Silvio Santos e o domador de circo: “O povo é uma fera, mas você domina o povo”


Na histórica entrevista ao Estadão em 1987, apresentador falou sobre a carreira no circo, o que pensava sobre o povo do Brasil, do medo que sentia da morte e muito mais

Por Liz Batista e Edmundo Leite

Silvio Santos anda em meio a platéia, durante gravação de programa do SBT, "Topa tudo por dinheiro", São Paulo, SP. 21/02/1988. Foto: JUVENAL PEREIRA

Difícil de imaginar, mas Sílvio Santos [1930-2024], um dos maiores comunicadores da História do País, nem sempre esteve à vontade sob os holofotes. Algumas vezes, chegou a emrrubrecer.

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Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho”, contou ao Estadão em 1987. Durante as 7 horas em que foi entrevistado pelos repórteres Luiz Fernando Emediato e Marcos Wilson para o Caderno 2, o apresentador falou sobre sua timidez no começo da carreira como animador, quando apresentava o show Caravana do Peru em circos de bairro, ao lado de Manoel da Nóbrega e Ronald Golias.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

Sobre esse tempo, disse que certa vez ouviu de um” domador, meio bêbado” algo que permaneceu em sua lembrança: “O povo é uma fera, mas você domina o povo. O povo sente o que você é, sente a tua firmeza, o teu pulso. Você tem essa facilidade de domar o povo, de domar a fera. Sou domador e sinto isso em você”. O comentário o marcou; “eu nunca mais esqueci isso. Fazem 30 anos. É o que eu faço na televisão”, disse à reportagem.

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Na conversa, falou sobre seus gostos musicais (Julio Iglesias e Luís Gonzaga) e literários (livros sobre técnicas de vendas, psicologia e também biografias), o que pensava sobre o povo, do medo que sentia da morte e muito mais. Para ler o conteúdo completo, clique aqui.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão
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Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão

Dias de circo

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Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Nessa altura eu já fazia a Caravana do Peru que Fala.

Peru que fala?

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É. Eu trabalhava só até meio dia. O Manoel da Nóbrega era o apresentador principal e me gozava muito. Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho. O Nóbrega me chamava de Peru. Ele tinha uma caravana — ele, o Ronald Golias e o Carlos Alberto, mais o Canarinho, e a Tânia Castilho — que iam de circo em circo. Às vezes eu ia junto, mas não gostava, pois sempre desconfiei que os donos do circo roubavam na bilheteria. Eu não queria dividir assim.

Por quê?

O circo estava sempre lotado, mas nossa parte era pequena. Então montei minha caravana, contratei artistas. Humberto Simões era o ventríloquo com dois bonecos, o Solon Sales o Seresteiro da Paullcéia, Joara Gonçalves uma cantora. Tinha uma macaca chita e o Barnabé que contava piadas imitando o Mazzaropi.

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Arranjei uma Zilda, linda de morrer. Eu a vi tocando acordeon com o irmão no circo e perguntei: “Esse rapaz, quem é?” E ela: “É meu namorado”. Então disse: “Manda esse cara passear e vem trabalhar comigo. Eu pago”. Aceitou e botei ela pelada, — ai, capeta, — de rumbeira, era o maior show do circo. Aí eu exigia pôr no circo um porteiro meu, para controlar a bilheteria. Esse porteiro trabalha comigo até hoje, é o chefe do setor de carros, o Walter Garcia Filho.

E como você fazia para anunciar o show?

Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco. Nesse tempo eu fiz também campanha para o deputado Cunha Bueno; na primeira vez, para comprar um jipe. Não tinha gravador, tinha de falar no alto-falante ao vivo, sem parar. Eu tomava Cálcio-Cetiva na veia para aguentar o circo e os comícios. Eu levava mais de dez mil pessoas. E aguentava o público até o Bueno chegar.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

O povo

O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Você acha que os políticos estão administrando direito este país?

