Bandidos invadem Guarapuava (PR), atacam polícia e moradores relatam noite de terror


Vídeos publicados nas redes sociais mostram barulhos de tiros e veículos incendiados; alvo era empresa de transporte de valores, mas PM diz que grupo não conseguiu executar o roubo; ministro da Justiça defende penas mais duras

Por José Maria Tomazela e Isabela Moya

Uma quadrilha com cerca de 30 integrantes fortemente armados invadiu o município de Guarapuava, no interior do Paraná, fez reféns e trocou tiros com a Polícia Militar, durante ataque a uma empresa de valores, entre a noite de domingo, 17, e a madrugada desta segunda-feira, 18. Três pessoas, entre elas dois policiais militares, ficaram feridas. Os criminosos incendiaram veículos para bloquear acessos e atacaram o Batalhão da PM. Os reféns foram obrigados a formar um cordão humano em frente à empresa de valores.

Vídeos mostram veículos incendiados na cidade de Guarapuava, no Paraná Foto: Reprodução/ Twitter

A ação começou por volta de 23 horas e terminou no início da madrugada. A cidade, de 183 mil habitantes, foi acordada por tiros e rajadas de fuzil. Nas redes sociais, moradores relatam uma "noite de terror" com barulho de tiros, incêndio em veículos e reféns. O movimento de quadrilhas especializadas em megarroubos em cidades do interior tem sido chamado de "novo cangaço". 

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Os criminosos invadiram a região central em ao menos sete carros blindados e se dividiram. Enquanto um grupo atacava a Proforte, empresa de transporte de valores, outro atirava contra o batalhão. Dois veículos foram incendiados em frente à unidade para dificultar a saída dos policiais. Outros dois veículos foram queimados na Rodovia BR-277, que dá acesso à cidade, segundo o Corpo de Bombeiros.

Moradores que estavam nas ruas foram tomados como reféns. Um grupo deles foi obrigado a formar um cordão humano para coibir a ação da polícia. Além dos dois policiais feridos, um morador foi atingido por um tiro no braço. Ele foi atendido em uma unidade de saúde municipal. Moradores relataram que os bandidos atiraram contra postes e transformadores de energia para deixar a cidade às escuras.

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Conforme o comandante do 16º Batalhão, coronel Joas Marcos Carneiro Lins, a ação durou cerca de três horas e o alvo era a empresa Proforte, que não chegou a ser roubada. Segundo ele, os criminosos fugiram sem conseguir executar o assalto que tinham planejado. “Já tínhamos um plano de contingência, devido aos fatos que estavam ocorrendo em várias regiões do Estado. Assim que o ataque foi iniciado, conseguimos bloquear os acessos para as rodovias e eles fugiram para a área rural, onde ainda estão sendo procurados”, disse.

 O coronel afirma que houve dois confrontos com os criminosos em fuga e alguns deles podem ter sido feridos. Às 8h45, o cerco aos assaltantes continuava nas áreas rurais, com apoio da PM de cidades vizinhas. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres afirmou ter enviado agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para dar apoio à cidade. 

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A atriz Larissa Manoela, nascida no município paranaense, se manifestou nas redes sociais. "Meu Deus, meu coração apertado pela minha cidade Guarapuava. Eu tô com vocês. Família, amigos. Se protejam!", escreveu. 

Após o ataque, o ministro da Justiça, Anderson Torres, defendeu mudanças na legislação brasileira para endurecer a pena para esses casos. Torres usou as redes sociais para pedir que o Congresso Nacional aprove projeto de lei que endurece a pena para crimes violentos e amplia definição de terrorismo. “Em 25/3/22, enviamos ao Legislativo um PL para alteração da Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013). Proposta essencial para coibir crimes absurdos como esse em Guarapuava. A pena máxima passaria de 8 para 20 anos de reclusão. Conto com o apoio do Parlamento para aprovarmos”, escreveu o ministro.

Plano de contingência auxiliou combate, diz secretário

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O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares, disse que a “pronta resposta” da polícia evitou que os criminosos consumassem o assalto à empresa de valores Proforte. Segundo ele, a ação na cidade paranaense seguiu o padrão dos grandes assaltos em Araçatuba, interior de São Paulo, em agosto do ano passado, e em Criciúma (SC), em novembro do ano anterior.

