Em 4 de dezembro de 1963, o Senado foi palco de um acerto de contas. A rixa entre os senadores alagoanos Silvestre Pericles e Arnon de Mello, acabou em tiros e morte. “Há anos que o sr. Silvestre Péricles me insulta e ameaça”, justificou em sua defesa o senador Arnon de Mello o autor de três disparos contra Pericles, que chegou a sacar sua arma, mas não disparou.
Os disparos de Mello não atingiram o alvo, mas um tiro atingiu o suplente de senador José Kairala. O político acreano estava no seu último dia de suplência, após seis meses no cargo. Morreu horas depois no hospital. Arnon de Mello, pai do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello, não foi punido porque dispunha de imunidade parlamentar.
Estadão - 6 de dezembro de 1963
Tiroteio no Senado
Prêmio. O fotógrafo Efraim Frajmund conseguiu registrar toda a sequência do conflito, que começou com o discuros de Arnon de Mello na tribuna, de onde se defendeu das agressões do adversário, até a saída do plenário do senador Kairala. A foto do tiroteio recebeu o Prêmo Esso em 1964.
Estadão - 5 de dezembro de 1963
A prisão em flagrante de Arnon de Mello foi decretada pelo presidente do Senado Auro de Moura Andrade. Silvestre Péricles foi enviado para o quartel da Aeronáutica em Brasília, onde ficou pouco mais de um mês. Em janeiro de 1964, ele foi para o Hospital do Exército no Rio de Janeiro, onde passou por algumas cirurgias. Em 16 de abril daquele ano foi inocentando e solto. De licença médica voltou ao Senado em 7 de junho.
A prisão de Arnon de Mello foi mais longa, quase sete meses. Logo após o crime ele foi levado ao quartel do Exército e depois transferido para a Base Aérea de Brasília, onde ficou até ser inocentado pelo assassinato de Kairala, em 30 de julho de 1964. O Senado abriu processo para cassação dos senadores, mas ela foi rejeitada. Arnon de Mello retornou ao Senado no dia seguinte à sua absolvição.
O Estado de S. Paulo - 5/12/1963