1º de Maio: mulheres dedicam o dobro de tempo dos homens a tarefas domésticas. Até quando?


Entenda como esse cenário, que não mudou nos últimos 20 anos, afeta a sociedade e a economia

Por Brastemp
Atualização:
Shutterstock 

Com eletrodomésticos cada dia mais modernos e fáceis de usar, fica cada vez mais difícil encontrar justificativas para não fazer uma divisão justa das tarefas de cuidado e serviços domésticos. E, embora já seja possível lavar as roupas apertando alguns poucos botões, a execução dessa e de outras tarefas está longe de ser equânime.

É o que apontam dados da Brastemp, em parceria com a consultoria Think Eva, de uma análise do tempo médio gasto por meninas e mulheres no Brasil com a manutenção de roupas. A análise partiu de um levantamento que aponta, com base em estudos nacionais e internacionais, o impacto do tempo gasto com os cuidados da família na vida de mulheres e meninas em todo o mundo.

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De acordo com a análise, semanalmente, mulheres adultas gastam em média 21 horas nos afazeres domésticos, que incluem tarefas relacionadas à manutenção das roupas, como separar, estender, retirar do varal, passar, dobrar e guardar. Expandindo essa análise no longo prazo, pode-se estimar que elas passam mais de sete anos da vida com esse tipo de atividade. Desses, quatro são dedicados apenas à manutenção de roupas.

Ao fazer um cálculo para valorar esse tipo de atividade doméstica, a análise concluiu que, se fosse remunerada, renderia R$ 185 mil a cada mulher ao longo da vida. Ao considerar toda a economia do cuidado, o valor representaria o equivalente a 11% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) – mais do que os setores da indústria de transformação ou agropecuária, por exemplo.

Para aumentar a conscientização sobre o cenário, a Brastemp criou um manifesto de apoio às mulheres e está lançando uma tecnologia fictícia com o nome “Brastemp Edição Compartilhada”, com o objetivo de evidenciar o óbvio: tarefa doméstica é tarefa de todos.

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“Como uma empresa líder de mercado e top of mind na categoria de lavanderia, entendemos que é nosso papel social ressignificar a divisão de tarefas domésticas. Para isso, lançamos uma campanha que, em vez de seguir reforçando os estereótipos, vai justamente no caminho oposto: levanta uma discussão na sociedade que fala de uma pauta tão urgente e necessária, que é promover o compartilhamento das tarefas de casa e aliviar a sobrecarga da mulher”, afirma Allyne Magnoli, diretora de Marketing da Whirlpool.

Com a ação, a Brastemp explora o assunto da economia do cuidado, promovendo a discussão a respeito da sobrecarga do trabalho doméstico entre mulheres, do não compartilhamento das tarefas e da não valorização desse tipo de atividade. O tema da campanha será debatido em diversas frentes para buscar um olhar mais diverso sobre o assunto. E você? Já parou para refletir se está ajudando nessas tarefas?

Acúmulo na pandemia fez aumentar a carga mental relacionada ao trabalho de cuidado

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A mentalidade arraigada de que as mulheres são responsáveis pela constante atenção, gerenciamento e planejamento das tarefas domésticas e familiares é chamada de carga mental. O termo é utilizado para falar desse trabalho invisível, sem reconhecimento ou valia, e extremamente desgastante do ponto de vista emocional que sobrecarrega mulheres.

Na pandemia, essa sobrecarga aumentou ainda mais, quando ao menos 50% das mulheres passaram a cuidar de alguém em meio à crise do novo coronavírus, além de terem sido mais afetadas pelo desemprego. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), cerca de 8,5 milhões de mulheres ficaram fora do mercado de trabalho no terceiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

A pandemia também obrigou famílias inteiras a lidarem com atividades que antes eram terceirizadas para outras instâncias ou ficavam restritas a quem estava em casa, e mostrou como todos e todas somos dependentes de cuidados, provando como o cuidado é mantenedor do sistema econômico que vivemos.

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“Existe uma necessidade de exercício diário individual para reverter esse quadro, mas temos que olhar para a questão de forma ampla e estrutural tal como ela é. Quando as mulheres são rotuladas como ‘aquelas que cuidam’, o homem que também cuida é visto com preconceito. No ambiente de trabalho, um homem sair mais cedo para levar o filho ao pediatra é muito menos aceitável do que uma mulher fazer isso”, exemplifica Maíra Liguori, diretora de Impacto da ONG Think Olga e da consultoria Think Eva.

