Acidente da Voepass, estouro de pneu, voos suspensos: ocorrências acendem alerta na aviação?


Tragédia em Vinhedo pode ter provocado maior atenção para ocorrências comuns, dizem especialistas; Anac diz que aviação brasileira é uma das mais seguras do mundo

Por Caio Possati

O Brasil presenciou ocorrências aéreas em um curto intervalo de tempo. Após a queda do avião da Voepass, em Vinhedo (interior de São Paulo) no último dia 9, que matou 62 pessoas, outros acidentes e incidentes na área da aviação também foram registrados em diferentes pontos do País.

  • A lista vai desde paralisação de voos em aeroportos por conta de aeronaves que tiverem o pneu estourado; rota alterada por conta de falha elétrica; viagens canceladas, e a queda de outro avião, em Apiacás (MT), com cinco mortos. Os dois casos com óbitos são investigados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que o Brasil tem uma das aviações mais seguras do mundo e segue os mais rigorosos padrões internacionais de segurança. A Voepass diz que nenhuma aeronave sua decola “sem estar em estrita conformidade” com a regulamentação, e o Cenipa informou que só se manifestará por meio do relatório final das investigações (leia mais abaixo).

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Cauda do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo com 62 pessoas a bordo no dia 9 de agosto. Foto: Alex Silva/Estadão

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, os episódios não indicam crise na aviação brasileira e também afirmam que o setor é seguro. Algumas ocorrências até estão diretamente ligadas ao acidente da Voepass, dizem, mas outras situações ganham destaque maior porque a tragédia de Vinhedo despertou um alerta na população.

Estouro de pneus e transtorno em aeroportos

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Foram os casos, por exemplo, dos aviões da Boeing e da Azul Linhas Aéreas, que tiveram seus pneus estourados na pista de pouso dos aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e no Aeroporto Internacional de Florianópolis, respectivamente, no dia 12 de agosto. Por conta do incidente, as aeronaves não conseguiam ser removidas, e as operações no terminal foram suspensas por algumas horas.

No caso de Viracopos, o Boeing 737-4 apresentou defeito quando decolou, às 12h32. A aeronave precisou ficar no ar por cerca de duas horas para gastar todo o combustível antes de declarar emergência e realizar o pouso no mesmo aeroporto por volta das 15h31. Na aterrissagem, um pneu do lado esquerdo estourou e o trem de pouso foi danificado. A pista foi liberada só por volta das 17h30 e, por conta da ocorrência, foram cancelados 35 voos de saída e 23 de chegada.

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No mesmo dia, horas antes, um avião da Azul apresentou danos no pneu durante um pouso e também ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis, provocando o fechamento temporário do terminal e o cancelamento de 54 voos.

Na ocasião, a Azul afirmou que o pouso e o desembarque dos clientes aconteceram com segurança. A companhia lamentou os transtornos disse que todos receberam assistência conforme prevê na resolução 400 da Anac.

Avião da Azul apresentou defeitos em pneus e ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis Foto: Reprodução/TV Globo
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Para o comandante Laert Gouvêa, vice-presidente da Brasi (sigla em inglês para Instituto Brasileiro de Segurança para a Aviação) casos de estouro de pneus não são comuns, sobretudo os que são ao mesmo tempo, mas não são considerados graves. “Pode ter acontecido por conta de uma falha na carcaça do pneu ou por aquaplanagem sobre a pista na hora do pouso”, explica.

“Incidentes de estouro de pneu até são raros, mas não são graves. Provavelmente saiu (na imprensa) porque estamos no calor da questão do acidente da Voepass, Ter dois casos assim, no mesmo dia, é uma tremenda coincidência”, acrescentou.

Voos cancelados e mudança de rota

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Outros episódios também chamaram a atenção. No dia seguinte aos incidentes em Campinas e Florianópolis, a Voepass suspendeu voos que integram a rota que conecta as cidades de Fernando de Noronha, em Pernambuco; Fortaleza e Juazeiro do Norte, no Ceará; e Natal, no Rio Grande do Norte, até 31 de agosto.

Na terça-feira, 20, a companhia aumentou a lista de destinos pelos quais a empresa não vai viajar, incluindo cidades como Salvador (BA), Mossoró (RN), São José do Rio Preto (SP), Cascavel (PR) e Rio Verde (GO).

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O comandante Gouvêa afirma que essa decisão pode ser reflexo da tragédia em Vinhedo. “Os voos foram cancelados porque estão operando com menos um avião e estão fazendo uma readequação na frota. É normal”, diz.

Em nota, a Voepass afirma que tem sido necessária “uma readequação” na malha aeroviária para “garantir melhora significativa na experiência dos passageiros, minimizando eventuais atrasos e cancelamentos”. Diz também que os passageiros que já tinham passagens para as cidades que deixaram de ser atendidas “serão tratados conforme a Resolução 400″ da Anac.

A respeito da frota que envolve Fernando de Noronha, a companhia não deu retorno.

Na quinta-feira, mais um incidente foi registrado envolvendo a mesma companhia. Uma aeronave com 38 passageiros, modelo ATR, que saiu de Rio Verde (GO) com destino a Guarulhos, fez pouso técnico em Uberlândia (MG) após detectar falha elétrica no percurso e declarar situação de emergência.

Em nota, a companhia diz que se tratou de “pouso técnico” após identificação de “questão técnica” no voo PTB 2211. A Anac informou no mesmo dia que recebeu da Voepass a informação de que houve problema elétrico na aeronave, mas que a ocorrência não configurou pane. “Por precaução, no entanto, a empresa informou que a tripulação realizou pouso técnico no Aeroporto de Uberlândia”, afirmou a agência.

“Acredito que até poderiam levar a aeronave ao destino. Mas por conta do que aconteceu (em Vinhedo), vão maximizar o máximo a segurança e não querer correr mais nenhum tipo de risco”, acrescenta o Comandante Gouvêa.

Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral, concorda. “Não posso afirmar por não ter conhecimento total da ocorrência, mas me parece que, nessa situação, o comandante teve excesso de zelo e optou pelo pouso intermediário.”

Marinho também descarta a possibilidade da existência de crise no setor aéreo. “O que aconteceu nestes episódios não foi, estatisticamente, nada fora da curva”, diz. “A quantidade de acidentes não está muito diferente de 2023 e 2022. Mas não significa que esteja bom. Estamos distante de um patamar de segurança aceitável”, diz Marinho.

Queda de avião em Mato Grosso

Na quinta-feira, 15, um acidente aéreo fatal deixou cinco mortos, na zona rural de Apiacás, Mato Grosso. O avião modelo King Air, de prefixo PS-AAS e modelo C90GTI (turbohélice de dois motores) - de propriedade do empresário Arni Alberto Spiering e que estava a bordo - explodiu na queda deixando a aeronave destruída.

