Barco à deriva com corpos no Pará: é possível embarcação da África vir parar no Brasil?


Embarcação foi encontrada com nove vítimas no litoral do Pará. Caso é investigado pela Polícia Federal

Por Isabela Moya
Atualização:

Nove corpos em uma embarcação à deriva - oito dentro do barco e um próximo a ele - foram encontrados por pescadores na região de Bragança, a 215 km de Belém, no Pará. A Polícia Federal (PF) investiga a identidade e a origem das vítimas, e informou que documentos e objetos encontrados sugerem que os tripulantes vieram do continente africano, da região da Mauritânia e Mali.

O barco tem 15 metros de comprimento e 2 metros de largura, e quando a polícia o encontrou, não possuía nenhum mecanismo de propulsão como motor ou vela. Isso significa que o barco teria chegado ao Brasil apenas flutuando.

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Mas seria possível uma embarcação à deriva sair da África e chegar ao Brasil?

Segundo especialistas, é muito pouco provável que isso tenha ocorrido. Se a embarcação realmente tiver partido da Mauritânia, não teria como, explica o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Carlos Teixeira, devido ao fluxo das correntes marítimas. Isso porque não há correntes que saem ao norte da linha do Equador e chegam ao Brasil.

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No entanto, eles poderiam ter pegado uma corrente do norte da África até o sul do continente, e depois outra até o Brasil. O trajeto do sul da África até o Brasil levaria cerca de 180 dias, estima o oceanógrafo. Ainda assim, é uma possibilidade remota, já que o barco teria que enfrentar altas ondas e tempestades.

Os protocolos adotados pela PF para identificação das vítimas são baseados nos trabalhos da Interpol Foto: Divulgação/Polícia Federal

“Pelos sistemas de correntes marítimas, não tem como ter saído direto (da Mauritânia). As correntes ao sul da linha do Equador, vêm de leste para oeste. Ao norte, também há correntes de leste a oeste, mas pela posição não chegaria ao Brasil, e sim ao Caribe”, explica Teixeira. Ele afirma ainda que não seria possível que correntes tivessem levado o barco do norte do continente africano ao Caribe e então ao Brasil.

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A ideia de que o barco saiu sem algum motor ou vela, no entanto, também é pouco provável, na visão de Teixeira e do doutor em Engenharia Naval e Oceânica e professor no curso de Engenharia Naval da UFSC, Ricardo Aurélio. Para Teixeira, o mais provável é que ele tenha saído com alguma forma de propulsão, mas a perdido em algum momento do trajeto.

“Ondas e tempestades facilmente virariam um barco como esse. Temos naufrágios em barcos mais preparados do que este. Na minha opinião, é muito difícil eles terem chegado só flutuando”, afirma o oceanógrafo.

Já Aurélio pensa na possibilidade de terem recebido um reboque de outra embarcação motorizada. “Em uma situação como essa, é muito pouco provável que esse barco possa ser bem sucedido. Não tinha condição estrutural. Só se eles conseguissem pegar uma corrente marítima, a remo não tem como”, acrescenta o engenheiro naval.

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Segundo os especialistas, existem casos passados em que navegações chegaram da África ao Brasil a remo, mas havia uma ótima estrutura e preparação. Eles citam Amyr Klink, que remou da costa da Namíbia, no sul do continente africano, até a Bahia em 100 dias, ajudado por uma corrente marítima que fez com que o trajeto fosse mais rápido.

O que vai ser feito agora?

Agora, as atividades para identificar os corpos irão se basear em critérios do protocolo de identificação de vítimas de desastres da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Esse protocolo é geralmente aplicado em situações de desastres naturais, ataques terroristas e acidentes aéreos, por exemplo. O trabalho é realizado em quatro etapas principais.

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  • Fase 1 – Exame do local: Recuperação das vítimas e dos bens;
  • Fase 2 – Dados post-mortem: Os restos mortais são examinados por especialistas para detectar o máximo possível de dados biométricos. Isso pode incluir: impressões digitais; dados odontológicos; indicações físicas como tatuagens e cicatrizes que possam ser exclusivos da vítima
  • Fase 3 – Dados ante-mortem: Os familiares mais próximos são entrevistados sobre o familiar desaparecido para coletar informações sobre a pessoa. Dados biométricos também podem ser coletados para complementar a investigação da fase 1, principalmente com impressões digitais, DNA, dados odontológicos e médicos;
  • Fase 4 – Reconciliação: Uma vez recolhidos os dados das fases anteriores, uma equipe de especialistas compara e reconcilia os conjuntos de informações para identificar as vítimas. A identificação só é possível se houver 100% de correspondência entre os dados da Fase 2 e 3, do DNA e/ou dados odontológicos e/ou impressões digitais.

Além da PF, as atividades de resgate dos corpos no fim de semana tiveram participação da Marinha, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança./COLABOROU RARIANE COSTA

Nove corpos em uma embarcação à deriva - oito dentro do barco e um próximo a ele - foram encontrados por pescadores na região de Bragança, a 215 km de Belém, no Pará. A Polícia Federal (PF) investiga a identidade e a origem das vítimas, e informou que documentos e objetos encontrados sugerem que os tripulantes vieram do continente africano, da região da Mauritânia e Mali.

