Por Gugu, Silvio Santos foi a Roberto Marinho para rescindir contrato do pupilo com a Globo  


Gugu Liberato modernizou programas de auditório e protagonizou disputa inédita entre emissoras

Por Edmundo Leite e Liz Batista
Gugu Liberatoe Silvio Santos, São Paulo, SP,11/02/1988. Foto: Juvenal Pereira/ Estadão

"Viva a Noite! Viva! Viva! Viva!"  Num tempo em que internet não era sequer algo imaginável, a saudação do jovial apresentador Gugu Liberato seguida dos vivas da plateia nos sábados à noite era a senha para abrir um portal de diversões populares, variadas e com um dinamismo nunca antes visto na televisão brasileira. Com Chacrinha envelhecendo nas tardes de sábado da Globo, Flávio Cavalcanti e Jota Silvestre datados e com linguajar de duas décadas atrás em seus útimos instantes no próprio SBT, a nova aposta do gênio Silvio Santos para sua hiperpopular emissora chegou para modernizar a linguagem e o formato dos programas de auditório, cujo principal ícone era o próprio patrão.

Formado nas entranhas do SBT antes mesmo de emissora existir, onde ascendeu de office-boy à principal atração - excluindo o patrão, é claro -  o loirinho Gugu Liberato era pop, divertido, levemente sacana, veloz e perspicaz para encerrar uma atração que não estivesse indo bem no Ibope para chamar outra que esquentasse o programa. Na Globo, filmes blockbusters inéditos no Brasil eram escalados no "Supercine" para fazer frente ao novo concorrente. Nada que abalasse Gugu, que dava o troco com o surreal concurso "Rambo Brasileiro"

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Anúncio do programaViva a Noite em 1983 Foto: Acervo Estadão

A partir de algum momento dos anos 80, você poderia até não assistir ao Viva a Noite ou fazer parte de seu público-alvo, mas o Viva Noite e Gugu faziam parte de você. Era daqueles fenômenos incontroláveis. A música do 'passarinho quer cantar' era escutada em todos os lugares e milhões de crianças de todas as classes sociais dançaram com o rabicho a balançar fantasiadas ao som do refrão "tchu, tchu, tchu, tchu, tchu. Vamos voar. É dia de festa..." 

Pensado para atingir todos os integrantes da família, tinha de tudo, num ritmo alucinante. Enquanto os meninos se deliciavam com a bela assistente Mariete, as meninas enlouqueciam com o Menudo e, depois, com o Dominó e o Polegar. Antenado, o Viva a Noite tinha rock, axé, Angélica e outros astros infantis, atrações internacionais e sertanejos, que começavam ali, aos poucos, a tomar tudo para si. Tudo que estava rolando na música popular estava lá.  Não apenas cantando, mas também em quadros como o "Sonho Maluco", no qual os astros se submetiam a delírios imaginados por fãs com ajuda de roteiritas do programa.

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Os apresentadores do SBT, Silvio Santos e Gugu Liberato, São Paulo, SP.15/4/1988. Foto: Fernando Pimentel/ Estadão

O sucesso era tanto e o Viva a Noite era tão a cara do SBT que todo mundo ficou de queixo caído quando uma notícia bomba ganhou as capas dos jornais. Intermediado por Beto Carrero, Gugu iria para a Globo. Era como se o Pelé fosse para o Corinthians, o Messi para o Real Madrid, ou se Keith Richards, no auge da fama, trocasse o Rolling Stones pelos Beatles. Era inacreditável, mas era real.

Mas o mais inacreditável, se essa palavra existe no mundo do Silvio Santos, aconteceria logo depois. Com Gugu já contratado pela concorrente que prezava seu inatingível padrão de qualidade,  com um contrato milionário assinado, Silvio Santos foi pessoalmente à sede da emissora no Rio de Janeiro ter com Roberto Marinho para cobrir a proposta, rescindir o contrato e levar o pupilo de volta para o SBT. Isto é In-crí-vel! Os dois maiores magnatas da TV brasileira mobilizados pelo "menino de ouro".

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O Estado de S.Paulo - 12/2/1988clique aqui para ver a página Foto: Acervo/Estadão

Com Gugu de volta para casa que o criou, a Globo foi atrás de outro inovador das noites de sábado, o gordinho debochado e anarquista Fausto Silva que fazia sucesso com seus Perdidos na Noite. E lá se vão trinta anos. A partir dali, a disputa na década seguinte seria travada nas tardes com o Domingo Legal, com gincanas insanas, banheiras, sushis eróticos, deficientes físicos e intelectuais em quadros que provocaram altas discussões sobre os limites entre diversão e baixaria. 

