouco magoado, quando viu que não poderia chegar mais perto.
“Isso é muito desagradável - disse -, eu e vários companheiros queríamos ficar ao lado do palanque, mas os policiais não deixaram. Nós, os operários que trabalhamos na ponte, temos mais motivos para gostar dessa inauguração do que qualquer uma das pessoas presentes aqui. Principalmente no meu caso, que fui obrigado a parar de trabalhar por causa desse acidente.
Muitos operários acompanharam o público em direção ao vão central da ponte, e alguns deles serviram de cicerone, explicando detalhes da construção a parentes e amigos. Na altura da ilha da Conceição, 500 metros depois do pedágio, entretanto, o público foi barrado por fuzileiros navais, que só permitiam a passagem de automóveis.
Missa aos operários mortos
No fim da tarde, houve uma missa campal em memória dos operários mortos na construção da ponte. A cerimônia contou com a presença de ministros, entre eles Delfim Netto e Mario Andreazza, mas poucos trabalhadores.
Sonho do Imperador
Ligar o Rio a Niterói foi um sonho do Imperador Dom Pedro II, que fixou normas para a construção e exploração de um túnel submarino, seguindo projeto do engenheiro inglês Hamilton Lindsay-Bucknall.
Em 1883, o Estadão noticiou a proposta de construção de “um grande emprehendimento, cujas vantagens são incontestáveis.”
Na tarde de 9 de novembro de 1968, numa cerimônia que durou apenas meia hora e contou com forte esquema policial, a rainha Elizabeth II e o príncipe Phillip deram início simbólico às obras da ponte Rio-Niterói, descerrando uma placa comemorativa de bronze, incrustada numa rocha de granito, na Ponta do Caju.
A rainha e seu marido foram recebidos pelo então ministro dos Transportes Mário Andreazza que falou um pouco sobre a futura obra. Em seguida, foram levados a um pavilhão para examinar a maquete da ponte, financiada em parte pelo banco inglês Nathan Mayer Rothschild & Sons, representante de um consórcio de bancos britânicos.
Observaram ainda painéis fotográficos com informações técnicas das vias de acesso e saída da ponte e os cortes seccionais das estruturas. As obras começaram efetivamente em janeiro de 1969.