Aos 95, morre Luíza Gurjão


Seu filho, morto na Guerrilha do Araguaia, nos anos 70, foi enterrado em outubro

Por Roldão Arruda, Carmen Pompeu e FORTALEZA

Morreu, na noite de domingo, aos 95 anos, Luiza Gurjão Farias. Mãe do universitário cearense Bergson Gurjão, morto na Guerrilha do Araguaia, em 1972, ela se destacou na luta dos familiares que buscam informações sobre mortos e desaparecidos nos anos da ditadura militar. Em outubro do ano passado, após 37 anos de espera, ela finalmente conseguiu enterrar os restos mortais do filho, em Fortaleza. Entre os guerrilheiros mortos pelo Exército no sul do Pará, no episódio ocorrido no início dos anos 70, ele foi o primeiro a ser oficialmente sepultado pela família.No Brasil, passados 25 anos do período de redemocratização, ainda existem cerca de 140 desaparecidos políticos, cujos familiares reivindicam a abertura de arquivos do período da ditadura, que permitam definir as causas da morte e localizar os restos mortais. A história de dona Luiza, como era conhecida, é um pouco a história desses familiares.Desde os desaparecimento de Bergson, ela não descansou até descobrir o que de fato havia ocorrido com o filho. Nas festas familiares ela costumava repetir que estava faltando um. Referia-se ao filho, estudante de química da Universidade Federal do Ceará, que foi vice-presidente do diretório central daquela escola e um dos presos no famoso Congresso da União Nacional dos Estudantes, ocorrido em Ibiúna, em 1968.Mais tarde, como militante do PC do B, ele foi enviado para o sul do Pará, onde o partido organizou um movimento guerrilheiro que se destinava a derrubar a ditadura e levar o País a uma revolução socialista. Ao final, Bergson passou a fazer parte de uma lista de 70 pessoas, entre membros do partido e trabalhadores rurais da região, que foram presos, torturados e assassinados durante o cerco promovido pelo Exército na região da guerrilha. Ele tinha 25 anos.Para chegar aos restos mortais, dona Luiza enfrentou uma via-crúcis. Em primeiro lugar teve de esperar 24 anos para chegar aos restos mortais. Depois teve de enfrentar a burocracia do Estado para levar a cabo o processo de identificação. Em 1996, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos localizou uma ossada que poderia ser a do estudante. Mas só em julho do ano passado, 13 anos depois, é que foi realizado o exame que confirmou que era mesmo Bergson. O enterro ocorreu em outubro. Apesar da idade já avançada, Luiza esteve presente à cerimônia, que contou com homenagens na reitoria da Universidade Federal do Ceará, onde Bergson estudou.Mário Albuquerque, presidente da Associação 64/68 Anistia e membro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, descreve Luiza Gurjão como um exemplo de mãe que nunca abandonou a esperança. "Ela nos deixa uma lição de luta e persistência. Que sua trajetória seja seguida por outras famílias de guerrilheiros que ainda lutam pelo resgate de seus entes queridos", disse ele.O corpo de Luiza Gurjão deverá ser enterrado hoje à tarde no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. Ontem, ao comentarem sua morte, familiares de desaparecidos no Araguaia falavam quase invariavelmente sobre o fato de ter ocorrido tão próxima do enterro dos restos mortais do filho. "Parece que ela só esperava por isso", disse Crimeia de Almeida, viúva do guerrilheiro André Grabois, outro desaparecido no Araguaia.Também lembraram outras histórias de mães que buscavam informações e morreram sem chegar a nenhum resultado. Uma delas recusava-se a mudar de casa, na esperança de que o filho ainda estivesse vivo e pudesse voltar a qualquer momento para o lugar de onde saíra. Outra costumava deixar a chave da porta sob um tijolo, no jardim, pois era ali que o filho a encontrava quando saía para festas e chegava mais tarde.O PRIMEIRODe acordo com o livro Direito à Memória e à Verdade, da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, existem controvérsias sobre a data do desaparecimento ou morte do líder estudantil cearense. "Foi a primeira baixa fatal entre os quadros do PC do B que foram deslocados para o Araguaia", diz o livro. "A data de 8 de maio sempre constou nas listas de mortos e desaparecidos políticos. Publicações mais recentes, baseadas em trechos de documentos secretos das forças repressivas, indicam 2 ou 4 de junho. Segundo testemunhas, seu corpo foi pendurado em uma árvore, de cabeça para baixo, para ser agredido por paraquedistas e outros agentes das forças repressivas."A morte de Bergson também é lembrada no livro A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari. Ele conta que os camponeses da região recebiam recompensas para entregar os guerrilheiros ao Exército. O estudante teria caído numa emboscada. "Ouviram-se três rajadas. Bergson Gurjão Farias, 25 anos, ex-aluno de química na Universidade Federal do Ceará, tornou-se o primeiro desaparecido da guerrilha", escreveu o jornalista.