O Estado de S.Paulo - 12/02/1988clique aqui para ver a matéria Foto: Acervo/Estadão
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Atento às mudanças no gosto popular, nas noites de sábado, Gugu substituiria o Viva Noite pelo Sabadão Sertanejo, e continuaria relevante por mais alguns anos. Ícone da cultura popular e símbolo de uma era na TV, nos anos 2000 Gugu seria tragado, como tantos, pela internet e toda a cultura que dela emanava. 

A reputação de Gugu seria fortemente arranhada em 2003 por uma fake-news produzida em seu programa antes mesmo de notícias falsas serem chamadas assim qui no Brasil, com a a exibição de uma entrevista com pessoas mascaradas se passando por membros da facção criminosa PCC.  

A mudança para a Record em 2009 ficou bem longe de ter o impacto que foi a tentativa de ir para a Globo. A fantástica novela da transferência que não foi e seus personagens incríveis - Silvio dizia que não duraria mais que alguns anos de vida e Gugu seria seu sucessor -  renderam várias páginas do jornal naquele início de 1988. Acompanhe os capítulos:

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O Estado de S.Paulo - 11/2/1988clique aqui para ver a matéria Foto: Acervo/Estadão
O Estado de S.Paulo - 24/01/1988clique aqui para ver a matéria Foto: Acervo/Estadão
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Gugu Liberato

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Gugu e Silvio Santos (1988)

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
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Gugu Liberato (1988)

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Elke Maravilha e Gugu Liberato (1997)

Foto: Epitácio Pessoa/ Estadão
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Gugu e Suzane Richthofen

Foto: Divulgação
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Gugu Liberato, Leonardo e Ana Maria Braga (1998)

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Gugu Liberato (2001)

Foto: Robson Fernandes/ Estadão
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"Viva a Noite! Viva! Viva! Viva!"  Num tempo em que internet não era sequer algo imaginável, a saudação do jovial apresentador Gugu Liberato seguida dos vivas da plateia nos sábados à noite era a senha para abrir um portal de diversões populares, variadas e com um dinamismo nunca antes visto na televisão brasileira. Com Chacrinha envelhecendo nas tardes de sábado da Globo, Flávio Cavalcanti e Jota Silvestre datados e com linguajar de duas décadas atrás em seus útimos instantes no próprio SBT, a nova aposta do gênio Silvio Santos para sua hiperpopular emissora chegou para modernizar a linguagem e o formato dos programas de auditório, cujo principal ícone era o próprio patrão.

Formado nas entranhas do SBT antes mesmo de emissora existir, onde ascendeu de office-boy à principal atração - excluindo o patrão, é claro -  o loirinho Gugu Liberato era pop, divertido, levemente sacana, veloz e perspicaz para encerrar uma atração que não estivesse indo bem no Ibope para chamar outra que esquentasse o programa. Na Globo, filmes blockbusters inéditos no Brasil eram escalados no "Supercine" para fazer frente ao novo concorrente. Nada que abalasse Gugu, que dava o troco com o surreal concurso "Rambo Brasileiro"

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A partir de algum momento dos anos 80, você poderia até não assistir ao Viva a Noite ou fazer parte de seu público-alvo, mas o Viva Noite e Gugu faziam parte de você. Era daqueles fenômenos incontroláveis. A música do 'passarinho quer cantar' era escutada em todos os lugares e milhões de crianças de todas as classes sociais dançaram com o rabicho a balançar fantasiadas ao som do refrão "tchu, tchu, tchu, tchu, tchu. Vamos voar. É dia de festa..." 

Pensado para atingir todos os integrantes da família, tinha de tudo, num ritmo alucinante. Enquanto os meninos se deliciavam com a bela assistente Mariete, as meninas enlouqueciam com o Menudo e, depois, com o Dominó e o Polegar. Antenado, o Viva a Noite tinha rock, axé, Angélica e outros astros infantis, atrações internacionais e sertanejos, que começavam ali, aos poucos, a tomar tudo para si. Tudo que estava rolando na música popular estava lá.  Não apenas cantando, mas também em quadros como o "Sonho Maluco", no qual os astros se submetiam a delírios imaginados por fãs com ajuda de roteiritas do programa.

