Ritmo musical (início século 19)
Embora o primeiro samba tenha sido oficialmente gravado em 1917, as origens do ritmo musical de raízes africanas no Brasil têm início no século 19. É possível que a palavra seja um derivado do termo semba, do dialeto de origem angolana que significa “umbigada”, e que serviu para designar a dança de roda popular.
Seria, portanto, inicialmente uma designação dos locais de dança, e não do gênero em si. O ritmo é bastante difundido na Bahia e em São Paulo, e conhecido em todo o país, mas é o Rio de Janeiro o local considerado o berço do gênero musical, onde o ritmo é mais tocado.
Conhecido como uma expressão musical tipicamente urbana, o samba nasceu nos morros cariocas, onde personalidades como o músico e dançarino Hilário Jovino Ferreira reuniam-se em torno dos blocos de afoxé e nos ranchos carnavalescos, como o "Reis de Ouros", fundado por ele em 1894. Ali, a dança dos escravos libertos entraria em contato com os diversos ritmos tocados na então capital do Brasil República, tais como o maxixe e o lundu, e se encontraria também com uma parcela da população de influência marcadamente europeia. Naquela época, era reconhecida a participação das chamadas Tias Baianas na disseminação da cultura negra, por meio do candomblé e das danças e batuques, na Praça Onze, no centro do Rio, uma região que ficou conhecida como “Pequena África”. Uma delas foi a baiana Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata, em cuja casa nasceu o samba carioca.
De suas festas lúdicas participavam Pixinguinha, João da Baiana, Edgar Marcelino dos Passos, Alcebíades Barcellos (Bide), Bicho Novo e Donga. Este último foi quem registrou a canção “Pelo Telefone”, em 1917, quando a palavra samba passou oficialmente a designar o gênero, embora nesse período ainda sofresse forte influência do maxixe nordestino. Mas foi na década seguinte, mais precisamente em 1928, com a fundação do bloco "Deixa Falar", do Estácio, que o samba como hoje conhecemos passou a ser tocado e cantado. Os integrantes do bloco reuniam-se na Escola Normal e, em contrapartida, na agremiação ensinava-se o samba – daí o surgimento do nome “escola de samba” para designar a agremiação, surgindo aí a Estácio de Sá, a primeira escola de samba do país. Um dos “Bambas do Estácio” foi Noel Rosa, responsável pela popularização do gênero para além dos morros cariocas e compositor de “Com que roupa?” (1929) e “Conversa de Botequim” (1935), entre outras memoráveis canções.O ritmo de compassos binários (2/4) produzidos por instrumentos de percussão, tais como o pandeiro, o chocalho, o tamborim, a cuíca, o surdo, entre outros, e acompanhados pelo cavaquinho e o violão, deu origem a uma série de variações musicais nas décadas seguintes, os subgêneros, impulsionadas pela grande difusão da era do rádio. Um deles é o samba-canção, mais melódico, e cultivado especialmente por músicos do teatro de revista, em meados dos anos 1920, cuja música mais representativa é “Ai, Ioiô” (1929), cantada por Aracy Cortes. O samba-enredo, criado a partir do início da década de 1930, por integrantes das escolas de samba, é aquele no qual a letra deve estar relacionada ao tema escolhido para a apresentação no desfile diante do público.O compositor mineiro Ary Barroso, que também escreveu as primeiras composições para esse teatro musicado, é um dos representantes do samba-exaltação, com a famosa canção “Aquarela do Brasil” (1939), exemplo dos temas patrióticos e dos arranjos orquestrais e recursos sinfônicos que muito contribuíram para alçar o ritmo à categoria de símbolo da identidade nacional. A partir da década de 1940, surge a modalidade samba de gafieira, com ênfase no instrumental de metais, influenciado pelas orquestras norte-americanas de música comercial na Segunda Guerra Mundial, e feito tipicamente para se dançar nos salões da época. É nesse período também que ressurge o samba de partido-alto, cantado em forma de desafio e com versos de improviso. A década de 1950 trouxe para o samba seu representante paulista mais famoso, o compositor Adoniran Barbosa, autor de “Saudosa Maloca” (1951), “Samba do Arnesto” (1953) e outros clássicos do gênero. Os atuais grandes nomes do samba são Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Alcione, Arlindo Cruz e Almir Guineto.
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