Não sei. O nosso povo é muito, muito... não vou dizer amável. O povo é manso. Comem feijão com farinha com a mão, assim tranquilo, bom demais. Tem seu sobradinho e não ambiciona nada mais. Perde o barraco e aceita. O povo não é lutador, como o povo dos Estados Unidos. Não estou falando da classe média. O meu diretor, o meu gerente luta por 10% de salário. O povo não. O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão


A morte

Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte

Silvio Santos em entrevista ao Estadão

Você tem medo de morrer?

Muito. Tanto que já perguntei a meu médico se devo ir a um psiquiatra. Ele respondeu que pode piorar. Agora, como vocês sabem, estou rouco, com um calo na garganta. Estou proibido de falar muito, e fazendo exercícios vocais, tomando remédio. Não vou fazer biópsia, e se der câncer? Tenho pavor de câncer. Então prefiro não saber. É a idade. Garganta, coração, próstata, pressão. Daqui para a frente só vai piorar. Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte.

Gostou deste trecho da entrevista com Silvio Santos? Clique aqui para ler a entrevista completa, na qual ele fala sobre a relação turbulenta com a mãe, o momento em que foi preso no Rio e de como obteve o canal de TV.

Silvio Santos [1930 - 2024]

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Sílvio Santos

Foto: Ed Viggiani
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estad
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Silvio Santos e Chacrinha

Foto: ARQUIVO
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Chacrinha e Silvio Santos

Foto: Acervo/Estad
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Silvio Santos e Chacrinha

Foto: ARQUIVO
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estadão
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Jessica Lange e Silvio Santos

Foto: OSWALDO JURNO
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Jessica Lange

Foto: OSWALDO JURNO
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Silvio Santos

Foto: SOLANO DE FREITAS
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Silvio Santos e José Sarney

Foto: Acervo/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Silvio Santos e Iris Abravanel

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Silvio Santos e Iris Abravanel

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Joveci C. de Freitas/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Joveci C. de Freitas/Estadão
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Silvio Santos e Antonio Ermírio de Morais

Foto: Epitácio Pessoa/Estad
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Silvio Santos

Foto: Juvenal Pereira/ Acerv
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Gugu Liberato

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Gugu Liberato e Silvio Santos

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Gugu Liberato e Silvio Santows

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Silvio Santos e Gugu Liberato (1988)

Foto: Fernando Pimentel/ Estadão
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Silvio Santos e Gugu Liberato

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Silvio Santos

Foto: Juvenal Pareira/ Estad
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Silvio Santos

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Silvio Santos

Foto: ARI VICENTINI
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Silvio Santos

Foto: L. Gevaerd/Estadão
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Silvio Santos

Foto: L. Gevaerd/Estadão
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Silvio Santos

Foto: L. Gevaerd/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Flavio Canalonga/Estadã
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Silvio Santos e Leonel Brizola

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: PAULO CERCIARI
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Silvio Santos

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: Marcos Fernandes
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Sílvio Santos

Foto: LUÍS ANTÔNIO COSTA
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Silvio Santos

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

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Silvio Santos

Foto: Edu Garcia
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Silvio Santos

Foto: Sérgio Amaral/Estadão
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Silvio Santos e Íris Abravanel

Foto: Edu Garcia/Estadão
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Silvio Santos e Íris Abravanel

Foto: Edu Garcia/Estadão
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Silvio Santos e Íris Abravanel

Foto: Edu Garcia/Estadão
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Bilhete de agradecimento

Foto: Sérgio Amaral/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: Marcos Fernandes
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Silvio Santos

Foto: ARI VICENTINI
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Silvio Santos

Foto: ARI VICENTINI
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Silvio Santos

Foto: ARI VICENTINI
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Silvio Santos

Foto: Amancio Chiodi/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Silvio Santos

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Silvio Santos

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Silvio Santos

Foto: WILTON JUNIOR
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Silvio Santos e Geraldo Alckmin

Foto: JF DIORIO
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Silvio Santos e a filha, Patrícia

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Sequestro de Silvio Santos

Foto: AGLIBERTO LIMA
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Silvio Santos

Foto: CELSO JUNIOR
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Silvio Santos

Foto: BAPTISTÃO
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Silvio Santos

