O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, pediu neste sábado que sejam excluídos da eleição os candidatos acusados de envolvimento na máfia das ambulâncias. O tucano fez a declaração no reduto eleitoral do deputado Heleno Silva (PL-SE), pastor evangélico, que está sendo investigado pela CPI dos Sanguessugas e surpreendeu seus aliados em Sergipe ao anunciar que desistiu de concorrer às eleições para a Câmara Federal. Alckmin disse que as denúncias envolvendo a compra irregular de ambulâncias resultam da falta de controle do governo federal sobre os recursos públicos e que não está limitada ao Ministério da Saúde. "Vamos encontrar em vários ministérios. É uma relação autoritária do Executivo com o Legislativo, uma relação fisiológica, baseada no toma-lá-dá-cá", atacou Alckmin. "Os deputados acusados não deveriam se candidatar", afirmou, acrescentando que o PSDB já decidiu não dar legenda aos acusados e expulsar quem tiver irregularidade comprovada. No alto de um caminhão e com o chapéu de couro símbolo do sertanejo, Geraldo Alckmin participou de um pequeno comício. "O Brasil não vai melhorar se continuar com essa praga da corrupção, que prejudica o nosso povo", gritou para a multidão, num discurso recheado de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e buscando vincular a corrupção ao PT. O deputado Heleno Silva apóia a candidatura do petista Marcelo Déda ao governo do Sergipe. As cidades de Nossa Senhora da Glória e Canindé de São Francisco, visitadas por Alckmin, estão repletas de cartazes e adesivos colando a imagem do deputado a de Déda. "Coitadinho. Já mandei umas flores para o Pastor Heleno", ironizou o governador João Alves (PFL) que disputa a reeleição e está abaixo do petista. Na pesquisa divulgada sexta-feira, Déda obteve 44% das intenções de voto e João Alves 36%. Bolsa-Família Apesar das críticas a Lula, o tucano prometeu manter dois programas que servem para seu adversário capitalizar votos no nordeste: o Bolsa-Família e Agricultura Familiar. Sobre o primeiro, disse que vai ampliar o programa e lembrou que originalmente essa política social foi elaborada no governo FHC e que Lula resolveu unificar. "Mas nós queremos que eles tenham emprego e salário e não tenham medo do futuro", disse, numa referência ao fato de que o Bolsa-Família precisa ter uma porta de saída. Ao prometer ajudar aos pequenos agricultores, o tucano tenta conquistar votos nesse segmento, já que vem recebendo apoio dos empresários do agronegócio. Nessa região do sertão sergipano a pequena agricultura sobrevive pelos projetos estaduais de irrigação que movimenta a economia local. Um dia depois de anunciar com pompa o programa de desenvolvimento do Nordeste em Recife, Alckmin procura explorar ao máximo a postura que chamou de "autoritária " do PT. "Eles ( Lula e o PT) acham que o dinheiro público é do PT", disse frente aos protestos de João Alves que teria sido "boicotado e esmagado" pelo governo federal. Os militantes do PFL e eleitores de João Alves deram também o tom da campanha ao receber os candidatos com enormes faixas com dizeres: "O PT do Mensalão não ajuda o Nordeste" e "O PT é o inimigo do sertão". Os adversários do PT protestaram também contra a transposição do Rio São Francisco, um dos projetos prioritários de Lula para o Nordeste. Chuva O primeiro compromisso de Alckmin na chamada "porta do sertão" de Sergipe foi uma visita à feira popular de Nossa Senhora da Glória, ao lado de João Alves e do ex-governador de Sergipe Albano Franco (PSDB), candidato a deputado federal. Quando desceu do helicóptero na cidade, uma forte chuva - os últimos pingos antes da seca nordestina, que começa no final de agosto e dura seis meses caiu sobre a cidade. Mas ninguém se incomodou. Mesmo molhados, todos foram caminharam até à feira e depois para o rápido, com direito a repentes e rimas de protestos ao governo do PT. Desta vez, porém, havia material de propaganda do tucano espalhado pela cidade. Ao contrário de um mês atrás quando visitou Aracaju. No discurso, Alckmin prometeu fazer em quatro anos "o que esses vermelhinhos não fizeram para o Nordeste". A expressão dita por Alckmin é normalmente usada por João Alves para se referir aos petistas. Em outra crítica disse que o presidente Lula não conhece o funcionamento da saúde no Brasil, pois disse que o setor estava chegando à "perfeição". "Ele não conhece uma emergência de hospital público, não conhece um pronto socorro, um posto médico. A primeira coisa para melhorar o serviço é reconhecer que o problema existe", atacou Alckmin.