Nesse sentido, ela propõe ações individuais e coletivas que podem – e devem – ser colocadas em prática por indivíduos, empresas e governos para que o cenário futuro seja mais justo. “Analisamos, por exemplo, uma questão cultural que envolve a lavagem de roupas: 38% dos homens que se casam deixam de fazê-lo pelo simples fato de ter uma mulher presente. Isso tem que ser mudado na raiz”, defende.

Economia do cuidado ainda é invisível, mas representaria US$ 10,8 trilhões por ano

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Cuidar da casa, de crianças e pessoas idosas, lavar as roupas e cozinhar são algumas das tarefas que, historicamente, sempre caíram no colo das mulheres. Desde que o tema passou a ser medido por levantamentos nacionais, há pelo menos 20 anos, elas sempre apareceram à frente dos homens em relação ao tempo gasto nesses tipos de atividades, englobadas na chamada economia do cuidado. E, com a pandemia, isso só se agravou.

De acordo com Maíra Liguori, diretora de Impacto da ONG Think Olga e da consultoria Think Eva, que atuou com a Brastemp na análise, essa economia do cuidado abrange todas as atividades relacionadas à produção e à manutenção da vida. No Brasil, de modo geral, as mulheres gastam mais de 61 horas por semana nessas tarefas sem remuneração.

Globalmente, esse trabalho invisível representaria uma contribuição de pelo menos US$10,8 trilhões por ano à economia. “Ao nascermos mulheres, somos encarregadas de fazer um trabalho essencial que está concentrado nas nossas mãos, quando deveria ser um trabalho de toda a sociedade”, explica Liguori, que cita ainda a necessidade de colocar em prática ações individuais e coletivas para reverter o quadro.

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Semanalmente, mulheres adultas gastam, em média, 21 horas nos afazeres domésticos, incluindo lavar roupas;

Mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado;

Esse trabalho invisível representa uma contribuição de pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à economia global – mais de três vezes o valor

da indústria de tecnologia do mundo; Mulheres dedicam mais tempo que homens para praticamente todas as tarefas domésticas;

A cada 100 homens que se casam, 12 já não lavavam roupa, e outros 38 deixam de lavar;

Mulheres passam mais de 7 anos de sua vida cuidando de afazeres domésticos; desses,

4 anos são voltados aos cuidados com as roupas.

Exercícios para o futuro

Desconstruir de uma vez por todas a cultura de que cuidar é responsabilidade apenas das mulheres;

Exercitar dentro de casa um sistema que permita a divisão justa e equânime das tarefas de cuidado, facilitando a logística familiar;

Fortalecer diálogos que ampliem a consciência sobre a divisão equânime do trabalho de cuidado no ambiente familiar;

Ressignificar o valor social das atividades de cuidado;

Garantir equiparação salarial, considerando disparidades de gênero entre funcionários;

Criar culturas nas organizações que possibilitem às pessoas que cuidam gerir trabalho e vida pessoal de forma equilibrada, com sistemas que encorajem todos – homens também! – a ter tempo para cuidarem de si e de suas famílias; 

Ampliar direitos trabalhistas e garantir a remuneração adequada a profissionais domésticas e profissionais do cuidado; 

Criar políticas públicas para assegurar direitos que protejam, visibilizem e valorizem as pessoas que atuam em trabalhos de cuidado.

Shutterstock 

Com eletrodomésticos cada dia mais modernos e fáceis de usar, fica cada vez mais difícil encontrar justificativas para não fazer uma divisão justa das tarefas de cuidado e serviços domésticos. E, embora já seja possível lavar as roupas apertando alguns poucos botões, a execução dessa e de outras tarefas está longe de ser equânime.

É o que apontam dados da Brastemp, em parceria com a consultoria Think Eva, de uma análise do tempo médio gasto por meninas e mulheres no Brasil com a manutenção de roupas. A análise partiu de um levantamento que aponta, com base em estudos nacionais e internacionais, o impacto do tempo gasto com os cuidados da família na vida de mulheres e meninas em todo o mundo.

De acordo com a análise, semanalmente, mulheres adultas gastam em média 21 horas nos afazeres domésticos, que incluem tarefas relacionadas à manutenção das roupas, como separar, estender, retirar do varal, passar, dobrar e guardar. Expandindo essa análise no longo prazo, pode-se estimar que elas passam mais de sete anos da vida com esse tipo de atividade. Desses, quatro são dedicados apenas à manutenção de roupas.

Ao fazer um cálculo para valorar esse tipo de atividade doméstica, a análise concluiu que, se fosse remunerada, renderia R$ 185 mil a cada mulher ao longo da vida. Ao considerar toda a economia do cuidado, o valor representaria o equivalente a 11% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) – mais do que os setores da indústria de transformação ou agropecuária, por exemplo.

