Allan Turnowski, ex-secretário de Polícia Civil do Rio, é preso por suspeita de corrupção


Delegado também é investigado por suposto envolvimento com o jogo do bicho;´policial estava desde 2020 no cargo, do qual se afastou para tentar se eleger deputado federal pelo PL

Por Wilson Tosta e Roberta Jansen
Atualização:

RIO - O ex-secretário de Polícia Civil do Rio Allan Turnowski foi preso preventivamente nesta sexta-feira, 8, na Operação Águia na Cabeça do Ministério Público do Rio. O delegado é investigado por organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho. Ele havia se afastado do cargo para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022. Outro policial que concorre àas eleiçções, o ex-diretor da Divisão de Homicídios, Antonio Ricardo, candidato a deputado estadual pelo Podemos, foi alvo de busca e apreensão na mesma ação.

Turnowski foi preso em casa. Os mandados foram pedidos pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP fluminense. Os mandados foram expedidos pelo juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada. Além de Turnowski, o magistrado, que acolheu denúncia da Promotoria, decretou a prisão dos delegados Maurício Demétrio, já preso, e Marcelo José Araújo de Oliveira. O juízo também expediu 22 mandados de busca e apreensão.

Os denunciados vão responder pela prática de diversos delitos como integrar organização criminosa, corrução ativa e passiva e violação de sigilo funcional, cujas penas somadas superam 30 anos de reclusão. A condenação leva à perda do cargo público. Os delegados negam irregularidades.

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O delegado Allan Turnowski foi preso em operação do Ministério Público Foto: Alexandre Brum/AE

MP acusa delegados de ter esquema com jogo do bicho

“O robusto acervo probatório produzido no decorrer das investigações revelou que os delegados de polícia Mauricio Demétrio e Allan Turnowski integraram organização criminosa inserida no universo surgido da exploração do jogo do bicho, no cerne da disputa travada entre os grupos capitaneados por Fernando Iggnácio, executado em novembro de 2020, e Rogério de Andrade, pelo espólio do falecido Castor de Andrade”, afirma em nota do Ministerio Público do Rio.

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O MP sustenda que, em meio à dispura pelo domínio de territórios e exploração de jogos de azar e outros crimes conexos, Mauricio Demétrio se associou a Fernando Iggnácio. para atuar como agenciador do bando dentro da Polícia Civil.

“Para beneficiar seu grupo e prejudicar o rival, (Maurício Demétrio) praticou inúmeros atos criminosos, como o reiterado vazamento de informações sobre investigações sigilosas, intermediação de pagamento de propina a outros servidores públicos, cooptação de colegas de Polícia Civil para atuar em favor do grupo, chegando a arquitetar o homicídio de Rogério de Andrade.”

Segundo o MP, Allan Turnowski atuava como “agente duplo” na guerra do bicho.

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“De modo dissimulado, (Turnowski) aproveita seus vínculos com integrantes do grupo de Rogerio de Andrade, tais como Ronnie Lessa (acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018) e Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, para repassar informações para seu comparsa Mauricio Demétrio, potencializando a atuação da dupla em benefício do grupo então liderado por Fernando Iggnácio.”, prossegue a nota da Promotoria. Os delegados (...) mantinham rotina intensa de contatos e aconselhamento mútuo, na qual tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, estratégias para galgarem cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores. (...) Dentre outros comparsas, (...), Mauricio Demétrio e Allan Turnowski contavam com a atuação de Marcelo José Araujo de Oliveira como elo entre o braço policial da organização criminosa e Fernando Iggnácio.

O MP também sustenta na denúncia que o “braço policial da organização ainda cooptava outros integrantes da Polícia Civil para participarem de esquemas ilegais, como foi o caso do delegado de polícia Antonio Ricardo, corrompido por Mauricio Demétrio para atender interesses de Fernando Iggnácio, prejudicando um desafeto de ocasião do bicheiro, o conhecido traficante Celsinho da Vila Vintém. Em outra oportunidade, intermediou o pagamento de propina paga por Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano (que também chegou a ser investigado no caso Marielle e foi morto pela PM baiana em 2020), a policiais civis então lotados na DRACO-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais).”

Ricardo, de acordo com o MP, também teria negociado o pagamento de propina de uma escola de samba a um policial lotado na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).

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Turnowski chefiou a Polícia Civil fluminense pela primeira vez entre 2010 e 2011. Foi no governo de Sérgio Cabral (MDB), quando a corporação era subordinada à Secretaria de Segurança. Ele deixou o cargo por causa de investigação da Polícia Federal sobre suposto vazamento de uma operação. O inquérito foi arquivado por falta de provas. O delegado alegou inocência.