Avião de pequeno porte cai em Apiacás, zona rural de Mato Grosso, no dia 15 de agosto. Cinco pessoas que estavam na aeronave não sobreviveram. Foto: Divulgação/Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso

A Polícia Civil informou que a FAB recolheu a caixa-preta da aeronave King Air no fim de semana. O equipamento, que grava os áudios de aeronavegação, foi encontrado intacto e será analisado pelo serviço federal responsável pela investigação de acidentes aéreos.

‘Aviação é segura, mas tem fases indesejáveis’, diz especialista

Assim como o comandante Laert Gouvea, Joselito Paulo, presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo) entende que as ocorrências têm recebido mais atenção e repercussão midiática em razão dos acidentes fatais dos últimos dias.

“Todos ficamos ‘antenados’ com esses eventos. Nesse momento, temos dois acidentes de grande impacto, com perdas de vidas humanas, o que chama a atenção de todos. A divulgação e o maior empenho no tema nos fazem olhar mais atentamente aos outros fatos de menor impacto”, afirma.

Joselito Paulo destaca que a aviação, em geral, é segura, mas que também “tem suas fases não desejáveis”. “(Acontecem) entre 140 a 170 acidentes ao ano, média de 12 por mês. Agora, em 2024, temos 110 até gosto, ou seja, uma média de 13. Pode ser que tenhamos algo próximo a 2014, onde tivemos 175. Trabalhamos para que isso não venha a ocorrer”, continua o presidente da Abravoo.

Aviação brasileira é uma das mais seguras do mundo, diz Anac

Em nota, a Anac informou que é que os incidentes técnicos em Florianópolis, Viracopos e Uberlândia são ocorrências cuja resposta “é prevista em protocolos de segurança operacional e planejamento do setor, estabelecidos tanto pela autoridade de aviação brasileira, a Anac, no caso, quanto por órgãos e associações da aviação internacional, que são seguidos de forma rigorosa pelos operadores aéreos e aeroportuários”.

“O cancelamento de voos é decisão que cabe à cada empresa aérea, assegurada pelo princípio da liberdade de rotas, disposto na lei de criação da Anac (Lei 11.182/2005)”, prossegue a agência.

Sobre as tragédias de Vinhedo e de Apicás, a Anac diz que são objetos da investigação do Cenipa, e que a agência têm prestado as informações necessárias para “o trabalho de identificação dos fatores contribuintes e as causas dos eventos.”

“O Brasil possui uma das aviações mais seguras do mundo, seguindo os mais rigorosos padrões internacionais de segurança da aviação civil”, diz a agência.

Como medidas, a Anac informa atuar para garantir níveis adequados de seguranças das operações e que realiza atividades de vigilância periódicas em relação a todas as empresas aéreas, podendo levar a sanções ou penalidades quando as companhias não fazem a readequação exigida pela agência.

“É também importante destacar que operadores aéreos que realizam transporte regular de passageiros enviam constantemente dados de desempenho de sua frota à Anac, o que inclui eventuais interrupções mecânicas, indisponibilidades de aeronave ou dificuldades em serviço”, disse a agência no comunicado.

“Essas informações são analisadas em conjunto com outras obtidas pela própria Agência em auditorias presenciais e remotas. Periodicamente, a Anac se reúne com cada operador para avaliação da situação de aeronavegabilidade da empresa”, acrescentou.

Voepass diz que avião era regular e que empresa seguia as normas de segurança

Em um comunicado divulgado no último dia 15, a Voepass diz que segue “todos os protocolos” de segurança exigidos e que os procedimentos e equipamentos da empresa estão em conformidade com os “padrões internacionais mais elevados da aviação internacional”.

“Em hipótese nenhuma nossos aviões decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipula a regulamentação”, afirmou a Voepass, que diz lamentar as mortes da tragédia de Vinhedo e que presta apoio aos familiares das vítimas e às autoridades competentes que apuram os motivos da queda.

“Somente as investigações oficiais poderão apontar as causas do acidente”, disse a nota.

Questionado, o Cenipa afirmou que se pronuncia sobre os resultados da investigação por meio da publicação do Relatório Final, no qual “poderá emitir Recomendações de Segurança para aprimorar a segurança de voo”.

O Brasil presenciou ocorrências aéreas em um curto intervalo de tempo. Após a queda do avião da Voepass, em Vinhedo (interior de São Paulo) no último dia 9, que matou 62 pessoas, outros acidentes e incidentes na área da aviação também foram registrados em diferentes pontos do País.

  • A lista vai desde paralisação de voos em aeroportos por conta de aeronaves que tiverem o pneu estourado; rota alterada por conta de falha elétrica; viagens canceladas, e a queda de outro avião, em Apiacás (MT), com cinco mortos. Os dois casos com óbitos são investigados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que o Brasil tem uma das aviações mais seguras do mundo e segue os mais rigorosos padrões internacionais de segurança. A Voepass diz que nenhuma aeronave sua decola “sem estar em estrita conformidade” com a regulamentação, e o Cenipa informou que só se manifestará por meio do relatório final das investigações (leia mais abaixo).

Cauda do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo com 62 pessoas a bordo no dia 9 de agosto. Foto: Alex Silva/Estadão

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, os episódios não indicam crise na aviação brasileira e também afirmam que o setor é seguro. Algumas ocorrências até estão diretamente ligadas ao acidente da Voepass, dizem, mas outras situações ganham destaque maior porque a tragédia de Vinhedo despertou um alerta na população.

Estouro de pneus e transtorno em aeroportos

Foram os casos, por exemplo, dos aviões da Boeing e da Azul Linhas Aéreas, que tiveram seus pneus estourados na pista de pouso dos aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e no Aeroporto Internacional de Florianópolis, respectivamente, no dia 12 de agosto. Por conta do incidente, as aeronaves não conseguiam ser removidas, e as operações no terminal foram suspensas por algumas horas.

No caso de Viracopos, o Boeing 737-4 apresentou defeito quando decolou, às 12h32. A aeronave precisou ficar no ar por cerca de duas horas para gastar todo o combustível antes de declarar emergência e realizar o pouso no mesmo aeroporto por volta das 15h31. Na aterrissagem, um pneu do lado esquerdo estourou e o trem de pouso foi danificado. A pista foi liberada só por volta das 17h30 e, por conta da ocorrência, foram cancelados 35 voos de saída e 23 de chegada.

No mesmo dia, horas antes, um avião da Azul apresentou danos no pneu durante um pouso e também ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis, provocando o fechamento temporário do terminal e o cancelamento de 54 voos.

