Conflito militar entre Inglaterra e Argentina pela soberania das Ilhas Malvinas (Abril/1982 a Junho/1982) Episódio de grande impacto político e cultural, a guerra anglo-argentina de 1982 foi o resultado de uma longa disputa entre o Reino Unido e a Argentina pela soberania das ilhas Malvinas, na costa da América do Sul. Os britânicos reivindicavam a soberania do território desde o século 17, opondo-se às determinações do Tratado de Tordesilhas, que dividiu o Novo Mundo entre a Espanha e Portugal. Na década de 1770, espanhóis e ingleses disputaram pelo domínio do arquipélago, quase envolvendo-se em uma guerra. Ao declarar sua independência em 1816, a Argentina também passou a reivindicar a soberania das ilhas. No começo do século 19, as autoridades argentinas ocuparam as Malvinas e as mantiveram sob controle por um curto período de tempo. Até que em 1833 os britânicos expulsaram a administração argentina e passaram a ocupar o território, apesar dos protestos argentinos na Organização das Nações Unidas (ONU). No começo da década de 1980, a Argentina passava por uma enorme crise econômica e assistia à escalada da oposição civil contra a ditadura militar estabelecida em 1976. Em dezembro de 1981, o governo do país foi assumido por uma junta militar composta por Basilio Lami Dozo, Jorge Anaya e o general Leopoldo Galtieri (que assumiu como presidente). Nessa época, a ditadura propôs uma solução militar para a disputa sobre a soberania do arquipélago, acreditando que tal operação promoveria o patriotismo argentino e desviaria a atenção pública dos problemas nacionais, como a crise econômica e as denúncias de violações aos direitos humanos. No dia 2 de abril de 1982, as Forças Armadas argentinas, seguindo planos da junta militar, invadiram as ilhas Malvinas, renderam o governador britânico Rex Hunt e estabeleceram um governo provisório. No dia seguinte à invasão, a ONU pediu o fim das hostilidades e a retirada de tropas argentinas da região. Na resolução número 55 do Conselho de Segurança da ONU, que concedia o direito de autodefesa aos britânicos, o Reino Unido foi apoiado pela França, os Estados Unidos, a Irlanda, o Japão e outros países. Já a Argentina só recebeu apoio do Panamá. Contando com reconhecimento internacional e apoio material norte-americano e francês, a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher ordenou um contra-ataque. Algumas semanas após a invasão, os britânicos retomaram uma ilha nas proximidades do arquipélago e começaram a receber armamentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Os argentinos, por sua vez, mobilizaram sua Força Aérea e buscaram interceptar unidades britânicas. No dia 2 de maio, os argentinos sofreram uma de suas maiores baixas ao perder o cruzador Belgrano, afundado por um moderno submarino britânico. A destruição do cruzador, tripulado por mil homens, matou 320 argentinos. Dois dias depois, os argentinos afundaram o destróier britânico Sheffield, matando 20 soldados. Nas semanas seguintes, os argentinos conseguiram destruir mais embarcações britânicas. Os britânicos não desistiram e no 21 de maio desembarcaram na costa norte do arquipélago. Com forças terrestres despreparadas e mal equipadas, os argentinos foram rapidamente derrotados pelos britânicos, que retomaram a capital das Malvinas, Stanley. No dia 14 de junho, a Argentina anunciou sua rendição e abandonou definitivamente a área. A crise das Malvinas teve grandes consequências nos países beligerantes. Na Argentina, a humilhante derrota precipitou a queda da ditadura militar. Em outubro de 1983, o país teve eleições democráticas para presidente e para o legislativo. No Reino Unido, a vitória aumentou a popularidade do Partido Conservador e de Margaret Thatcher, que foi reeleita primeira-ministra. As relações entre a Argentina e o Reino Unido foram reatadas em 1989. 649 argentinos e 255 britânicos morreram durante o conflito. Cerca de 270 veteranos argentinos se suicidaram após a guerra. O governo argentino ainda reivindica a soberania das ilhas.
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