Em 2020, Turnowski voltou ao cargo, elevado a secretário. A Secretaria de Segurança foi extinta no governo de Wilson Witzel (hoje no PSC), e as polícias Civil e Militar viraram secretarias independentes. O delegado disputa as eleições pelo PL.

Delegados investigados lançam suspeição sobre investigação

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A defesa de Turnowski impetrou na tarde desta sexta, 9, um habeas corpus, pedindo a liberdade imediata do ex-secretário da Polícia Civil no Rio por desconhecer o processo. O delegado, segundo sua defesa, atribui sua prisão a motivo político.

“O delegado Allan Turnowski não soube até agora o motivo de sua prisão”, justificou a defesa, em nota. “Allan Turnowski afirma que a prisão de hoje foi um movimento de perseguição política, realizado por um grupo específico infiltrado no Ministério Público. Este grupo não quer que ele seja eleito por medo de ser investigado.”

A defesa do delegado Antônio Ricardo também colocou sob suspeição a investigação em meio à campanha eleitoral. Quatro aparelhos de telefone celular foram apreendidos foram apreendidos na casa do policial .

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A reportagem não localizou as defesas dos delegados Marcelo José e Maurício Demétrio.

RIO - O ex-secretário de Polícia Civil do Rio Allan Turnowski foi preso preventivamente nesta sexta-feira, 8, na Operação Águia na Cabeça do Ministério Público do Rio. O delegado é investigado por organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho. Ele havia se afastado do cargo para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022. Outro policial que concorre àas eleiçções, o ex-diretor da Divisão de Homicídios, Antonio Ricardo, candidato a deputado estadual pelo Podemos, foi alvo de busca e apreensão na mesma ação.

Turnowski foi preso em casa. Os mandados foram pedidos pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP fluminense. Os mandados foram expedidos pelo juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada. Além de Turnowski, o magistrado, que acolheu denúncia da Promotoria, decretou a prisão dos delegados Maurício Demétrio, já preso, e Marcelo José Araújo de Oliveira. O juízo também expediu 22 mandados de busca e apreensão.

Os denunciados vão responder pela prática de diversos delitos como integrar organização criminosa, corrução ativa e passiva e violação de sigilo funcional, cujas penas somadas superam 30 anos de reclusão. A condenação leva à perda do cargo público. Os delegados negam irregularidades.

O delegado Allan Turnowski foi preso em operação do Ministério Público Foto: Alexandre Brum/AE

MP acusa delegados de ter esquema com jogo do bicho

“O robusto acervo probatório produzido no decorrer das investigações revelou que os delegados de polícia Mauricio Demétrio e Allan Turnowski integraram organização criminosa inserida no universo surgido da exploração do jogo do bicho, no cerne da disputa travada entre os grupos capitaneados por Fernando Iggnácio, executado em novembro de 2020, e Rogério de Andrade, pelo espólio do falecido Castor de Andrade”, afirma em nota do Ministerio Público do Rio.

O MP sustenda que, em meio à dispura pelo domínio de territórios e exploração de jogos de azar e outros crimes conexos, Mauricio Demétrio se associou a Fernando Iggnácio. para atuar como agenciador do bando dentro da Polícia Civil.

“Para beneficiar seu grupo e prejudicar o rival, (Maurício Demétrio) praticou inúmeros atos criminosos, como o reiterado vazamento de informações sobre investigações sigilosas, intermediação de pagamento de propina a outros servidores públicos, cooptação de colegas de Polícia Civil para atuar em favor do grupo, chegando a arquitetar o homicídio de Rogério de Andrade.”

Segundo o MP, Allan Turnowski atuava como “agente duplo” na guerra do bicho.

“De modo dissimulado, (Turnowski) aproveita seus vínculos com integrantes do grupo de Rogerio de Andrade, tais como Ronnie Lessa (acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018) e Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, para repassar informações para seu comparsa Mauricio Demétrio, potencializando a atuação da dupla em benefício do grupo então liderado por Fernando Iggnácio.”, prossegue a nota da Promotoria. Os delegados (...) mantinham rotina intensa de contatos e aconselhamento mútuo, na qual tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, estratégias para galgarem cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores. (...) Dentre outros comparsas, (...), Mauricio Demétrio e Allan Turnowski contavam com a atuação de Marcelo José Araujo de Oliveira como elo entre o braço policial da organização criminosa e Fernando Iggnácio.