Na ocasião, a Azul afirmou que o pouso e o desembarque dos clientes aconteceram com segurança. A companhia lamentou os transtornos disse que todos receberam assistência conforme prevê na resolução 400 da Anac.

Avião da Azul apresentou defeitos em pneus e ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis Foto: Reprodução/TV Globo

Para o comandante Laert Gouvêa, vice-presidente da Brasi (sigla em inglês para Instituto Brasileiro de Segurança para a Aviação) casos de estouro de pneus não são comuns, sobretudo os que são ao mesmo tempo, mas não são considerados graves. “Pode ter acontecido por conta de uma falha na carcaça do pneu ou por aquaplanagem sobre a pista na hora do pouso”, explica.

“Incidentes de estouro de pneu até são raros, mas não são graves. Provavelmente saiu (na imprensa) porque estamos no calor da questão do acidente da Voepass, Ter dois casos assim, no mesmo dia, é uma tremenda coincidência”, acrescentou.

Voos cancelados e mudança de rota

Outros episódios também chamaram a atenção. No dia seguinte aos incidentes em Campinas e Florianópolis, a Voepass suspendeu voos que integram a rota que conecta as cidades de Fernando de Noronha, em Pernambuco; Fortaleza e Juazeiro do Norte, no Ceará; e Natal, no Rio Grande do Norte, até 31 de agosto.

Na terça-feira, 20, a companhia aumentou a lista de destinos pelos quais a empresa não vai viajar, incluindo cidades como Salvador (BA), Mossoró (RN), São José do Rio Preto (SP), Cascavel (PR) e Rio Verde (GO).

O comandante Gouvêa afirma que essa decisão pode ser reflexo da tragédia em Vinhedo. “Os voos foram cancelados porque estão operando com menos um avião e estão fazendo uma readequação na frota. É normal”, diz.

Em nota, a Voepass afirma que tem sido necessária “uma readequação” na malha aeroviária para “garantir melhora significativa na experiência dos passageiros, minimizando eventuais atrasos e cancelamentos”. Diz também que os passageiros que já tinham passagens para as cidades que deixaram de ser atendidas “serão tratados conforme a Resolução 400″ da Anac.

A respeito da frota que envolve Fernando de Noronha, a companhia não deu retorno.

Na quinta-feira, mais um incidente foi registrado envolvendo a mesma companhia. Uma aeronave com 38 passageiros, modelo ATR, que saiu de Rio Verde (GO) com destino a Guarulhos, fez pouso técnico em Uberlândia (MG) após detectar falha elétrica no percurso e declarar situação de emergência.

Em nota, a companhia diz que se tratou de “pouso técnico” após identificação de “questão técnica” no voo PTB 2211. A Anac informou no mesmo dia que recebeu da Voepass a informação de que houve problema elétrico na aeronave, mas que a ocorrência não configurou pane. “Por precaução, no entanto, a empresa informou que a tripulação realizou pouso técnico no Aeroporto de Uberlândia”, afirmou a agência.

“Acredito que até poderiam levar a aeronave ao destino. Mas por conta do que aconteceu (em Vinhedo), vão maximizar o máximo a segurança e não querer correr mais nenhum tipo de risco”, acrescenta o Comandante Gouvêa.

Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral, concorda. “Não posso afirmar por não ter conhecimento total da ocorrência, mas me parece que, nessa situação, o comandante teve excesso de zelo e optou pelo pouso intermediário.”

Marinho também descarta a possibilidade da existência de crise no setor aéreo. “O que aconteceu nestes episódios não foi, estatisticamente, nada fora da curva”, diz. “A quantidade de acidentes não está muito diferente de 2023 e 2022. Mas não significa que esteja bom. Estamos distante de um patamar de segurança aceitável”, diz Marinho.

Queda de avião em Mato Grosso

Na quinta-feira, 15, um acidente aéreo fatal deixou cinco mortos, na zona rural de Apiacás, Mato Grosso. O avião modelo King Air, de prefixo PS-AAS e modelo C90GTI (turbohélice de dois motores) - de propriedade do empresário Arni Alberto Spiering e que estava a bordo - explodiu na queda deixando a aeronave destruída.

Avião de pequeno porte cai em Apiacás, zona rural de Mato Grosso, no dia 15 de agosto. Cinco pessoas que estavam na aeronave não sobreviveram. Foto: Divulgação/Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso

A Polícia Civil informou que a FAB recolheu a caixa-preta da aeronave King Air no fim de semana. O equipamento, que grava os áudios de aeronavegação, foi encontrado intacto e será analisado pelo serviço federal responsável pela investigação de acidentes aéreos.

‘Aviação é segura, mas tem fases indesejáveis’, diz especialista

Assim como o comandante Laert Gouvea, Joselito Paulo, presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo) entende que as ocorrências têm recebido mais atenção e repercussão midiática em razão dos acidentes fatais dos últimos dias.

“Todos ficamos ‘antenados’ com esses eventos. Nesse momento, temos dois acidentes de grande impacto, com perdas de vidas humanas, o que chama a atenção de todos. A divulgação e o maior empenho no tema nos fazem olhar mais atentamente aos outros fatos de menor impacto”, afirma.

Joselito Paulo destaca que a aviação, em geral, é segura, mas que também “tem suas fases não desejáveis”. “(Acontecem) entre 140 a 170 acidentes ao ano, média de 12 por mês. Agora, em 2024, temos 110 até gosto, ou seja, uma média de 13. Pode ser que tenhamos algo próximo a 2014, onde tivemos 175. Trabalhamos para que isso não venha a ocorrer”, continua o presidente da Abravoo.

Aviação brasileira é uma das mais seguras do mundo, diz Anac

Em nota, a Anac informou que é que os incidentes técnicos em Florianópolis, Viracopos e Uberlândia são ocorrências cuja resposta “é prevista em protocolos de segurança operacional e planejamento do setor, estabelecidos tanto pela autoridade de aviação brasileira, a Anac, no caso, quanto por órgãos e associações da aviação internacional, que são seguidos de forma rigorosa pelos operadores aéreos e aeroportuários”.

“O cancelamento de voos é decisão que cabe à cada empresa aérea, assegurada pelo princípio da liberdade de rotas, disposto na lei de criação da Anac (Lei 11.182/2005)”, prossegue a agência.

Sobre as tragédias de Vinhedo e de Apicás, a Anac diz que são objetos da investigação do Cenipa, e que a agência têm prestado as informações necessárias para “o trabalho de identificação dos fatores contribuintes e as causas dos eventos.”

“O Brasil possui uma das aviações mais seguras do mundo, seguindo os mais rigorosos padrões internacionais de segurança da aviação civil”, diz a agência.

