A reação do governo de SP à federalização do crime de Guarulhos e o paralelo com caso Marielle


Entrada da PF na apuração pode mudar ritmo dos trabalhos e, no governo federal, é vista como chance de vasculhar entranhas da polícia paulista; autoridades de Brasília e São Paulo atuaram para resolver ‘armadilhas políticas’ do caso considerado grave e complexo

Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA – A Polícia Federal entra no caso do assassinato do empresário que delatou o Primeiro Comando da Capital (PCC) no momento em que informações apresentadas por ele apontavam para crimes dentro das polícias de São Paulo, especialmente a Civil. E os desdobramentos podem ser complexos e explosivos.

No governo federal, a iniciativa é vista como uma boa oportunidade de colher resultados sociais e políticos, em duas frentes. A primeira está na possibilidade de desvendar páginas importantes sobre o funcionamento da maior facção do País.

O empresário morto Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações já feitas sobre lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, como mostrou o Estadão. E agora elementos de investigações anteriores serão compartilhados.

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Gritzbach voltava de viagem quando foi baleado no Aeroporto de Guarulhos. Foto: Polícia Civil/Divulgação

A outra é a chance de vasculhar entranhas das polícias de São Paulo. Oito dias antes de morrer, o delator denunciou policiais civis à Corregedoria, como mostrou o Fantástico, da TV Globo. O Estadão apurou que a participação de policiais no assassinato não está descartada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Politicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão em campos opostos, com divergências inclusive na agenda da segurança pública. O episódio do aeroporto é tratado como muito sensível no Palácio do Planalto e no Palácio dos Bandeirantes.

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A ideia de federalizar o crime foi muito mal vista por autoridades paulistas. A proposta, revelada pela Coluna do Estadão, foi classificada como um “desserviço” e uma ofensa ao sistema de Justiça estadual porque “o Estado de São Paulo tem plena condição e estrutura para enfrentar o caso”.

Antes da instauração do inquérito pela PF, no fim de semana, o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, e o chefe do Ministério Público de São Paulo, Paulo Sérgio Oliveira e Costa, conversaram longamente sobre o episódio.

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O objetivo era superar “armadilhas políticas” que estavam postas em providências desenhadas. Eles são próximos. Sarrubbo era o chefe do MPSP quando foi chamado para a equipe do ministro Ricardo Lewandowski e trabalhou pessoalmente para emplacar o sucessor.

A solução encontrada foi a Polícia Federal abrir um inquérito em estreita colaboração com os órgãos de investigação de São Paulo. No comunicado oficial, a instituição chefiada pelo delegado Andrei Rodrigues destacou que “a investigação será realizada de forma integrada com a Polícia Civil de São Paulo”.

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A abertura do inquérito, tecnicamente, não é uma federalização – que depende de pedido da Procuradoria-Geral da República e aval da Justiça. Contudo, é o que ocorre na prática. Mas sem esvaziar São Paulo por completo.

O paralelo lembrado por investigadores é com o inquérito que apurou os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Naquela investigação, não houve, tecnicamente, a federalização, mas foi o que aconteceu na prática quando a PF instaurou seu inquérito em fevereiro de 2023. O termo “federalização”, inclusive, era usado pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino.

No caso Marielle, porém, foram apontados indícios de conivência de setores da polícia com criminosos e de ação deliberada para travar a investigação. A PF trabalhou em cooperação com o Ministério Público do Rio de Janeiro e considera ter desvendado o caso, com a prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes e de policiais civis como envolvidos.

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A entrada da PF no caso de Guarulhos tem o potencial de trocar o controle dos trabalhos de mãos e de levar ao governo Lula o protagonismo que deseja na área da segurança. Em reação, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, criou uma força-tarefa estadual para investigar o assassinato.

Uma prova dos impactos políticos do ato está na declaração feita publicamente pelo ministro Ricardo Lewandowski ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), em plena reunião pública com gestores estaduais.

“Por cinco anos, me desculpe governador Cláudio Castro, a polícia do Rio de Janeiro demorou cinco anos para elucidar o crime e não elucidou. A valorosa e combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime”, disse o ministro.

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BRASÍLIA – A Polícia Federal entra no caso do assassinato do empresário que delatou o Primeiro Comando da Capital (PCC) no momento em que informações apresentadas por ele apontavam para crimes dentro das polícias de São Paulo, especialmente a Civil. E os desdobramentos podem ser complexos e explosivos.

No governo federal, a iniciativa é vista como uma boa oportunidade de colher resultados sociais e políticos, em duas frentes. A primeira está na possibilidade de desvendar páginas importantes sobre o funcionamento da maior facção do País.

O empresário morto Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações já feitas sobre lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, como mostrou o Estadão. E agora elementos de investigações anteriores serão compartilhados.

