Um cortejo com a participação de centenas de pessoas marcou, no final da tarde desta terça-feira, 20, o sepultamento de Karoline Alves Verri, de 17 anos, assassinada a tiros durante um ataque no Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, na manhã da última segunda-feira, 19.
O veículo com o caixão da adolescente percorreu as principais ruas do centro da cidade, do salão paroquial, onde ocorreu o velório, até o cemitério municipal. Amigos, familiares e conhecidos da jovem, além de moradores que não conheciam, participaram do momento de reflexão, carregando rosas brancas, entoando rezas e cânticos religiosos e, também, expondo cartazes com o pedido por paz nas escolas.
Durante o cortejo, a reportagem conversou com uma adolescente de 15 anos que estava na escola no momento do ataque e conhecia Karoline. “Ainda é muito difícil entender o que aconteceu. Passar por isso não está sendo fácil”, diz a menina, que, assim como outros diversos alunos, precisou se trancar na sala para escapar do atirador. “Teve gente que saiu correndo, mas eles não conseguiram. Não dá para acreditar.”
José Marcos Shinaglia, amigo da família, também presente no enterro, conta que viu Karoline nascer e que a “pegou no colo”. “Ainda não dá para acreditar nessa tragédia. Uma menina tão nova, com a vida inteira pela frente. Não tenho nem palavras. É tudo muito triste”, lamenta.
A dona de casa Priscila Silva também participou do momento de despedida. Ela não conhecia a adolescente, mas diz ter filhos com a idade da jovem. “Vai ser complicado mandá-los para escola a partir de agora. Estou com muito medo”, diz.
Karoline era namorada de Luan Augusto, de 16 anos, também baleado no ataque. O rapaz chegou a ser socorrido com vida para o Hospital Universitário de Londrina (PR), mas morreu na madrugada. Segundo a família, o casal tinha a intenção de se casar no futuro. Antes disso, a jovem tinha planos de fazer um intercâmbio nos Estados Unidos e se formar em gastronomia.
O pai da jovem, Dilson Alves, agradeceu o apoio recebido e diz que vai ser praticamente impossível a família superar a perda trágica da adolescente. “É um momento difícil para nossa família, estamos aqui chorando os mortos. Não tem nem como explicar o que aconteceu, foi muito violento”.
O atirador, de 21 anos, ex-aluno do colégio, continua preso. Outro rapaz, com a mesma idade, também foi detido acusado de ajudar o suspeito a planejar o ataque. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná apura a participação de ainda mais pessoas, inclusive de outros Estados, na organização do atentado.
A professora Fátima Mandelli, que acompanhou a despedida de Karoline, diz que, mais que elucidar o caso, é preciso investir em medidas para melhorar a segurança nas escolas. “A cidade chora as perdas e cobra uma solução para acabar com esse clima de terror. Talvez até sejam medidas paliativas, mas alguma coisa precisa ser feita.” Em Cambé, as aulas continuam suspensas nesta quarta-feira, 21.