Ataque em creche de Blumenau tem 4 crianças mortas


Vítimas tinham entre 4 e 7 anos; ataque ocorreu na manhã desta quarta-feira, no interior de Santa Catarina

Por Marco Aurélio Júnior, Vanessa Eskelsen e Priscila Mengue
Atualização:

Um ataque* na creche Cantinho Bom Pastor na Rua dos Caçadores, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou quatro crianças mortas na manhã desta quarta-feira, 5. As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.

As vítimas foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos
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Quatro crianças – duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos – foram levadas para o Hospital Santo Antônio, passaram por cirurgia e têm quadro estável. “Os pacientes que foram atendidos na instituição foram submetidos a tratamento cirúrgico sob anestesia geral e encontram-se estáveis em acompanhamento da equipe”, disse o hospital em nota. “Os pacientes estarão indo para a enfermaria no período da tarde e ficarão em observação por pelo menos 24h.” Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, de acordo com a prefeitura.

Segundo os bombeiros, havia 40 crianças na creche nesta manhã e o agressor teria pulado o muro e atingido as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.

Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles saíram. O pai carregava o material escolar. “Só sobrou a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.

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Movimentação na frente da creche em Blumenau, onde ao menos quatro crianças foram mortas. Foto: Divulgação/CBMSC

O agressor se manteve calado e a polícia investiga se outras pessoas estão envolvidas no caso. Em 2021, o homem esfaqueou o padrasto. “Ele já tinha passagens pela polícia. Não sabemos se com condenações transitadas em julgado”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi. “Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse.

À tarde, durante entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

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Pais correram até a creche, que é particular, para buscar informações logo após a confirmação de que houve o ataque. Igor Augusto, funcionário de uma creche próxima do local, disse ter acompanhado o desespero das professoras após o ataque. “A dona da creche estava gritando muito.”

Em nota de pesar, a direção da creche particular, que atende crianças de 0 a 12, incluindo contraturno escolar, afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.” (Leia íntegra abaixo)

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“Estamos arrasados. A gente nunca imagina que poderia acontecer tão perto da gente”, afirmou Bruna Damião Volkmann, de 29 anos, mãe de um aluno de 5 que frequenta a creche, mas no período da tarde.

A prefeitura de Blumenau vai decretar luto de 30 dias. O governo do Estado decretou luto de três dias pelas mortes na creche. As aulas nas redes municipal e estadual foram suspensas na cidade.

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O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o Município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos avaliar como cada família vai querer fazer o seu velório. E vamos agora também cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.

Uma creche foi alvo de um ataque na manhã desta quarta-feira em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.  Foto: Cristóvão Vieira / O Município Blumenau

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), esteve na creche no fim da manhã. Mais cedo, em redes sociais, lamentou o atentado e determinou a abertura de investigação. “É com enorme tristeza que recebo a lamentável notícia de que a creche particular Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi invadida por um assassino que atacou crianças e funcionários”, disse.

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“Determinei imediatamente a ação das nossas forças de segurança, que já estão no local. O assassino já está preso. Deixo aqui a minha total solidariedade. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou em rede social e classificou o ataque de “monstruosidade”. “Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu.

Já o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo federal está acompanhando o caso. “Recebemos chocados a informação do ataque a uma creche em Santa Catarina, vitimando crianças indefesas e provocando uma dor imensurável às famílias e angústia à população. Minha solidariedade a todos diante dessa tragédia, que comove o país.”

Em nota, o procurador-geral de Justiça de Santa Catarina, Fernando da Silva Comin, informou que o Ministério Público do Estado “irá acompanhar todos os desdobramentos no âmbito criminal e cível” do caso. A instituição também pediu ao público em geral e à imprensa que não divulguem imagens, o nome e demais informações pessoais do autor, “para evitar o estímulo para novos ataques”.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, lamentou o ataque em Blumenau durante uma agenda oficial nesta quarta. “Um país que mata crianças é tudo, menos democrático. É tudo, menos decente. Estamos falhando miseravelmente com as crianças e adolescentes, com as pessoas que mais precisam de nós. Temos que admitir isso para podermos dar um passo à frente”, disse.

