Air France e Airbus serão julgadas na próxima semana por acidente de voo Rio-Paris em 2009


Companhia e fabricante foram acusadas de cometer erros técnicos em acidente que vitimou 228 pessoas – 58 brasileiros; tragédia mudou protocolos na aviação

Por Anne Lec'Hvien e Louis Genot
Atualização:

O julgamento do acidente de avião que custou a vida de 228 pessoas que viajavam do Rio de Janeiro a Paris começa na próxima segunda-feira, 10, na França, mais de 13 anos após o ocorrido, e tanto a Air France quanto a Airbus, companhia e montadora, serão postas como réus.

Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 caiu no oceano Atlântico, quase quatro horas após a decolagem, matando seus 216 passageiros e 12 tripulantes. Os primeiros corpos e restos da aeronave foram encontrados dias depois, mas as caixas pretas foram finalmente localizadas após quase dois anos, em 2 de abril de 2011, a uma profundidade de 3.900 metros na quarta fase das buscas.

Equipe da Marinha do Brasil faz o resgate em alto mar dos destroços do avião da Air France que caiu no Oceano Atlântico durante rota entre o Rio de Janeiro e Paris. Foto: Marinha do Brasil
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As caixas pretas confirmaram que os pilotos, desorientados por uma falha técnica no meio da noite perto da Linha do Equador, não conseguiram impedir a queda do avião, que ocorreu em menos de cinco minutos. Embora os juízes de instrução tenham indeferido o caso em 2019, os familiares das vítimas e os sindicatos de pilotos recorreram e, em maio de 2021, a Justiça enviou ambas as empresas a julgamento por homicídio culposo.

Os parentes acolhem o processo com sentimentos contraditórios. “Não espero nada disto”, disse Nelson Faria Marinho, cujo filho de mesmo nome morreu no acidente, aos 40 anos, à AFP. “Foi há 13 anos, mas, para nós, é como se fosse ontem”, acrescentou o homem de 79 anos. O presidente da Associação Brasileira de Famílias de Vítimas do Voo AF447 não estará presente no julgamento. “Estou aposentado e não tenho meios, mas se eu pudesse, eu iria”, ressaltou.

O integrante da associação de familiares das vítimas (Entraide et Solidarité) Danièle Lamy, por sua vez, espera que este processo, após uma “batalha judicial”, “seja o julgamento de Airbus e Air France, não “dos pilotos”. “Esperamos um processo imparcial e exemplar, para que isso não aconteça novamente e, por meio deste julgamento, os dois réus coloquem a segurança aérea no centro de suas preocupações e não apenas a lucratividade”, disse à AFP.

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A Air France “lembra-se das vítimas deste terrível acidente e expressa as suas mais profundas condolências a todos os seus familiares”, disse em comunicado a empresa, que rejeita qualquer culpa no acidente e vai pedir a absolvição. Já a Airbus, que se recusou a fazer comentários antes do julgamento, também nega qualquer irregularidade criminal.

O acidente

O avião, que havia entrado em serviço quatro anos antes, transportava passageiros de 33 nacionalidades: 61 franceses, 58 brasileiros e 28 alemães, além de italianos (9), espanhóis (2) e um argentino, entre outros. No total, 476 familiares foram constituídos como partes civis neste julgamento que durará até 8 de dezembro. “É um processo que será muito técnico”, sublinhou Alain Jakubowicz, advogado da Entraide et Solidarité, adiantando a sua intenção de abordar também a “dimensão humana”: “São homens, mulheres e crianças que morreram”.

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Vários especialistas e pilotos comparecerão perante o tribunal em Paris. A 31ª Câmara Criminal terá que determinar se fabricante e companhia cometeram erros ligados à tragédia. De acordo com relatórios de especialistas, o congelamento das sondas de velocidade Pitot causou um distúrbio nas medições de velocidade do Airbus A330, que desorientou os pilotos até perderem o controle do avião.

Para o tribunal de recurso, que revogou o arquivamento do processo, a Air France não implementou “treinamento adaptado” ou as “informações” necessárias para que os pilotos pudessem “reagir” a essa falha técnica.