Como medidas, a Anac informa atuar para garantir níveis adequados de seguranças das operações e que realiza atividades de vigilância periódicas em relação a todas as empresas aéreas, podendo levar a sanções ou penalidades quando as companhias não fazem a readequação exigida pela agência.

“É também importante destacar que operadores aéreos que realizam transporte regular de passageiros enviam constantemente dados de desempenho de sua frota à Anac, o que inclui eventuais interrupções mecânicas, indisponibilidades de aeronave ou dificuldades em serviço”, disse a agência no comunicado.

“Essas informações são analisadas em conjunto com outras obtidas pela própria Agência em auditorias presenciais e remotas. Periodicamente, a Anac se reúne com cada operador para avaliação da situação de aeronavegabilidade da empresa”, acrescentou.

Voepass diz que avião era regular e que empresa seguia as normas de segurança

Em um comunicado divulgado no último dia 15, a Voepass diz que segue “todos os protocolos” de segurança exigidos e que os procedimentos e equipamentos da empresa estão em conformidade com os “padrões internacionais mais elevados da aviação internacional”.

“Em hipótese nenhuma nossos aviões decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipula a regulamentação”, afirmou a Voepass, que diz lamentar as mortes da tragédia de Vinhedo e que presta apoio aos familiares das vítimas e às autoridades competentes que apuram os motivos da queda.

“Somente as investigações oficiais poderão apontar as causas do acidente”, disse a nota.

Questionado, o Cenipa afirmou que se pronuncia sobre os resultados da investigação por meio da publicação do Relatório Final, no qual “poderá emitir Recomendações de Segurança para aprimorar a segurança de voo”.

O Brasil presenciou ocorrências aéreas em um curto intervalo de tempo. Após a queda do avião da Voepass, em Vinhedo (interior de São Paulo) no último dia 9, que matou 62 pessoas, outros acidentes e incidentes na área da aviação também foram registrados em diferentes pontos do País.

  • A lista vai desde paralisação de voos em aeroportos por conta de aeronaves que tiverem o pneu estourado; rota alterada por conta de falha elétrica; viagens canceladas, e a queda de outro avião, em Apiacás (MT), com cinco mortos. Os dois casos com óbitos são investigados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que o Brasil tem uma das aviações mais seguras do mundo e segue os mais rigorosos padrões internacionais de segurança. A Voepass diz que nenhuma aeronave sua decola “sem estar em estrita conformidade” com a regulamentação, e o Cenipa informou que só se manifestará por meio do relatório final das investigações (leia mais abaixo).

Cauda do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo com 62 pessoas a bordo no dia 9 de agosto. Foto: Alex Silva/Estadão

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, os episódios não indicam crise na aviação brasileira e também afirmam que o setor é seguro. Algumas ocorrências até estão diretamente ligadas ao acidente da Voepass, dizem, mas outras situações ganham destaque maior porque a tragédia de Vinhedo despertou um alerta na população.

Estouro de pneus e transtorno em aeroportos

Foram os casos, por exemplo, dos aviões da Boeing e da Azul Linhas Aéreas, que tiveram seus pneus estourados na pista de pouso dos aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e no Aeroporto Internacional de Florianópolis, respectivamente, no dia 12 de agosto. Por conta do incidente, as aeronaves não conseguiam ser removidas, e as operações no terminal foram suspensas por algumas horas.

No caso de Viracopos, o Boeing 737-4 apresentou defeito quando decolou, às 12h32. A aeronave precisou ficar no ar por cerca de duas horas para gastar todo o combustível antes de declarar emergência e realizar o pouso no mesmo aeroporto por volta das 15h31. Na aterrissagem, um pneu do lado esquerdo estourou e o trem de pouso foi danificado. A pista foi liberada só por volta das 17h30 e, por conta da ocorrência, foram cancelados 35 voos de saída e 23 de chegada.

No mesmo dia, horas antes, um avião da Azul apresentou danos no pneu durante um pouso e também ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis, provocando o fechamento temporário do terminal e o cancelamento de 54 voos.

Na ocasião, a Azul afirmou que o pouso e o desembarque dos clientes aconteceram com segurança. A companhia lamentou os transtornos disse que todos receberam assistência conforme prevê na resolução 400 da Anac.

Avião da Azul apresentou defeitos em pneus e ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis Foto: Reprodução/TV Globo

Para o comandante Laert Gouvêa, vice-presidente da Brasi (sigla em inglês para Instituto Brasileiro de Segurança para a Aviação) casos de estouro de pneus não são comuns, sobretudo os que são ao mesmo tempo, mas não são considerados graves. “Pode ter acontecido por conta de uma falha na carcaça do pneu ou por aquaplanagem sobre a pista na hora do pouso”, explica.

“Incidentes de estouro de pneu até são raros, mas não são graves. Provavelmente saiu (na imprensa) porque estamos no calor da questão do acidente da Voepass, Ter dois casos assim, no mesmo dia, é uma tremenda coincidência”, acrescentou.

Voos cancelados e mudança de rota

Outros episódios também chamaram a atenção. No dia seguinte aos incidentes em Campinas e Florianópolis, a Voepass suspendeu voos que integram a rota que conecta as cidades de Fernando de Noronha, em Pernambuco; Fortaleza e Juazeiro do Norte, no Ceará; e Natal, no Rio Grande do Norte, até 31 de agosto.

Na terça-feira, 20, a companhia aumentou a lista de destinos pelos quais a empresa não vai viajar, incluindo cidades como Salvador (BA), Mossoró (RN), São José do Rio Preto (SP), Cascavel (PR) e Rio Verde (GO).

O comandante Gouvêa afirma que essa decisão pode ser reflexo da tragédia em Vinhedo. “Os voos foram cancelados porque estão operando com menos um avião e estão fazendo uma readequação na frota. É normal”, diz.

Em nota, a Voepass afirma que tem sido necessária “uma readequação” na malha aeroviária para “garantir melhora significativa na experiência dos passageiros, minimizando eventuais atrasos e cancelamentos”. Diz também que os passageiros que já tinham passagens para as cidades que deixaram de ser atendidas “serão tratados conforme a Resolução 400″ da Anac.

A respeito da frota que envolve Fernando de Noronha, a companhia não deu retorno.

Na quinta-feira, mais um incidente foi registrado envolvendo a mesma companhia. Uma aeronave com 38 passageiros, modelo ATR, que saiu de Rio Verde (GO) com destino a Guarulhos, fez pouso técnico em Uberlândia (MG) após detectar falha elétrica no percurso e declarar situação de emergência.

Em nota, a companhia diz que se tratou de “pouso técnico” após identificação de “questão técnica” no voo PTB 2211. A Anac informou no mesmo dia que recebeu da Voepass a informação de que houve problema elétrico na aeronave, mas que a ocorrência não configurou pane. “Por precaução, no entanto, a empresa informou que a tripulação realizou pouso técnico no Aeroporto de Uberlândia”, afirmou a agência.

