Áreas de proteção ambiental cobrem 12,7 por cento da superfície terrestre do planeta, ainda abaixo dos objetivos traçados pela ONU, enquanto a América Latina lidera o ranking das regiões com maior área protegida, revelou um estudo global divulgado nesta sexta-feira. Segundo o relatório "Planeta Protegido", áreas destinadas a parques nacionais e outros tipos de reservas ambientais cresceram ante os 8,8 por cento registrados em 1990. Uma das metas definidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), assinada por membros das Nações Unidas, é de que 17 por cento do território do planeta estejam sob proteção até 2020. "Áreas protegidas têm contribuído significativamente para a conservação da biodiversidade, e um aumento em sua cobertura e efetividade é vital para prosperidade do planeta e das comunidades no futuro", disse a diretora-geral da União Internacional para a Conservação da Natureza, Julia Marton-Lefèvre, durante o Congresso Mundial da Natureza, em Jeju, na Coreia do Sul. O levantamento mostra que a América Latina tem 20,4 por cento de suas terras protegidas oficialmente, acima da média das regiões em desenvolvimento --13,3 por cento de área protegidas-- e das regiões desenvolvidas do planeta, que têm 11,6 por cento de suas áreas protegidas. "Para atingir a meta de 17 por cento estabelecidas pela CDB com áreas nacionais protegidas, mais 6 milhões de quilômetros quadrados de áreas terrestres e de águas continentais terão que ser reconhecidos como protegidos, uma área 10 vezes o tamanho de Madagascar", disse o relatório. O estudo também trata de áreas protegidas no oceano, onde a meta está mais longe de ser cumprida. Atualmente, 4 por cento de áreas de oceano sob jurisdição de países estão protegidas, enquanto a meta até 2020 é de 10 por cento da área. EFETIVIDADE As entidades que organizaram o estudo avaliam, no entanto, que áreas protegidas oficialmente não significam que na prática esteja ocorrendo conservação dos recursos naturais. Reportagem da Reuters publicada no início de agosto, mostrou que mudanças adotadas na gestão da presidente Dilma Rousseff promoveram um recuo na política ambientalista progressista do governo federal de quase duas décadas, incluindo a transferência, da noite para o dia, da autoridade ambiental a governos estaduais e municipais, responsáveis --entre outras coisas-- pela fiscalização de áreas de preservação.