Para aumentar a conscientização sobre o cenário, a Brastemp criou um manifesto de apoio às mulheres e está lançando uma tecnologia fictícia com o nome “Brastemp Edição Compartilhada”, com o objetivo de evidenciar o óbvio: tarefa doméstica é tarefa de todos.

“Como uma empresa líder de mercado e top of mind na categoria de lavanderia, entendemos que é nosso papel social ressignificar a divisão de tarefas domésticas. Para isso, lançamos uma campanha que, em vez de seguir reforçando os estereótipos, vai justamente no caminho oposto: levanta uma discussão na sociedade que fala de uma pauta tão urgente e necessária, que é promover o compartilhamento das tarefas de casa e aliviar a sobrecarga da mulher”, afirma Allyne Magnoli, diretora de Marketing da Whirlpool.

Com a ação, a Brastemp explora o assunto da economia do cuidado, promovendo a discussão a respeito da sobrecarga do trabalho doméstico entre mulheres, do não compartilhamento das tarefas e da não valorização desse tipo de atividade. O tema da campanha será debatido em diversas frentes para buscar um olhar mais diverso sobre o assunto. E você? Já parou para refletir se está ajudando nessas tarefas?

Acúmulo na pandemia fez aumentar a carga mental relacionada ao trabalho de cuidado

A mentalidade arraigada de que as mulheres são responsáveis pela constante atenção, gerenciamento e planejamento das tarefas domésticas e familiares é chamada de carga mental. O termo é utilizado para falar desse trabalho invisível, sem reconhecimento ou valia, e extremamente desgastante do ponto de vista emocional que sobrecarrega mulheres.

Na pandemia, essa sobrecarga aumentou ainda mais, quando ao menos 50% das mulheres passaram a cuidar de alguém em meio à crise do novo coronavírus, além de terem sido mais afetadas pelo desemprego. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), cerca de 8,5 milhões de mulheres ficaram fora do mercado de trabalho no terceiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

A pandemia também obrigou famílias inteiras a lidarem com atividades que antes eram terceirizadas para outras instâncias ou ficavam restritas a quem estava em casa, e mostrou como todos e todas somos dependentes de cuidados, provando como o cuidado é mantenedor do sistema econômico que vivemos.

“Existe uma necessidade de exercício diário individual para reverter esse quadro, mas temos que olhar para a questão de forma ampla e estrutural tal como ela é. Quando as mulheres são rotuladas como ‘aquelas que cuidam’, o homem que também cuida é visto com preconceito. No ambiente de trabalho, um homem sair mais cedo para levar o filho ao pediatra é muito menos aceitável do que uma mulher fazer isso”, exemplifica Maíra Liguori, diretora de Impacto da ONG Think Olga e da consultoria Think Eva.

Nesse sentido, ela propõe ações individuais e coletivas que podem – e devem – ser colocadas em prática por indivíduos, empresas e governos para que o cenário futuro seja mais justo. “Analisamos, por exemplo, uma questão cultural que envolve a lavagem de roupas: 38% dos homens que se casam deixam de fazê-lo pelo simples fato de ter uma mulher presente. Isso tem que ser mudado na raiz”, defende.

Economia do cuidado ainda é invisível, mas representaria US$ 10,8 trilhões por ano

Cuidar da casa, de crianças e pessoas idosas, lavar as roupas e cozinhar são algumas das tarefas que, historicamente, sempre caíram no colo das mulheres. Desde que o tema passou a ser medido por levantamentos nacionais, há pelo menos 20 anos, elas sempre apareceram à frente dos homens em relação ao tempo gasto nesses tipos de atividades, englobadas na chamada economia do cuidado. E, com a pandemia, isso só se agravou.

De acordo com Maíra Liguori, diretora de Impacto da ONG Think Olga e da consultoria Think Eva, que atuou com a Brastemp na análise, essa economia do cuidado abrange todas as atividades relacionadas à produção e à manutenção da vida. No Brasil, de modo geral, as mulheres gastam mais de 61 horas por semana nessas tarefas sem remuneração.

Globalmente, esse trabalho invisível representaria uma contribuição de pelo menos US$10,8 trilhões por ano à economia. “Ao nascermos mulheres, somos encarregadas de fazer um trabalho essencial que está concentrado nas nossas mãos, quando deveria ser um trabalho de toda a sociedade”, explica Liguori, que cita ainda a necessidade de colocar em prática ações individuais e coletivas para reverter o quadro.