Soares disse que a polícia paranaense já vinha trocando informações com as polícias dos dois estados vizinhos e conversava também com a Polícia Federal, por isso tinha um plano de contingência para enfrentar um ataque como o que aconteceu em Guarapuava. “A PM deu uma pronta resposta e o plano de contingência deu certo, pois eles (os criminosos) não lograram êxito no assalto, não conseguiram entrar na empresa.”

Questionado sobre o cerco da quadrilha ao batalhão da Polícia Militar, que teve os acessos bloqueados por veículos em chamas e foi atingido por disparos, o secretário disse que isso não impediu a ação da polícia. “Nosso pessoal buscou a perseguição, tanto que eles abandonaram seis veículos e uma arma ponto 50, privativa das Forças Armadas, além de pistolas, dinamites e munição”, disse. Soares disse que uma força-tarefa vai continuar na cidade nos próximos quatro dias para investigar a ação dos criminosos. “Temos três helicópteros sobrevoando a região”, informou.

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O comandante-geral da PM do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, que participou da coletiva, lamentou os dois policiais e o civil feridos e pediu a colaboração da população da zona rural para liberar a entrada dos policiais que estão à caça dos assaltantes. Ele disse não ter a confirmação de que os criminosos levaram reféns durante a fuga. Um dos policiais feridos, cabo Ricieri Chagas, foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e estava em estado estável. O outro PM, cabo José Douglas Bonato, teve fratura na perna, passou por cirurgia e está fora de perigo.

Cidades do interior têm sido alvo do 'novo cangaço'

O episódio tem sido comparado ao mega-assalto a um banco de Criciúma, em Santa Catarina, quando cerca de 30 homens com fuzis bloquearam as ruas da cidade, fizeram reféns, incendiaram veículos e roubaram R$ 125 milhões. Esse crime ocorreu em novembro de 2020.

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Já em agosto do ano passado, um ataque a bancos em Araçatuba, no interior paulista, teve reféns amarrados em carros - usados pelos bandidos como "escudos humanos". A ação terminou com três mortos.  

A ação de quadrilhas especializadas em grandes assaltos é conhecida nos meios policiais como "novo cangaço". O termo faz referência aos bandos itinerantes que atacavam quartéis e roubavam instituições financeiras em pequenas cidades do sertão nordestino, entre os séculos 19 e 20.

Nos últimos dez anos, as quadrilhas têm se notabilizado por usar grande poder de fogo, com armas de uso restrito, para amendrontar cidades inteiras. Os alvos com frequência são agências bancárias ou transportadoras de valores, o que possibilita acesso a grandes quantias de dinheiro. Os grupos se aproveitam de uma estrutura policial reduzida em cidades do interior para a realização dos grandes assaltos. 

A recorrência dos crimes tem gerado reação por parte dos governos. Em São Paulo, foram instalados batalhões especializados em pontos do interior com objetivo de fazer frente ao poder de fogo dos criminosos além de tornar mais ágil a resposta a essas ocorrências. Ainda assim, os casos não deixaram de acontecer. Investigações recentes apontam ligação entre as quadrilhas e o frequente envolvimento de facções organizadas.  

Uma quadrilha com cerca de 30 integrantes fortemente armados invadiu o município de Guarapuava, no interior do Paraná, fez reféns e trocou tiros com a Polícia Militar, durante ataque a uma empresa de valores, entre a noite de domingo, 17, e a madrugada desta segunda-feira, 18. Três pessoas, entre elas dois policiais militares, ficaram feridas. Os criminosos incendiaram veículos para bloquear acessos e atacaram o Batalhão da PM. Os reféns foram obrigados a formar um cordão humano em frente à empresa de valores.

Vídeos mostram veículos incendiados na cidade de Guarapuava, no Paraná Foto: Reprodução/ Twitter

A ação começou por volta de 23 horas e terminou no início da madrugada. A cidade, de 183 mil habitantes, foi acordada por tiros e rajadas de fuzil. Nas redes sociais, moradores relatam uma "noite de terror" com barulho de tiros, incêndio em veículos e reféns. O movimento de quadrilhas especializadas em megarroubos em cidades do interior tem sido chamado de "novo cangaço". 

Os criminosos invadiram a região central em ao menos sete carros blindados e se dividiram. Enquanto um grupo atacava a Proforte, empresa de transporte de valores, outro atirava contra o batalhão. Dois veículos foram incendiados em frente à unidade para dificultar a saída dos policiais. Outros dois veículos foram queimados na Rodovia BR-277, que dá acesso à cidade, segundo o Corpo de Bombeiros.

Moradores que estavam nas ruas foram tomados como reféns. Um grupo deles foi obrigado a formar um cordão humano para coibir a ação da polícia. Além dos dois policiais feridos, um morador foi atingido por um tiro no braço. Ele foi atendido em uma unidade de saúde municipal. Moradores relataram que os bandidos atiraram contra postes e transformadores de energia para deixar a cidade às escuras.

Conforme o comandante do 16º Batalhão, coronel Joas Marcos Carneiro Lins, a ação durou cerca de três horas e o alvo era a empresa Proforte, que não chegou a ser roubada. Segundo ele, os criminosos fugiram sem conseguir executar o assalto que tinham planejado. “Já tínhamos um plano de contingência, devido aos fatos que estavam ocorrendo em várias regiões do Estado. Assim que o ataque foi iniciado, conseguimos bloquear os acessos para as rodovias e eles fugiram para a área rural, onde ainda estão sendo procurados”, disse.

 O coronel afirma que houve dois confrontos com os criminosos em fuga e alguns deles podem ter sido feridos. Às 8h45, o cerco aos assaltantes continuava nas áreas rurais, com apoio da PM de cidades vizinhas. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres afirmou ter enviado agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para dar apoio à cidade. 

A atriz Larissa Manoela, nascida no município paranaense, se manifestou nas redes sociais. "Meu Deus, meu coração apertado pela minha cidade Guarapuava. Eu tô com vocês. Família, amigos. Se protejam!", escreveu. 

Após o ataque, o ministro da Justiça, Anderson Torres, defendeu mudanças na legislação brasileira para endurecer a pena para esses casos. Torres usou as redes sociais para pedir que o Congresso Nacional aprove projeto de lei que endurece a pena para crimes violentos e amplia definição de terrorismo. “Em 25/3/22, enviamos ao Legislativo um PL para alteração da Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013). Proposta essencial para coibir crimes absurdos como esse em Guarapuava. A pena máxima passaria de 8 para 20 anos de reclusão. Conto com o apoio do Parlamento para aprovarmos”, escreveu o ministro.

Plano de contingência auxiliou combate, diz secretário

O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares, disse que a “pronta resposta” da polícia evitou que os criminosos consumassem o assalto à empresa de valores Proforte. Segundo ele, a ação na cidade paranaense seguiu o padrão dos grandes assaltos em Araçatuba, interior de São Paulo, em agosto do ano passado, e em Criciúma (SC), em novembro do ano anterior.

Soares disse que a polícia paranaense já vinha trocando informações com as polícias dos dois estados vizinhos e conversava também com a Polícia Federal, por isso tinha um plano de contingência para enfrentar um ataque como o que aconteceu em Guarapuava. “A PM deu uma pronta resposta e o plano de contingência deu certo, pois eles (os criminosos) não lograram êxito no assalto, não conseguiram entrar na empresa.”

Questionado sobre o cerco da quadrilha ao batalhão da Polícia Militar, que teve os acessos bloqueados por veículos em chamas e foi atingido por disparos, o secretário disse que isso não impediu a ação da polícia. “Nosso pessoal buscou a perseguição, tanto que eles abandonaram seis veículos e uma arma ponto 50, privativa das Forças Armadas, além de pistolas, dinamites e munição”, disse. Soares disse que uma força-tarefa vai continuar na cidade nos próximos quatro dias para investigar a ação dos criminosos. “Temos três helicópteros sobrevoando a região”, informou.

O comandante-geral da PM do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, que participou da coletiva, lamentou os dois policiais e o civil feridos e pediu a colaboração da população da zona rural para liberar a entrada dos policiais que estão à caça dos assaltantes. Ele disse não ter a confirmação de que os criminosos levaram reféns durante a fuga. Um dos policiais feridos, cabo Ricieri Chagas, foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e estava em estado estável. O outro PM, cabo José Douglas Bonato, teve fratura na perna, passou por cirurgia e está fora de perigo.

Cidades do interior têm sido alvo do 'novo cangaço'

O episódio tem sido comparado ao mega-assalto a um banco de Criciúma, em Santa Catarina, quando cerca de 30 homens com fuzis bloquearam as ruas da cidade, fizeram reféns, incendiaram veículos e roubaram R$ 125 milhões. Esse crime ocorreu em novembro de 2020.

Já em agosto do ano passado, um ataque a bancos em Araçatuba, no interior paulista, teve reféns amarrados em carros - usados pelos bandidos como "escudos humanos". A ação terminou com três mortos.  

A ação de quadrilhas especializadas em grandes assaltos é conhecida nos meios policiais como "novo cangaço". O termo faz referência aos bandos itinerantes que atacavam quartéis e roubavam instituições financeiras em pequenas cidades do sertão nordestino, entre os séculos 19 e 20.

Nos últimos dez anos, as quadrilhas têm se notabilizado por usar grande poder de fogo, com armas de uso restrito, para amendrontar cidades inteiras. Os alvos com frequência são agências bancárias ou transportadoras de valores, o que possibilita acesso a grandes quantias de dinheiro. Os grupos se aproveitam de uma estrutura policial reduzida em cidades do interior para a realização dos grandes assaltos. 

A recorrência dos crimes tem gerado reação por parte dos governos. Em São Paulo, foram instalados batalhões especializados em pontos do interior com objetivo de fazer frente ao poder de fogo dos criminosos além de tornar mais ágil a resposta a essas ocorrências. Ainda assim, os casos não deixaram de acontecer. Investigações recentes apontam ligação entre as quadrilhas e o frequente envolvimento de facções organizadas.  

Uma quadrilha com cerca de 30 integrantes fortemente armados invadiu o município de Guarapuava, no interior do Paraná, fez reféns e trocou tiros com a Polícia Militar, durante ataque a uma empresa de valores, entre a noite de domingo, 17, e a madrugada desta segunda-feira, 18. Três pessoas, entre elas dois policiais militares, ficaram feridas. Os criminosos incendiaram veículos para bloquear acessos e atacaram o Batalhão da PM. Os reféns foram obrigados a formar um cordão humano em frente à empresa de valores.

Vídeos mostram veículos incendiados na cidade de Guarapuava, no Paraná Foto: Reprodução/ Twitter

A ação começou por volta de 23 horas e terminou no início da madrugada. A cidade, de 183 mil habitantes, foi acordada por tiros e rajadas de fuzil. Nas redes sociais, moradores relatam uma "noite de terror" com barulho de tiros, incêndio em veículos e reféns. O movimento de quadrilhas especializadas em megarroubos em cidades do interior tem sido chamado de "novo cangaço". 

Os criminosos invadiram a região central em ao menos sete carros blindados e se dividiram. Enquanto um grupo atacava a Proforte, empresa de transporte de valores, outro atirava contra o batalhão. Dois veículos foram incendiados em frente à unidade para dificultar a saída dos policiais. Outros dois veículos foram queimados na Rodovia BR-277, que dá acesso à cidade, segundo o Corpo de Bombeiros.

Moradores que estavam nas ruas foram tomados como reféns. Um grupo deles foi obrigado a formar um cordão humano para coibir a ação da polícia. Além dos dois policiais feridos, um morador foi atingido por um tiro no braço. Ele foi atendido em uma unidade de saúde municipal. Moradores relataram que os bandidos atiraram contra postes e transformadores de energia para deixar a cidade às escuras.

Conforme o comandante do 16º Batalhão, coronel Joas Marcos Carneiro Lins, a ação durou cerca de três horas e o alvo era a empresa Proforte, que não chegou a ser roubada. Segundo ele, os criminosos fugiram sem conseguir executar o assalto que tinham planejado. “Já tínhamos um plano de contingência, devido aos fatos que estavam ocorrendo em várias regiões do Estado. Assim que o ataque foi iniciado, conseguimos bloquear os acessos para as rodovias e eles fugiram para a área rural, onde ainda estão sendo procurados”, disse.

 O coronel afirma que houve dois confrontos com os criminosos em fuga e alguns deles podem ter sido feridos. Às 8h45, o cerco aos assaltantes continuava nas áreas rurais, com apoio da PM de cidades vizinhas. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres afirmou ter enviado agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para dar apoio à cidade. 

A atriz Larissa Manoela, nascida no município paranaense, se manifestou nas redes sociais. "Meu Deus, meu coração apertado pela minha cidade Guarapuava. Eu tô com vocês. Família, amigos. Se protejam!", escreveu. 

Após o ataque, o ministro da Justiça, Anderson Torres, defendeu mudanças na legislação brasileira para endurecer a pena para esses casos. Torres usou as redes sociais para pedir que o Congresso Nacional aprove projeto de lei que endurece a pena para crimes violentos e amplia definição de terrorismo. “Em 25/3/22, enviamos ao Legislativo um PL para alteração da Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013). Proposta essencial para coibir crimes absurdos como esse em Guarapuava. A pena máxima passaria de 8 para 20 anos de reclusão. Conto com o apoio do Parlamento para aprovarmos”, escreveu o ministro.