Morreu, na noite de domingo, aos 95 anos, Luiza Gurjão Farias. Mãe do universitário cearense Bergson Gurjão, morto na Guerrilha do Araguaia, em 1972, ela se destacou na luta dos familiares que buscam informações sobre mortos e desaparecidos nos anos da ditadura militar. Em outubro do ano passado, após 37 anos de espera, ela finalmente conseguiu enterrar os restos mortais do filho, em Fortaleza. Entre os guerrilheiros mortos pelo Exército no sul do Pará, no episódio ocorrido no início dos anos 70, ele foi o primeiro a ser oficialmente sepultado pela família.No Brasil, passados 25 anos do período de redemocratização, ainda existem cerca de 140 desaparecidos políticos, cujos familiares reivindicam a abertura de arquivos do período da ditadura, que permitam definir as causas da morte e localizar os restos mortais. A história de dona Luiza, como era conhecida, é um pouco a história desses familiares.Desde os desaparecimento de Bergson, ela não descansou até descobrir o que de fato havia ocorrido com o filho. Nas festas familiares ela costumava repetir que estava faltando um. Referia-se ao filho, estudante de química da Universidade Federal do Ceará, que foi vice-presidente do diretório central daquela escola e um dos presos no famoso Congresso da União Nacional dos Estudantes, ocorrido em Ibiúna, em 1968.Mais tarde, como militante do PC do B, ele foi enviado para o sul do Pará, onde o partido organizou um movimento guerrilheiro que se destinava a derrubar a ditadura e levar o País a uma revolução socialista. Ao final, Bergson passou a fazer parte de uma lista de 70 pessoas, entre membros do partido e trabalhadores rurais da região, que foram presos, torturados e assassinados durante o cerco promovido pelo Exército na região da guerrilha. Ele tinha 25 anos.Para chegar aos restos mortais, dona Luiza enfrentou uma via-crúcis. Em primeiro lugar teve de esperar 24 anos para chegar aos restos mortais. Depois teve de enfrentar a burocracia do Estado para levar a cabo o processo de identificação. Em 1996, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos localizou uma ossada que poderia ser a do estudante. Mas só em julho do ano passado, 13 anos depois, é que foi realizado o exame que confirmou que era mesmo Bergson. O enterro ocorreu em outubro. Apesar da idade já avançada, Luiza esteve presente à cerimônia, que contou com homenagens na reitoria da Universidade Federal do Ceará, onde Bergson estudou.Mário Albuquerque, presidente da Associação 64/68 Anistia e membro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, descreve Luiza Gurjão como um exemplo de mãe que nunca abandonou a esperança. "Ela nos deixa uma lição de luta e persistência. Que sua trajetória seja seguida por outras famílias de guerrilheiros que ainda lutam pelo resgate de seus entes queridos", disse ele.O corpo de Luiza Gurjão deverá ser enterrado hoje à tarde no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. Ontem, ao comentarem sua morte, familiares de desaparecidos no Araguaia falavam quase invariavelmente sobre o fato de ter ocorrido tão próxima do enterro dos restos mortais do filho. "Parece que ela só esperava por isso", disse Crimeia de Almeida, viúva do guerrilheiro André Grabois, outro desaparecido no Araguaia.Também lembraram outras histórias de mães que buscavam informações e morreram sem chegar a nenhum resultado. Uma delas recusava-se a mudar de casa, na esperança de que o filho ainda estivesse vivo e pudesse voltar a qualquer momento para o lugar de onde saíra. Outra costumava deixar a chave da porta sob um tijolo, no jardim, pois