Ruas famosas e bairros inteiros de São Paulo estão à venda. As negociações para a compra de Higienópolis, da Rua da Consolação e até da Praça da Sé começam em agosto e devem despertar o interesse dos investidores... Tudo de "mentirinha", é claro. Duas novas versões do jogo de tabuleiro Banco Imobiliário chegarão às lojas na próxima semana, com uma São Paulo diferente. As ruas e bairros da primeira versão do jogo foram alteradas, com exceção da Avenida Paulista - o xodó dos paulistanos. Cartas concorridas como as que garantiam a compra dos bairros do Morumbi e do Brooklin foram substituídas por Higienópolis e Jardins. Com a bagatela de $ 750 mil - na moeda do jogo - é possível adquirir o título de posse desses bairros no novo jogo e começar a investir, comprando imóveis. "É bom que dá um gostinho, deixa a gente sonhar", disse a atendente Flávia Vitoriano, de 21 anos, que não tem casa própria e nunca jogou Banco Imobiliário. Só na Avenida Higienópolis, por exemplo, o metro quadrado custa R$ 3,5 mil. A idéia do jogo não é refletir exatamente o ranking do mercado imobiliário. Se fosse assim, avenidas como a Brigadeiro Faria Lima, onde o metro quadrado custa em média R$ 12 mil, e a Berrini, a R$ 5 mil, não poderiam ficar de fora do tabuleiro. "Escolhemos logradouros que, de alguma forma, são importantes no momento, principalmente do ponto de vista cultural", disse o diretor de Marketing da Brinquedos Estrela, Aires Leal Fernandes. Aos 50 anos, ele diz que ainda joga com os filhos, para "sociabilizar". CIDADE DOS SONHOS O que a estudante Tayara Veríssimo, de 9 anos, conhece de São Paulo está no tabuleiro do Banco Imobiliário. Ela mora em Campo Grande (MS), a 994 quilômetros da capital paulista. Quando tiver o novo jogo pretende ser dona da Praça da Sé. Por quê? "Deve ser um lugar com bastante bancos, árvores e lugar para brincar." E sem mendigos, ela acrescentou. Tayara imagina que todas as ruas do jogo existam mesmo, menos uma. "A Brigadeiro", respondeu, referindo-se à Faria Lima, que fazia parte do primeiro tabuleiro. Na brincadeira do "se essa rua fosse minha", o presidente da ONG Preserva São Paulo levaria para casa a São João. "Ela é mitológica, é a alma da cidade", diz Jorge Eduardo Rubies. "Falta só tirar o Minhocão, limpar e colocar policiamento." No jogo, é possível comprar não só a São João, mas também a Ipiranga, garantindo assim a propriedade da lendária esquina cantada por Caetano Veloso. Embora as duas ruas tenham perdido valor nos últimos 60 anos, a esquina tem conseguido se manter. Ali, o metro quadrado vale R$ 3 mil e nos imóveis vizinhos, R$ 1,5 mil. Nascido em Bauru, mas paulistano por adoção, o urbanista João Valente Filho diz que o jogo vai perpetuar uma brincadeira caipira que ele ouvia desde criança e tinha como foco a compra do Viaduto do Chá. "Rolavam várias histórias de golpe, de pessoas que compraram a distância o viaduto", conta. "De qualquer forma é um ponto ótimo porque a cidade se formou perto dali." E assim, no tabuleiro, São Paulo faz uma pausa para a brincadeira... SÓ PONTOS TURÍSTICOS A segunda versão do jogo, o Banco Imobiliário Brasil, trará no tabuleiro somente pontos turísticos brasileiros escolhidos por internautas no site da Estrela, que sugeria 69 locais. Os 22 mais votados estão na versão. A cidade de Blumenau (SC) foi a campeã, com 11.950 votos, na frente até mesmo do Cristo Redentor, no Rio, que teve apenas 1.372 votos. CURIOSIDADES Novidade: Além de alterar as ruas do jogo tradicional, a Estrela lançará em agosto uma versão com 22 pontos turísticos brasileiros Escolha: Foi feita por votação na internet. Em SP, saíram vitoriosos o Masp, a Rua 25 de Março, o Parque do Ibirapuera e o Museu do Ipiranga Campeã: A mais votada foi a cidade de Blumenau em Santa Catarina, com 11 mil votos Preço: O jogo custa R$ 84,90
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