BRASÍLIA, RIO E SÃO PAULO - O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quinta-feira, 8 de março, foi marcado por manifestações em pelo menos 17 países pela igualdade de direitos e contra a violência. Trabalhadores na Espanha, onde houve a maior mobilização, fizeram uma greve feminista inédita. No Brasil, os atos se concentraram nas capitais.
8 de março: atos pelo País no Dia Internacional da Mulher
+++ Temer: Ninguém melhor do que a mulher para indicar 'desajustes de preços no supermercado'
Quase 6 milhões aderiram às paralisações na Espanha, de acordo com sindicatos locais. Milhares protestaram em Madri, Pamplona, Barcelona, Sevilha e Valência. Na Itália, manifestantes, a maioria mulheres, foram às ruas.
+++ Colunistas do Estado dão voz a vítimas de violência
O jornal francês Libération aumentou nesta quinta em € 0,50 (R$ 2) o seu preço para homens. O objetivo era denunciar a diferença salarial entre os gêneros. Na Turquia, mulheres desafiaram proibições impostas pelo estado de emergência e fizeram protestos em 14 cidades. Em Istambul, cerca de 5 mil lotaram as ruas apesar da chuva. Houve marchas ainda na Bélgica, na Grécia e na Alemanha.
+++ O desafio de quem quer definir seu próprio destino
As sul-coreanas caminharam em Seul aos gritos de “me too”, em referência à campanha de denúncia sobre abusos sexuais. Em Karachi, no Paquistão, uma vítima de ataque com ácido se juntou a centenas de mulheres contra a violência. Índia, Arábia Saudita, Indonésia e Filipinas também registraram atos.
Em Buenos Aires, milhares marcharam da Plaza de Mayo em direção ao Congresso. Colombianas e equatorianas também foram às ruas.
Brasileiras
Manifestantes saíram nesta quinta em protesto na região central de São Paulo pela legalização do aborto e contra a violência sexual. A Avenida Paulista, na região central, ficou interditada à pela manifestação, convocada por movimentos sociais e sindicais.
No Rio de Janeiro, a manifestação se concentrou ao redor da Igreja da Candelária, na região central da cidade. Mesmo sob intensa chuva, os manifestantes fizeram discursos e caminharam pela Avenida Rio Branco e pelas Ruas da Assembleia e 1º de Março, até a Praça 15, ponto final do ato. Durante todo o trajeto, protestaram contra o machismo, o governo de Michel Temer (MDB), a reforma da Previdência e cobraram a legalização do aborto e outros direitos.
Organizado por um coletivo, o ato reuniu diversas entidades estudantis e da sociedade civil, além de partidos políticos de esquerda. Desde a concentração até o fim do ato, os discursos foram pelos direitos das mulheres e de críticas ao governo. Policiais militares acompanharam a manifestação, que transcorreu pacificamente até as 20h30.
Entre os coros e as músicas entoadas havia uma paródia de Cabeleira do Zezé, marchinha de João Roberto Kelly: "Olha como luta essa mulher/Será que ela é?/Será que ela é? Livre!/Será que ela é recatada?/Será que ela é bela e do lar?/Parece que é feminista/E tá na rua pra lutar!".
Também foram entoados coros contra a Polícia Militar, contra a intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio e pelo direito ao aborto. Em faixas e cartazes, as cobranças e críticas eram semelhantes. "Hoje é um dia especial, mas nossa luta é diária. A gente tem dupla jornada, cuida do filho e ganha menos. Temos que mudar isso", afirmou Maria Antônia Rangel, de 17 anos, estudante do ensino médio.
"A gente briga, cobra igualdade, aí vem esse presidente e diz que mulher é bom pra controlar os preços do supermercado. Não pode, temos as mesmas capacidades e responsabilidades dos homens", reclamou a universitária Renata Nunes, de 22 anos, que cursa Arquitetura na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Durante discurso há exatamente um ano, em 8 de março, Temer exaltava as mulheres quando afirmou que "ninguém mais é capaz de indicar os desajustes de preços no supermercado do que a mulher". Neste ano, o presidente foi econômico nas palavras e disse que apoiava a luta por igualdade. “Todas deveriam empunhar essa bandeira.”
Na zona oeste do Rio, militares distribuíram rosas a mulheres na comunidade Vila Kennedy.
Brasília
Já em Brasília, centenas de manifestantes fizeram uma marcha a favor da igualdade de gênero e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal, 700 pessoas caminharam do Museu da República até o Congresso Nacional, aos gritos de "Fora, Temer".
Sob forte chuva, as manifestantes utilizam um carro de som para protestar. Por causa do ato, a segurança do Congresso foi reforçada durante todo o dia e o acesso à entrada principal foi bloqueado. Além dos policiais que acompanham a manifestação, carros da Polícia Militar e até a cavalaria cercam a área.
Diversas manifestantes do PT e do Movimento dos Sem Terra (MST) carregavam cartazes a favor da candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República. As participantes entoaram palavras de ordem a favor do ex-presidente e defenderam que não há provas para condená-lo.
Elas também protestam contra a desigualdade de gênero, o programa Escola Sem Partido e a criminalização do aborto. Defendem ainda os direitos da comunidade LGBT.
Houve protestos em Belo Horizonte, Salvador, Florianópolis, Porto Alegre, Belém, Fortaleza e outras cidades. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS