Três palavras e um gorro: a República na capa do Estadão


Confira a cobertura da proclamação do novo regime nas páginas do jornal em 1889

Por Liz Batista
Atualização:
Capa do jornal A Província de São Paulo de 16/11/1889. Foto: Acervo Estadão

Com uma capa graficamente ousada até para os dias atuais, a edição de 16 de novembro de 1889 do jornal ‘A Província de São Paulo’, como se chamava o Estadão na época, noticiou a Proclamação da República. Uma manchete, que podia para ser lida à distância, trouxe em letras garrafais a notícia que iniciou um novo capítulo na História do Brasil. As três palavras que ocuparam a primeira página do jornal foram o bastante para anunciar a nova era: “VIVA A REPUBLICA”.

Numa época onde fotografias ainda não eram publicadas nos jornais, o Estadão mostrou-se revolucionário. Combinando forma e conteúdo, meio e mensagem, deixou expressa as ideias defendidas pela publicação, noticiário criado e escrito por alguns dos homens que conduziriam o destino da política nacional nos anos seguintes.

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A frase “VIVA A REPUBLICA”, escrita toda em letras maiúsculas celebrava a democracia. A palavra “viva”, mesmo que desacompanhada do ponto de exclamação, pode ser entendida como uma interjeição de alegria. Mas, ela pode funcionar, também, como um adjetivo, atendendo assim, uma regra áurea do jornalismo, a função de informar. O que vive, e nasce, naquele novo dia é a República. E ela passava a existir com a força de um fato histórico, tanto para os cidadãos que a comemoraram, quanto para aqueles que a lamentaram, e também para aquele que não conheciam seu significado.

A Província de São Paulo - 16 de novembro de 1889

Página 2 do jornal A Província de São Paulo de 16/11/1889. Foto: Acervo Estadão
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O anúncio da troca de poder no País, após o grupo liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca depor o imperador D.Pedro II também se faz presente na página. A coroa, imagem reproduzida tanto na bandeira como no brasão que figura na testa de documentos oficiais do Brasil Império, saía de cena para dar lugar a um novo símbolo, o barrete frígio, ou barrete da liberdade - um gorro usado pelos libertos da antiga Roma e pelos republicanos franceses que lutaram pela instalação da primeira república francesa em 1792.

O gorro pode ser visto impresso sobre as palavras da capa, como que as protegendo e as atestando. A mensagem é clara, após o dia 15 de novembro de 1889, o Brasil estava sobre nova tutela. Era a República e não mais o Império que vigorava como o regime político do País.

A Província de São Paulo - 17 de novembro de 1889

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Trecho do jornal A Província de São Paulo de 17/11/1889.  Foto: Acervo Estadão

Jornal muda com a República

A transição pacífica era enaltecida no texto como referência de progresso e esclarecimento, qualidades positivistas entendidas na época como inerentes ao novo regime. Em São Paulo, além das pessoas que se aglomeravam em frente aos jornais aguardando informações sobre o novo governo, a rotina parecia inalterada. O comércio nem chegou a fechar as portas.

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A Província de São Paulo - 18 de novembro de 1889

A Província de São Paulo de 18/11/1889.  Foto: Acervo Estadão

Foi também na edição de 16 de novembro de 1889 a última vez que o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, seria referido como a “Corte” no jornal. Logo foi alterada também a forma de se referir a D. Pedro II. Despido da coroa e do título de imperador, para o jornal ele seria à partir dali, Pedro de Alcântara . Assim, o último imperador do Brasil foi chamado na notícia de 20 de novembro de 1889, que trata do embarque da família real para o exílio na Europa.

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A Província de São Paulo - 18 de novembro de 1889

A Província de São Paulo de 18/11/1889 Foto: Acervo Estadão

Outra mudança que seguiria, uma das mais emblemáticas da história do jornal, foi a troca do seu nome. Três dias após a instauração da República, os leitores foram informados que A Província de São Paulo passaria a chamar-se O Estado de S.Paulo. No comunicado, publicado na capa de 18 de novembro de 1889, e nos dias subsequentes, havia um agradecimentos aos “assignantes e leitores” que “tanto auxiliaram na tarefa de erguer A Província se S. Paulo ao gráu de prosperidade que goza”.

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Havia também um compromisso com seu padrão de jornalismo. A mensagem terminava prometendo aos leitores que “não encontrarão no jornal de agora em diante outra mudança a não ser do título”.

O novo nome passaria a circular nas edições tão logo ficasse “terminada a fundição do novo título: O ESTADO DE S.PAULO, pelo qual deve ser de hoje em diante conhecido o nosso jornal”, dizia o comunicado. Mas, a pedido dos leitores que colecionavam o jornal a mudança só foi efetivada em 1º de janeiro do ano seguinte.

Veja também:

# A primeira eleição presidencial do Brasil

# A primeira constituição republicana do Brasil

# Estadão narra em tuítes os 30 dias que antecederam a Proclamação da República

# Presidentes do Brasil: de Deodoro a Lula

O marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República e chefiou o governo provisório até janeiro de 1891, quando foi eleito indiretamente o primeiro Presidente do Brasil.  Foto: Acervo Estadão

ACERVO

Capa do jornal A Província de São Paulo de 16/11/1889. Foto: Acervo Estadão

Com uma capa graficamente ousada até para os dias atuais, a edição de 16 de novembro de 1889 do jornal ‘A Província de São Paulo’, como se chamava o Estadão na época, noticiou a Proclamação da República. Uma manchete, que podia para ser lida à distância, trouxe em letras garrafais a notícia que iniciou um novo capítulo na História do Brasil. As três palavras que ocuparam a primeira página do jornal foram o bastante para anunciar a nova era: “VIVA A REPUBLICA”.

Numa época onde fotografias ainda não eram publicadas nos jornais, o Estadão mostrou-se revolucionário. Combinando forma e conteúdo, meio e mensagem, deixou expressa as ideias defendidas pela publicação, noticiário criado e escrito por alguns dos homens que conduziriam o destino da política nacional nos anos seguintes.

A frase “VIVA A REPUBLICA”, escrita toda em letras maiúsculas celebrava a democracia. A palavra “viva”, mesmo que desacompanhada do ponto de exclamação, pode ser entendida como uma interjeição de alegria. Mas, ela pode funcionar, também, como um adjetivo, atendendo assim, uma regra áurea do jornalismo, a função de informar. O que vive, e nasce, naquele novo dia é a República. E ela passava a existir com a força de um fato histórico, tanto para os cidadãos que a comemoraram, quanto para aqueles que a lamentaram, e também para aquele que não conheciam seu significado.

A Província de São Paulo - 16 de novembro de 1889

Página 2 do jornal A Província de São Paulo de 16/11/1889. Foto: Acervo Estadão

O anúncio da troca de poder no País, após o grupo liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca depor o imperador D.Pedro II também se faz presente na página. A coroa, imagem reproduzida tanto na bandeira como no brasão que figura na testa de documentos oficiais do Brasil Império, saía de cena para dar lugar a um novo símbolo, o barrete frígio, ou barrete da liberdade - um gorro usado pelos libertos da antiga Roma e pelos republicanos franceses que lutaram pela instalação da primeira república francesa em 1792.

O gorro pode ser visto impresso sobre as palavras da capa, como que as protegendo e as atestando. A mensagem é clara, após o dia 15 de novembro de 1889, o Brasil estava sobre nova tutela. Era a República e não mais o Império que vigorava como o regime político do País.

A Província de São Paulo - 17 de novembro de 1889

Trecho do jornal A Província de São Paulo de 17/11/1889.  Foto: Acervo Estadão

Jornal muda com a República

A transição pacífica era enaltecida no texto como referência de progresso e esclarecimento, qualidades positivistas entendidas na época como inerentes ao novo regime. Em São Paulo, além das pessoas que se aglomeravam em frente aos jornais aguardando informações sobre o novo governo, a rotina parecia inalterada. O comércio nem chegou a fechar as portas.

A Província de São Paulo - 18 de novembro de 1889

A Província de São Paulo de 18/11/1889.  Foto: Acervo Estadão

Foi também na edição de 16 de novembro de 1889 a última vez que o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, seria referido como a “Corte” no jornal. Logo foi alterada também a forma de se referir a D. Pedro II. Despido da coroa e do título de imperador, para o jornal ele seria à partir dali, Pedro de Alcântara . Assim, o último imperador do Brasil foi chamado na notícia de 20 de novembro de 1889, que trata do embarque da família real para o exílio na Europa.

A Província de São Paulo - 18 de novembro de 1889

A Província de São Paulo de 18/11/1889 Foto: Acervo Estadão

Outra mudança que seguiria, uma das mais emblemáticas da história do jornal, foi a troca do seu nome. Três dias após a instauração da República, os leitores foram informados que A Província de São Paulo passaria a chamar-se O Estado de S.Paulo. No comunicado, publicado na capa de 18 de novembro de 1889, e nos dias subsequentes, havia um agradecimentos aos “assignantes e leitores” que “tanto auxiliaram na tarefa de erguer A Província se S. Paulo ao gráu de prosperidade que goza”.

Havia também um compromisso com seu padrão de jornalismo. A mensagem terminava prometendo aos leitores que “não encontrarão no jornal de agora em diante outra mudança a não ser do título”.

O novo nome passaria a circular nas edições tão logo ficasse “terminada a fundição do novo título: O ESTADO DE S.PAULO, pelo qual deve ser de hoje em diante conhecido o nosso jornal”, dizia o comunicado. Mas, a pedido dos leitores que colecionavam o jornal a mudança só foi efetivada em 1º de janeiro do ano seguinte.