O MP também sustenta na denúncia que o “braço policial da organização ainda cooptava outros integrantes da Polícia Civil para participarem de esquemas ilegais, como foi o caso do delegado de polícia Antonio Ricardo, corrompido por Mauricio Demétrio para atender interesses de Fernando Iggnácio, prejudicando um desafeto de ocasião do bicheiro, o conhecido traficante Celsinho da Vila Vintém. Em outra oportunidade, intermediou o pagamento de propina paga por Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano (que também chegou a ser investigado no caso Marielle e foi morto pela PM baiana em 2020), a policiais civis então lotados na DRACO-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais).”

Ricardo, de acordo com o MP, também teria negociado o pagamento de propina de uma escola de samba a um policial lotado na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).

Turnowski chefiou a Polícia Civil fluminense pela primeira vez entre 2010 e 2011. Foi no governo de Sérgio Cabral (MDB), quando a corporação era subordinada à Secretaria de Segurança. Ele deixou o cargo por causa de investigação da Polícia Federal sobre suposto vazamento de uma operação. O inquérito foi arquivado por falta de provas. O delegado alegou inocência.

Em 2020, Turnowski voltou ao cargo, elevado a secretário. A Secretaria de Segurança foi extinta no governo de Wilson Witzel (hoje no PSC), e as polícias Civil e Militar viraram secretarias independentes. O delegado disputa as eleições pelo PL.

Delegados investigados lançam suspeição sobre investigação

A defesa de Turnowski impetrou na tarde desta sexta, 9, um habeas corpus, pedindo a liberdade imediata do ex-secretário da Polícia Civil no Rio por desconhecer o processo. O delegado, segundo sua defesa, atribui sua prisão a motivo político.

“O delegado Allan Turnowski não soube até agora o motivo de sua prisão”, justificou a defesa, em nota. “Allan Turnowski afirma que a prisão de hoje foi um movimento de perseguição política, realizado por um grupo específico infiltrado no Ministério Público. Este grupo não quer que ele seja eleito por medo de ser investigado.”

A defesa do delegado Antônio Ricardo também colocou sob suspeição a investigação em meio à campanha eleitoral. Quatro aparelhos de telefone celular foram apreendidos foram apreendidos na casa do policial .

A reportagem não localizou as defesas dos delegados Marcelo José e Maurício Demétrio.

RIO - O ex-secretário de Polícia Civil do Rio Allan Turnowski foi preso preventivamente nesta sexta-feira, 8, na Operação Águia na Cabeça do Ministério Público do Rio. O delegado é investigado por organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho. Ele havia se afastado do cargo para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022. Outro policial que concorre àas eleiçções, o ex-diretor da Divisão de Homicídios, Antonio Ricardo, candidato a deputado estadual pelo Podemos, foi alvo de busca e apreensão na mesma ação.

Turnowski foi preso em casa. Os mandados foram pedidos pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP fluminense. Os mandados foram expedidos pelo juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada. Além de Turnowski, o magistrado, que acolheu denúncia da Promotoria, decretou a prisão dos delegados Maurício Demétrio, já preso, e Marcelo José Araújo de Oliveira. O juízo também expediu 22 mandados de busca e apreensão.

Os denunciados vão responder pela prática de diversos delitos como integrar organização criminosa, corrução ativa e passiva e violação de sigilo funcional, cujas penas somadas superam 30 anos de reclusão. A condenação leva à perda do cargo público. Os delegados negam irregularidades.

O delegado Allan Turnowski foi preso em operação do Ministério Público Foto: Alexandre Brum/AE

MP acusa delegados de ter esquema com jogo do bicho

“O robusto acervo probatório produzido no decorrer das investigações revelou que os delegados de polícia Mauricio Demétrio e Allan Turnowski integraram organização criminosa inserida no universo surgido da exploração do jogo do bicho, no cerne da disputa travada entre os grupos capitaneados por Fernando Iggnácio, executado em novembro de 2020, e Rogério de Andrade, pelo espólio do falecido Castor de Andrade”, afirma em nota do Ministerio Público do Rio.

O MP sustenda que, em meio à dispura pelo domínio de territórios e exploração de jogos de azar e outros crimes conexos, Mauricio Demétrio se associou a Fernando Iggnácio. para atuar como agenciador do bando dentro da Polícia Civil.