Em 2021, outra creche de Santa Catarina foi alvo de um ataque. Um homem de 18 anos invadiu o local em Saudades, no oeste do Estado, com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

Há dez dias, em São Paulo, um adolescente de 13 anos invadiu a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, com uma faca e matou uma professora de 71 anos e feriu outras quatro pessoas.

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

Leia íntegra de nota da creche:

“Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afeta cada criança, familiar e amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.

Nos solidarizamos com todas as famílias atingidas direta e indiretamente, colaboradores, professores e amigos. Iremos trabalhar incessantemente com as autoridades, com a finalidade de apurar os fatos, a motivação e exigir as mais duras punições legais aos envolvidos. Agradecemos a solidariedade e a assistência prontamente dada pelos serviços de saúde, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Civil, Governo Municipal e Estadual, e a todas as pessoas que de alguma forma estão ajudando ou trabalhando para trazer algum consolo, afeto, carinho e amparo às vítimas e suas famílias.

Ficamos à disposição para esclarecimentos, contando com a compreensão de todos pelas dificuldades que estamos enfrentando, bem como com as dores terríveis que atingem nosso coração em luto.”

Um ataque* na creche Cantinho Bom Pastor na Rua dos Caçadores, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou quatro crianças mortas na manhã desta quarta-feira, 5. As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.

As vítimas foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos

Quatro crianças – duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos – foram levadas para o Hospital Santo Antônio, passaram por cirurgia e têm quadro estável. “Os pacientes que foram atendidos na instituição foram submetidos a tratamento cirúrgico sob anestesia geral e encontram-se estáveis em acompanhamento da equipe”, disse o hospital em nota. “Os pacientes estarão indo para a enfermaria no período da tarde e ficarão em observação por pelo menos 24h.” Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, de acordo com a prefeitura.

Segundo os bombeiros, havia 40 crianças na creche nesta manhã e o agressor teria pulado o muro e atingido as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.

Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles saíram. O pai carregava o material escolar. “Só sobrou a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.

Movimentação na frente da creche em Blumenau, onde ao menos quatro crianças foram mortas. Foto: Divulgação/CBMSC

O agressor se manteve calado e a polícia investiga se outras pessoas estão envolvidas no caso. Em 2021, o homem esfaqueou o padrasto. “Ele já tinha passagens pela polícia. Não sabemos se com condenações transitadas em julgado”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi. “Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse.

À tarde, durante entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

Pais correram até a creche, que é particular, para buscar informações logo após a confirmação de que houve o ataque. Igor Augusto, funcionário de uma creche próxima do local, disse ter acompanhado o desespero das professoras após o ataque. “A dona da creche estava gritando muito.”

Em nota de pesar, a direção da creche particular, que atende crianças de 0 a 12, incluindo contraturno escolar, afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.” (Leia íntegra abaixo)

“Estamos arrasados. A gente nunca imagina que poderia acontecer tão perto da gente”, afirmou Bruna Damião Volkmann, de 29 anos, mãe de um aluno de 5 que frequenta a creche, mas no período da tarde.

A prefeitura de Blumenau vai decretar luto de 30 dias. O governo do Estado decretou luto de três dias pelas mortes na creche. As aulas nas redes municipal e estadual foram suspensas na cidade.

O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o Município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos avaliar como cada família vai querer fazer o seu velório. E vamos agora também cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.

Uma creche foi alvo de um ataque na manhã desta quarta-feira em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.  Foto: Cristóvão Vieira / O Município Blumenau

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), esteve na creche no fim da manhã. Mais cedo, em redes sociais, lamentou o atentado e determinou a abertura de investigação. “É com enorme tristeza que recebo a lamentável notícia de que a creche particular Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi invadida por um assassino que atacou crianças e funcionários”, disse.

“Determinei imediatamente a ação das nossas forças de segurança, que já estão no local. O assassino já está preso. Deixo aqui a minha total solidariedade. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou em rede social e classificou o ataque de “monstruosidade”. “Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu.