era ali que o filho a encontrava quando saía para festas e chegava mais tarde.O PRIMEIRODe acordo com o livro Direito à Memória e à Verdade, da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, existem controvérsias sobre a data do desaparecimento ou morte do líder estudantil cearense. "Foi a primeira baixa fatal entre os quadros do PC do B que foram deslocados para o Araguaia", diz o livro. "A data de 8 de maio sempre constou nas listas de mortos e desaparecidos políticos. Publicações mais recentes, baseadas em trechos de documentos secretos das forças repressivas, indicam 2 ou 4 de junho. Segundo testemunhas, seu corpo foi pendurado em uma árvore, de cabeça para baixo, para ser agredido por paraquedistas e outros agentes das forças repressivas."A morte de Bergson também é lembrada no livro A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari. Ele conta que os camponeses da região recebiam recompensas para entregar os guerrilheiros ao Exército. O estudante teria caído numa emboscada. "Ouviram-se três rajadas. Bergson Gurjão Farias, 25 anos, ex-aluno de química na Universidade Federal do Ceará, tornou-se o primeiro desaparecido da guerrilha", escreveu o jornalista.

Morreu, na noite de domingo, aos 95 anos, Luiza Gurjão Farias. Mãe do universitário cearense Bergson Gurjão, morto na Guerrilha do Araguaia, em 1972, ela se destacou na luta dos familiares que buscam informações sobre mortos e desaparecidos nos anos da ditadura militar. Em outubro do ano passado, após 37 anos de espera, ela finalmente conseguiu enterrar os restos mortais do filho, em Fortaleza. Entre os guerrilheiros mortos pelo Exército no sul do Pará, no episódio ocorrido no início dos anos 70, ele foi o primeiro a ser oficialmente sepultado pela família.No Brasil, passados 25 anos do período de redemocratização, ainda existem cerca de 140 desaparecidos políticos, cujos familiares reivindicam a abertura de arquivos do período da ditadura, que permitam definir as causas da morte e localizar os restos mortais. A história de dona Luiza, como era conhecida, é um pouco a história desses familiares.Desde os desaparecimento de Bergson, ela não descansou até descobrir o que de fato havia ocorrido com o filho. Nas festas familiares ela costumava repetir que estava faltando um. Referia-se ao filho, estudante de química da Universidade Federal do Ceará, que foi vice-presidente do diretório central daquela escola e um dos presos no famoso Congresso da União Nacional dos Estudantes, ocorrido em Ibiúna, em 1968.Mais tarde, como militante do PC do B, ele foi enviado para o sul do Pará, onde o partido organizou um movimento guerrilheiro que se destinava a derrubar a ditadura e levar o País a uma revolução socialista. Ao final, Bergson passou a fazer parte de uma lista de 70 pessoas, entre membros do partido e trabalhadores rurais da região, que foram presos, torturados e assassinados durante o cerco promovido pelo Exército na região da guerrilha. Ele tinha 25 anos.Para chegar aos restos mortais, dona Luiza enfrentou uma via-crúcis. Em primeiro lugar teve de esperar 24 anos para chegar aos restos mortais. Depois teve de enfrentar a burocracia do Estado para levar a cabo o processo de identificação. Em 1996, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos localizou uma ossada que poderia ser a do estudante. Mas só em julho do ano passado, 13 anos depois, é que foi realizado o exame que confirmou que era mesmo Bergson. O enterro ocorreu em outubro. Apesar da idade já avançada, Luiza esteve presente à cerimônia, que contou com homenagens na reitoria da