Memória, preservação e acervos

Portugal discutia sua reforma ortográfica, em 1911


Há cem anos , a reforma ortográfica da língua portuguesa era discutida em Portugal.  O Estado acompanhava os debates entrefilólogos, acadêmicos e literatos sobre o tema.

Por Liz Batista
Atualização:

Em 12 de abril de 1911, republicava um artigo escrito por Carolina Michaëlis de Vasconcellos, em defesa da reforma.

Quarta-feira, 12 de abril de 1911

 Foto: Estadão
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O governo republicano de Portugal acreditava que a reforma ortográfica seria instrumento muito útil na batalha contra o analfabetismo. E que a simplificação da língua aumentariam os níveis de escolaridade do país.

Carolina Michaelis de Vasconcelos era filóloga, e integrava a comissão instituída pelo governo português para desenvolver a reforma.  Junto com Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, José Joaquim Nunes, Gonçalves Ribeiro pensou como a mudança em certas normas ortográficas poderiam ajudar aos "humildes e pequeninos" que viu "lutar arduamente com as dificuldades, incongruências e contradições da ortografia reinante".

A reforma ortográfica encontrou forte oposição. Grandes escritores eram contrários  e defendiam a tradição linguística de Portugal. Teixeira Pascoaes tentou exemplificar a perda simbólica que tal mudança traria à estética e sonoridade de algumas palavras”Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão,mysterio... Escrevel-acom i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficiebanal.”

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Enquanto Fernando Pessoa declarou seu patriotismo, não ao Estado de Portugal, mas à língua portuguesa “Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente.”

E revelou seu desgosto quando sua pátria era perturbada “odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Apesar da polêmica, a reforma foi instaurada em Portugal. Suas novas normas ortográficas foram transformadas em lei, em 1 de setembro de 1911.

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O Brasil ficou fora desta reforma.   Apenas em 1931  a Academia Brasileira de Letras aprovou um acordo conciliando as duas ortografias.

No século XXI, a polêmica gira em torno do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 2009 .

Signatários do acordo explicaram, em nota, seu propósito "A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo".

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Mesmo assim, até hoje, críticos questionam se as mudanças propostas pelo acordo realmente trarão melhoria pra a comunicação entre os povos de língua portuguesa, ou apenas transtornos.  Uma vez que as diferenças ortográficas, e as variações nas escritas da língua não impediam a compreensão dos leitores.

Pesquisa e Texto: Lizbeth Batista

Siga o Arquivo Estadão: Twitter@arquivo_estadao e Facebook/arquivoestadao

Em 12 de abril de 1911, republicava um artigo escrito por Carolina Michaëlis de Vasconcellos, em defesa da reforma.

Quarta-feira, 12 de abril de 1911

 Foto: Estadão

O governo republicano de Portugal acreditava que a reforma ortográfica seria instrumento muito útil na batalha contra o analfabetismo. E que a simplificação da língua aumentariam os níveis de escolaridade do país.

Carolina Michaelis de Vasconcelos era filóloga, e integrava a comissão instituída pelo governo português para desenvolver a reforma.  Junto com Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, José Joaquim Nunes, Gonçalves Ribeiro pensou como a mudança em certas normas ortográficas poderiam ajudar aos "humildes e pequeninos" que viu "lutar arduamente com as dificuldades, incongruências e contradições da ortografia reinante".

A reforma ortográfica encontrou forte oposição. Grandes escritores eram contrários  e defendiam a tradição linguística de Portugal. Teixeira Pascoaes tentou exemplificar a perda simbólica que tal mudança traria à estética e sonoridade de algumas palavras”Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão,mysterio... Escrevel-acom i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficiebanal.”

Enquanto Fernando Pessoa declarou seu patriotismo, não ao Estado de Portugal, mas à língua portuguesa “Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente.”

E revelou seu desgosto quando sua pátria era perturbada “odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Apesar da polêmica, a reforma foi instaurada em Portugal. Suas novas normas ortográficas foram transformadas em lei, em 1 de setembro de 1911.

O Brasil ficou fora desta reforma.   Apenas em 1931  a Academia Brasileira de Letras aprovou um acordo conciliando as duas ortografias.

No século XXI, a polêmica gira em torno do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 2009 .

Signatários do acordo explicaram, em nota, seu propósito "A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo".

Mesmo assim, até hoje, críticos questionam se as mudanças propostas pelo acordo realmente trarão melhoria pra a comunicação entre os povos de língua portuguesa, ou apenas transtornos.  Uma vez que as diferenças ortográficas, e as variações nas escritas da língua não impediam a compreensão dos leitores.

Pesquisa e Texto: Lizbeth Batista

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Em 12 de abril de 1911, republicava um artigo escrito por Carolina Michaëlis de Vasconcellos, em defesa da reforma.

Quarta-feira, 12 de abril de 1911

 Foto: Estadão

O governo republicano de Portugal acreditava que a reforma ortográfica seria instrumento muito útil na batalha contra o analfabetismo. E que a simplificação da língua aumentariam os níveis de escolaridade do país.

Carolina Michaelis de Vasconcelos era filóloga, e integrava a comissão instituída pelo governo português para desenvolver a reforma.  Junto com Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, José Joaquim Nunes, Gonçalves Ribeiro pensou como a mudança em certas normas ortográficas poderiam ajudar aos "humildes e pequeninos" que viu "lutar arduamente com as dificuldades, incongruências e contradições da ortografia reinante".