Foto: LEONARDO SOARES
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Silvio Santos

Foto: LEONARDO SOARES
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Silvio Santos

Foto: LEONARDO SOARES
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Silvio Santos

Foto: LEONARDO SOARES
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Silvio Santos

Foto: Sérgio Amaral/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: Sérgio Amaral/Estadão

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ACERVO

Silvio Santos anda em meio a platéia, durante gravação de programa do SBT, "Topa tudo por dinheiro", São Paulo, SP. 21/02/1988. Foto: JUVENAL PEREIRA

Difícil de imaginar, mas Sílvio Santos [1930-2024], um dos maiores comunicadores da História do País, nem sempre esteve à vontade sob os holofotes. Algumas vezes, chegou a emrrubrecer.

Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho”, contou ao Estadão em 1987. Durante as 7 horas em que foi entrevistado pelos repórteres Luiz Fernando Emediato e Marcos Wilson para o Caderno 2, o apresentador falou sobre sua timidez no começo da carreira como animador, quando apresentava o show Caravana do Peru em circos de bairro, ao lado de Manoel da Nóbrega e Ronald Golias.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

Sobre esse tempo, disse que certa vez ouviu de um” domador, meio bêbado” algo que permaneceu em sua lembrança: “O povo é uma fera, mas você domina o povo. O povo sente o que você é, sente a tua firmeza, o teu pulso. Você tem essa facilidade de domar o povo, de domar a fera. Sou domador e sinto isso em você”. O comentário o marcou; “eu nunca mais esqueci isso. Fazem 30 anos. É o que eu faço na televisão”, disse à reportagem.

Na conversa, falou sobre seus gostos musicais (Julio Iglesias e Luís Gonzaga) e literários (livros sobre técnicas de vendas, psicologia e também biografias), o que pensava sobre o povo, do medo que sentia da morte e muito mais. Para ler o conteúdo completo, clique aqui.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão

Dias de circo

Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Nessa altura eu já fazia a Caravana do Peru que Fala.

Peru que fala?

É. Eu trabalhava só até meio dia. O Manoel da Nóbrega era o apresentador principal e me gozava muito. Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho. O Nóbrega me chamava de Peru. Ele tinha uma caravana — ele, o Ronald Golias e o Carlos Alberto, mais o Canarinho, e a Tânia Castilho — que iam de circo em circo. Às vezes eu ia junto, mas não gostava, pois sempre desconfiei que os donos do circo roubavam na bilheteria. Eu não queria dividir assim.

Por quê?

O circo estava sempre lotado, mas nossa parte era pequena. Então montei minha caravana, contratei artistas. Humberto Simões era o ventríloquo com dois bonecos, o Solon Sales o Seresteiro da Paullcéia, Joara Gonçalves uma cantora. Tinha uma macaca chita e o Barnabé que contava piadas imitando o Mazzaropi.

Arranjei uma Zilda, linda de morrer. Eu a vi tocando acordeon com o irmão no circo e perguntei: “Esse rapaz, quem é?” E ela: “É meu namorado”. Então disse: “Manda esse cara passear e vem trabalhar comigo. Eu pago”. Aceitou e botei ela pelada, — ai, capeta, — de rumbeira, era o maior show do circo. Aí eu exigia pôr no circo um porteiro meu, para controlar a bilheteria. Esse porteiro trabalha comigo até hoje, é o chefe do setor de carros, o Walter Garcia Filho.

E como você fazia para anunciar o show?

Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco. Nesse tempo eu fiz também campanha para o deputado Cunha Bueno; na primeira vez, para comprar um jipe. Não tinha gravador, tinha de falar no alto-falante ao vivo, sem parar. Eu tomava Cálcio-Cetiva na veia para aguentar o circo e os comícios. Eu levava mais de dez mil pessoas. E aguentava o público até o Bueno chegar.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

O povo

O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Você acha que os políticos estão administrando direito este país?

