Na sexta-feira, o Estado esteve em um armazém que conta com os "serviços" do Sintram em Rio Verde, região que concentra a maior fonte de renda da entidade. É lá que mora seu presidente, Djalma Domingos dos Santos.Em Rio Verde, o sindicato recebe de uma empresa agrícola, por exemplo, R$ 3,64 por tonelada de farelo de soja carregada por um trabalhador. Com encargos sociais e "desconto" de 15% do sindicato - impresso no contracheque, conforme documentos obtidos pelo Estado - sobra R$ 1,77 para o funcionário, que, por dia, carrega cerca de 40 toneladas.Hoje, são mais de 1,7 mil trabalhadores. Na alta colheita, passam de 3 mil. A arrecadação com o serviço prestado às empresas pode superar R$ 1 milhão por mês.O Sintram é suspeito de fraudes no mercado de trabalho, aliciamento de trabalhadores nordestinos e coação com arma de fogo. Também é investigado por fechar contratos de mão obra travestidos de "acordo coletivo"."São verdadeiros contratos de prestação de serviço avulsos", diz o procurador do Trabalho Antônio Cavalcante, que atua em Goiânia. A investigação mostra que o sindicato fornece mão de obra fixa às empresas.Tramita há dois anos no Ministério Público de Rio Verde um inquérito que apura práticas ilícitas do sindicato. Uma denúncia foi feita por ex-funcionário da filial do sindicato na pequena cidade de Montividiu, a 45 quilômetros de Rio Verde. Sob condição de sigilo, o trabalhador diz que Djalma dos Santos usava arma para "intimidar" funcionários, além de cobrar R$ 40 por colchões, senão trabalhadores dormiam no chão. "Djalma pôs arma de fogo com o intuito de intimidar", diz a denúncia. Em depoimento aos procuradores, o presidente do sindicato negou acusações e omitiu informação de que retém 15% do salário dos trabalhadores.