Já o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo federal está acompanhando o caso. “Recebemos chocados a informação do ataque a uma creche em Santa Catarina, vitimando crianças indefesas e provocando uma dor imensurável às famílias e angústia à população. Minha solidariedade a todos diante dessa tragédia, que comove o país.”

Em nota, o procurador-geral de Justiça de Santa Catarina, Fernando da Silva Comin, informou que o Ministério Público do Estado “irá acompanhar todos os desdobramentos no âmbito criminal e cível” do caso. A instituição também pediu ao público em geral e à imprensa que não divulguem imagens, o nome e demais informações pessoais do autor, “para evitar o estímulo para novos ataques”.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, lamentou o ataque em Blumenau durante uma agenda oficial nesta quarta. “Um país que mata crianças é tudo, menos democrático. É tudo, menos decente. Estamos falhando miseravelmente com as crianças e adolescentes, com as pessoas que mais precisam de nós. Temos que admitir isso para podermos dar um passo à frente”, disse.

Em 2021, outra creche de Santa Catarina foi alvo de um ataque. Um homem de 18 anos invadiu o local em Saudades, no oeste do Estado, com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

Há dez dias, em São Paulo, um adolescente de 13 anos invadiu a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, com uma faca e matou uma professora de 71 anos e feriu outras quatro pessoas.

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

Leia íntegra de nota da creche:

“Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afeta cada criança, familiar e amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.

Nos solidarizamos com todas as famílias atingidas direta e indiretamente, colaboradores, professores e amigos. Iremos trabalhar incessantemente com as autoridades, com a finalidade de apurar os fatos, a motivação e exigir as mais duras punições legais aos envolvidos. Agradecemos a solidariedade e a assistência prontamente dada pelos serviços de saúde, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Civil, Governo Municipal e Estadual, e a todas as pessoas que de alguma forma estão ajudando ou trabalhando para trazer algum consolo, afeto, carinho e amparo às vítimas e suas famílias.

Ficamos à disposição para esclarecimentos, contando com a compreensão de todos pelas dificuldades que estamos enfrentando, bem como com as dores terríveis que atingem nosso coração em luto.”

Um ataque* na creche Cantinho Bom Pastor na Rua dos Caçadores, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou quatro crianças mortas na manhã desta quarta-feira, 5. As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.

As vítimas foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos

Quatro crianças – duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos – foram levadas para o Hospital Santo Antônio, passaram por cirurgia e têm quadro estável. “Os pacientes que foram atendidos na instituição foram submetidos a tratamento cirúrgico sob anestesia geral e encontram-se estáveis em acompanhamento da equipe”, disse o hospital em nota. “Os pacientes estarão indo para a enfermaria no período da tarde e ficarão em observação por pelo menos 24h.” Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, de acordo com a prefeitura.

Segundo os bombeiros, havia 40 crianças na creche nesta manhã e o agressor teria pulado o muro e atingido as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.

Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles saíram. O pai carregava o material escolar. “Só sobrou a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.

Movimentação na frente da creche em Blumenau, onde ao menos quatro crianças foram mortas. Foto: Divulgação/CBMSC

O agressor se manteve calado e a polícia investiga se outras pessoas estão envolvidas no caso. Em 2021, o homem esfaqueou o padrasto. “Ele já tinha passagens pela polícia. Não sabemos se com condenações transitadas em julgado”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi. “Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse.

À tarde, durante entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

Pais correram até a creche, que é particular, para buscar informações logo após a confirmação de que houve o ataque. Igor Augusto, funcionário de uma creche próxima do local, disse ter acompanhado o desespero das professoras após o ataque. “A dona da creche estava gritando muito.”

Em nota de pesar, a direção da creche particular, que atende crianças de 0 a 12, incluindo contraturno escolar, afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.” (Leia íntegra abaixo)

“Estamos arrasados. A gente nunca imagina que poderia acontecer tão perto da gente”, afirmou Bruna Damião Volkmann, de 29 anos, mãe de um aluno de 5 que frequenta a creche, mas no período da tarde.

