Revolução Constitucionalista de 1932 (9/7/1932 – 2/10/1932)
Os motivos que iniciaram o movimento datam de dois anos antes, quando a Revolução de 1930 depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse do paulista Júlio Prestes. A entrada do gaúcho Getúlio Vargas à presidência, pôs um fim na chamada política do café com leite e desagradou as elites paulistas, representadas pelo Partido Republicano Paulista, o PRP, que viram não só o poder sobre a política brasileira ser perdido, como presenciaram também o então estado mais rico da federação ser submetido a um situação de submissão.
Uma das primeiras medidas do governo federal ao assumir foi dissolver congresso e os poderes estaduais. Enquanto outros estados ganharam interventores nascidos neles, São Paulo teve que se contentar com militares de outros locais, já que o Partido Democrata, que era a favor da revolução de 30, não conseguiu indicar ninguém para o cargo. Além disso, viram o major Miguel Costa, expulso da Polícia Militar por tentar derrubar o governo em 1924, assumir o comando da corporação.
As pressões sobre Getúlio Vargas começaram. As forças políticas e econômicas de São Paulo exigiam uma nova Assembleia Constituinte, novas eleições e o fim do governo provisório.
Em dois anos passaram pelo governo do estado quatro interventores federais. Nenhum deles conseguiu manter o controle. As intervenções da ditadura varguista eram constantes e desagradavam cada vez mais a oposição em São Paulo.
Em 1932 a capital era um barril de pólvora. A maioria da população era a favor das exigências das elites. Havia ainda um grupo de tenentes do clube 3 de outubro que eram a favor do golpe de Getúlio e contra as reformas exigidas. Grandes comícios começaram a acontecer na capital paulista.
Vargas tentou acalmar a situação apresentando um novo código eleitoral e marcando eleições para 1933. Além disso, nomeou o paulista Pedro Toledo como interventor.
No dia 23 de maio um comício de estudantes da Faculdade São Francisco, que protestavam contra a intervenção de Osvaldo Aranha (representante da ditadura) no governo de Pedro Toledo, tentou invadir o clube 3 de outubro, onde se concentrava os membros da Liga Revolucionária que apoiava a ditadura. O grupo foi recebido a balas. Cinco jovens morreram no confronto: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo de Andrade e Orlando de Oliveira Alvarenga (incluído depois na lista). As inicias de seus nomes - MMDC - foi o nome escolhido pelo movimento de oposição à ditadura, que começava a planejar a luta armada.
O MMDC ganhou apoio do povo paulista e de seus principais partidos, o PRP, e o Partido Democrata. Em 9 de julho as forças paulistas lideradas pelo General Isidoro Dias Lopes tomaram o estado e iniciaram a marcha para o Rio de Janeiro. Acreditava-se que Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul ajudariam enviando forças para retirar Getúlio Vargas do poder.
Não aconteceu. Houve movimentos isolados no Rio Grande e no Mato Grosso facilmente destruídos. Em pouco tempo São Paulo, que planejava uma ofensiva rápida contra a capital, se viu cercado por mais de 100 mil tropas federais.
Se os outros estados não vieram ajudar, o mesmo não se pode dizer do povo paulista, que mesmo diante de um movimento articulado pelas elites do estado, se mobilizou para ajudar seus exércitos. Houve mais de 200 mil voluntários, sendo 60 mil combatentes. Mas houve outras dificuldades.
Praticamente sitiado, São Paulo se viu sem alternativa para conseguir armamentos. Passou a arrecadar ouro doado por seus moradores e tentou comprar armas dos Estados Unidos, mas o navio foi interceptado pela Marinha.
Com tantos problemas, a revolução foi derrotada. Em 2 de outubro, na cidade de Cruzeiro, as forças paulistas se entregam ao líder da ofensiva federal. Apesar de ter sido derrotado no campo de batalha, politicamente o movimento atingiu seus objetivos. A luta pela constituição foi fortalecida, e em 1933 as eleições foram realizadas colocando o civil Armando Sales como governador do estado.
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