Uma prensa de 15 toneladas desembarcou no Brasil no fim de 2008. A máquina foi transferida dos Estados Unidos para uma empresa de autopeças de São Paulo. Depois de tirar os pedaços do contêiner, transportar até a fábrica, desembalar as caixas, os técnicos perceberam que faltavam os parafusos.E não eram parafusos comuns, mas peças de mais de 20 centímetros. O exportador simplesmente esqueceu de incluir. Foi preciso mandar fazer no Brasil e a máquina ficou parada, provocando prejuízo.A transferência de uma linha de produção não é nada trivial. Segundo Roberto Vieira, sócio da empresa especializada Conterv, são três fases: obter as licenças de importação, transportar as máquinas, e fazer o desembaraço nos portos.Para trazer máquinas usadas, a empresa tem de provar, com fotos, que a máquina não tem similar nacional. Se tiver, tem de comprar equipamentos brasileiros do mesmo valor."É preciso coordenar as licenças, que valem por apenas dois meses, com a disponibilidade do equipamento", disse Vieira. Ele se lembra de uma empresa de Santa Catarina, que comprou máquinas de beneficiamento de couro no norte do Canadá. Quando a licença saiu, estava tão frio no país que foi impossível trazer as máquinas. Outro ponto delicado é que transferir uma fábrica também significa transferir empregos. Uma empresa alemã de autopeças contratou a Conterv para trazer uma de suas fábricas para a subsidiária no Brasil. O sindicato acampou na frente da planta e impediu a saída dos equipamentos. A licença de importação expirou e a fábrica chegou ao Brasil oito meses depois do previsto.