“Acredito que até poderiam levar a aeronave ao destino. Mas por conta do que aconteceu (em Vinhedo), vão maximizar o máximo a segurança e não querer correr mais nenhum tipo de risco”, acrescenta o Comandante Gouvêa.

Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral, concorda. “Não posso afirmar por não ter conhecimento total da ocorrência, mas me parece que, nessa situação, o comandante teve excesso de zelo e optou pelo pouso intermediário.”

Marinho também descarta a possibilidade da existência de crise no setor aéreo. “O que aconteceu nestes episódios não foi, estatisticamente, nada fora da curva”, diz. “A quantidade de acidentes não está muito diferente de 2023 e 2022. Mas não significa que esteja bom. Estamos distante de um patamar de segurança aceitável”, diz Marinho.

Queda de avião em Mato Grosso

Na quinta-feira, 15, um acidente aéreo fatal deixou cinco mortos, na zona rural de Apiacás, Mato Grosso. O avião modelo King Air, de prefixo PS-AAS e modelo C90GTI (turbohélice de dois motores) - de propriedade do empresário Arni Alberto Spiering e que estava a bordo - explodiu na queda deixando a aeronave destruída.

Avião de pequeno porte cai em Apiacás, zona rural de Mato Grosso, no dia 15 de agosto. Cinco pessoas que estavam na aeronave não sobreviveram. Foto: Divulgação/Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso

A Polícia Civil informou que a FAB recolheu a caixa-preta da aeronave King Air no fim de semana. O equipamento, que grava os áudios de aeronavegação, foi encontrado intacto e será analisado pelo serviço federal responsável pela investigação de acidentes aéreos.

‘Aviação é segura, mas tem fases indesejáveis’, diz especialista

Assim como o comandante Laert Gouvea, Joselito Paulo, presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo) entende que as ocorrências têm recebido mais atenção e repercussão midiática em razão dos acidentes fatais dos últimos dias.

“Todos ficamos ‘antenados’ com esses eventos. Nesse momento, temos dois acidentes de grande impacto, com perdas de vidas humanas, o que chama a atenção de todos. A divulgação e o maior empenho no tema nos fazem olhar mais atentamente aos outros fatos de menor impacto”, afirma.

Joselito Paulo destaca que a aviação, em geral, é segura, mas que também “tem suas fases não desejáveis”. “(Acontecem) entre 140 a 170 acidentes ao ano, média de 12 por mês. Agora, em 2024, temos 110 até gosto, ou seja, uma média de 13. Pode ser que tenhamos algo próximo a 2014, onde tivemos 175. Trabalhamos para que isso não venha a ocorrer”, continua o presidente da Abravoo.

Aviação brasileira é uma das mais seguras do mundo, diz Anac

Em nota, a Anac informou que é que os incidentes técnicos em Florianópolis, Viracopos e Uberlândia são ocorrências cuja resposta “é prevista em protocolos de segurança operacional e planejamento do setor, estabelecidos tanto pela autoridade de aviação brasileira, a Anac, no caso, quanto por órgãos e associações da aviação internacional, que são seguidos de forma rigorosa pelos operadores aéreos e aeroportuários”.

“O cancelamento de voos é decisão que cabe à cada empresa aérea, assegurada pelo princípio da liberdade de rotas, disposto na lei de criação da Anac (Lei 11.182/2005)”, prossegue a agência.

Sobre as tragédias de Vinhedo e de Apicás, a Anac diz que são objetos da investigação do Cenipa, e que a agência têm prestado as informações necessárias para “o trabalho de identificação dos fatores contribuintes e as causas dos eventos.”

“O Brasil possui uma das aviações mais seguras do mundo, seguindo os mais rigorosos padrões internacionais de segurança da aviação civil”, diz a agência.

Como medidas, a Anac informa atuar para garantir níveis adequados de seguranças das operações e que realiza atividades de vigilância periódicas em relação a todas as empresas aéreas, podendo levar a sanções ou penalidades quando as companhias não fazem a readequação exigida pela agência.

“É também importante destacar que operadores aéreos que realizam transporte regular de passageiros enviam constantemente dados de desempenho de sua frota à Anac, o que inclui eventuais interrupções mecânicas, indisponibilidades de aeronave ou dificuldades em serviço”, disse a agência no comunicado.

“Essas informações são analisadas em conjunto com outras obtidas pela própria Agência em auditorias presenciais e remotas. Periodicamente, a Anac se reúne com cada operador para avaliação da situação de aeronavegabilidade da empresa”, acrescentou.

Voepass diz que avião era regular e que empresa seguia as normas de segurança

Em um comunicado divulgado no último dia 15, a Voepass diz que segue “todos os protocolos” de segurança exigidos e que os procedimentos e equipamentos da empresa estão em conformidade com os “padrões internacionais mais elevados da aviação internacional”.

“Em hipótese nenhuma nossos aviões decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipula a regulamentação”, afirmou a Voepass, que diz lamentar as mortes da tragédia de Vinhedo e que presta apoio aos familiares das vítimas e às autoridades competentes que apuram os motivos da queda.

“Somente as investigações oficiais poderão apontar as causas do acidente”, disse a nota.

Questionado, o Cenipa afirmou que se pronuncia sobre os resultados da investigação por meio da publicação do Relatório Final, no qual “poderá emitir Recomendações de Segurança para aprimorar a segurança de voo”.

O Brasil presenciou ocorrências aéreas em um curto intervalo de tempo. Após a queda do avião da Voepass, em Vinhedo (interior de São Paulo) no último dia 9, que matou 62 pessoas, outros acidentes e incidentes na área da aviação também foram registrados em diferentes pontos do País.

  • A lista vai desde paralisação de voos em aeroportos por conta de aeronaves que tiverem o pneu estourado; rota alterada por conta de falha elétrica; viagens canceladas, e a queda de outro avião, em Apiacás (MT), com cinco mortos. Os dois casos com óbitos são investigados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que o Brasil tem uma das aviações mais seguras do mundo e segue os mais rigorosos padrões internacionais de segurança. A Voepass diz que nenhuma aeronave sua decola “sem estar em estrita conformidade” com a regulamentação, e o Cenipa informou que só se manifestará por meio do relatório final das investigações (leia mais abaixo).

Cauda do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo com 62 pessoas a bordo no dia 9 de agosto. Foto: Alex Silva/Estadão

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, os episódios não indicam crise na aviação brasileira e também afirmam que o setor é seguro. Algumas ocorrências até estão diretamente ligadas ao acidente da Voepass, dizem, mas outras situações ganham destaque maior porque a tragédia de Vinhedo despertou um alerta na população.