Plano de contingência auxiliou combate, diz secretário

O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares, disse que a “pronta resposta” da polícia evitou que os criminosos consumassem o assalto à empresa de valores Proforte. Segundo ele, a ação na cidade paranaense seguiu o padrão dos grandes assaltos em Araçatuba, interior de São Paulo, em agosto do ano passado, e em Criciúma (SC), em novembro do ano anterior.

Soares disse que a polícia paranaense já vinha trocando informações com as polícias dos dois estados vizinhos e conversava também com a Polícia Federal, por isso tinha um plano de contingência para enfrentar um ataque como o que aconteceu em Guarapuava. “A PM deu uma pronta resposta e o plano de contingência deu certo, pois eles (os criminosos) não lograram êxito no assalto, não conseguiram entrar na empresa.”

Questionado sobre o cerco da quadrilha ao batalhão da Polícia Militar, que teve os acessos bloqueados por veículos em chamas e foi atingido por disparos, o secretário disse que isso não impediu a ação da polícia. “Nosso pessoal buscou a perseguição, tanto que eles abandonaram seis veículos e uma arma ponto 50, privativa das Forças Armadas, além de pistolas, dinamites e munição”, disse. Soares disse que uma força-tarefa vai continuar na cidade nos próximos quatro dias para investigar a ação dos criminosos. “Temos três helicópteros sobrevoando a região”, informou.

O comandante-geral da PM do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, que participou da coletiva, lamentou os dois policiais e o civil feridos e pediu a colaboração da população da zona rural para liberar a entrada dos policiais que estão à caça dos assaltantes. Ele disse não ter a confirmação de que os criminosos levaram reféns durante a fuga. Um dos policiais feridos, cabo Ricieri Chagas, foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e estava em estado estável. O outro PM, cabo José Douglas Bonato, teve fratura na perna, passou por cirurgia e está fora de perigo.

Cidades do interior têm sido alvo do 'novo cangaço'

O episódio tem sido comparado ao mega-assalto a um banco de Criciúma, em Santa Catarina, quando cerca de 30 homens com fuzis bloquearam as ruas da cidade, fizeram reféns, incendiaram veículos e roubaram R$ 125 milhões. Esse crime ocorreu em novembro de 2020.

Já em agosto do ano passado, um ataque a bancos em Araçatuba, no interior paulista, teve reféns amarrados em carros - usados pelos bandidos como "escudos humanos". A ação terminou com três mortos.  

A ação de quadrilhas especializadas em grandes assaltos é conhecida nos meios policiais como "novo cangaço". O termo faz referência aos bandos itinerantes que atacavam quartéis e roubavam instituições financeiras em pequenas cidades do sertão nordestino, entre os séculos 19 e 20.

Nos últimos dez anos, as quadrilhas têm se notabilizado por usar grande poder de fogo, com armas de uso restrito, para amendrontar cidades inteiras. Os alvos com frequência são agências bancárias ou transportadoras de valores, o que possibilita acesso a grandes quantias de dinheiro. Os grupos se aproveitam de uma estrutura policial reduzida em cidades do interior para a realização dos grandes assaltos. 

A recorrência dos crimes tem gerado reação por parte dos governos. Em São Paulo, foram instalados batalhões especializados em pontos do interior com objetivo de fazer frente ao poder de fogo dos criminosos além de tornar mais ágil a resposta a essas ocorrências. Ainda assim, os casos não deixaram de acontecer. Investigações recentes apontam ligação entre as quadrilhas e o frequente envolvimento de facções organizadas.  

Uma quadrilha com cerca de 30 integrantes fortemente armados invadiu o município de Guarapuava, no interior do Paraná, fez reféns e trocou tiros com a Polícia Militar, durante ataque a uma empresa de valores, entre a noite de domingo, 17, e a madrugada desta segunda-feira, 18. Três pessoas, entre elas dois policiais militares, ficaram feridas. Os criminosos incendiaram veículos para bloquear acessos e atacaram o Batalhão da PM. Os reféns foram obrigados a formar um cordão humano em frente à empresa de valores.

