Funcionária há quatro anos do berçário da creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, a professora Simone Aparecida Camargo se trancou com os bebês em no banheiro quando percebeu a invasão ao local. Um homem de 25 anos matou quatro crianças com golpes de machadinha. Outras cinco ficaram feridas e têm quadro estável.
A professora trocava mensagens com o marido, o motorista André Nazário, por volta das 9h, quando houve o ataque. “Falei com ela para se abaixar e ela se trancou com as crianças”, disse ele. “Depois ela gravou um áudio chorando falando que as crianças foram atacadas no pátio”, afirmou.
Havia 40 crianças na creche quando o homem, que já tem passagem pela polícia, pulou o muro e entrou no local na manhã desta quarta-feira, 5.
A filha de 4 anos do vidraceiro Henrique Araújo, de 31, estava no pátio onde as crianças foram atingidas. “Ela relatou que viu o moço de capacete rosa pular o muro com um martelo e uma faca na mão”, disse. O “martelo” a que a criança se referia foi a machadinha usada pelo agressor para golpear os alunos.
Segundo o pai, ela contou ter visto o homem bater com a arma na cabeça de um menino, que acabou morrendo. “Ela só chora em casa. Para essas crianças voltarem para a escola vai ser complicado.”
Após fugir do local do crime, o agressor se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.
Em nota de pesar, a direção da creche afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho”, diz o texto.
As vítimas foram identificadas como:
- Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
- Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos
- Larissa Maia Toldo, 7 anos
- Enzo Marchesin, de 4 anos
NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.