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O sucesso era tanto e o Viva a Noite era tão a cara do SBT que todo mundo ficou de queixo caído quando uma notícia bomba ganhou as capas dos jornais. Intermediado por Beto Carrero, Gugu iria para a Globo. Era como se o Pelé fosse para o Corinthians, o Messi para o Real Madrid, ou se Keith Richards, no auge da fama, trocasse o Rolling Stones pelos Beatles. Era inacreditável, mas era real.

Mas o mais inacreditável, se essa palavra existe no mundo do Silvio Santos, aconteceria logo depois. Com Gugu já contratado pela concorrente que prezava seu inatingível padrão de qualidade,  com um contrato milionário assinado, Silvio Santos foi pessoalmente à sede da emissora no Rio de Janeiro ter com Roberto Marinho para cobrir a proposta, rescindir o contrato e levar o pupilo de volta para o SBT. Isto é In-crí-vel! Os dois maiores magnatas da TV brasileira mobilizados pelo "menino de ouro".

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A reputação de Gugu seria fortemente arranhada em 2003 por uma fake-news produzida em seu programa antes mesmo de notícias falsas serem chamadas assim qui no Brasil, com a a exibição de uma entrevista com pessoas mascaradas se passando por membros da facção criminosa PCC.  

A mudança para a Record em 2009 ficou bem longe de ter o impacto que foi a tentativa de ir para a Globo. A fantástica novela da transferência que não foi e seus personagens incríveis - Silvio dizia que não duraria mais que alguns anos de vida e Gugu seria seu sucessor -  renderam várias páginas do jornal naquele início de 1988. Acompanhe os capítulos:

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Gugu e Suzane Richthofen

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Formado nas entranhas do SBT antes mesmo de emissora existir, onde ascendeu de office-boy à principal atração - excluindo o patrão, é claro -  o loirinho Gugu Liberato era pop, divertido, levemente sacana, veloz e perspicaz para encerrar uma atração que não estivesse indo bem no Ibope para chamar outra que esquentasse o programa. Na Globo, filmes blockbusters inéditos no Brasil eram escalados no "Supercine" para fazer frente ao novo concorrente. Nada que abalasse Gugu, que dava o troco com o surreal concurso "Rambo Brasileiro"

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A partir de algum momento dos anos 80, você poderia até não assistir ao Viva a Noite ou fazer parte de seu público-alvo, mas o Viva Noite e Gugu faziam parte de você. Era daqueles fenômenos incontroláveis. A música do 'passarinho quer cantar' era escutada em todos os lugares e milhões de crianças de todas as classes sociais dançaram com o rabicho a balançar fantasiadas ao som do refrão "tchu, tchu, tchu, tchu, tchu. Vamos voar. É dia de festa..." 

Pensado para atingir todos os integrantes da família, tinha de tudo, num ritmo alucinante. Enquanto os meninos se deliciavam com a bela assistente Mariete, as meninas enlouqueciam com o Menudo e, depois, com o Dominó e o Polegar. Antenado, o Viva a Noite tinha rock, axé, Angélica e outros astros infantis, atrações internacionais e sertanejos, que começavam ali, aos poucos, a tomar tudo para si. Tudo que estava rolando na música popular estava lá.  Não apenas cantando, mas também em quadros como o "Sonho Maluco", no qual os astros se submetiam a delírios imaginados por fãs com ajuda de roteiritas do programa.

Os apresentadores do SBT, Silvio Santos e Gugu Liberato, São Paulo, SP.15/4/1988. Foto: Fernando Pimentel/ Estadão

O sucesso era tanto e o Viva a Noite era tão a cara do SBT que todo mundo ficou de queixo caído quando uma notícia bomba ganhou as capas dos jornais. Intermediado por Beto Carrero, Gugu iria para a Globo. Era como se o Pelé fosse para o Corinthians, o Messi para o Real Madrid, ou se Keith Richards, no auge da fama, trocasse o Rolling Stones pelos Beatles. Era inacreditável, mas era real.

Mas o mais inacreditável, se essa palavra existe no mundo do Silvio Santos, aconteceria logo depois. Com Gugu já contratado pela concorrente que prezava seu inatingível padrão de qualidade,  com um contrato milionário assinado, Silvio Santos foi pessoalmente à sede da emissora no Rio de Janeiro ter com Roberto Marinho para cobrir a proposta, rescindir o contrato e levar o pupilo de volta para o SBT. Isto é In-crí-vel! Os dois maiores magnatas da TV brasileira mobilizados pelo "menino de ouro".

