O pai de um menino que morreu no ataque* à creche Cantinho Bom Pastor em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou o local no fim da manhã chorando e carregando o material escolar da criança. “Só sobrou a mochila do meu filho”, disse Paulo Cunha, pai de Bernardo Pabst da Cunha. Ele estava a caminho do Instituto Médico Legal (IML), para onde os corpos das quatro vítimas foram levados.
O mortos são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil. Outras cinco crianças ficaram feridas.
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Quatro crianças foram mortas por homem que invadiu a escola com machadinha. Crédito: Vanessa Eskelsen
“Agradeço a Deus todos os momentos que vivi com o meu filho. A partir de hoje a memória dele vai ser honrada no meu coração”, afirmou a jornalistas Bruno Bride, pai de Bernardo, de 5 anos, também vítima do ataque na creche. Ele contou ainda que nesta manhã os dois foram para creche dando pulos “imitando um coelhinho”.
“Quantos outros anjos a gente vai perder ainda”, questionou a empresária Janaina de Oliveira Tavares na frente da creche. O sobrinho de seu irmão foi uma das vítimas do homem que invadiu o local no momento em que as crianças brincavam em um pátio próximo ao muro.
Segundo os bombeiros, havia 40 crianças na creche nesta manhã e o agressor, que não teve a identidade revelada, teria pulado o muro e atingido as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.
As vítimas são:
- Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
- Bernardo Pabst da Cunha, 4 anos
- Larissa Maia Toldo, 7 anos
- Enzo Marchesin Barbosa, de 4 anos
Em nota de pesar, a direção da creche particular, que atende crianças de 0 a 12 anos, incluindo contraturno escolar, afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.” (Leia íntegra abaixo)
NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.