Universidade Federal do Ceará, onde Bergson estudou.Mário Albuquerque, presidente da Associação 64/68 Anistia e membro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, descreve Luiza Gurjão como um exemplo de mãe que nunca abandonou a esperança. "Ela nos deixa uma lição de luta e persistência. Que sua trajetória seja seguida por outras famílias de guerrilheiros que ainda lutam pelo resgate de seus entes queridos", disse ele.O corpo de Luiza Gurjão deverá ser enterrado hoje à tarde no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. Ontem, ao comentarem sua morte, familiares de desaparecidos no Araguaia falavam quase invariavelmente sobre o fato de ter ocorrido tão próxima do enterro dos restos mortais do filho. "Parece que ela só esperava por isso", disse Crimeia de Almeida, viúva do guerrilheiro André Grabois, outro desaparecido no Araguaia.Também lembraram outras histórias de mães que buscavam informações e morreram sem chegar a nenhum resultado. Uma delas recusava-se a mudar de casa, na esperança de que o filho ainda estivesse vivo e pudesse voltar a qualquer momento para o lugar de onde saíra. Outra costumava deixar a chave da porta sob um tijolo, no jardim, pois era ali que o filho a encontrava quando saía para festas e chegava mais tarde.O PRIMEIRODe acordo com o livro Direito à Memória e à Verdade, da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, existem controvérsias sobre a data do desaparecimento ou morte do líder estudantil cearense. "Foi a primeira baixa fatal entre os quadros do PC do B que foram deslocados para o Araguaia", diz o livro. "A data de 8 de maio sempre constou nas listas de mortos e desaparecidos políticos. Publicações mais recentes, baseadas em trechos de documentos secretos das forças repressivas, indicam 2 ou 4 de junho. Segundo testemunhas, seu corpo foi pendurado em uma árvore, de cabeça para baixo, para ser agredido por paraquedistas e outros agentes das forças repressivas."A morte de Bergson também é lembrada no livro A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari. Ele conta que os camponeses da região recebiam recompensas para entregar os guerrilheiros ao Exército. O estudante teria caído numa emboscada. "Ouviram-se três rajadas. Bergson Gurjão Farias, 25 anos, ex-aluno de química na Universidade Federal do Ceará, tornou-se o primeiro desaparecido da guerrilha", escreveu o jornalista.

Morreu, na noite de domingo, aos 95 anos, Luiza Gurjão Farias. Mãe do universitário cearense Bergson Gurjão, morto na Guerrilha do Araguaia, em 1972, ela se destacou na luta dos familiares que buscam informações sobre mortos e desaparecidos nos anos da ditadura militar. Em outubro do ano passado, após 37 anos de espera, ela finalmente conseguiu enterrar os restos mortais do filho, em Fortaleza. Entre os guerrilheiros mortos pelo Exército no sul do Pará, no episódio ocorrido no início dos anos 70, ele foi o primeiro a ser oficialmente sepultado pela família.No Brasil, passados 25 anos do período de redemocratização, ainda existem cerca de 140 desaparecidos políticos, cujos familiares reivindicam a abertura de arquivos do período da ditadura, que permitam definir as causas da morte e localizar os restos mortais. A história de dona Luiza, como era conhecida, é um pouco a história desses familiares.Desde os desaparecimento de Bergson, ela não descansou até descobrir o que de fato havia ocorrido com o filho. Nas festas familiares ela costumava repetir que estava faltando um. Referia-se ao filho, estudante de química da Universidade Federal do Ceará, que foi vice-presidente do