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Com Gugu de volta para casa que o criou, a Globo foi atrás de outro inovador das noites de sábado, o gordinho debochado e anarquista Fausto Silva que fazia sucesso com seus Perdidos na Noite. E lá se vão trinta anos. A partir dali, a disputa na década seguinte seria travada nas tardes com o Domingo Legal, com gincanas insanas, banheiras, sushis eróticos, deficientes físicos e intelectuais em quadros que provocaram altas discussões sobre os limites entre diversão e baixaria. 

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Atento às mudanças no gosto popular, nas noites de sábado, Gugu substituiria o Viva Noite pelo Sabadão Sertanejo, e continuaria relevante por mais alguns anos. Ícone da cultura popular e símbolo de uma era na TV, nos anos 2000 Gugu seria tragado, como tantos, pela internet e toda a cultura que dela emanava. 

A reputação de Gugu seria fortemente arranhada em 2003 por uma fake-news produzida em seu programa antes mesmo de notícias falsas serem chamadas assim qui no Brasil, com a a exibição de uma entrevista com pessoas mascaradas se passando por membros da facção criminosa PCC.  

A mudança para a Record em 2009 ficou bem longe de ter o impacto que foi a tentativa de ir para a Globo. A fantástica novela da transferência que não foi e seus personagens incríveis - Silvio dizia que não duraria mais que alguns anos de vida e Gugu seria seu sucessor -  renderam várias páginas do jornal naquele início de 1988. Acompanhe os capítulos:

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Formado nas entranhas do SBT antes mesmo de emissora existir, onde ascendeu de office-boy à principal atração - excluindo o patrão, é claro -  o loirinho Gugu Liberato era pop, divertido, levemente sacana, veloz e perspicaz para encerrar uma atração que não estivesse indo bem no Ibope para chamar outra que esquentasse o programa. Na Globo, filmes blockbusters inéditos no Brasil eram escalados no "Supercine" para fazer frente ao novo concorrente. Nada que abalasse Gugu, que dava o troco com o surreal concurso "Rambo Brasileiro"

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Pensado para atingir todos os integrantes da família, tinha de tudo, num ritmo alucinante. Enquanto os meninos se deliciavam com a bela assistente Mariete, as meninas enlouqueciam com o Menudo e, depois, com o Dominó e o Polegar. Antenado, o Viva a Noite tinha rock, axé, Angélica e outros astros infantis, atrações internacionais e sertanejos, que começavam ali, aos poucos, a tomar tudo para si. Tudo que estava rolando na música popular estava lá.  Não apenas cantando, mas também em quadros como o "Sonho Maluco", no qual os astros se submetiam a delírios imaginados por fãs com ajuda de roteiritas do programa.

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O sucesso era tanto e o Viva a Noite era tão a cara do SBT que todo mundo ficou de queixo caído quando uma notícia bomba ganhou as capas dos jornais. Intermediado por Beto Carrero, Gugu iria para a Globo. Era como se o Pelé fosse para o Corinthians, o Messi para o Real Madrid, ou se Keith Richards, no auge da fama, trocasse o Rolling Stones pelos Beatles. Era inacreditável, mas era real.

Mas o mais inacreditável, se essa palavra existe no mundo do Silvio Santos, aconteceria logo depois. Com Gugu já contratado pela concorrente que prezava seu inatingível padrão de qualidade,  com um contrato milionário assinado, Silvio Santos foi pessoalmente à sede da emissora no Rio de Janeiro ter com Roberto Marinho para cobrir a proposta, rescindir o contrato e levar o pupilo de volta para o SBT. Isto é In-crí-vel! Os dois maiores magnatas da TV brasileira mobilizados pelo "menino de ouro".

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Atento às mudanças no gosto popular, nas noites de sábado, Gugu substituiria o Viva Noite pelo Sabadão Sertanejo, e continuaria relevante por mais alguns anos. Ícone da cultura popular e símbolo de uma era na TV, nos anos 2000 Gugu seria tragado, como tantos, pela internet e toda a cultura que dela emanava. 

A reputação de Gugu seria fortemente arranhada em 2003 por uma fake-news produzida em seu programa antes mesmo de notícias falsas serem chamadas assim qui no Brasil, com a a exibição de uma entrevista com pessoas mascaradas se passando por membros da facção criminosa PCC.  

