No Estado de São Paulo, chegou a 70 o número de casos notificados de infecção pela superbactéria KPC, informou hoje a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao todo, 24 pessoas morreram no Estado após a infecção, entre julho de 2009 e outubro deste ano. A Anvisa vai publicar na próxima semana uma norma técnica enfatizando recomendações para os profissionais da área de saúde, como a higienização das mãos, e reforçando a necessidade de que as notificações dos casos sejam feitas por Estados e municípios. Mesmo assim, para a agência não há excepcionalidade em torno da KPC."Não há nada de muito novo em relação à preocupação agora, em relação àquela que sempre devemos ter em relação a organismos multirresistentes", disse o diretor da agência, Dirceu Barbano. A diretoria da Anvisa também decidiu hoje que as salas de atendimento médico, de hospitais públicos e privados, terão obrigatoriamente de ter frasco com álcool-gel, em um prazo a partir de 60 dias após a publicação da norma. O texto deve sair no Diário Oficial da União na próxima semana.Apesar do número de notificações, Dirceu minimizou os efeitos da superbactéria. "Os casos de infecções hospitalares com KPC não representam episódio excepcional em relação ao histórico", comentou. O diretor disse que as medidas adotadas nos casos de KPC são aquelas típicas de prevenção e controle, consideradas padrões. "Existem outros micro-organismos que são tão ou até mais prevalentes."Os casos da KPC, observou, ocorrem em ambiente hospitalar, com pacientes de quadro de saúde debilitado. "As infecções são resultado de uma série de fatores, como as condições do paciente e o ambiente no qual ele se encontra. Quanto mais precárias as estruturas, as condições em que as equipes de saúde trabalham, mais precárias serão as condições em que os pacientes serão atendidos."Segundo a Anvisa, foram notificados casos de KPC em Minas Gerais (12), Goiás (4) e Espírito Santo (3), entre agosto de 2009 a julho de 2010. No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde identificou 183 casos da KPC, dos quais 46 tiveram quadro de infecção e 18 foram a óbito. Para abastecer a rede pública até o fim desta semana, foram comprados R$ 10 milhões em itens hospitalares, em caráter emergencial.Barbano ressaltou a importância dos casos serem notificados, para que se tenha uma dimensão mais exata da questão. "É um dever notificar, qual é a consequência para quem não notifica? É fazer parte de um sistema com base de dados frágil", comentou. "Há o dever estabelecido, mas ao longo do tempo não fomos capazes de estabelecer uma dinâmica de obrigatoriedade." A utilização inadequada de antibióticos contribui para o quadro de bactérias multirresistentes, observou o diretor.