Quatro crianças com idades entre 4 e 7 anos foram mortas na manhã desta quarta-feira, 5, na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Segundo o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), todas as vítimas – três meninos e uma menina – eram filhos únicos. Um homem* de 25 anos pulou o muro e invadiu o local com uma machadinha. Ele se entregou no 10º Batalhão de Polícia Militar e está preso.
Quem são as vítimas
- Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
- Bernardo Pabst da Cunha, 4 anos
- Larissa Maia Toldo, 7 anos
- Enzo Marchesin, de 4 anos
O pai de Bernardo Cunha Machado, de 5 anos, conversou com os jornalistas na frente da creche e contou como foi o último contato com o filho vivo. “Hoje a gente veio para a creche, eu, ele e um amiguinho, pulando, imitando um coelhinho”, afirmou Bruno Bride. “Agradeço a Deus por todos os momentos que vivi com o meu filho. A partir de hoje a memória dele vai ser honrada no meu coração.”
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Ele contou que os dois foram para a escola nesta quarta dando pulos "imitando um coelhinho". Crédito: Vanessa Eskelsen
Os pais de Bernardo Pabst da Cunha, de 4 anos, chegaram à creche chorando muito. Na saída, o pai, que não foi identificado, carregava no colo a mochila com os pertences da criança. “Só sobrou a mochila do meu filho”, disse Paulo Cunha a um homem na frente da escola. Na sequência, foi abraçado e consolado por pessoas que estavam no local. Em seguida, ele seguiu para o Instituto Médico Legal, para onde os corpos foram levados.
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Quatro crianças foram mortas por homem que invadiu a escola com machadinha. Crédito: Vanessa Eskelsen
Saiba mais sobre as vítimas
Feridos
Outras cinco crianças ficaram feridas no ataque. Duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos foram levados para o Hospital Santo Antônio e tiveram alta nesta quinta-feira, 6. Uma quinta criança foi levada pelos pais para o Hospital Santa Isabel e foi para casa no mesmo dia.
A creche
A creche Cantinho Bom Pastor atende crianças desde o berçário até os 12 anos, incluindo o contraturno escolar. Ainda não há previsão de reabertura.
No momento do ataque, 30 crianças estavam no local. A filha de 4 anos do vidraceiro Henrique Araújo é uma delas. “Ela só chora. Para essas crianças voltarem para a escola vai ser complicado.”
A menina contou ao pai ter visto o “moço com capacete rosa pular o muro com uma faca e um martelo” (como ela se referiu à machadinha). A criança relatou o momento em que o homem atingiu o colega Enzo, de 4 anos, na cabeça.
Em nota de pesar, a direção da creche afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho”, diz o texto.
NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.
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