Neste 25 de janeiro, a cidade de São Paulo comemora 470 anos de sua fundação. Para celebrar a data o Estadão Acervo convida o leitor a viajar pela história da cidade através de seus conteúdos. Confira nossas galerias de fotos antigas da metrópole, matérias curiosas sobre seu passado e outros registros de sua história política, social e cultural.
São Paulo em construção
Os presentes de aniversário de São Paulo
“De certa forma São Paulo é como gente. Todo ano, no dia do aniversário, tem festa e recebe presentes. Alguns deles o paulistano tem orgulho de mostrar, como o Mercado Municipal e a Catedral da Sé. Outros não poderia mais viver sem, como a Ponte das Bandeiras e o Ceasa.
E como não poderia deixar de ser, tem aquele presente que não se sabe o que fazer, se devolve, joga fora ou arranja um jeito de conviver. É o caso do Elevado Costa e Silva, o Minhocão. O elevado foi criado para liberar o trânsito e ficou congestionado logo no dia da inauguração...”
Uma viagem aérea pela Marginal Tietê em 1972
São Paulo na revista do Estadão
“São Paulo faz mais um aniversário e, como sempre, olha para trás e para frente ao rever e projetar sua trajetória desde aquele longínquo 25 de janeiro de 1554. Muitas vezes custa distinguir o que é passado, presente ou futuro, como na crônica ‘A cidade do barulho’, de Affonso Schmidt, publicada no Suplemento em Rotogravura do Estadão em janeiro de 1931: “Em São Paulo não se dorme nem se repousa. Nossos nervos são mantidos dia e noite numa dolorosa excitação. No estado de vigília, cada hora que passa é um prego que nos espetam...”
A história do brasão de São Paulo
“Em 8 de março de 1917 a cidade São Paulo oficializava seu primeiro brasão de armas da cidade. Depois de 364 anos de história, a cidade não ganhava só um distintivo, mas também um lema: ‘non ducor, duco’, isto é, não sou conduzido, conduzo. O símbolo da cidade de São Paulo foi escolhido através de concurso instituído em 1915...”
Paulista: avenida mais famosa de São Paulo já teve outro nome
“Hoje seria impensável chamar por outro nome a avenida símbolo de São Paulo, mas a Avenida Paulista já foi Avenida Carlos de Campos. Não carregou o nome por muito tempo, foram apenas três anos, de 1927 a 1930, mas a mudança esconde um importante processo de troca de poder na história de São Paulo e do Brasil...”
Avenida Paulista em imagens
Todos os prefeitos de São Paulo desde 1899
“Apesar de a República ter sido proclamada no Brasil em 1889, demorou um tempo para os paulistanos poderem escolher um prefeito para São Paulo. Somente dez anos depois da proclamação a cidade teve o seu primeiro prefeito. Ainda assim, Antonio Prado foi escolhido em votação indireta por seus pares vereadores em 1899 (...)
(...) Com o retorno à democracia, o eleitor voltou às urnas em 1985, inaugurando o maior período com prefeitos eleitos pelo voto direto. Repetindo a história, Jânio seria o novo prefeito eleito após uma longa abstinência eleitoral. Acompanhe os ciclos que alternaram voto direto e escolhas indiretas pelos quais a cidade passou e conheça os políticos que foram prefeito, seja eleito, indicado ou interino...”
O prefeito que pendurou as chuteiras
“Famoso por suas excentricidades, Jânio Quadros foi também um gênio do marketing pessoal. Com maestria sabia como atrair publicidade para si e para seus atos (...) dias após tomar posse como prefeito de São Paulo e em meio aos rumores de que se candidataria à Presidência, Jânio pendurou um par de chuteiras na porta do seu gabinete. Junto à porta também fixou um bilhete com os dizeres: “O prefeito não é candidato a qualquer cargo eletivo. Este é o seu último mandato e a matéria não pode ser objeto de conversa...”
A primeira sessão de cinema de São Paulo
“Em 07 de agosto de 1896 o cinematógrafo fez sua estreia oficial em São Paulo. Uma seleta plateia experimentaria a última palavra em entretenimento já existentes nas principais capitais da Europa e nos Estados Unidos. A sessão que contou com a presença de Campos Sales, presidente do Estado, autoridades e membros da imprensa apresentou, entre suas fitas, o clássico “A Chegada do Trem na Estação” dos irmãos Lumière.