Não sei. O nosso povo é muito, muito... não vou dizer amável. O povo é manso. Comem feijão com farinha com a mão, assim tranquilo, bom demais. Tem seu sobradinho e não ambiciona nada mais. Perde o barraco e aceita. O povo não é lutador, como o povo dos Estados Unidos. Não estou falando da classe média. O meu diretor, o meu gerente luta por 10% de salário. O povo não. O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão


A morte

Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte

Silvio Santos em entrevista ao Estadão

Você tem medo de morrer?

Muito. Tanto que já perguntei a meu médico se devo ir a um psiquiatra. Ele respondeu que pode piorar. Agora, como vocês sabem, estou rouco, com um calo na garganta. Estou proibido de falar muito, e fazendo exercícios vocais, tomando remédio. Não vou fazer biópsia, e se der câncer? Tenho pavor de câncer. Então prefiro não saber. É a idade. Garganta, coração, próstata, pressão. Daqui para a frente só vai piorar. Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte.

Gostou deste trecho da entrevista com Silvio Santos? Clique aqui para ler a entrevista completa, na qual ele fala sobre a relação turbulenta com a mãe, o momento em que foi preso no Rio e de como obteve o canal de TV.

Silvio Santos [1930 - 2024]

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Sílvio Santos

Foto: Ed Viggiani
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estad
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Silvio Santos e Chacrinha

Foto: ARQUIVO
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Chacrinha e Silvio Santos

Foto: Acervo/Estad
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Silvio Santos e Chacrinha

Foto: ARQUIVO
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Silvio Santos

Foto: Acervo/Estadão
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Jessica Lange e Silvio Santos

Foto: OSWALDO JURNO
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Jessica Lange

Foto: OSWALDO JURNO
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Silvio Santos

Foto: SOLANO DE FREITAS
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Silvio Santos e José Sarney

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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Silvio Santos e Iris Abravanel

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Silvio Santos e Iris Abravanel

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiami/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Ed Viggiani/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Joveci C. de Freitas/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Joveci C. de Freitas/Estadão
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Silvio Santos e Antonio Ermírio de Morais

Foto: Epitácio Pessoa/Estad
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Silvio Santos

Foto: Juvenal Pereira/ Acerv
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Gugu Liberato

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Gugu Liberato e Silvio Santos

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Gugu Liberato e Silvio Santows

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Silvio Santos e Gugu Liberato (1988)

Foto: Fernando Pimentel/ Estadão
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Silvio Santos e Gugu Liberato

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Silvio Santos

Foto: Juvenal Pareira/ Estad
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Silvio Santos

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Silvio Santos

Foto: ARI VICENTINI
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Silvio Santos

Foto: L. Gevaerd/Estadão
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Silvio Santos

Foto: L. Gevaerd/Estadão
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Silvio Santos

Foto: L. Gevaerd/Estadão
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Silvio Santos

Foto: Flavio Canalonga/Estadã
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Silvio Santos e Leonel Brizola

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: PAULO CERCIARI
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Silvio Santos

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: Marcos Fernandes
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Sílvio Santos

Foto: LUÍS ANTÔNIO COSTA
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Silvio Santos

Foto: Luís Antonio Costa/ Estadão
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Silvio Santos

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Foto: Edu Garcia
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Silvio Santos

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Silvio Santos e Íris Abravanel

Foto: Edu Garcia/Estadão
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Silvio Santos e Íris Abravanel

Foto: Edu Garcia/Estadão
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Silvio Santos e Íris Abravanel

Foto: Edu Garcia/Estadão
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Bilhete de agradecimento

Foto: Sérgio Amaral/ Estadão
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Silvio Santos

Foto: Marcos Fernandes
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Silvio Santos

Foto: ARI VICENTINI
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Silvio Santos

Foto: ARI VICENTINI
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Silvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Silvio Santos

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Silvio Santos

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Silvio Santos

Foto: WILTON JUNIOR
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Silvio Santos e Geraldo Alckmin

Foto: JF DIORIO
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Silvio Santos e a filha, Patrícia

Foto: ROBSON FERNANDJES
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Sequestro de Silvio Santos

Foto: AGLIBERTO LIMA
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Silvio Santos

Foto: CELSO JUNIOR
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Silvio Santos

Foto: BAPTISTÃO
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Silvio Santos

Foto: LEONARDO SOARES
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Silvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos

Foto: Sérgio Amaral/Estadão

Veja também

ACERVO

Silvio Santos anda em meio a platéia, durante gravação de programa do SBT, "Topa tudo por dinheiro", São Paulo, SP. 21/02/1988. Foto: JUVENAL PEREIRA

Difícil de imaginar, mas Sílvio Santos [1930-2024], um dos maiores comunicadores da História do País, nem sempre esteve à vontade sob os holofotes. Algumas vezes, chegou a emrrubrecer.

Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho”, contou ao Estadão em 1987. Durante as 7 horas em que foi entrevistado pelos repórteres Luiz Fernando Emediato e Marcos Wilson para o Caderno 2, o apresentador falou sobre sua timidez no começo da carreira como animador, quando apresentava o show Caravana do Peru em circos de bairro, ao lado de Manoel da Nóbrega e Ronald Golias.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

Sobre esse tempo, disse que certa vez ouviu de um” domador, meio bêbado” algo que permaneceu em sua lembrança: “O povo é uma fera, mas você domina o povo. O povo sente o que você é, sente a tua firmeza, o teu pulso. Você tem essa facilidade de domar o povo, de domar a fera. Sou domador e sinto isso em você”. O comentário o marcou; “eu nunca mais esqueci isso. Fazem 30 anos. É o que eu faço na televisão”, disse à reportagem.

Na conversa, falou sobre seus gostos musicais (Julio Iglesias e Luís Gonzaga) e literários (livros sobre técnicas de vendas, psicologia e também biografias), o que pensava sobre o povo, do medo que sentia da morte e muito mais. Para ler o conteúdo completo, clique aqui.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão

Dias de circo

Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Nessa altura eu já fazia a Caravana do Peru que Fala.

Peru que fala?

É. Eu trabalhava só até meio dia. O Manoel da Nóbrega era o apresentador principal e me gozava muito. Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho. O Nóbrega me chamava de Peru. Ele tinha uma caravana — ele, o Ronald Golias e o Carlos Alberto, mais o Canarinho, e a Tânia Castilho — que iam de circo em circo. Às vezes eu ia junto, mas não gostava, pois sempre desconfiei que os donos do circo roubavam na bilheteria. Eu não queria dividir assim.

Por quê?

O circo estava sempre lotado, mas nossa parte era pequena. Então montei minha caravana, contratei artistas. Humberto Simões era o ventríloquo com dois bonecos, o Solon Sales o Seresteiro da Paullcéia, Joara Gonçalves uma cantora. Tinha uma macaca chita e o Barnabé que contava piadas imitando o Mazzaropi.

Arranjei uma Zilda, linda de morrer. Eu a vi tocando acordeon com o irmão no circo e perguntei: “Esse rapaz, quem é?” E ela: “É meu namorado”. Então disse: “Manda esse cara passear e vem trabalhar comigo. Eu pago”. Aceitou e botei ela pelada, — ai, capeta, — de rumbeira, era o maior show do circo. Aí eu exigia pôr no circo um porteiro meu, para controlar a bilheteria. Esse porteiro trabalha comigo até hoje, é o chefe do setor de carros, o Walter Garcia Filho.

E como você fazia para anunciar o show?

Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco. Nesse tempo eu fiz também campanha para o deputado Cunha Bueno; na primeira vez, para comprar um jipe. Não tinha gravador, tinha de falar no alto-falante ao vivo, sem parar. Eu tomava Cálcio-Cetiva na veia para aguentar o circo e os comícios. Eu levava mais de dez mil pessoas. E aguentava o público até o Bueno chegar.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

O povo

O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Você acha que os políticos estão administrando direito este país?

Não sei. O nosso povo é muito, muito... não vou dizer amável. O povo é manso. Comem feijão com farinha com a mão, assim tranquilo, bom demais. Tem seu sobradinho e não ambiciona nada mais. Perde o barraco e aceita. O povo não é lutador, como o povo dos Estados Unidos. Não estou falando da classe média. O meu diretor, o meu gerente luta por 10% de salário. O povo não. O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão


A morte

Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte

Silvio Santos em entrevista ao Estadão

Você tem medo de morrer?