Vídeos mostram veículos incendiados na cidade de Guarapuava, no Paraná Foto: Reprodução/ Twitter

A ação começou por volta de 23 horas e terminou no início da madrugada. A cidade, de 183 mil habitantes, foi acordada por tiros e rajadas de fuzil. Nas redes sociais, moradores relatam uma "noite de terror" com barulho de tiros, incêndio em veículos e reféns. O movimento de quadrilhas especializadas em megarroubos em cidades do interior tem sido chamado de "novo cangaço". 

Os criminosos invadiram a região central em ao menos sete carros blindados e se dividiram. Enquanto um grupo atacava a Proforte, empresa de transporte de valores, outro atirava contra o batalhão. Dois veículos foram incendiados em frente à unidade para dificultar a saída dos policiais. Outros dois veículos foram queimados na Rodovia BR-277, que dá acesso à cidade, segundo o Corpo de Bombeiros.

Moradores que estavam nas ruas foram tomados como reféns. Um grupo deles foi obrigado a formar um cordão humano para coibir a ação da polícia. Além dos dois policiais feridos, um morador foi atingido por um tiro no braço. Ele foi atendido em uma unidade de saúde municipal. Moradores relataram que os bandidos atiraram contra postes e transformadores de energia para deixar a cidade às escuras.

Conforme o comandante do 16º Batalhão, coronel Joas Marcos Carneiro Lins, a ação durou cerca de três horas e o alvo era a empresa Proforte, que não chegou a ser roubada. Segundo ele, os criminosos fugiram sem conseguir executar o assalto que tinham planejado. “Já tínhamos um plano de contingência, devido aos fatos que estavam ocorrendo em várias regiões do Estado. Assim que o ataque foi iniciado, conseguimos bloquear os acessos para as rodovias e eles fugiram para a área rural, onde ainda estão sendo procurados”, disse.

 O coronel afirma que houve dois confrontos com os criminosos em fuga e alguns deles podem ter sido feridos. Às 8h45, o cerco aos assaltantes continuava nas áreas rurais, com apoio da PM de cidades vizinhas. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres afirmou ter enviado agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para dar apoio à cidade. 

A atriz Larissa Manoela, nascida no município paranaense, se manifestou nas redes sociais. "Meu Deus, meu coração apertado pela minha cidade Guarapuava. Eu tô com vocês. Família, amigos. Se protejam!", escreveu. 

Após o ataque, o ministro da Justiça, Anderson Torres, defendeu mudanças na legislação brasileira para endurecer a pena para esses casos. Torres usou as redes sociais para pedir que o Congresso Nacional aprove projeto de lei que endurece a pena para crimes violentos e amplia definição de terrorismo. “Em 25/3/22, enviamos ao Legislativo um PL para alteração da Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013). Proposta essencial para coibir crimes absurdos como esse em Guarapuava. A pena máxima passaria de 8 para 20 anos de reclusão. Conto com o apoio do Parlamento para aprovarmos”, escreveu o ministro.

Plano de contingência auxiliou combate, diz secretário

O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares, disse que a “pronta resposta” da polícia evitou que os criminosos consumassem o assalto à empresa de valores Proforte. Segundo ele, a ação na cidade paranaense seguiu o padrão dos grandes assaltos em Araçatuba, interior de São Paulo, em agosto do ano passado, e em Criciúma (SC), em novembro do ano anterior.

Soares disse que a polícia paranaense já vinha trocando informações com as polícias dos dois estados vizinhos e conversava também com a Polícia Federal, por isso tinha um plano de contingência para enfrentar um ataque como o que aconteceu em Guarapuava. “A PM deu uma pronta resposta e o plano de contingência deu certo, pois eles (os criminosos) não lograram êxito no assalto, não conseguiram entrar na empresa.”

Questionado sobre o cerco da quadrilha ao batalhão da Polícia Militar, que teve os acessos bloqueados por veículos em chamas e foi atingido por disparos, o secretário disse que isso não impediu a ação da polícia. “Nosso pessoal buscou a perseguição, tanto que eles abandonaram seis veículos e uma arma ponto 50, privativa das Forças Armadas, além de pistolas, dinamites e munição”, disse. Soares disse que uma força-tarefa vai continuar na cidade nos próximos quatro dias para investigar a ação dos criminosos. “Temos três helicópteros sobrevoando a região”, informou.

O comandante-geral da PM do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, que participou da coletiva, lamentou os dois policiais e o civil feridos e pediu a colaboração da população da zona rural para liberar a entrada dos policiais que estão à caça dos assaltantes. Ele disse não ter a confirmação de que os criminosos levaram reféns durante a fuga. Um dos policiais feridos, cabo Ricieri Chagas, foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e estava em estado estável. O outro PM, cabo José Douglas Bonato, teve fratura na perna, passou por cirurgia e está fora de perigo.