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O marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República e chefiou o governo provisório até janeiro de 1891, quando foi eleito indiretamente o primeiro Presidente do Brasil.  Foto: Acervo Estadão

ACERVO

Capa do jornal A Província de São Paulo de 16/11/1889. Foto: Acervo Estadão

Com uma capa graficamente ousada até para os dias atuais, a edição de 16 de novembro de 1889 do jornal ‘A Província de São Paulo’, como se chamava o Estadão na época, noticiou a Proclamação da República. Uma manchete, que podia para ser lida à distância, trouxe em letras garrafais a notícia que iniciou um novo capítulo na História do Brasil. As três palavras que ocuparam a primeira página do jornal foram o bastante para anunciar a nova era: “VIVA A REPUBLICA”.

Numa época onde fotografias ainda não eram publicadas nos jornais, o Estadão mostrou-se revolucionário. Combinando forma e conteúdo, meio e mensagem, deixou expressa as ideias defendidas pela publicação, noticiário criado e escrito por alguns dos homens que conduziriam o destino da política nacional nos anos seguintes.

A frase “VIVA A REPUBLICA”, escrita toda em letras maiúsculas celebrava a democracia. A palavra “viva”, mesmo que desacompanhada do ponto de exclamação, pode ser entendida como uma interjeição de alegria. Mas, ela pode funcionar, também, como um adjetivo, atendendo assim, uma regra áurea do jornalismo, a função de informar. O que vive, e nasce, naquele novo dia é a República. E ela passava a existir com a força de um fato histórico, tanto para os cidadãos que a comemoraram, quanto para aqueles que a lamentaram, e também para aquele que não conheciam seu significado.

A Província de São Paulo - 16 de novembro de 1889

Página 2 do jornal A Província de São Paulo de 16/11/1889. Foto: Acervo Estadão

O anúncio da troca de poder no País, após o grupo liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca depor o imperador D.Pedro II também se faz presente na página. A coroa, imagem reproduzida tanto na bandeira como no brasão que figura na testa de documentos oficiais do Brasil Império, saía de cena para dar lugar a um novo símbolo, o barrete frígio, ou barrete da liberdade - um gorro usado pelos libertos da antiga Roma e pelos republicanos franceses que lutaram pela instalação da primeira república francesa em 1792.

O gorro pode ser visto impresso sobre as palavras da capa, como que as protegendo e as atestando. A mensagem é clara, após o dia 15 de novembro de 1889, o Brasil estava sobre nova tutela. Era a República e não mais o Império que vigorava como o regime político do País.

A Província de São Paulo - 17 de novembro de 1889

Trecho do jornal A Província de São Paulo de 17/11/1889.  Foto: Acervo Estadão

Jornal muda com a República

A transição pacífica era enaltecida no texto como referência de progresso e esclarecimento, qualidades positivistas entendidas na época como inerentes ao novo regime. Em São Paulo, além das pessoas que se aglomeravam em frente aos jornais aguardando informações sobre o novo governo, a rotina parecia inalterada. O comércio nem chegou a fechar as portas.

A Província de São Paulo - 18 de novembro de 1889

A Província de São Paulo de 18/11/1889.  Foto: Acervo Estadão

Foi também na edição de 16 de novembro de 1889 a última vez que o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, seria referido como a “Corte” no jornal. Logo foi alterada também a forma de se referir a D. Pedro II. Despido da coroa e do título de imperador, para o jornal ele seria à partir dali, Pedro de Alcântara . Assim, o último imperador do Brasil foi chamado na notícia de 20 de novembro de 1889, que trata do embarque da família real para o exílio na Europa.

A Província de São Paulo - 18 de novembro de 1889

A Província de São Paulo de 18/11/1889 Foto: Acervo Estadão

Outra mudança que seguiria, uma das mais emblemáticas da história do jornal, foi a troca do seu nome. Três dias após a instauração da República, os leitores foram informados que A Província de São Paulo passaria a chamar-se O Estado de S.Paulo. No comunicado, publicado na capa de 18 de novembro de 1889, e nos dias subsequentes, havia um agradecimentos aos “assignantes e leitores” que “tanto auxiliaram na tarefa de erguer A Província se S. Paulo ao gráu de prosperidade que goza”.

Havia também um compromisso com seu padrão de jornalismo. A mensagem terminava prometendo aos leitores que “não encontrarão no jornal de agora em diante outra mudança a não ser do título”.

O novo nome passaria a circular nas edições tão logo ficasse “terminada a fundição do novo título: O ESTADO DE S.PAULO, pelo qual deve ser de hoje em diante conhecido o nosso jornal”, dizia o comunicado. Mas, a pedido dos leitores que colecionavam o jornal a mudança só foi efetivada em 1º de janeiro do ano seguinte.

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# Estadão narra em tuítes os 30 dias que antecederam a Proclamação da República

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O marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República e chefiou o governo provisório até janeiro de 1891, quando foi eleito indiretamente o primeiro Presidente do Brasil.  Foto: Acervo Estadão

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