Muito. Tanto que já perguntei a meu médico se devo ir a um psiquiatra. Ele respondeu que pode piorar. Agora, como vocês sabem, estou rouco, com um calo na garganta. Estou proibido de falar muito, e fazendo exercícios vocais, tomando remédio. Não vou fazer biópsia, e se der câncer? Tenho pavor de câncer. Então prefiro não saber. É a idade. Garganta, coração, próstata, pressão. Daqui para a frente só vai piorar. Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte.

Gostou deste trecho da entrevista com Silvio Santos? Clique aqui para ler a entrevista completa, na qual ele fala sobre a relação turbulenta com a mãe, o momento em que foi preso no Rio e de como obteve o canal de TV.

Silvio Santos [1930 - 2024]

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Sílvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos e Chacrinha

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Chacrinha e Silvio Santos

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Silvio Santos e Chacrinha

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Silvio Santos

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Jessica Lange e Silvio Santos

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Jessica Lange

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Silvio Santos

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Silvio Santos e José Sarney

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Silvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos e Iris Abravanel

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Silvio Santos e Iris Abravanel

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Silvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos e Antonio Ermírio de Morais

Foto: Epitácio Pessoa/Estad
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Silvio Santos

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Gugu Liberato

Foto: JUVENAL PEREIRA
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Gugu Liberato e Silvio Santos

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Gugu Liberato e Silvio Santows

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Silvio Santos e Gugu Liberato (1988)

Foto: Fernando Pimentel/ Estadão
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Silvio Santos e Gugu Liberato

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Silvio Santos e Leonel Brizola

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Silvio Santos

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Sílvio Santos

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Silvio Santos e Íris Abravanel

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Silvio Santos e Íris Abravanel

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Silvio Santos e Íris Abravanel

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Bilhete de agradecimento

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Silvio Santos

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Silvio Santos

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Silvio Santos e Geraldo Alckmin

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Silvio Santos e a filha, Patrícia

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Sequestro de Silvio Santos

Foto: AGLIBERTO LIMA
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Silvio Santos

Foto: CELSO JUNIOR
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Silvio Santos

Foto: LEONARDO SOARES
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Silvio Santos

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ACERVO

Silvio Santos anda em meio a platéia, durante gravação de programa do SBT, "Topa tudo por dinheiro", São Paulo, SP. 21/02/1988. Foto: JUVENAL PEREIRA

Difícil de imaginar, mas Sílvio Santos [1930-2024], um dos maiores comunicadores da História do País, nem sempre esteve à vontade sob os holofotes. Algumas vezes, chegou a emrrubrecer.

Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho”, contou ao Estadão em 1987. Durante as 7 horas em que foi entrevistado pelos repórteres Luiz Fernando Emediato e Marcos Wilson para o Caderno 2, o apresentador falou sobre sua timidez no começo da carreira como animador, quando apresentava o show Caravana do Peru em circos de bairro, ao lado de Manoel da Nóbrega e Ronald Golias.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

Sobre esse tempo, disse que certa vez ouviu de um” domador, meio bêbado” algo que permaneceu em sua lembrança: “O povo é uma fera, mas você domina o povo. O povo sente o que você é, sente a tua firmeza, o teu pulso. Você tem essa facilidade de domar o povo, de domar a fera. Sou domador e sinto isso em você”. O comentário o marcou; “eu nunca mais esqueci isso. Fazem 30 anos. É o que eu faço na televisão”, disse à reportagem.

Na conversa, falou sobre seus gostos musicais (Julio Iglesias e Luís Gonzaga) e literários (livros sobre técnicas de vendas, psicologia e também biografias), o que pensava sobre o povo, do medo que sentia da morte e muito mais. Para ler o conteúdo completo, clique aqui.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão

Dias de circo

Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Nessa altura eu já fazia a Caravana do Peru que Fala.

Peru que fala?