Cidades do interior têm sido alvo do 'novo cangaço'

O episódio tem sido comparado ao mega-assalto a um banco de Criciúma, em Santa Catarina, quando cerca de 30 homens com fuzis bloquearam as ruas da cidade, fizeram reféns, incendiaram veículos e roubaram R$ 125 milhões. Esse crime ocorreu em novembro de 2020.

Já em agosto do ano passado, um ataque a bancos em Araçatuba, no interior paulista, teve reféns amarrados em carros - usados pelos bandidos como "escudos humanos". A ação terminou com três mortos.  

A ação de quadrilhas especializadas em grandes assaltos é conhecida nos meios policiais como "novo cangaço". O termo faz referência aos bandos itinerantes que atacavam quartéis e roubavam instituições financeiras em pequenas cidades do sertão nordestino, entre os séculos 19 e 20.

Nos últimos dez anos, as quadrilhas têm se notabilizado por usar grande poder de fogo, com armas de uso restrito, para amendrontar cidades inteiras. Os alvos com frequência são agências bancárias ou transportadoras de valores, o que possibilita acesso a grandes quantias de dinheiro. Os grupos se aproveitam de uma estrutura policial reduzida em cidades do interior para a realização dos grandes assaltos. 

A recorrência dos crimes tem gerado reação por parte dos governos. Em São Paulo, foram instalados batalhões especializados em pontos do interior com objetivo de fazer frente ao poder de fogo dos criminosos além de tornar mais ágil a resposta a essas ocorrências. Ainda assim, os casos não deixaram de acontecer. Investigações recentes apontam ligação entre as quadrilhas e o frequente envolvimento de facções organizadas.  

Uma quadrilha com cerca de 30 integrantes fortemente armados invadiu o município de Guarapuava, no interior do Paraná, fez reféns e trocou tiros com a Polícia Militar, durante ataque a uma empresa de valores, entre a noite de domingo, 17, e a madrugada desta segunda-feira, 18. Três pessoas, entre elas dois policiais militares, ficaram feridas. Os criminosos incendiaram veículos para bloquear acessos e atacaram o Batalhão da PM. Os reféns foram obrigados a formar um cordão humano em frente à empresa de valores.

Vídeos mostram veículos incendiados na cidade de Guarapuava, no Paraná Foto: Reprodução/ Twitter

A ação começou por volta de 23 horas e terminou no início da madrugada. A cidade, de 183 mil habitantes, foi acordada por tiros e rajadas de fuzil. Nas redes sociais, moradores relatam uma "noite de terror" com barulho de tiros, incêndio em veículos e reféns. O movimento de quadrilhas especializadas em megarroubos em cidades do interior tem sido chamado de "novo cangaço". 

Os criminosos invadiram a região central em ao menos sete carros blindados e se dividiram. Enquanto um grupo atacava a Proforte, empresa de transporte de valores, outro atirava contra o batalhão. Dois veículos foram incendiados em frente à unidade para dificultar a saída dos policiais. Outros dois veículos foram queimados na Rodovia BR-277, que dá acesso à cidade, segundo o Corpo de Bombeiros.

Moradores que estavam nas ruas foram tomados como reféns. Um grupo deles foi obrigado a formar um cordão humano para coibir a ação da polícia. Além dos dois policiais feridos, um morador foi atingido por um tiro no braço. Ele foi atendido em uma unidade de saúde municipal. Moradores relataram que os bandidos atiraram contra postes e transformadores de energia para deixar a cidade às escuras.

Conforme o comandante do 16º Batalhão, coronel Joas Marcos Carneiro Lins, a ação durou cerca de três horas e o alvo era a empresa Proforte, que não chegou a ser roubada. Segundo ele, os criminosos fugiram sem conseguir executar o assalto que tinham planejado. “Já tínhamos um plano de contingência, devido aos fatos que estavam ocorrendo em várias regiões do Estado. Assim que o ataque foi iniciado, conseguimos bloquear os acessos para as rodovias e eles fugiram para a área rural, onde ainda estão sendo procurados”, disse.

 O coronel afirma que houve dois confrontos com os criminosos em fuga e alguns deles podem ter sido feridos. Às 8h45, o cerco aos assaltantes continuava nas áreas rurais, com apoio da PM de cidades vizinhas. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres afirmou ter enviado agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para dar apoio à cidade. 