Naquele mesmo dia, como preparativo para o evento, o Estadão publicou artigo explicando o funcionamento dessa invenção capaz de criar uma “ilusão da própria realidade (...) No dia seguinte, o entusiasmo com a novidade estampou as páginas do jornal. Na primeira página as palavras “admirável” e “assombroso” definiam o evento presenciado na noite anterior...”
- Confira a galeria: Antigos cinemas de rua de São Paulo
Teatro Municipal, uma casa de ópera para São Paulo
“(...) Inspirado em grandes teatros europeus e recebendo espetáculos de qualidade elevada, foi um marco divisor entre antigos hábitos provincianos e as novas expectativas culturais que irradiavam das grandes metrópoles. Aos poucos, uma audiência ávida por novas produções habituava-se a uma cultura musical mais refinada e começava a ficar mais exigente...”
A semana que revolucionou a Arte no Brasil
“Durante três noites, em 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, um grupo de artistas se reuniu no Theatro Municipal de São Paulo para realizar a Semana de Arte Moderna, o evento que é considerado um marco na história das artes e da cultura brasileira, com apresentações de concertos musicais, de dança, recitais de poesias e exposição de pinturas, esculturas e arquitetura.
Nas páginas do Estadão, a Semana de 22, como também ficaria conhecida no futuro, apareceu para os leitores em textos noticiosos na seção Artes e Artistas e em anúncios publicitários em meio a outras atrações culturais da cidade...”
Belvedere Trianon, o mirante na Paulista
“Antes do Museu de Arte de São Paulo (Masp)ser um dos grandes pontos turísticos da avenida Paulista, o número 1578 da via abrigava outra atração, o Belvedere Trianon. Um mirante, com terraços panorâmicos que proporcionavam a vista para todo o vale, para a avenida e para os jardins do Parque Trianon.
O local também era conhecido como Miradouro da Avenida ou apenas o Belvedere da Avenida, como mostra o Estadão da década de 1910. O escritório de arquitetura de Ramos de Azevedo, um dos mais conceituados na época, assinava a obra.Além dos terraços, também faziam parte do belvedere salões para festas e convenções com serviços de restaurante e confeitaria...”
Belvedere Trianon
Ele mora no Jaçanã
“Além dos cigarros, Adoniran Barbosa não dispensava a companhia de um cachorro. O mais conhecido do público foi Peteleco. Ele andava com o sambista para cima e para baixo na década de 1950 (...)
Depois do Peteleco vieram, Musqui, Loirinha e Loretta Young, a cadela que vemos na foto. Ela foi fotografada ao lado do dono em reportagem publicada no Estadão em dezembro de 1976. Foi descrita como “cadelinha preta e branca muito corintiana, porém mais discreta que [o] falecido ‘Peteleco’, cão de pular feito louco sempre que ele gritava ‘gol do Corinthians...”
Freddie fez o Morumbi cantar
“Quando se fala em Queen no Brasil, muitos se lembram das históricas apresentações do grupo no Rock in Rio em janeiro de 1985. Mas os primeiros shows da banda de Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon no País aconteceram quatro anos antes, com duas grandes apresentações no Estádio do Morumbi, em São Paulo, nos dias 20 e 21 de março de 1981.
Na época, o Queen tinha 11 anos de estrada e vários sucessos como Bohemian Rapsody, We Are the Champions, Somebody to Love e Love of My Life, cantada a plenos pulmões pelo público com direito a isqueiros acesos em todo o estádio...”
A rainha e o Masp
“(...) Após sediar a 1ª Bienal de Arte Moderna em 1953, o antigo edifício do Trianon começou a ser demolido para dar lugar ao prédio do Museu de Arte Paulista, o Masp. A inauguração na sede definitiva só aconteceu em novembro de 1968 e contou com a ilustre presença da rainha Elizabeth II, da Inglaterra. Coube à monarca, que fazia uma visita ao País, presidir a cerimônia de inauguração (...)