Estouro de pneus e transtorno em aeroportos

Foram os casos, por exemplo, dos aviões da Boeing e da Azul Linhas Aéreas, que tiveram seus pneus estourados na pista de pouso dos aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e no Aeroporto Internacional de Florianópolis, respectivamente, no dia 12 de agosto. Por conta do incidente, as aeronaves não conseguiam ser removidas, e as operações no terminal foram suspensas por algumas horas.

No caso de Viracopos, o Boeing 737-4 apresentou defeito quando decolou, às 12h32. A aeronave precisou ficar no ar por cerca de duas horas para gastar todo o combustível antes de declarar emergência e realizar o pouso no mesmo aeroporto por volta das 15h31. Na aterrissagem, um pneu do lado esquerdo estourou e o trem de pouso foi danificado. A pista foi liberada só por volta das 17h30 e, por conta da ocorrência, foram cancelados 35 voos de saída e 23 de chegada.

No mesmo dia, horas antes, um avião da Azul apresentou danos no pneu durante um pouso e também ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis, provocando o fechamento temporário do terminal e o cancelamento de 54 voos.

Na ocasião, a Azul afirmou que o pouso e o desembarque dos clientes aconteceram com segurança. A companhia lamentou os transtornos disse que todos receberam assistência conforme prevê na resolução 400 da Anac.

Avião da Azul apresentou defeitos em pneus e ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis Foto: Reprodução/TV Globo

Para o comandante Laert Gouvêa, vice-presidente da Brasi (sigla em inglês para Instituto Brasileiro de Segurança para a Aviação) casos de estouro de pneus não são comuns, sobretudo os que são ao mesmo tempo, mas não são considerados graves. “Pode ter acontecido por conta de uma falha na carcaça do pneu ou por aquaplanagem sobre a pista na hora do pouso”, explica.

“Incidentes de estouro de pneu até são raros, mas não são graves. Provavelmente saiu (na imprensa) porque estamos no calor da questão do acidente da Voepass, Ter dois casos assim, no mesmo dia, é uma tremenda coincidência”, acrescentou.

Voos cancelados e mudança de rota

Outros episódios também chamaram a atenção. No dia seguinte aos incidentes em Campinas e Florianópolis, a Voepass suspendeu voos que integram a rota que conecta as cidades de Fernando de Noronha, em Pernambuco; Fortaleza e Juazeiro do Norte, no Ceará; e Natal, no Rio Grande do Norte, até 31 de agosto.

Na terça-feira, 20, a companhia aumentou a lista de destinos pelos quais a empresa não vai viajar, incluindo cidades como Salvador (BA), Mossoró (RN), São José do Rio Preto (SP), Cascavel (PR) e Rio Verde (GO).

O comandante Gouvêa afirma que essa decisão pode ser reflexo da tragédia em Vinhedo. “Os voos foram cancelados porque estão operando com menos um avião e estão fazendo uma readequação na frota. É normal”, diz.

Em nota, a Voepass afirma que tem sido necessária “uma readequação” na malha aeroviária para “garantir melhora significativa na experiência dos passageiros, minimizando eventuais atrasos e cancelamentos”. Diz também que os passageiros que já tinham passagens para as cidades que deixaram de ser atendidas “serão tratados conforme a Resolução 400″ da Anac.

A respeito da frota que envolve Fernando de Noronha, a companhia não deu retorno.

Na quinta-feira, mais um incidente foi registrado envolvendo a mesma companhia. Uma aeronave com 38 passageiros, modelo ATR, que saiu de Rio Verde (GO) com destino a Guarulhos, fez pouso técnico em Uberlândia (MG) após detectar falha elétrica no percurso e declarar situação de emergência.

Em nota, a companhia diz que se tratou de “pouso técnico” após identificação de “questão técnica” no voo PTB 2211. A Anac informou no mesmo dia que recebeu da Voepass a informação de que houve problema elétrico na aeronave, mas que a ocorrência não configurou pane. “Por precaução, no entanto, a empresa informou que a tripulação realizou pouso técnico no Aeroporto de Uberlândia”, afirmou a agência.

“Acredito que até poderiam levar a aeronave ao destino. Mas por conta do que aconteceu (em Vinhedo), vão maximizar o máximo a segurança e não querer correr mais nenhum tipo de risco”, acrescenta o Comandante Gouvêa.

Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral, concorda. “Não posso afirmar por não ter conhecimento total da ocorrência, mas me parece que, nessa situação, o comandante teve excesso de zelo e optou pelo pouso intermediário.”

Marinho também descarta a possibilidade da existência de crise no setor aéreo. “O que aconteceu nestes episódios não foi, estatisticamente, nada fora da curva”, diz. “A quantidade de acidentes não está muito diferente de 2023 e 2022. Mas não significa que esteja bom. Estamos distante de um patamar de segurança aceitável”, diz Marinho.

Queda de avião em Mato Grosso

Na quinta-feira, 15, um acidente aéreo fatal deixou cinco mortos, na zona rural de Apiacás, Mato Grosso. O avião modelo King Air, de prefixo PS-AAS e modelo C90GTI (turbohélice de dois motores) - de propriedade do empresário Arni Alberto Spiering e que estava a bordo - explodiu na queda deixando a aeronave destruída.

Avião de pequeno porte cai em Apiacás, zona rural de Mato Grosso, no dia 15 de agosto. Cinco pessoas que estavam na aeronave não sobreviveram. Foto: Divulgação/Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso

A Polícia Civil informou que a FAB recolheu a caixa-preta da aeronave King Air no fim de semana. O equipamento, que grava os áudios de aeronavegação, foi encontrado intacto e será analisado pelo serviço federal responsável pela investigação de acidentes aéreos.

‘Aviação é segura, mas tem fases indesejáveis’, diz especialista

Assim como o comandante Laert Gouvea, Joselito Paulo, presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo) entende que as ocorrências têm recebido mais atenção e repercussão midiática em razão dos acidentes fatais dos últimos dias.

“Todos ficamos ‘antenados’ com esses eventos. Nesse momento, temos dois acidentes de grande impacto, com perdas de vidas humanas, o que chama a atenção de todos. A divulgação e o maior empenho no tema nos fazem olhar mais atentamente aos outros fatos de menor impacto”, afirma.

Joselito Paulo destaca que a aviação, em geral, é segura, mas que também “tem suas fases não desejáveis”. “(Acontecem) entre 140 a 170 acidentes ao ano, média de 12 por mês. Agora, em 2024, temos 110 até gosto, ou seja, uma média de 13. Pode ser que tenhamos algo próximo a 2014, onde tivemos 175. Trabalhamos para que isso não venha a ocorrer”, continua o presidente da Abravoo.

