O Ministério Público de São Paulo denunciou o ex-médico Roger Abdelmassih à Justiça por mais um crime de atentado violento ao pudor. A ação resulta do inquérito policial encaminhado aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que indiciou Abdelmassih por 37 estupros.
Em nota, o MP informou que os promotores ficaram impossibilitados de denunciar o ex-médico pelos 36 abusos sexuais restantes por causa da prescrição dos crimes. “Esclarece-se que os demais fatos criminosos apurados no inquérito não foram objeto da denúncia, pois ocorreram no período entre os anos de 1990 e 2006, tendo ocorrido a prescrição da pretensão punitiva estatal em 2014.”
O Ministério Público afirmou também que os crimes só chegaram ao conhecimento das autoridades em 2008. No primeiro processo, Abdelmassih foi condenado a mais de 180 anos de prisão pelo estupro de 37 mulheres. Como novas vítimas não paravam de procurar a Polícia Civil, foi instaurado um segundo inquérito, que resultou no indiciamento por outros 37 estupros, além de manipulações genéticas irregulares.
O advogado de Abdelmassih, José Luis de Oliveira, não foi localizado para comentar o caso.
Para a desembargadora Ivana David, que atua no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o assunto pode ser discutido analisando a posição das vítimas e do que está previsto na lei penal. “Estamos falando de mulheres que, por anos, sofreram em silêncio. Depois que o caso veio à tona, tomaram coragem de denunciar o crime para buscar uma punição, uma resposta da Justiça. Quando um crime prescreve, porém, o Estado perde o direito de processar o acusado, o réu. O Ministério Público e o juiz do caso são obrigados a reconhecer isso”, explicou.
Tremembé. O ex-médico cumpre pena no Presídio de Tremembé, no interior paulista, e divide o espaço com “detentos famosos”, como Alexandre Nardoni e o ex-promotor Igor Ferreira. Apesar da sentença de 181 anos de prisão, por lei só ficará preso por 30 anos.
Abdelmassih foi preso em agosto de 2014, após três anos foragido. Ele, a mulher e os dois filhos pequenos estavam morando no Paraguai, em uma casa de alto padrão.
Na época, a polícia apurou que Abdelmassih recebia ajuda financeira de amigos e usava disfarces e documentos falsos. O que chamou a atenção dos policiais é que ele fazia sessões de terapia com um psicólogo de São Paulo por telefone.