A rainha se surpreendeu ao ver um quadro do ex-primeiro-ministro Winston Churchill. Pietro Maria Bardi (à esquerda), presidente do museu, explicou que o Brasil fora o primeiro país a expor uma obra de Churchill em 1942.”
A Olimpíada das Américas na cidade em 1963
“(...)O mesmo gramado de tantos grandes jogos de futebol estava, então, invadido por atletas e bandeiras de 22 países e colônias: era a abertura da quarta edição dos Jogos Pan-Americanos. São Paulo, então uma cidade de pouco mais de 3 milhões de habitantes, de bondes e de vida tranquila, recebia a Olimpíada das Américas e tinha motivos para tanto entusiasmo...”
A primeira corrida de F1 no Brasil
“... A prova realizada em 1972 não valia para o campeonato de Fórmula 1. Serviu como teste para entrar na competição. Só no ano seguinte passou a integrar o calendário e passou a ser chamada GP Brasil. Para a cobertura do evento, o Estadão escalou uma equipe composta por Everton Capri Freire, João Prado Pacheco, Luiz Carlos Ramos, Paulo Ferraz Filho e Reginaldo Leme para fazerem as reportagens e nas fotos estiveram na cobertura Arnaldo Fiaschi, Claudine Petroli e Oswaldo Luiz Palermo...”
Primeira corrida de Fórmula 1 no Brasil Interlagos 1972 GP Brasil
Jardim América: da lama ao luxo
“(...) Primeiro projeto da Companhia City, o bairro do Jardim América foi concebido pelos urbanistas ingleses Barry Parker e Raymond Unwin e considerado, além de um investimento arriscado, um desafio arquitetônico. Localizado em uma região considerada inadequada para habitação, o novo bairro surgiu após a drenagem de um milhão de m² de charcos e pântanos, na margem norte do Rio Pinheiros. Foi a primeira área de loteamento planejado da capital...”
O primeiro arranha-céu de São Paulo
“Com estrutura de concreto e tijolos, o edifício Martinelli é um marco da arquitetura paulista. Iniciado em 1922, foi inaugurado em 1929 com 12 andares. Continuou crescendo até chegar aos 30 andares em 1934.
O arquiteto e dono da obra, o italiano Giuseppe Martinelli, teve de vender parte do edifício ao Instituto Nacional de Crédito da Itália para concluir o projeto. Por ter virado italiano, o prédio foi confiscado no fim da Segunda Guerra. Na Revolução Constitucionalista de 1932 os terraços foram ocupados por metralhadoras antiaéreas...”
O Rockefeller Center de São Paulo
“Projetado em 1951 pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1957, o Edifício Copan é um cartão postal de São Paulo e um marco na arquitetura moderna. Com 120 mil metros quadrados de área construída, abriga 1.160 apartamentos e 5 mil moradores em 35 andares(...)
Do alto dos seus 115 metros de altura é possível ter uma visão de 360 graus de São Paulo. “A arquitetura brasileira alcança o ápice da sua glória, do seu renome mundial”, acrescentava o anúncio de lançamento, que chamava o edifício de “Rockefeller Center de São Paulo” e “a obra do século”.
Maksoud Plaza: um cartão postal da cidade que deixou saudade
“ (...) Tinha de tudo. Entrevistas coletivas, como a dos Ramones em 1987 e do iniciante diretor Quentin Tarantino no mesmo 1992 da fúria de Axl Rose, lançamentos de filmes nas salas de cinema, desfiles de moda, transmissões ao vivo do Oscar com festa, palestras, seminários (...)
A infra-estrutura impressionante fazia do hotel uma mini-cidade. No apagão nacional de 1999, quando São Paulo ficou às escuras, algumas pessoas se lembraram do potente gerador do Maksoud, foram para lá e encontraram o hotel em pleno funcionamento e puderam beber e comer no piano-bar como se a principal crise energética do País não estivesse acontecendo naquele instante (...)
O Maksoud era de fácil acesso para turistas de fora que apenas queriam conhecer e tirar fotos no local, assim como acontece com os icônicos Waldorf-Astoria em Nova York , o Plaza Athénée de Paris e o Ritz, em Londres. Representava para São Paulo em termos de hotelaria o que o Copacabana Palace simboliza para o Rio de Janeiro. Um cartão postal da cidade que vai deixar saudade.”
