“Agradeço a Deus por todos os momentos que vivi com o meu filho. A partir de hoje a memória dele vai ser honrada no meu coração”, afirmou Bruno Bride, pai de Bernardo Cunha Machado, de 5 anos, uma das quatro vítimas fatais do homem* que invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, na manhã desta quarta-feira, 5.
Bride lembrou que ele, o filho e uma outra criança foram para a escola hoje dando pulos, “imitando um coelhinho”. “Peço que Deus conforte meu coração para lidar com essa situação. Eu vou honrar a memória do meu filho todos os dias. Que Deus conforte o coração de todas as famílias”, afirmou a jornalistas.
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Ele contou que os dois foram para a escola nesta quarta dando pulos "imitando um coelhinho". Crédito: Vanessa Eskelsen
As vítimas são:
- Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
- Bernardo Pabst da Cunha, 4 anos
- Larissa Maia Toldo, 7 anos
- Enzo Marchesin, de 4 anos
Havia 40 crianças na creche nesta manhã. Uma delas é a filha de 4 anos do vidraceiro Henrique Araújo, de 31. A menina não se feriu, mas estava no pátio onde as crianças que brincavam foram atingidas.
Ela relatou que viu o moço de capacete rosa pular o muro com um martelo e uma faca na mão e chamou a professora”, disse Araújo. O “martelo” a que a criança se referia foi a machadinha usada pelo agressor para golpear os alunos.
A menina, afirmou o pai, contou ter visto o homem bater com a arma na cabeça de um coleguinha, que acabou morrendo. “Ela só chora em casa. Para essas crianças voltarem para a escola vai ser complicado.”
Quatro crianças – duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos – foram levadas para o Hospital Santo Antônio, passaram por cirurgia e têm quadro estável. “Elas foram atendidas pela equipe de urgência e emergência e as famílias estão recebendo apoio da equipe multiprofissional da instituição”, disse o hospital em nota. Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, segundo a prefeitura.
Em nota de pesar, a direção da creche particular afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.” A escola atende crianças de 0 a 12 anos (incluindo contraturno escolar).
O homem fugiu do local e se entregou no 10º Batalhão da Polícia Militar, onde foi preso. “Ele já tinha passagens pela polícia. Não sabemos se com condenações transitadas em julgado”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi. “Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel.”
NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.