A mudança para a Record em 2009 ficou bem longe de ter o impacto que foi a tentativa de ir para a Globo. A fantástica novela da transferência que não foi e seus personagens incríveis - Silvio dizia que não duraria mais que alguns anos de vida e Gugu seria seu sucessor -  renderam várias páginas do jornal naquele início de 1988. Acompanhe os capítulos:

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Formado nas entranhas do SBT antes mesmo de emissora existir, onde ascendeu de office-boy à principal atração - excluindo o patrão, é claro -  o loirinho Gugu Liberato era pop, divertido, levemente sacana, veloz e perspicaz para encerrar uma atração que não estivesse indo bem no Ibope para chamar outra que esquentasse o programa. Na Globo, filmes blockbusters inéditos no Brasil eram escalados no "Supercine" para fazer frente ao novo concorrente. Nada que abalasse Gugu, que dava o troco com o surreal concurso "Rambo Brasileiro"

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Os apresentadores do SBT, Silvio Santos e Gugu Liberato, São Paulo, SP.15/4/1988. Foto: Fernando Pimentel/ Estadão

O sucesso era tanto e o Viva a Noite era tão a cara do SBT que todo mundo ficou de queixo caído quando uma notícia bomba ganhou as capas dos jornais. Intermediado por Beto Carrero, Gugu iria para a Globo. Era como se o Pelé fosse para o Corinthians, o Messi para o Real Madrid, ou se Keith Richards, no auge da fama, trocasse o Rolling Stones pelos Beatles. Era inacreditável, mas era real.

Mas o mais inacreditável, se essa palavra existe no mundo do Silvio Santos, aconteceria logo depois. Com Gugu já contratado pela concorrente que prezava seu inatingível padrão de qualidade,  com um contrato milionário assinado, Silvio Santos foi pessoalmente à sede da emissora no Rio de Janeiro ter com Roberto Marinho para cobrir a proposta, rescindir o contrato e levar o pupilo de volta para o SBT. Isto é In-crí-vel! Os dois maiores magnatas da TV brasileira mobilizados pelo "menino de ouro".

O Estado de S.Paulo - 12/2/1988clique aqui para ver a página Foto: Acervo/Estadão

Com Gugu de volta para casa que o criou, a Globo foi atrás de outro inovador das noites de sábado, o gordinho debochado e anarquista Fausto Silva que fazia sucesso com seus Perdidos na Noite. E lá se vão trinta anos. A partir dali, a disputa na década seguinte seria travada nas tardes com o Domingo Legal, com gincanas insanas, banheiras, sushis eróticos, deficientes físicos e intelectuais em quadros que provocaram altas discussões sobre os limites entre diversão e baixaria. 

O Estado de S.Paulo - 12/02/1988clique aqui para ver a matéria Foto: Acervo/Estadão

Atento às mudanças no gosto popular, nas noites de sábado, Gugu substituiria o Viva Noite pelo Sabadão Sertanejo, e continuaria relevante por mais alguns anos. Ícone da cultura popular e símbolo de uma era na TV, nos anos 2000 Gugu seria tragado, como tantos, pela internet e toda a cultura que dela emanava. 

A reputação de Gugu seria fortemente arranhada em 2003 por uma fake-news produzida em seu programa antes mesmo de notícias falsas serem chamadas assim qui no Brasil, com a a exibição de uma entrevista com pessoas mascaradas se passando por membros da facção criminosa PCC.  

A mudança para a Record em 2009 ficou bem longe de ter o impacto que foi a tentativa de ir para a Globo. A fantástica novela da transferência que não foi e seus personagens incríveis - Silvio dizia que não duraria mais que alguns anos de vida e Gugu seria seu sucessor -  renderam várias páginas do jornal naquele início de 1988. Acompanhe os capítulos:

O Estado de S.Paulo - 11/2/1988clique aqui para ver a matéria Foto: Acervo/Estadão
O Estado de S.Paulo - 24/01/1988clique aqui para ver a matéria Foto: Acervo/Estadão
O Estado de S.Paulo - 24/01/1988 clique aqui para ver a matéria Foto: Acervo/Estadão
Publicidade veiculada noEstadão de 25/12/1988 clique aqui para ver a página Foto: Acervo/Estadão

Gugu Liberato

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Gugu e Silvio Santos (1988)

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
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Gugu Liberato (1988)

Foto: Juvenal Pereira/Estadão
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Elke Maravilha e Gugu Liberato (1997)

Foto: Epitácio Pessoa/ Estadão
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Gugu e Suzane Richthofen

Foto: Divulgação
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Gugu Liberato, Leonardo e Ana Maria Braga (1998)

Foto: J.F. Diório/ Estadão
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Gugu Liberato (2001)

Foto: Robson Fernandes/ Estadão
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Publicidade do SBT

Foto: Acervo/Estadão

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