As tardes de alegria no Playcenter
“Começavam as férias escolares. E para onde levar a criançada? Durante muitos anos a resposta era certeira: ao Playcenter. O mesmo valia para adolescentes que queriam se divertir com a galera. Nos seus quase 40 anos de funcionamento o parque de diversões mais famoso da cidade atraiu visitantes de todo o país (...) O parque contabilizou cerca de 60 milhões de visitantes e marcou gerações (...)
Todo dia era dia da criança no Playcenter
Inspirado nos grandes parques de diversões dos Estados Unidos, o Playcenter reunia desde atrações tradicionais de pequenos parques, como carrosséis, casa dos horrores, tiro ao alvo, carrinho de bate-bate, até brinquedos temáticos mais elaborados. Entre os campeões de filas estavam o La Bamba, que rodopiava e chacoalhava; o Splash, um carrinho preso por trilhos que terminava seu passeio com um mergulho na água e o desafiador Barco Viking, que balançava de um lado para o outro, ganhando cada vez mais velocidade e altura...”
Walk Machine nas ruas de São Paulo
“... Criado a partir de uma ideia de funcionários da fábrica de equipamentos agrícolas Hatsuta e vendido em lojas como o Mappin por cerca de cinco mil reais, o Walk Machine não chegou a ser uma febre como a dos atuais patinetes elétricos. Mas causou um certo alvoroço em São Paulo na época por ser uma novidade...”
Walk Machine, o patinete motorizado
Brincadeira na rua e aos domingos
“ (...) Na década de 1970, a carência de áreas de lazer na cidade motivou iniciativa parecida, a experiência das Ruas de Lazer promovida pela Secretaria de Esportes do Município.
As vias e praças escolhidas eram fechadas com cavaletes aos domingos, e o asfalto onde circulavam carros passava a ser um espaço ocupado por crianças e adolescentes com “carrinhos de rolimã, skate, bicicleta e bolas” como descrevia a matéria do Estadão de 29 de maio de 1976...”
Ruas de Lazer
Um pinguim nas calçadas da Lapa
“Em 1965, o Estadão publicou uma reportagem inusitada, sobre algo impensável nos dias atuais. Era a história de Zé, um pinguim que vivia com uma família no bairro da Lapa, em São Paulo. O animal foi capturado pelo eletrotécnico José Antonio de Lima, pescador de fim de semana com amigos, na Praia Grande, litoral sul de São Paulo, e levado para capital paulista.
O pinguim adaptou-se à sua nova rotina sobre o asfalto paulistano. Já vivia com a família do operário há cinco meses na casa de número 135 na rua Barbalha e era a alegria da casa e a sensação do bairro...”
Um jacaré teimoso
“Um legítimo jacaré pantaneiro tumultuou o cotidiano da maior cidade brasileira em agosto de 1990. O animal foi responsável por um congestionamento de cerca de três horas na marginal do Tietê, entre as pontes da Vila Guilherme e Vila Maria, na zona norte.
O jacaré foi flagrado por moradores da região tomando sol na margem esquerda do poluído rio. Ele recebeu o nome de Teimoso dos paulistanos, que aglomeravam-se na via e nas pontes para vê-lo. Até hoje não se sabe como o animal foi parar lá....”
Um rinoceronte para vereador
“... A candidatura do rinoceronte Cacareco tomou corpo no ano seguinte quando foi realizada eleição para a Câmara Municipal. A ideia de lançá-lo candidato teria sido do jornalista Itaboraí Martins. Ele recebeu entre 90 e 100 mil votos para vereador de São Paulo. O número preciso nunca se saberá porque os votos que recebera foram computados juntos aos outros nulos.
O animal encarnou a frustração dos paulistanos com os políticos nas eleições para a Câmara Municipal de 1959. Ele teve mais votos do que qualquer outro candidato a vereador. Foi um recado claro dos paulistanos: um cacareco teve mais votos do que os 450 candidatos que concorriam a 45 cadeiras. Na maioria das cédulas o paulistano escreveu “Para vereador - Cacareco”, mas em outras a criatividade transbordou, “Cansados de teleco-teco, vamos votar em Cacareco...”