A atriz Larissa Manoela, nascida no município paranaense, se manifestou nas redes sociais. "Meu Deus, meu coração apertado pela minha cidade Guarapuava. Eu tô com vocês. Família, amigos. Se protejam!", escreveu. 

Após o ataque, o ministro da Justiça, Anderson Torres, defendeu mudanças na legislação brasileira para endurecer a pena para esses casos. Torres usou as redes sociais para pedir que o Congresso Nacional aprove projeto de lei que endurece a pena para crimes violentos e amplia definição de terrorismo. “Em 25/3/22, enviamos ao Legislativo um PL para alteração da Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013). Proposta essencial para coibir crimes absurdos como esse em Guarapuava. A pena máxima passaria de 8 para 20 anos de reclusão. Conto com o apoio do Parlamento para aprovarmos”, escreveu o ministro.

Plano de contingência auxiliou combate, diz secretário

O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares, disse que a “pronta resposta” da polícia evitou que os criminosos consumassem o assalto à empresa de valores Proforte. Segundo ele, a ação na cidade paranaense seguiu o padrão dos grandes assaltos em Araçatuba, interior de São Paulo, em agosto do ano passado, e em Criciúma (SC), em novembro do ano anterior.

Soares disse que a polícia paranaense já vinha trocando informações com as polícias dos dois estados vizinhos e conversava também com a Polícia Federal, por isso tinha um plano de contingência para enfrentar um ataque como o que aconteceu em Guarapuava. “A PM deu uma pronta resposta e o plano de contingência deu certo, pois eles (os criminosos) não lograram êxito no assalto, não conseguiram entrar na empresa.”

Questionado sobre o cerco da quadrilha ao batalhão da Polícia Militar, que teve os acessos bloqueados por veículos em chamas e foi atingido por disparos, o secretário disse que isso não impediu a ação da polícia. “Nosso pessoal buscou a perseguição, tanto que eles abandonaram seis veículos e uma arma ponto 50, privativa das Forças Armadas, além de pistolas, dinamites e munição”, disse. Soares disse que uma força-tarefa vai continuar na cidade nos próximos quatro dias para investigar a ação dos criminosos. “Temos três helicópteros sobrevoando a região”, informou.

O comandante-geral da PM do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, que participou da coletiva, lamentou os dois policiais e o civil feridos e pediu a colaboração da população da zona rural para liberar a entrada dos policiais que estão à caça dos assaltantes. Ele disse não ter a confirmação de que os criminosos levaram reféns durante a fuga. Um dos policiais feridos, cabo Ricieri Chagas, foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e estava em estado estável. O outro PM, cabo José Douglas Bonato, teve fratura na perna, passou por cirurgia e está fora de perigo.

Cidades do interior têm sido alvo do 'novo cangaço'

O episódio tem sido comparado ao mega-assalto a um banco de Criciúma, em Santa Catarina, quando cerca de 30 homens com fuzis bloquearam as ruas da cidade, fizeram reféns, incendiaram veículos e roubaram R$ 125 milhões. Esse crime ocorreu em novembro de 2020.

Já em agosto do ano passado, um ataque a bancos em Araçatuba, no interior paulista, teve reféns amarrados em carros - usados pelos bandidos como "escudos humanos". A ação terminou com três mortos.  

A ação de quadrilhas especializadas em grandes assaltos é conhecida nos meios policiais como "novo cangaço". O termo faz referência aos bandos itinerantes que atacavam quartéis e roubavam instituições financeiras em pequenas cidades do sertão nordestino, entre os séculos 19 e 20.

Nos últimos dez anos, as quadrilhas têm se notabilizado por usar grande poder de fogo, com armas de uso restrito, para amendrontar cidades inteiras. Os alvos com frequência são agências bancárias ou transportadoras de valores, o que possibilita acesso a grandes quantias de dinheiro. Os grupos se aproveitam de uma estrutura policial reduzida em cidades do interior para a realização dos grandes assaltos. 

A recorrência dos crimes tem gerado reação por parte dos governos. Em São Paulo, foram instalados batalhões especializados em pontos do interior com objetivo de fazer frente ao poder de fogo dos criminosos além de tornar mais ágil a resposta a essas ocorrências. Ainda assim, os casos não deixaram de acontecer. Investigações recentes apontam ligação entre as quadrilhas e o frequente envolvimento de facções organizadas.  

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