A prefeitura de Blumenau vai decretar luto de 30 dias. O governo do Estado decretou luto de três dias pelas mortes na creche. As aulas nas redes municipal e estadual foram suspensas na cidade.

O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o Município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos avaliar como cada família vai querer fazer o seu velório. E vamos agora também cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.

Uma creche foi alvo de um ataque na manhã desta quarta-feira em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.  Foto: Cristóvão Vieira / O Município Blumenau

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), esteve na creche no fim da manhã. Mais cedo, em redes sociais, lamentou o atentado e determinou a abertura de investigação. “É com enorme tristeza que recebo a lamentável notícia de que a creche particular Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi invadida por um assassino que atacou crianças e funcionários”, disse.

“Determinei imediatamente a ação das nossas forças de segurança, que já estão no local. O assassino já está preso. Deixo aqui a minha total solidariedade. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou em rede social e classificou o ataque de “monstruosidade”. “Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu.

Já o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo federal está acompanhando o caso. “Recebemos chocados a informação do ataque a uma creche em Santa Catarina, vitimando crianças indefesas e provocando uma dor imensurável às famílias e angústia à população. Minha solidariedade a todos diante dessa tragédia, que comove o país.”

Em nota, o procurador-geral de Justiça de Santa Catarina, Fernando da Silva Comin, informou que o Ministério Público do Estado “irá acompanhar todos os desdobramentos no âmbito criminal e cível” do caso. A instituição também pediu ao público em geral e à imprensa que não divulguem imagens, o nome e demais informações pessoais do autor, “para evitar o estímulo para novos ataques”.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, lamentou o ataque em Blumenau durante uma agenda oficial nesta quarta. “Um país que mata crianças é tudo, menos democrático. É tudo, menos decente. Estamos falhando miseravelmente com as crianças e adolescentes, com as pessoas que mais precisam de nós. Temos que admitir isso para podermos dar um passo à frente”, disse.

Em 2021, outra creche de Santa Catarina foi alvo de um ataque. Um homem de 18 anos invadiu o local em Saudades, no oeste do Estado, com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

Há dez dias, em São Paulo, um adolescente de 13 anos invadiu a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, com uma faca e matou uma professora de 71 anos e feriu outras quatro pessoas.

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

Leia íntegra de nota da creche:

“Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afeta cada criança, familiar e amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.

Nos solidarizamos com todas as famílias atingidas direta e indiretamente, colaboradores, professores e amigos. Iremos trabalhar incessantemente com as autoridades, com a finalidade de apurar os fatos, a motivação e exigir as mais duras punições legais aos envolvidos. Agradecemos a solidariedade e a assistência prontamente dada pelos serviços de saúde, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Civil, Governo Municipal e Estadual, e a todas as pessoas que de alguma forma estão ajudando ou trabalhando para trazer algum consolo, afeto, carinho e amparo às vítimas e suas famílias.

Ficamos à disposição para esclarecimentos, contando com a compreensão de todos pelas dificuldades que estamos enfrentando, bem como com as dores terríveis que atingem nosso coração em luto.”

Um ataque* na creche Cantinho Bom Pastor na Rua dos Caçadores, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou quatro crianças mortas na manhã desta quarta-feira, 5. As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.

As vítimas foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos

Quatro crianças – duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos – foram levadas para o Hospital Santo Antônio, passaram por cirurgia e têm quadro estável. “Os pacientes que foram atendidos na instituição foram submetidos a tratamento cirúrgico sob anestesia geral e encontram-se estáveis em acompanhamento da equipe”, disse o hospital em nota. “Os pacientes estarão indo para a enfermaria no período da tarde e ficarão em observação por pelo menos 24h.” Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, de acordo com a prefeitura.

Segundo os bombeiros, havia 40 crianças na creche nesta manhã e o agressor teria pulado o muro e atingido as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.

Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles saíram. O pai carregava o material escolar. “Só sobrou a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.