Gritzbach voltava de viagem quando foi baleado no Aeroporto de Guarulhos. Foto: Polícia Civil/Divulgação

A outra é a chance de vasculhar entranhas das polícias de São Paulo. Oito dias antes de morrer, o delator denunciou policiais civis à Corregedoria, como mostrou o Fantástico, da TV Globo. O Estadão apurou que a participação de policiais no assassinato não está descartada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Politicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão em campos opostos, com divergências inclusive na agenda da segurança pública. O episódio do aeroporto é tratado como muito sensível no Palácio do Planalto e no Palácio dos Bandeirantes.

A ideia de federalizar o crime foi muito mal vista por autoridades paulistas. A proposta, revelada pela Coluna do Estadão, foi classificada como um “desserviço” e uma ofensa ao sistema de Justiça estadual porque “o Estado de São Paulo tem plena condição e estrutura para enfrentar o caso”.

Antes da instauração do inquérito pela PF, no fim de semana, o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, e o chefe do Ministério Público de São Paulo, Paulo Sérgio Oliveira e Costa, conversaram longamente sobre o episódio.

O objetivo era superar “armadilhas políticas” que estavam postas em providências desenhadas. Eles são próximos. Sarrubbo era o chefe do MPSP quando foi chamado para a equipe do ministro Ricardo Lewandowski e trabalhou pessoalmente para emplacar o sucessor.

A solução encontrada foi a Polícia Federal abrir um inquérito em estreita colaboração com os órgãos de investigação de São Paulo. No comunicado oficial, a instituição chefiada pelo delegado Andrei Rodrigues destacou que “a investigação será realizada de forma integrada com a Polícia Civil de São Paulo”.

A abertura do inquérito, tecnicamente, não é uma federalização – que depende de pedido da Procuradoria-Geral da República e aval da Justiça. Contudo, é o que ocorre na prática. Mas sem esvaziar São Paulo por completo.

O paralelo lembrado por investigadores é com o inquérito que apurou os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Naquela investigação, não houve, tecnicamente, a federalização, mas foi o que aconteceu na prática quando a PF instaurou seu inquérito em fevereiro de 2023. O termo “federalização”, inclusive, era usado pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino.

No caso Marielle, porém, foram apontados indícios de conivência de setores da polícia com criminosos e de ação deliberada para travar a investigação. A PF trabalhou em cooperação com o Ministério Público do Rio de Janeiro e considera ter desvendado o caso, com a prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes e de policiais civis como envolvidos.

A entrada da PF no caso de Guarulhos tem o potencial de trocar o controle dos trabalhos de mãos e de levar ao governo Lula o protagonismo que deseja na área da segurança. Em reação, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, criou uma força-tarefa estadual para investigar o assassinato.

Uma prova dos impactos políticos do ato está na declaração feita publicamente pelo ministro Ricardo Lewandowski ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), em plena reunião pública com gestores estaduais.

“Por cinco anos, me desculpe governador Cláudio Castro, a polícia do Rio de Janeiro demorou cinco anos para elucidar o crime e não elucidou. A valorosa e combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime”, disse o ministro.

BRASÍLIA – A Polícia Federal entra no caso do assassinato do empresário que delatou o Primeiro Comando da Capital (PCC) no momento em que informações apresentadas por ele apontavam para crimes dentro das polícias de São Paulo, especialmente a Civil. E os desdobramentos podem ser complexos e explosivos.

No governo federal, a iniciativa é vista como uma boa oportunidade de colher resultados sociais e políticos, em duas frentes. A primeira está na possibilidade de desvendar páginas importantes sobre o funcionamento da maior facção do País.

O empresário morto Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações já feitas sobre lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, como mostrou o Estadão. E agora elementos de investigações anteriores serão compartilhados.

Gritzbach voltava de viagem quando foi baleado no Aeroporto de Guarulhos. Foto: Polícia Civil/Divulgação

A outra é a chance de vasculhar entranhas das polícias de São Paulo. Oito dias antes de morrer, o delator denunciou policiais civis à Corregedoria, como mostrou o Fantástico, da TV Globo. O Estadão apurou que a participação de policiais no assassinato não está descartada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Politicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão em campos opostos, com divergências inclusive na agenda da segurança pública. O episódio do aeroporto é tratado como muito sensível no Palácio do Planalto e no Palácio dos Bandeirantes.

A ideia de federalizar o crime foi muito mal vista por autoridades paulistas. A proposta, revelada pela Coluna do Estadão, foi classificada como um “desserviço” e uma ofensa ao sistema de Justiça estadual porque “o Estado de São Paulo tem plena condição e estrutura para enfrentar o caso”.

Antes da instauração do inquérito pela PF, no fim de semana, o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, e o chefe do Ministério Público de São Paulo, Paulo Sérgio Oliveira e Costa, conversaram longamente sobre o episódio.