Semanalmente, mulheres adultas gastam, em média, 21 horas nos afazeres domésticos, incluindo lavar roupas;

Mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado;

Esse trabalho invisível representa uma contribuição de pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à economia global – mais de três vezes o valor

da indústria de tecnologia do mundo; Mulheres dedicam mais tempo que homens para praticamente todas as tarefas domésticas;

A cada 100 homens que se casam, 12 já não lavavam roupa, e outros 38 deixam de lavar;

Mulheres passam mais de 7 anos de sua vida cuidando de afazeres domésticos; desses,

4 anos são voltados aos cuidados com as roupas.

Exercícios para o futuro

Desconstruir de uma vez por todas a cultura de que cuidar é responsabilidade apenas das mulheres;

Exercitar dentro de casa um sistema que permita a divisão justa e equânime das tarefas de cuidado, facilitando a logística familiar;

Fortalecer diálogos que ampliem a consciência sobre a divisão equânime do trabalho de cuidado no ambiente familiar;

Ressignificar o valor social das atividades de cuidado;

Garantir equiparação salarial, considerando disparidades de gênero entre funcionários;

Criar culturas nas organizações que possibilitem às pessoas que cuidam gerir trabalho e vida pessoal de forma equilibrada, com sistemas que encorajem todos – homens também! – a ter tempo para cuidarem de si e de suas famílias; 

Ampliar direitos trabalhistas e garantir a remuneração adequada a profissionais domésticas e profissionais do cuidado; 

Criar políticas públicas para assegurar direitos que protejam, visibilizem e valorizem as pessoas que atuam em trabalhos de cuidado.

Shutterstock 

Com eletrodomésticos cada dia mais modernos e fáceis de usar, fica cada vez mais difícil encontrar justificativas para não fazer uma divisão justa das tarefas de cuidado e serviços domésticos. E, embora já seja possível lavar as roupas apertando alguns poucos botões, a execução dessa e de outras tarefas está longe de ser equânime.

É o que apontam dados da Brastemp, em parceria com a consultoria Think Eva, de uma análise do tempo médio gasto por meninas e mulheres no Brasil com a manutenção de roupas. A análise partiu de um levantamento que aponta, com base em estudos nacionais e internacionais, o impacto do tempo gasto com os cuidados da família na vida de mulheres e meninas em todo o mundo.

De acordo com a análise, semanalmente, mulheres adultas gastam em média 21 horas nos afazeres domésticos, que incluem tarefas relacionadas à manutenção das roupas, como separar, estender, retirar do varal, passar, dobrar e guardar. Expandindo essa análise no longo prazo, pode-se estimar que elas passam mais de sete anos da vida com esse tipo de atividade. Desses, quatro são dedicados apenas à manutenção de roupas.

Ao fazer um cálculo para valorar esse tipo de atividade doméstica, a análise concluiu que, se fosse remunerada, renderia R$ 185 mil a cada mulher ao longo da vida. Ao considerar toda a economia do cuidado, o valor representaria o equivalente a 11% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) – mais do que os setores da indústria de transformação ou agropecuária, por exemplo.

Para aumentar a conscientização sobre o cenário, a Brastemp criou um manifesto de apoio às mulheres e está lançando uma tecnologia fictícia com o nome “Brastemp Edição Compartilhada”, com o objetivo de evidenciar o óbvio: tarefa doméstica é tarefa de todos.

“Como uma empresa líder de mercado e top of mind na categoria de lavanderia, entendemos que é nosso papel social ressignificar a divisão de tarefas domésticas. Para isso, lançamos uma campanha que, em vez de seguir reforçando os estereótipos, vai justamente no caminho oposto: levanta uma discussão na sociedade que fala de uma pauta tão urgente e necessária, que é promover o compartilhamento das tarefas de casa e aliviar a sobrecarga da mulher”, afirma Allyne Magnoli, diretora de Marketing da Whirlpool.

Com a ação, a Brastemp explora o assunto da economia do cuidado, promovendo a discussão a respeito da sobrecarga do trabalho doméstico entre mulheres, do não compartilhamento das tarefas e da não valorização desse tipo de atividade. O tema da campanha será debatido em diversas frentes para buscar um olhar mais diverso sobre o assunto. E você? Já parou para refletir se está ajudando nessas tarefas?

Acúmulo na pandemia fez aumentar a carga mental relacionada ao trabalho de cuidado

A mentalidade arraigada de que as mulheres são responsáveis pela constante atenção, gerenciamento e planejamento das tarefas domésticas e familiares é chamada de carga mental. O termo é utilizado para falar desse trabalho invisível, sem reconhecimento ou valia, e extremamente desgastante do ponto de vista emocional que sobrecarrega mulheres.