A reforma ortográfica encontrou forte oposição. Grandes escritores eram contrários  e defendiam a tradição linguística de Portugal. Teixeira Pascoaes tentou exemplificar a perda simbólica que tal mudança traria à estética e sonoridade de algumas palavras”Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão,mysterio... Escrevel-acom i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficiebanal.”

Enquanto Fernando Pessoa declarou seu patriotismo, não ao Estado de Portugal, mas à língua portuguesa “Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente.”

E revelou seu desgosto quando sua pátria era perturbada “odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Apesar da polêmica, a reforma foi instaurada em Portugal. Suas novas normas ortográficas foram transformadas em lei, em 1 de setembro de 1911.

O Brasil ficou fora desta reforma.   Apenas em 1931  a Academia Brasileira de Letras aprovou um acordo conciliando as duas ortografias.

No século XXI, a polêmica gira em torno do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 2009 .

Signatários do acordo explicaram, em nota, seu propósito "A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo".

Mesmo assim, até hoje, críticos questionam se as mudanças propostas pelo acordo realmente trarão melhoria pra a comunicação entre os povos de língua portuguesa, ou apenas transtornos.  Uma vez que as diferenças ortográficas, e as variações nas escritas da língua não impediam a compreensão dos leitores.

Pesquisa e Texto: Lizbeth Batista

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Em 12 de abril de 1911, republicava um artigo escrito por Carolina Michaëlis de Vasconcellos, em defesa da reforma.

Quarta-feira, 12 de abril de 1911

 Foto: Estadão

O governo republicano de Portugal acreditava que a reforma ortográfica seria instrumento muito útil na batalha contra o analfabetismo. E que a simplificação da língua aumentariam os níveis de escolaridade do país.

Carolina Michaelis de Vasconcelos era filóloga, e integrava a comissão instituída pelo governo português para desenvolver a reforma.  Junto com Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, José Joaquim Nunes, Gonçalves Ribeiro pensou como a mudança em certas normas ortográficas poderiam ajudar aos "humildes e pequeninos" que viu "lutar arduamente com as dificuldades, incongruências e contradições da ortografia reinante".

A reforma ortográfica encontrou forte oposição. Grandes escritores eram contrários  e defendiam a tradição linguística de Portugal. Teixeira Pascoaes tentou exemplificar a perda simbólica que tal mudança traria à estética e sonoridade de algumas palavras”Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão,mysterio... Escrevel-acom i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficiebanal.”

Enquanto Fernando Pessoa declarou seu patriotismo, não ao Estado de Portugal, mas à língua portuguesa “Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente.”

E revelou seu desgosto quando sua pátria era perturbada “odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Apesar da polêmica, a reforma foi instaurada em Portugal. Suas novas normas ortográficas foram transformadas em lei, em 1 de setembro de 1911.

O Brasil ficou fora desta reforma.   Apenas em 1931  a Academia Brasileira de Letras aprovou um acordo conciliando as duas ortografias.

No século XXI, a polêmica gira em torno do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 2009 .

Signatários do acordo explicaram, em nota, seu propósito "A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo".

Mesmo assim, até hoje, críticos questionam se as mudanças propostas pelo acordo realmente trarão melhoria pra a comunicação entre os povos de língua portuguesa, ou apenas transtornos.  Uma vez que as diferenças ortográficas, e as variações nas escritas da língua não impediam a compreensão dos leitores.

Pesquisa e Texto: Lizbeth Batista

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Em 12 de abril de 1911, republicava um artigo escrito por Carolina Michaëlis de Vasconcellos, em defesa da reforma.

Quarta-feira, 12 de abril de 1911

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O governo republicano de Portugal acreditava que a reforma ortográfica seria instrumento muito útil na batalha contra o analfabetismo. E que a simplificação da língua aumentariam os níveis de escolaridade do país.

Carolina Michaelis de Vasconcelos era filóloga, e integrava a comissão instituída pelo governo português para desenvolver a reforma.  Junto com Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, José Joaquim Nunes, Gonçalves Ribeiro pensou como a mudança em certas normas ortográficas poderiam ajudar aos "humildes e pequeninos" que viu "lutar arduamente com as dificuldades, incongruências e contradições da ortografia reinante".

A reforma ortográfica encontrou forte oposição. Grandes escritores eram contrários  e defendiam a tradição linguística de Portugal. Teixeira Pascoaes tentou exemplificar a perda simbólica que tal mudança traria à estética e sonoridade de algumas palavras”Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão,mysterio... Escrevel-acom i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficiebanal.”

Enquanto Fernando Pessoa declarou seu patriotismo, não ao Estado de Portugal, mas à língua portuguesa “Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente.”

E revelou seu desgosto quando sua pátria era perturbada “odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Apesar da polêmica, a reforma foi instaurada em Portugal. Suas novas normas ortográficas foram transformadas em lei, em 1 de setembro de 1911.

O Brasil ficou fora desta reforma.   Apenas em 1931  a Academia Brasileira de Letras aprovou um acordo conciliando as duas ortografias.

No século XXI, a polêmica gira em torno do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 2009 .

Signatários do acordo explicaram, em nota, seu propósito "A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo".

Mesmo assim, até hoje, críticos questionam se as mudanças propostas pelo acordo realmente trarão melhoria pra a comunicação entre os povos de língua portuguesa, ou apenas transtornos.  Uma vez que as diferenças ortográficas, e as variações nas escritas da língua não impediam a compreensão dos leitores.

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