A Airbus em si está sendo julgada por “subestimar a gravidade” das falhas nas sondas de velocidade e não tomar as medidas necessárias para informar as tripulações sobre a urgência e treiná-las de forma eficaz. As falhas nesses equipamentos se multiplicaram nos meses anteriores ao acidente. Após a catástrofe, o modelo mudou em todo o mundo. A tragédia também levou a outras modificações técnicas no campo da aeronáutica e reforçou o treinamento para perda de altitude e à tripulação. (AFP)

O julgamento do acidente de avião que custou a vida de 228 pessoas que viajavam do Rio de Janeiro a Paris começa na próxima segunda-feira, 10, na França, mais de 13 anos após o ocorrido, e tanto a Air France quanto a Airbus, companhia e montadora, serão postas como réus.

Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 caiu no oceano Atlântico, quase quatro horas após a decolagem, matando seus 216 passageiros e 12 tripulantes. Os primeiros corpos e restos da aeronave foram encontrados dias depois, mas as caixas pretas foram finalmente localizadas após quase dois anos, em 2 de abril de 2011, a uma profundidade de 3.900 metros na quarta fase das buscas.

Equipe da Marinha do Brasil faz o resgate em alto mar dos destroços do avião da Air France que caiu no Oceano Atlântico durante rota entre o Rio de Janeiro e Paris. Foto: Marinha do Brasil

As caixas pretas confirmaram que os pilotos, desorientados por uma falha técnica no meio da noite perto da Linha do Equador, não conseguiram impedir a queda do avião, que ocorreu em menos de cinco minutos. Embora os juízes de instrução tenham indeferido o caso em 2019, os familiares das vítimas e os sindicatos de pilotos recorreram e, em maio de 2021, a Justiça enviou ambas as empresas a julgamento por homicídio culposo.

Os parentes acolhem o processo com sentimentos contraditórios. “Não espero nada disto”, disse Nelson Faria Marinho, cujo filho de mesmo nome morreu no acidente, aos 40 anos, à AFP. “Foi há 13 anos, mas, para nós, é como se fosse ontem”, acrescentou o homem de 79 anos. O presidente da Associação Brasileira de Famílias de Vítimas do Voo AF447 não estará presente no julgamento. “Estou aposentado e não tenho meios, mas se eu pudesse, eu iria”, ressaltou.

O integrante da associação de familiares das vítimas (Entraide et Solidarité) Danièle Lamy, por sua vez, espera que este processo, após uma “batalha judicial”, “seja o julgamento de Airbus e Air France, não “dos pilotos”. “Esperamos um processo imparcial e exemplar, para que isso não aconteça novamente e, por meio deste julgamento, os dois réus coloquem a segurança aérea no centro de suas preocupações e não apenas a lucratividade”, disse à AFP.

A Air France “lembra-se das vítimas deste terrível acidente e expressa as suas mais profundas condolências a todos os seus familiares”, disse em comunicado a empresa, que rejeita qualquer culpa no acidente e vai pedir a absolvição. Já a Airbus, que se recusou a fazer comentários antes do julgamento, também nega qualquer irregularidade criminal.

O acidente

O avião, que havia entrado em serviço quatro anos antes, transportava passageiros de 33 nacionalidades: 61 franceses, 58 brasileiros e 28 alemães, além de italianos (9), espanhóis (2) e um argentino, entre outros. No total, 476 familiares foram constituídos como partes civis neste julgamento que durará até 8 de dezembro. “É um processo que será muito técnico”, sublinhou Alain Jakubowicz, advogado da Entraide et Solidarité, adiantando a sua intenção de abordar também a “dimensão humana”: “São homens, mulheres e crianças que morreram”.

Vários especialistas e pilotos comparecerão perante o tribunal em Paris. A 31ª Câmara Criminal terá que determinar se fabricante e companhia cometeram erros ligados à tragédia. De acordo com relatórios de especialistas, o congelamento das sondas de velocidade Pitot causou um distúrbio nas medições de velocidade do Airbus A330, que desorientou os pilotos até perderem o controle do avião.

Para o tribunal de recurso, que revogou o arquivamento do processo, a Air France não implementou “treinamento adaptado” ou as “informações” necessárias para que os pilotos pudessem “reagir” a essa falha técnica.