“Para beneficiar seu grupo e prejudicar o rival, (Maurício Demétrio) praticou inúmeros atos criminosos, como o reiterado vazamento de informações sobre investigações sigilosas, intermediação de pagamento de propina a outros servidores públicos, cooptação de colegas de Polícia Civil para atuar em favor do grupo, chegando a arquitetar o homicídio de Rogério de Andrade.”

Segundo o MP, Allan Turnowski atuava como “agente duplo” na guerra do bicho.

“De modo dissimulado, (Turnowski) aproveita seus vínculos com integrantes do grupo de Rogerio de Andrade, tais como Ronnie Lessa (acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018) e Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, para repassar informações para seu comparsa Mauricio Demétrio, potencializando a atuação da dupla em benefício do grupo então liderado por Fernando Iggnácio.”, prossegue a nota da Promotoria. Os delegados (...) mantinham rotina intensa de contatos e aconselhamento mútuo, na qual tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, estratégias para galgarem cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores. (...) Dentre outros comparsas, (...), Mauricio Demétrio e Allan Turnowski contavam com a atuação de Marcelo José Araujo de Oliveira como elo entre o braço policial da organização criminosa e Fernando Iggnácio.

O MP também sustenta na denúncia que o “braço policial da organização ainda cooptava outros integrantes da Polícia Civil para participarem de esquemas ilegais, como foi o caso do delegado de polícia Antonio Ricardo, corrompido por Mauricio Demétrio para atender interesses de Fernando Iggnácio, prejudicando um desafeto de ocasião do bicheiro, o conhecido traficante Celsinho da Vila Vintém. Em outra oportunidade, intermediou o pagamento de propina paga por Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano (que também chegou a ser investigado no caso Marielle e foi morto pela PM baiana em 2020), a policiais civis então lotados na DRACO-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais).”

Ricardo, de acordo com o MP, também teria negociado o pagamento de propina de uma escola de samba a um policial lotado na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).

Turnowski chefiou a Polícia Civil fluminense pela primeira vez entre 2010 e 2011. Foi no governo de Sérgio Cabral (MDB), quando a corporação era subordinada à Secretaria de Segurança. Ele deixou o cargo por causa de investigação da Polícia Federal sobre suposto vazamento de uma operação. O inquérito foi arquivado por falta de provas. O delegado alegou inocência.

Em 2020, Turnowski voltou ao cargo, elevado a secretário. A Secretaria de Segurança foi extinta no governo de Wilson Witzel (hoje no PSC), e as polícias Civil e Militar viraram secretarias independentes. O delegado disputa as eleições pelo PL.

Delegados investigados lançam suspeição sobre investigação

A defesa de Turnowski impetrou na tarde desta sexta, 9, um habeas corpus, pedindo a liberdade imediata do ex-secretário da Polícia Civil no Rio por desconhecer o processo. O delegado, segundo sua defesa, atribui sua prisão a motivo político.

“O delegado Allan Turnowski não soube até agora o motivo de sua prisão”, justificou a defesa, em nota. “Allan Turnowski afirma que a prisão de hoje foi um movimento de perseguição política, realizado por um grupo específico infiltrado no Ministério Público. Este grupo não quer que ele seja eleito por medo de ser investigado.”

A defesa do delegado Antônio Ricardo também colocou sob suspeição a investigação em meio à campanha eleitoral. Quatro aparelhos de telefone celular foram apreendidos foram apreendidos na casa do policial .

A reportagem não localizou as defesas dos delegados Marcelo José e Maurício Demétrio.

RIO - O ex-secretário de Polícia Civil do Rio Allan Turnowski foi preso preventivamente nesta sexta-feira, 8, na Operação Águia na Cabeça do Ministério Público do Rio. O delegado é investigado por organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho. Ele havia se afastado do cargo para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022. Outro policial que concorre àas eleiçções, o ex-diretor da Divisão de Homicídios, Antonio Ricardo, candidato a deputado estadual pelo Podemos, foi alvo de busca e apreensão na mesma ação.

Turnowski foi preso em casa. Os mandados foram pedidos pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP fluminense. Os mandados foram expedidos pelo juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada. Além de Turnowski, o magistrado, que acolheu denúncia da Promotoria, decretou a prisão dos delegados Maurício Demétrio, já preso, e Marcelo José Araújo de Oliveira. O juízo também expediu 22 mandados de busca e apreensão.

Os denunciados vão responder pela prática de diversos delitos como integrar organização criminosa, corrução ativa e passiva e violação de sigilo funcional, cujas penas somadas superam 30 anos de reclusão. A condenação leva à perda do cargo público. Os delegados negam irregularidades.