O objetivo era superar “armadilhas políticas” que estavam postas em providências desenhadas. Eles são próximos. Sarrubbo era o chefe do MPSP quando foi chamado para a equipe do ministro Ricardo Lewandowski e trabalhou pessoalmente para emplacar o sucessor.

A solução encontrada foi a Polícia Federal abrir um inquérito em estreita colaboração com os órgãos de investigação de São Paulo. No comunicado oficial, a instituição chefiada pelo delegado Andrei Rodrigues destacou que “a investigação será realizada de forma integrada com a Polícia Civil de São Paulo”.

A abertura do inquérito, tecnicamente, não é uma federalização – que depende de pedido da Procuradoria-Geral da República e aval da Justiça. Contudo, é o que ocorre na prática. Mas sem esvaziar São Paulo por completo.

O paralelo lembrado por investigadores é com o inquérito que apurou os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Naquela investigação, não houve, tecnicamente, a federalização, mas foi o que aconteceu na prática quando a PF instaurou seu inquérito em fevereiro de 2023. O termo “federalização”, inclusive, era usado pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino.

No caso Marielle, porém, foram apontados indícios de conivência de setores da polícia com criminosos e de ação deliberada para travar a investigação. A PF trabalhou em cooperação com o Ministério Público do Rio de Janeiro e considera ter desvendado o caso, com a prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes e de policiais civis como envolvidos.

A entrada da PF no caso de Guarulhos tem o potencial de trocar o controle dos trabalhos de mãos e de levar ao governo Lula o protagonismo que deseja na área da segurança. Em reação, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, criou uma força-tarefa estadual para investigar o assassinato.

Uma prova dos impactos políticos do ato está na declaração feita publicamente pelo ministro Ricardo Lewandowski ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), em plena reunião pública com gestores estaduais.

“Por cinco anos, me desculpe governador Cláudio Castro, a polícia do Rio de Janeiro demorou cinco anos para elucidar o crime e não elucidou. A valorosa e combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime”, disse o ministro.

BRASÍLIA – A Polícia Federal entra no caso do assassinato do empresário que delatou o Primeiro Comando da Capital (PCC) no momento em que informações apresentadas por ele apontavam para crimes dentro das polícias de São Paulo, especialmente a Civil. E os desdobramentos podem ser complexos e explosivos.

No governo federal, a iniciativa é vista como uma boa oportunidade de colher resultados sociais e políticos, em duas frentes. A primeira está na possibilidade de desvendar páginas importantes sobre o funcionamento da maior facção do País.

O empresário morto Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações já feitas sobre lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, como mostrou o Estadão. E agora elementos de investigações anteriores serão compartilhados.

Gritzbach voltava de viagem quando foi baleado no Aeroporto de Guarulhos. Foto: Polícia Civil/Divulgação

A outra é a chance de vasculhar entranhas das polícias de São Paulo. Oito dias antes de morrer, o delator denunciou policiais civis à Corregedoria, como mostrou o Fantástico, da TV Globo. O Estadão apurou que a participação de policiais no assassinato não está descartada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Politicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão em campos opostos, com divergências inclusive na agenda da segurança pública. O episódio do aeroporto é tratado como muito sensível no Palácio do Planalto e no Palácio dos Bandeirantes.

A ideia de federalizar o crime foi muito mal vista por autoridades paulistas. A proposta, revelada pela Coluna do Estadão, foi classificada como um “desserviço” e uma ofensa ao sistema de Justiça estadual porque “o Estado de São Paulo tem plena condição e estrutura para enfrentar o caso”.

Antes da instauração do inquérito pela PF, no fim de semana, o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, e o chefe do Ministério Público de São Paulo, Paulo Sérgio Oliveira e Costa, conversaram longamente sobre o episódio.

O objetivo era superar “armadilhas políticas” que estavam postas em providências desenhadas. Eles são próximos. Sarrubbo era o chefe do MPSP quando foi chamado para a equipe do ministro Ricardo Lewandowski e trabalhou pessoalmente para emplacar o sucessor.

A solução encontrada foi a Polícia Federal abrir um inquérito em estreita colaboração com os órgãos de investigação de São Paulo. No comunicado oficial, a instituição chefiada pelo delegado Andrei Rodrigues destacou que “a investigação será realizada de forma integrada com a Polícia Civil de São Paulo”.

A abertura do inquérito, tecnicamente, não é uma federalização – que depende de pedido da Procuradoria-Geral da República e aval da Justiça. Contudo, é o que ocorre na prática. Mas sem esvaziar São Paulo por completo.

O paralelo lembrado por investigadores é com o inquérito que apurou os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Naquela investigação, não houve, tecnicamente, a federalização, mas foi o que aconteceu na prática quando a PF instaurou seu inquérito em fevereiro de 2023. O termo “federalização”, inclusive, era usado pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino.