A Airbus em si está sendo julgada por “subestimar a gravidade” das falhas nas sondas de velocidade e não tomar as medidas necessárias para informar as tripulações sobre a urgência e treiná-las de forma eficaz. As falhas nesses equipamentos se multiplicaram nos meses anteriores ao acidente. Após a catástrofe, o modelo mudou em todo o mundo. A tragédia também levou a outras modificações técnicas no campo da aeronáutica e reforçou o treinamento para perda de altitude e à tripulação. (AFP)

O julgamento do acidente de avião que custou a vida de 228 pessoas que viajavam do Rio de Janeiro a Paris começa na próxima segunda-feira, 10, na França, mais de 13 anos após o ocorrido, e tanto a Air France quanto a Airbus, companhia e montadora, serão postas como réus.

Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 caiu no oceano Atlântico, quase quatro horas após a decolagem, matando seus 216 passageiros e 12 tripulantes. Os primeiros corpos e restos da aeronave foram encontrados dias depois, mas as caixas pretas foram finalmente localizadas após quase dois anos, em 2 de abril de 2011, a uma profundidade de 3.900 metros na quarta fase das buscas.

Equipe da Marinha do Brasil faz o resgate em alto mar dos destroços do avião da Air France que caiu no Oceano Atlântico durante rota entre o Rio de Janeiro e Paris. Foto: Marinha do Brasil

As caixas pretas confirmaram que os pilotos, desorientados por uma falha técnica no meio da noite perto da Linha do Equador, não conseguiram impedir a queda do avião, que ocorreu em menos de cinco minutos. Embora os juízes de instrução tenham indeferido o caso em 2019, os familiares das vítimas e os sindicatos de pilotos recorreram e, em maio de 2021, a Justiça enviou ambas as empresas a julgamento por homicídio culposo.

Os parentes acolhem o processo com sentimentos contraditórios. “Não espero nada disto”, disse Nelson Faria Marinho, cujo filho de mesmo nome morreu no acidente, aos 40 anos, à AFP. “Foi há 13 anos, mas, para nós, é como se fosse ontem”, acrescentou o homem de 79 anos. O presidente da Associação Brasileira de Famílias de Vítimas do Voo AF447 não estará presente no julgamento. “Estou aposentado e não tenho meios, mas se eu pudesse, eu iria”, ressaltou.

O integrante da associação de familiares das vítimas (Entraide et Solidarité) Danièle Lamy, por sua vez, espera que este processo, após uma “batalha judicial”, “seja o julgamento de Airbus e Air France, não “dos pilotos”. “Esperamos um processo imparcial e exemplar, para que isso não aconteça novamente e, por meio deste julgamento, os dois réus coloquem a segurança aérea no centro de suas preocupações e não apenas a lucratividade”, disse à AFP.

A Air France “lembra-se das vítimas deste terrível acidente e expressa as suas mais profundas condolências a todos os seus familiares”, disse em comunicado a empresa, que rejeita qualquer culpa no acidente e vai pedir a absolvição. Já a Airbus, que se recusou a fazer comentários antes do julgamento, também nega qualquer irregularidade criminal.

O acidente

O avião, que havia entrado em serviço quatro anos antes, transportava passageiros de 33 nacionalidades: 61 franceses, 58 brasileiros e 28 alemães, além de italianos (9), espanhóis (2) e um argentino, entre outros. No total, 476 familiares foram constituídos como partes civis neste julgamento que durará até 8 de dezembro. “É um processo que será muito técnico”, sublinhou Alain Jakubowicz, advogado da Entraide et Solidarité, adiantando a sua intenção de abordar também a “dimensão humana”: “São homens, mulheres e crianças que morreram”.

Vários especialistas e pilotos comparecerão perante o tribunal em Paris. A 31ª Câmara Criminal terá que determinar se fabricante e companhia cometeram erros ligados à tragédia. De acordo com relatórios de especialistas, o congelamento das sondas de velocidade Pitot causou um distúrbio nas medições de velocidade do Airbus A330, que desorientou os pilotos até perderem o controle do avião.

Para o tribunal de recurso, que revogou o arquivamento do processo, a Air France não implementou “treinamento adaptado” ou as “informações” necessárias para que os pilotos pudessem “reagir” a essa falha técnica.

A Airbus em si está sendo julgada por “subestimar a gravidade” das falhas nas sondas de velocidade e não tomar as medidas necessárias para informar as tripulações sobre a urgência e treiná-las de forma eficaz. As falhas nesses equipamentos se multiplicaram nos meses anteriores ao acidente. Após a catástrofe, o modelo mudou em todo o mundo. A tragédia também levou a outras modificações técnicas no campo da aeronáutica e reforçou o treinamento para perda de altitude e à tripulação. (AFP)

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