É. Eu trabalhava só até meio dia. O Manoel da Nóbrega era o apresentador principal e me gozava muito. Eu não tinha ainda este desembaraço, tinha vergonha, ficava vermelho. O Nóbrega me chamava de Peru. Ele tinha uma caravana — ele, o Ronald Golias e o Carlos Alberto, mais o Canarinho, e a Tânia Castilho — que iam de circo em circo. Às vezes eu ia junto, mas não gostava, pois sempre desconfiei que os donos do circo roubavam na bilheteria. Eu não queria dividir assim.

Por quê?

O circo estava sempre lotado, mas nossa parte era pequena. Então montei minha caravana, contratei artistas. Humberto Simões era o ventríloquo com dois bonecos, o Solon Sales o Seresteiro da Paullcéia, Joara Gonçalves uma cantora. Tinha uma macaca chita e o Barnabé que contava piadas imitando o Mazzaropi.

Arranjei uma Zilda, linda de morrer. Eu a vi tocando acordeon com o irmão no circo e perguntei: “Esse rapaz, quem é?” E ela: “É meu namorado”. Então disse: “Manda esse cara passear e vem trabalhar comigo. Eu pago”. Aceitou e botei ela pelada, — ai, capeta, — de rumbeira, era o maior show do circo. Aí eu exigia pôr no circo um porteiro meu, para controlar a bilheteria. Esse porteiro trabalha comigo até hoje, é o chefe do setor de carros, o Walter Garcia Filho.

E como você fazia para anunciar o show?

Saí pela rua espalhando cartazes e gritando no alto-falante: “Alô, alô, aqui é o peru que fala. Sábado e domingo no circo tal. Eu só perdia para o Tonico e Tinoco. Nesse tempo eu fiz também campanha para o deputado Cunha Bueno; na primeira vez, para comprar um jipe. Não tinha gravador, tinha de falar no alto-falante ao vivo, sem parar. Eu tomava Cálcio-Cetiva na veia para aguentar o circo e os comícios. Eu levava mais de dez mil pessoas. E aguentava o público até o Bueno chegar.

Silvio Santos durante entrevista exclusiva ao Estadão em 1987. Foto: Ed Viggiani/Estadão

O povo

O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Silvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987

Você acha que os políticos estão administrando direito este país?

Não sei. O nosso povo é muito, muito... não vou dizer amável. O povo é manso. Comem feijão com farinha com a mão, assim tranquilo, bom demais. Tem seu sobradinho e não ambiciona nada mais. Perde o barraco e aceita. O povo não é lutador, como o povo dos Estados Unidos. Não estou falando da classe média. O meu diretor, o meu gerente luta por 10% de salário. O povo não. O povo, infelizmente, é assim, fica satisfeito com um bife.

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão


A morte

Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte

Silvio Santos em entrevista ao Estadão

Você tem medo de morrer?

Muito. Tanto que já perguntei a meu médico se devo ir a um psiquiatra. Ele respondeu que pode piorar. Agora, como vocês sabem, estou rouco, com um calo na garganta. Estou proibido de falar muito, e fazendo exercícios vocais, tomando remédio. Não vou fazer biópsia, e se der câncer? Tenho pavor de câncer. Então prefiro não saber. É a idade. Garganta, coração, próstata, pressão. Daqui para a frente só vai piorar. Até domingo passado, na parada do Dia da Criança, eu fiquei pensando em morte, morte, morte.

Gostou deste trecho da entrevista com Silvio Santos? Clique aqui para ler a entrevista completa, na qual ele fala sobre a relação turbulenta com a mãe, o momento em que foi preso no Rio e de como obteve o canal de TV.

Silvio Santos [1930 - 2024]

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Silvio Santos e Chacrinha

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Chacrinha e Silvio Santos

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Silvio Santos e Antonio Ermírio de Morais

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Silvio Santos e Geraldo Alckmin

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Silvio Santos e a filha, Patrícia

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Entrevista por Liz Batista

Historiadora e jornalista do Acervo Estadão

Edmundo Leite

Jornalista, Coordenador do Acervo Estadão

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