diretório central daquela escola e um dos presos no famoso Congresso da União Nacional dos Estudantes, ocorrido em Ibiúna, em 1968.Mais tarde, como militante do PC do B, ele foi enviado para o sul do Pará, onde o partido organizou um movimento guerrilheiro que se destinava a derrubar a ditadura e levar o País a uma revolução socialista. Ao final, Bergson passou a fazer parte de uma lista de 70 pessoas, entre membros do partido e trabalhadores rurais da região, que foram presos, torturados e assassinados durante o cerco promovido pelo Exército na região da guerrilha. Ele tinha 25 anos.Para chegar aos restos mortais, dona Luiza enfrentou uma via-crúcis. Em primeiro lugar teve de esperar 24 anos para chegar aos restos mortais. Depois teve de enfrentar a burocracia do Estado para levar a cabo o processo de identificação. Em 1996, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos localizou uma ossada que poderia ser a do estudante. Mas só em julho do ano passado, 13 anos depois, é que foi realizado o exame que confirmou que era mesmo Bergson. O enterro ocorreu em outubro. Apesar da idade já avançada, Luiza esteve presente à cerimônia, que contou com homenagens na reitoria da Universidade Federal do Ceará, onde Bergson estudou.Mário Albuquerque, presidente da Associação 64/68 Anistia e membro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, descreve Luiza Gurjão como um exemplo de mãe que nunca abandonou a esperança. "Ela nos deixa uma lição de luta e persistência. Que sua trajetória seja seguida por outras famílias de guerrilheiros que ainda lutam pelo resgate de seus entes queridos", disse ele.O corpo de Luiza Gurjão deverá ser enterrado hoje à tarde no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. Ontem, ao comentarem sua morte, familiares de desaparecidos no Araguaia falavam quase invariavelmente sobre o fato de ter ocorrido tão próxima do enterro dos restos mortais do filho. "Parece que ela só esperava por isso", disse Crimeia de Almeida, viúva do guerrilheiro André Grabois, outro desaparecido no Araguaia.Também lembraram outras histórias de mães que buscavam informações e morreram sem chegar a nenhum resultado. Uma delas recusava-se a mudar de casa, na esperança de que o filho ainda estivesse vivo e pudesse voltar a qualquer momento para o lugar de onde saíra. Outra costumava deixar a chave da porta sob um tijolo, no jardim, pois era ali que o filho a encontrava quando saía para festas e chegava mais tarde.O PRIMEIRODe acordo com o livro Direito à Memória e à Verdade, da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, existem controvérsias sobre a data do desaparecimento ou morte do líder estudantil cearense. "Foi a primeira baixa fatal entre os quadros do PC do B que foram deslocados para o Araguaia", diz o livro. "A data de 8 de maio sempre constou nas listas de mortos e desaparecidos políticos. Publicações mais recentes, baseadas em trechos de documentos secretos das forças repressivas, indicam 2 ou 4 de junho. Segundo testemunhas, seu corpo foi pendurado em uma árvore, de cabeça para baixo, para ser agredido por paraquedistas e outros agentes das forças repressivas."A morte de Bergson também é lembrada no livro A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari. Ele conta que os camponeses da região recebiam recompensas para entregar os guerrilheiros ao Exército. O estudante teria caído numa emboscada. "Ouviram-se três rajadas. Bergson Gurjão Farias, 25 anos, ex-aluno de química na Universidade Federal do Ceará, tornou-se o primeiro desaparecido da guerrilha", escreveu o jornalista.