O delegado Allan Turnowski foi preso em operação do Ministério Público Foto: Alexandre Brum/AE

MP acusa delegados de ter esquema com jogo do bicho

“O robusto acervo probatório produzido no decorrer das investigações revelou que os delegados de polícia Mauricio Demétrio e Allan Turnowski integraram organização criminosa inserida no universo surgido da exploração do jogo do bicho, no cerne da disputa travada entre os grupos capitaneados por Fernando Iggnácio, executado em novembro de 2020, e Rogério de Andrade, pelo espólio do falecido Castor de Andrade”, afirma em nota do Ministerio Público do Rio.

O MP sustenda que, em meio à dispura pelo domínio de territórios e exploração de jogos de azar e outros crimes conexos, Mauricio Demétrio se associou a Fernando Iggnácio. para atuar como agenciador do bando dentro da Polícia Civil.

“Para beneficiar seu grupo e prejudicar o rival, (Maurício Demétrio) praticou inúmeros atos criminosos, como o reiterado vazamento de informações sobre investigações sigilosas, intermediação de pagamento de propina a outros servidores públicos, cooptação de colegas de Polícia Civil para atuar em favor do grupo, chegando a arquitetar o homicídio de Rogério de Andrade.”

Segundo o MP, Allan Turnowski atuava como “agente duplo” na guerra do bicho.

“De modo dissimulado, (Turnowski) aproveita seus vínculos com integrantes do grupo de Rogerio de Andrade, tais como Ronnie Lessa (acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018) e Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, para repassar informações para seu comparsa Mauricio Demétrio, potencializando a atuação da dupla em benefício do grupo então liderado por Fernando Iggnácio.”, prossegue a nota da Promotoria. Os delegados (...) mantinham rotina intensa de contatos e aconselhamento mútuo, na qual tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, estratégias para galgarem cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores. (...) Dentre outros comparsas, (...), Mauricio Demétrio e Allan Turnowski contavam com a atuação de Marcelo José Araujo de Oliveira como elo entre o braço policial da organização criminosa e Fernando Iggnácio.

O MP também sustenta na denúncia que o “braço policial da organização ainda cooptava outros integrantes da Polícia Civil para participarem de esquemas ilegais, como foi o caso do delegado de polícia Antonio Ricardo, corrompido por Mauricio Demétrio para atender interesses de Fernando Iggnácio, prejudicando um desafeto de ocasião do bicheiro, o conhecido traficante Celsinho da Vila Vintém. Em outra oportunidade, intermediou o pagamento de propina paga por Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano (que também chegou a ser investigado no caso Marielle e foi morto pela PM baiana em 2020), a policiais civis então lotados na DRACO-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais).”

Ricardo, de acordo com o MP, também teria negociado o pagamento de propina de uma escola de samba a um policial lotado na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).

Turnowski chefiou a Polícia Civil fluminense pela primeira vez entre 2010 e 2011. Foi no governo de Sérgio Cabral (MDB), quando a corporação era subordinada à Secretaria de Segurança. Ele deixou o cargo por causa de investigação da Polícia Federal sobre suposto vazamento de uma operação. O inquérito foi arquivado por falta de provas. O delegado alegou inocência.

Em 2020, Turnowski voltou ao cargo, elevado a secretário. A Secretaria de Segurança foi extinta no governo de Wilson Witzel (hoje no PSC), e as polícias Civil e Militar viraram secretarias independentes. O delegado disputa as eleições pelo PL.

Delegados investigados lançam suspeição sobre investigação

A defesa de Turnowski impetrou na tarde desta sexta, 9, um habeas corpus, pedindo a liberdade imediata do ex-secretário da Polícia Civil no Rio por desconhecer o processo. O delegado, segundo sua defesa, atribui sua prisão a motivo político.

“O delegado Allan Turnowski não soube até agora o motivo de sua prisão”, justificou a defesa, em nota. “Allan Turnowski afirma que a prisão de hoje foi um movimento de perseguição política, realizado por um grupo específico infiltrado no Ministério Público. Este grupo não quer que ele seja eleito por medo de ser investigado.”

A defesa do delegado Antônio Ricardo também colocou sob suspeição a investigação em meio à campanha eleitoral. Quatro aparelhos de telefone celular foram apreendidos foram apreendidos na casa do policial .

A reportagem não localizou as defesas dos delegados Marcelo José e Maurício Demétrio.

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