No caso Marielle, porém, foram apontados indícios de conivência de setores da polícia com criminosos e de ação deliberada para travar a investigação. A PF trabalhou em cooperação com o Ministério Público do Rio de Janeiro e considera ter desvendado o caso, com a prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes e de policiais civis como envolvidos.

A entrada da PF no caso de Guarulhos tem o potencial de trocar o controle dos trabalhos de mãos e de levar ao governo Lula o protagonismo que deseja na área da segurança. Em reação, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, criou uma força-tarefa estadual para investigar o assassinato.

Uma prova dos impactos políticos do ato está na declaração feita publicamente pelo ministro Ricardo Lewandowski ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), em plena reunião pública com gestores estaduais.

“Por cinco anos, me desculpe governador Cláudio Castro, a polícia do Rio de Janeiro demorou cinco anos para elucidar o crime e não elucidou. A valorosa e combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime”, disse o ministro.

BRASÍLIA – A Polícia Federal entra no caso do assassinato do empresário que delatou o Primeiro Comando da Capital (PCC) no momento em que informações apresentadas por ele apontavam para crimes dentro das polícias de São Paulo, especialmente a Civil. E os desdobramentos podem ser complexos e explosivos.

No governo federal, a iniciativa é vista como uma boa oportunidade de colher resultados sociais e políticos, em duas frentes. A primeira está na possibilidade de desvendar páginas importantes sobre o funcionamento da maior facção do País.

O empresário morto Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações já feitas sobre lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, como mostrou o Estadão. E agora elementos de investigações anteriores serão compartilhados.

Gritzbach voltava de viagem quando foi baleado no Aeroporto de Guarulhos. Foto: Polícia Civil/Divulgação

A outra é a chance de vasculhar entranhas das polícias de São Paulo. Oito dias antes de morrer, o delator denunciou policiais civis à Corregedoria, como mostrou o Fantástico, da TV Globo. O Estadão apurou que a participação de policiais no assassinato não está descartada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Politicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão em campos opostos, com divergências inclusive na agenda da segurança pública. O episódio do aeroporto é tratado como muito sensível no Palácio do Planalto e no Palácio dos Bandeirantes.

A ideia de federalizar o crime foi muito mal vista por autoridades paulistas. A proposta, revelada pela Coluna do Estadão, foi classificada como um “desserviço” e uma ofensa ao sistema de Justiça estadual porque “o Estado de São Paulo tem plena condição e estrutura para enfrentar o caso”.

Antes da instauração do inquérito pela PF, no fim de semana, o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, e o chefe do Ministério Público de São Paulo, Paulo Sérgio Oliveira e Costa, conversaram longamente sobre o episódio.

O objetivo era superar “armadilhas políticas” que estavam postas em providências desenhadas. Eles são próximos. Sarrubbo era o chefe do MPSP quando foi chamado para a equipe do ministro Ricardo Lewandowski e trabalhou pessoalmente para emplacar o sucessor.

A solução encontrada foi a Polícia Federal abrir um inquérito em estreita colaboração com os órgãos de investigação de São Paulo. No comunicado oficial, a instituição chefiada pelo delegado Andrei Rodrigues destacou que “a investigação será realizada de forma integrada com a Polícia Civil de São Paulo”.

A abertura do inquérito, tecnicamente, não é uma federalização – que depende de pedido da Procuradoria-Geral da República e aval da Justiça. Contudo, é o que ocorre na prática. Mas sem esvaziar São Paulo por completo.

O paralelo lembrado por investigadores é com o inquérito que apurou os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Naquela investigação, não houve, tecnicamente, a federalização, mas foi o que aconteceu na prática quando a PF instaurou seu inquérito em fevereiro de 2023. O termo “federalização”, inclusive, era usado pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino.

No caso Marielle, porém, foram apontados indícios de conivência de setores da polícia com criminosos e de ação deliberada para travar a investigação. A PF trabalhou em cooperação com o Ministério Público do Rio de Janeiro e considera ter desvendado o caso, com a prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes e de policiais civis como envolvidos.

A entrada da PF no caso de Guarulhos tem o potencial de trocar o controle dos trabalhos de mãos e de levar ao governo Lula o protagonismo que deseja na área da segurança. Em reação, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, criou uma força-tarefa estadual para investigar o assassinato.

Uma prova dos impactos políticos do ato está na declaração feita publicamente pelo ministro Ricardo Lewandowski ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), em plena reunião pública com gestores estaduais.

“Por cinco anos, me desculpe governador Cláudio Castro, a polícia do Rio de Janeiro demorou cinco anos para elucidar o crime e não elucidou. A valorosa e combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime”, disse o ministro.

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