Aviação brasileira é uma das mais seguras do mundo, diz Anac

Em nota, a Anac informou que é que os incidentes técnicos em Florianópolis, Viracopos e Uberlândia são ocorrências cuja resposta “é prevista em protocolos de segurança operacional e planejamento do setor, estabelecidos tanto pela autoridade de aviação brasileira, a Anac, no caso, quanto por órgãos e associações da aviação internacional, que são seguidos de forma rigorosa pelos operadores aéreos e aeroportuários”.

“O cancelamento de voos é decisão que cabe à cada empresa aérea, assegurada pelo princípio da liberdade de rotas, disposto na lei de criação da Anac (Lei 11.182/2005)”, prossegue a agência.

Sobre as tragédias de Vinhedo e de Apicás, a Anac diz que são objetos da investigação do Cenipa, e que a agência têm prestado as informações necessárias para “o trabalho de identificação dos fatores contribuintes e as causas dos eventos.”

“O Brasil possui uma das aviações mais seguras do mundo, seguindo os mais rigorosos padrões internacionais de segurança da aviação civil”, diz a agência.

Como medidas, a Anac informa atuar para garantir níveis adequados de seguranças das operações e que realiza atividades de vigilância periódicas em relação a todas as empresas aéreas, podendo levar a sanções ou penalidades quando as companhias não fazem a readequação exigida pela agência.

“É também importante destacar que operadores aéreos que realizam transporte regular de passageiros enviam constantemente dados de desempenho de sua frota à Anac, o que inclui eventuais interrupções mecânicas, indisponibilidades de aeronave ou dificuldades em serviço”, disse a agência no comunicado.

“Essas informações são analisadas em conjunto com outras obtidas pela própria Agência em auditorias presenciais e remotas. Periodicamente, a Anac se reúne com cada operador para avaliação da situação de aeronavegabilidade da empresa”, acrescentou.

Voepass diz que avião era regular e que empresa seguia as normas de segurança

Em um comunicado divulgado no último dia 15, a Voepass diz que segue “todos os protocolos” de segurança exigidos e que os procedimentos e equipamentos da empresa estão em conformidade com os “padrões internacionais mais elevados da aviação internacional”.

“Em hipótese nenhuma nossos aviões decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipula a regulamentação”, afirmou a Voepass, que diz lamentar as mortes da tragédia de Vinhedo e que presta apoio aos familiares das vítimas e às autoridades competentes que apuram os motivos da queda.

“Somente as investigações oficiais poderão apontar as causas do acidente”, disse a nota.

Questionado, o Cenipa afirmou que se pronuncia sobre os resultados da investigação por meio da publicação do Relatório Final, no qual “poderá emitir Recomendações de Segurança para aprimorar a segurança de voo”.

O Brasil presenciou ocorrências aéreas em um curto intervalo de tempo. Após a queda do avião da Voepass, em Vinhedo (interior de São Paulo) no último dia 9, que matou 62 pessoas, outros acidentes e incidentes na área da aviação também foram registrados em diferentes pontos do País.

  • A lista vai desde paralisação de voos em aeroportos por conta de aeronaves que tiverem o pneu estourado; rota alterada por conta de falha elétrica; viagens canceladas, e a queda de outro avião, em Apiacás (MT), com cinco mortos. Os dois casos com óbitos são investigados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que o Brasil tem uma das aviações mais seguras do mundo e segue os mais rigorosos padrões internacionais de segurança. A Voepass diz que nenhuma aeronave sua decola “sem estar em estrita conformidade” com a regulamentação, e o Cenipa informou que só se manifestará por meio do relatório final das investigações (leia mais abaixo).

Cauda do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo com 62 pessoas a bordo no dia 9 de agosto. Foto: Alex Silva/Estadão

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, os episódios não indicam crise na aviação brasileira e também afirmam que o setor é seguro. Algumas ocorrências até estão diretamente ligadas ao acidente da Voepass, dizem, mas outras situações ganham destaque maior porque a tragédia de Vinhedo despertou um alerta na população.

Estouro de pneus e transtorno em aeroportos

Foram os casos, por exemplo, dos aviões da Boeing e da Azul Linhas Aéreas, que tiveram seus pneus estourados na pista de pouso dos aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e no Aeroporto Internacional de Florianópolis, respectivamente, no dia 12 de agosto. Por conta do incidente, as aeronaves não conseguiam ser removidas, e as operações no terminal foram suspensas por algumas horas.

No caso de Viracopos, o Boeing 737-4 apresentou defeito quando decolou, às 12h32. A aeronave precisou ficar no ar por cerca de duas horas para gastar todo o combustível antes de declarar emergência e realizar o pouso no mesmo aeroporto por volta das 15h31. Na aterrissagem, um pneu do lado esquerdo estourou e o trem de pouso foi danificado. A pista foi liberada só por volta das 17h30 e, por conta da ocorrência, foram cancelados 35 voos de saída e 23 de chegada.

No mesmo dia, horas antes, um avião da Azul apresentou danos no pneu durante um pouso e também ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis, provocando o fechamento temporário do terminal e o cancelamento de 54 voos.

Na ocasião, a Azul afirmou que o pouso e o desembarque dos clientes aconteceram com segurança. A companhia lamentou os transtornos disse que todos receberam assistência conforme prevê na resolução 400 da Anac.

Avião da Azul apresentou defeitos em pneus e ficou estacionado na pista do Aeroporto de Florianópolis Foto: Reprodução/TV Globo

Para o comandante Laert Gouvêa, vice-presidente da Brasi (sigla em inglês para Instituto Brasileiro de Segurança para a Aviação) casos de estouro de pneus não são comuns, sobretudo os que são ao mesmo tempo, mas não são considerados graves. “Pode ter acontecido por conta de uma falha na carcaça do pneu ou por aquaplanagem sobre a pista na hora do pouso”, explica.

“Incidentes de estouro de pneu até são raros, mas não são graves. Provavelmente saiu (na imprensa) porque estamos no calor da questão do acidente da Voepass, Ter dois casos assim, no mesmo dia, é uma tremenda coincidência”, acrescentou.

Voos cancelados e mudança de rota

Outros episódios também chamaram a atenção. No dia seguinte aos incidentes em Campinas e Florianópolis, a Voepass suspendeu voos que integram a rota que conecta as cidades de Fernando de Noronha, em Pernambuco; Fortaleza e Juazeiro do Norte, no Ceará; e Natal, no Rio Grande do Norte, até 31 de agosto.

Na terça-feira, 20, a companhia aumentou a lista de destinos pelos quais a empresa não vai viajar, incluindo cidades como Salvador (BA), Mossoró (RN), São José do Rio Preto (SP), Cascavel (PR) e Rio Verde (GO).

O comandante Gouvêa afirma que essa decisão pode ser reflexo da tragédia em Vinhedo. “Os voos foram cancelados porque estão operando com menos um avião e estão fazendo uma readequação na frota. É normal”, diz.

Em nota, a Voepass afirma que tem sido necessária “uma readequação” na malha aeroviária para “garantir melhora significativa na experiência dos passageiros, minimizando eventuais atrasos e cancelamentos”. Diz também que os passageiros que já tinham passagens para as cidades que deixaram de ser atendidas “serão tratados conforme a Resolução 400″ da Anac.

A respeito da frota que envolve Fernando de Noronha, a companhia não deu retorno.

Na quinta-feira, mais um incidente foi registrado envolvendo a mesma companhia. Uma aeronave com 38 passageiros, modelo ATR, que saiu de Rio Verde (GO) com destino a Guarulhos, fez pouso técnico em Uberlândia (MG) após detectar falha elétrica no percurso e declarar situação de emergência.

Em nota, a companhia diz que se tratou de “pouso técnico” após identificação de “questão técnica” no voo PTB 2211. A Anac informou no mesmo dia que recebeu da Voepass a informação de que houve problema elétrico na aeronave, mas que a ocorrência não configurou pane. “Por precaução, no entanto, a empresa informou que a tripulação realizou pouso técnico no Aeroporto de Uberlândia”, afirmou a agência.

“Acredito que até poderiam levar a aeronave ao destino. Mas por conta do que aconteceu (em Vinhedo), vão maximizar o máximo a segurança e não querer correr mais nenhum tipo de risco”, acrescenta o Comandante Gouvêa.

Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral, concorda. “Não posso afirmar por não ter conhecimento total da ocorrência, mas me parece que, nessa situação, o comandante teve excesso de zelo e optou pelo pouso intermediário.”

Marinho também descarta a possibilidade da existência de crise no setor aéreo. “O que aconteceu nestes episódios não foi, estatisticamente, nada fora da curva”, diz. “A quantidade de acidentes não está muito diferente de 2023 e 2022. Mas não significa que esteja bom. Estamos distante de um patamar de segurança aceitável”, diz Marinho.

Queda de avião em Mato Grosso

Na quinta-feira, 15, um acidente aéreo fatal deixou cinco mortos, na zona rural de Apiacás, Mato Grosso. O avião modelo King Air, de prefixo PS-AAS e modelo C90GTI (turbohélice de dois motores) - de propriedade do empresário Arni Alberto Spiering e que estava a bordo - explodiu na queda deixando a aeronave destruída.

Avião de pequeno porte cai em Apiacás, zona rural de Mato Grosso, no dia 15 de agosto. Cinco pessoas que estavam na aeronave não sobreviveram. Foto: Divulgação/Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso

A Polícia Civil informou que a FAB recolheu a caixa-preta da aeronave King Air no fim de semana. O equipamento, que grava os áudios de aeronavegação, foi encontrado intacto e será analisado pelo serviço federal responsável pela investigação de acidentes aéreos.

‘Aviação é segura, mas tem fases indesejáveis’, diz especialista

Assim como o comandante Laert Gouvea, Joselito Paulo, presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo) entende que as ocorrências têm recebido mais atenção e repercussão midiática em razão dos acidentes fatais dos últimos dias.

“Todos ficamos ‘antenados’ com esses eventos. Nesse momento, temos dois acidentes de grande impacto, com perdas de vidas humanas, o que chama a atenção de todos. A divulgação e o maior empenho no tema nos fazem olhar mais atentamente aos outros fatos de menor impacto”, afirma.

Joselito Paulo destaca que a aviação, em geral, é segura, mas que também “tem suas fases não desejáveis”. “(Acontecem) entre 140 a 170 acidentes ao ano, média de 12 por mês. Agora, em 2024, temos 110 até gosto, ou seja, uma média de 13. Pode ser que tenhamos algo próximo a 2014, onde tivemos 175. Trabalhamos para que isso não venha a ocorrer”, continua o presidente da Abravoo.

Aviação brasileira é uma das mais seguras do mundo, diz Anac

Em nota, a Anac informou que é que os incidentes técnicos em Florianópolis, Viracopos e Uberlândia são ocorrências cuja resposta “é prevista em protocolos de segurança operacional e planejamento do setor, estabelecidos tanto pela autoridade de aviação brasileira, a Anac, no caso, quanto por órgãos e associações da aviação internacional, que são seguidos de forma rigorosa pelos operadores aéreos e aeroportuários”.

“O cancelamento de voos é decisão que cabe à cada empresa aérea, assegurada pelo princípio da liberdade de rotas, disposto na lei de criação da Anac (Lei 11.182/2005)”, prossegue a agência.

Sobre as tragédias de Vinhedo e de Apicás, a Anac diz que são objetos da investigação do Cenipa, e que a agência têm prestado as informações necessárias para “o trabalho de identificação dos fatores contribuintes e as causas dos eventos.”

“O Brasil possui uma das aviações mais seguras do mundo, seguindo os mais rigorosos padrões internacionais de segurança da aviação civil”, diz a agência.

Como medidas, a Anac informa atuar para garantir níveis adequados de seguranças das operações e que realiza atividades de vigilância periódicas em relação a todas as empresas aéreas, podendo levar a sanções ou penalidades quando as companhias não fazem a readequação exigida pela agência.

“É também importante destacar que operadores aéreos que realizam transporte regular de passageiros enviam constantemente dados de desempenho de sua frota à Anac, o que inclui eventuais interrupções mecânicas, indisponibilidades de aeronave ou dificuldades em serviço”, disse a agência no comunicado.

“Essas informações são analisadas em conjunto com outras obtidas pela própria Agência em auditorias presenciais e remotas. Periodicamente, a Anac se reúne com cada operador para avaliação da situação de aeronavegabilidade da empresa”, acrescentou.

Voepass diz que avião era regular e que empresa seguia as normas de segurança

Em um comunicado divulgado no último dia 15, a Voepass diz que segue “todos os protocolos” de segurança exigidos e que os procedimentos e equipamentos da empresa estão em conformidade com os “padrões internacionais mais elevados da aviação internacional”.

“Em hipótese nenhuma nossos aviões decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipula a regulamentação”, afirmou a Voepass, que diz lamentar as mortes da tragédia de Vinhedo e que presta apoio aos familiares das vítimas e às autoridades competentes que apuram os motivos da queda.

“Somente as investigações oficiais poderão apontar as causas do acidente”, disse a nota.

Questionado, o Cenipa afirmou que se pronuncia sobre os resultados da investigação por meio da publicação do Relatório Final, no qual “poderá emitir Recomendações de Segurança para aprimorar a segurança de voo”.

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