Na pandemia, essa sobrecarga aumentou ainda mais, quando ao menos 50% das mulheres passaram a cuidar de alguém em meio à crise do novo coronavírus, além de terem sido mais afetadas pelo desemprego. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), cerca de 8,5 milhões de mulheres ficaram fora do mercado de trabalho no terceiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

A pandemia também obrigou famílias inteiras a lidarem com atividades que antes eram terceirizadas para outras instâncias ou ficavam restritas a quem estava em casa, e mostrou como todos e todas somos dependentes de cuidados, provando como o cuidado é mantenedor do sistema econômico que vivemos.

“Existe uma necessidade de exercício diário individual para reverter esse quadro, mas temos que olhar para a questão de forma ampla e estrutural tal como ela é. Quando as mulheres são rotuladas como ‘aquelas que cuidam’, o homem que também cuida é visto com preconceito. No ambiente de trabalho, um homem sair mais cedo para levar o filho ao pediatra é muito menos aceitável do que uma mulher fazer isso”, exemplifica Maíra Liguori, diretora de Impacto da ONG Think Olga e da consultoria Think Eva.

Nesse sentido, ela propõe ações individuais e coletivas que podem – e devem – ser colocadas em prática por indivíduos, empresas e governos para que o cenário futuro seja mais justo. “Analisamos, por exemplo, uma questão cultural que envolve a lavagem de roupas: 38% dos homens que se casam deixam de fazê-lo pelo simples fato de ter uma mulher presente. Isso tem que ser mudado na raiz”, defende.

Economia do cuidado ainda é invisível, mas representaria US$ 10,8 trilhões por ano

Cuidar da casa, de crianças e pessoas idosas, lavar as roupas e cozinhar são algumas das tarefas que, historicamente, sempre caíram no colo das mulheres. Desde que o tema passou a ser medido por levantamentos nacionais, há pelo menos 20 anos, elas sempre apareceram à frente dos homens em relação ao tempo gasto nesses tipos de atividades, englobadas na chamada economia do cuidado. E, com a pandemia, isso só se agravou.

De acordo com Maíra Liguori, diretora de Impacto da ONG Think Olga e da consultoria Think Eva, que atuou com a Brastemp na análise, essa economia do cuidado abrange todas as atividades relacionadas à produção e à manutenção da vida. No Brasil, de modo geral, as mulheres gastam mais de 61 horas por semana nessas tarefas sem remuneração.

Globalmente, esse trabalho invisível representaria uma contribuição de pelo menos US$10,8 trilhões por ano à economia. “Ao nascermos mulheres, somos encarregadas de fazer um trabalho essencial que está concentrado nas nossas mãos, quando deveria ser um trabalho de toda a sociedade”, explica Liguori, que cita ainda a necessidade de colocar em prática ações individuais e coletivas para reverter o quadro.

Semanalmente, mulheres adultas gastam, em média, 21 horas nos afazeres domésticos, incluindo lavar roupas;

Mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado;

Esse trabalho invisível representa uma contribuição de pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à economia global – mais de três vezes o valor

da indústria de tecnologia do mundo; Mulheres dedicam mais tempo que homens para praticamente todas as tarefas domésticas;

A cada 100 homens que se casam, 12 já não lavavam roupa, e outros 38 deixam de lavar;

Mulheres passam mais de 7 anos de sua vida cuidando de afazeres domésticos; desses,

4 anos são voltados aos cuidados com as roupas.

Exercícios para o futuro

Desconstruir de uma vez por todas a cultura de que cuidar é responsabilidade apenas das mulheres;

Exercitar dentro de casa um sistema que permita a divisão justa e equânime das tarefas de cuidado, facilitando a logística familiar;

Fortalecer diálogos que ampliem a consciência sobre a divisão equânime do trabalho de cuidado no ambiente familiar;

Ressignificar o valor social das atividades de cuidado;

Garantir equiparação salarial, considerando disparidades de gênero entre funcionários;

Criar culturas nas organizações que possibilitem às pessoas que cuidam gerir trabalho e vida pessoal de forma equilibrada, com sistemas que encorajem todos – homens também! – a ter tempo para cuidarem de si e de suas famílias; 

Ampliar direitos trabalhistas e garantir a remuneração adequada a profissionais domésticas e profissionais do cuidado; 

Criar políticas públicas para assegurar direitos que protejam, visibilizem e valorizem as pessoas que atuam em trabalhos de cuidado.

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