Morreu, na noite de domingo, aos 95 anos, Luiza Gurjão Farias. Mãe do universitário cearense Bergson Gurjão, morto na Guerrilha do Araguaia, em 1972, ela se destacou na luta dos familiares que buscam informações sobre mortos e desaparecidos nos anos da ditadura militar. Em outubro do ano passado, após 37 anos de espera, ela finalmente conseguiu enterrar os restos mortais do filho, em Fortaleza. Entre os guerrilheiros mortos pelo Exército no sul do Pará, no episódio ocorrido no início dos anos 70, ele foi o primeiro a ser oficialmente sepultado pela família.No Brasil, passados 25 anos do período de redemocratização, ainda existem cerca de 140 desaparecidos políticos, cujos familiares reivindicam a abertura de arquivos do período da ditadura, que permitam definir as causas da morte e localizar os restos mortais. A história de dona Luiza, como era conhecida, é um pouco a história desses familiares.Desde os desaparecimento de Bergson, ela não descansou até descobrir o que de fato havia ocorrido com o filho. Nas festas familiares ela costumava repetir que estava faltando um. Referia-se ao filho, estudante de química da Universidade Federal do Ceará, que foi vice-presidente do diretório central daquela escola e um dos presos no famoso Congresso da União Nacional dos Estudantes, ocorrido em Ibiúna, em 1968.Mais tarde, como militante do PC do B, ele foi enviado para o sul do Pará, onde o partido organizou um movimento guerrilheiro que se destinava a derrubar a ditadura e levar o País a uma revolução socialista. Ao final, Bergson passou a fazer parte de uma lista de 70 pessoas, entre membros do partido e trabalhadores rurais da região, que foram presos, torturados e assassinados durante o cerco promovido pelo Exército na região da guerrilha. Ele tinha 25 anos.Para chegar aos restos mortais, dona Luiza enfrentou uma via-crúcis. Em primeiro lugar teve de esperar 24 anos para chegar aos restos mortais. Depois teve de enfrentar a burocracia do Estado para levar a cabo o processo de identificação. Em 1996, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos localizou uma ossada que poderia ser a do estudante. Mas só em julho do ano passado, 13 anos depois, é que foi realizado o exame que confirmou que era mesmo Bergson. O enterro ocorreu em outubro. Apesar da idade já avançada, Luiza esteve presente à cerimônia, que contou com homenagens na reitoria da Universidade Federal do Ceará, onde Bergson estudou.Mário Albuquerque, presidente da Associação 64/68 Anistia e membro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, descreve Luiza Gurjão como um exemplo de mãe que nunca abandonou a esperança. "Ela nos deixa uma lição de luta e persistência. Que sua trajetória seja seguida por outras famílias de guerrilheiros que ainda lutam pelo resgate de seus entes queridos", disse ele.O corpo de Luiza Gurjão deverá ser enterrado hoje à tarde no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. Ontem, ao comentarem sua morte, familiares de desaparecidos no Araguaia falavam quase invariavelmente sobre o fato de ter ocorrido tão próxima do enterro dos restos mortais do filho. "Parece que ela só esperava por isso", disse Crimeia de Almeida, viúva do guerrilheiro André Grabois, outro desaparecido no Araguaia.Também lembraram outras histórias de mães que buscavam informações e morreram sem chegar a nenhum resultado. Uma delas recusava-se a mudar de casa, na esperança de que o filho ainda estivesse vivo e pudesse voltar a qualquer momento para o lugar de onde saíra. Outra costumava deixar a chave da porta sob um tijolo, no jardim, pois era ali que o filho a encontrava quando saía para festas e chegava mais tarde.O PRIMEIRODe acordo com o livro Direito à Memória e à Verdade, da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, existem controvérsias sobre a data do desaparecimento ou morte do líder estudantil cearense. "Foi a primeira baixa fatal entre os quadros do PC do B que foram deslocados para o Araguaia", diz o livro. "A data de 8 de maio sempre constou nas listas de mortos e desaparecidos políticos. Publicações mais recentes, baseadas em trechos de documentos secretos das forças repressivas, indicam 2 ou 4 de junho. Segundo testemunhas, seu corpo foi pendurado em uma árvore, de cabeça para baixo, para ser agredido por paraquedistas e outros agentes das forças repressivas."A morte de Bergson também é lembrada no livro A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari. Ele conta que os camponeses da região recebiam recompensas para entregar os guerrilheiros ao Exército. O estudante teria caído numa emboscada. "Ouviram-se três rajadas. Bergson Gurjão Farias, 25 anos, ex-aluno de química na Universidade Federal do Ceará, tornou-se o primeiro desaparecido da guerrilha", escreveu o jornalista.

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