Movimentação na frente da creche em Blumenau, onde ao menos quatro crianças foram mortas. Foto: Divulgação/CBMSC

O agressor se manteve calado e a polícia investiga se outras pessoas estão envolvidas no caso. Em 2021, o homem esfaqueou o padrasto. “Ele já tinha passagens pela polícia. Não sabemos se com condenações transitadas em julgado”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi. “Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse.

À tarde, durante entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

Pais correram até a creche, que é particular, para buscar informações logo após a confirmação de que houve o ataque. Igor Augusto, funcionário de uma creche próxima do local, disse ter acompanhado o desespero das professoras após o ataque. “A dona da creche estava gritando muito.”

Em nota de pesar, a direção da creche particular, que atende crianças de 0 a 12, incluindo contraturno escolar, afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.” (Leia íntegra abaixo)

“Estamos arrasados. A gente nunca imagina que poderia acontecer tão perto da gente”, afirmou Bruna Damião Volkmann, de 29 anos, mãe de um aluno de 5 que frequenta a creche, mas no período da tarde.

A prefeitura de Blumenau vai decretar luto de 30 dias. O governo do Estado decretou luto de três dias pelas mortes na creche. As aulas nas redes municipal e estadual foram suspensas na cidade.

O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o Município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos avaliar como cada família vai querer fazer o seu velório. E vamos agora também cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.

Uma creche foi alvo de um ataque na manhã desta quarta-feira em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.  Foto: Cristóvão Vieira / O Município Blumenau

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), esteve na creche no fim da manhã. Mais cedo, em redes sociais, lamentou o atentado e determinou a abertura de investigação. “É com enorme tristeza que recebo a lamentável notícia de que a creche particular Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi invadida por um assassino que atacou crianças e funcionários”, disse.

“Determinei imediatamente a ação das nossas forças de segurança, que já estão no local. O assassino já está preso. Deixo aqui a minha total solidariedade. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou em rede social e classificou o ataque de “monstruosidade”. “Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu.

Já o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo federal está acompanhando o caso. “Recebemos chocados a informação do ataque a uma creche em Santa Catarina, vitimando crianças indefesas e provocando uma dor imensurável às famílias e angústia à população. Minha solidariedade a todos diante dessa tragédia, que comove o país.”

Em nota, o procurador-geral de Justiça de Santa Catarina, Fernando da Silva Comin, informou que o Ministério Público do Estado “irá acompanhar todos os desdobramentos no âmbito criminal e cível” do caso. A instituição também pediu ao público em geral e à imprensa que não divulguem imagens, o nome e demais informações pessoais do autor, “para evitar o estímulo para novos ataques”.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, lamentou o ataque em Blumenau durante uma agenda oficial nesta quarta. “Um país que mata crianças é tudo, menos democrático. É tudo, menos decente. Estamos falhando miseravelmente com as crianças e adolescentes, com as pessoas que mais precisam de nós. Temos que admitir isso para podermos dar um passo à frente”, disse.

Em 2021, outra creche de Santa Catarina foi alvo de um ataque. Um homem de 18 anos invadiu o local em Saudades, no oeste do Estado, com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

Há dez dias, em São Paulo, um adolescente de 13 anos invadiu a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, com uma faca e matou uma professora de 71 anos e feriu outras quatro pessoas.

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

Leia íntegra de nota da creche:

“Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afeta cada criança, familiar e amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.

Nos solidarizamos com todas as famílias atingidas direta e indiretamente, colaboradores, professores e amigos. Iremos trabalhar incessantemente com as autoridades, com a finalidade de apurar os fatos, a motivação e exigir as mais duras punições legais aos envolvidos. Agradecemos a solidariedade e a assistência prontamente dada pelos serviços de saúde, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Civil, Governo Municipal e Estadual, e a todas as pessoas que de alguma forma estão ajudando ou trabalhando para trazer algum consolo, afeto, carinho e amparo às vítimas e suas famílias.

Ficamos à disposição para esclarecimentos, contando com a compreensão de todos pelas dificuldades que estamos enfrentando, bem como com as dores terríveis que atingem nosso coração em luto.”

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