O barco tem 15 metros de comprimento e 2 metros de largura, e quando a polícia o encontrou, não possuía nenhum mecanismo de propulsão como motor ou vela. Isso significa que o barco teria chegado ao Brasil apenas flutuando.

Mas seria possível uma embarcação à deriva sair da África e chegar ao Brasil?

Segundo especialistas, é muito pouco provável que isso tenha ocorrido. Se a embarcação realmente tiver partido da Mauritânia, não teria como, explica o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Carlos Teixeira, devido ao fluxo das correntes marítimas. Isso porque não há correntes que saem ao norte da linha do Equador e chegam ao Brasil.

No entanto, eles poderiam ter pegado uma corrente do norte da África até o sul do continente, e depois outra até o Brasil. O trajeto do sul da África até o Brasil levaria cerca de 180 dias, estima o oceanógrafo. Ainda assim, é uma possibilidade remota, já que o barco teria que enfrentar altas ondas e tempestades.

Os protocolos adotados pela PF para identificação das vítimas são baseados nos trabalhos da Interpol Foto: Divulgação/Polícia Federal

“Pelos sistemas de correntes marítimas, não tem como ter saído direto (da Mauritânia). As correntes ao sul da linha do Equador, vêm de leste para oeste. Ao norte, também há correntes de leste a oeste, mas pela posição não chegaria ao Brasil, e sim ao Caribe”, explica Teixeira. Ele afirma ainda que não seria possível que correntes tivessem levado o barco do norte do continente africano ao Caribe e então ao Brasil.

A ideia de que o barco saiu sem algum motor ou vela, no entanto, também é pouco provável, na visão de Teixeira e do doutor em Engenharia Naval e Oceânica e professor no curso de Engenharia Naval da UFSC, Ricardo Aurélio. Para Teixeira, o mais provável é que ele tenha saído com alguma forma de propulsão, mas a perdido em algum momento do trajeto.

“Ondas e tempestades facilmente virariam um barco como esse. Temos naufrágios em barcos mais preparados do que este. Na minha opinião, é muito difícil eles terem chegado só flutuando”, afirma o oceanógrafo.

Já Aurélio pensa na possibilidade de terem recebido um reboque de outra embarcação motorizada. “Em uma situação como essa, é muito pouco provável que esse barco possa ser bem sucedido. Não tinha condição estrutural. Só se eles conseguissem pegar uma corrente marítima, a remo não tem como”, acrescenta o engenheiro naval.

Segundo os especialistas, existem casos passados em que navegações chegaram da África ao Brasil a remo, mas havia uma ótima estrutura e preparação. Eles citam Amyr Klink, que remou da costa da Namíbia, no sul do continente africano, até a Bahia em 100 dias, ajudado por uma corrente marítima que fez com que o trajeto fosse mais rápido.

O que vai ser feito agora?

Agora, as atividades para identificar os corpos irão se basear em critérios do protocolo de identificação de vítimas de desastres da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Esse protocolo é geralmente aplicado em situações de desastres naturais, ataques terroristas e acidentes aéreos, por exemplo. O trabalho é realizado em quatro etapas principais.

  • Fase 1 – Exame do local: Recuperação das vítimas e dos bens;
  • Fase 2 – Dados post-mortem: Os restos mortais são examinados por especialistas para detectar o máximo possível de dados biométricos. Isso pode incluir: impressões digitais; dados odontológicos; indicações físicas como tatuagens e cicatrizes que possam ser exclusivos da vítima
  • Fase 3 – Dados ante-mortem: Os familiares mais próximos são entrevistados sobre o familiar desaparecido para coletar informações sobre a pessoa. Dados biométricos também podem ser coletados para complementar a investigação da fase 1, principalmente com impressões digitais, DNA, dados odontológicos e médicos;
  • Fase 4 – Reconciliação: Uma vez recolhidos os dados das fases anteriores, uma equipe de especialistas compara e reconcilia os conjuntos de informações para identificar as vítimas. A identificação só é possível se houver 100% de correspondência entre os dados da Fase 2 e 3, do DNA e/ou dados odontológicos e/ou impressões digitais.

Além da PF, as atividades de resgate dos corpos no fim de semana tiveram participação da Marinha, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança./COLABOROU RARIANE COSTA

Nove corpos em uma embarcação à deriva - oito dentro do barco e um próximo a ele - foram encontrados por pescadores na região de Bragança, a 215 km de Belém, no Pará. A Polícia Federal (PF) investiga a identidade e a origem das vítimas, e informou que documentos e objetos encontrados sugerem que os tripulantes vieram do continente africano, da região da Mauritânia e Mali.

O barco tem 15 metros de comprimento e 2 metros de largura, e quando a polícia o encontrou, não possuía nenhum mecanismo de propulsão como motor ou vela. Isso significa que o barco teria chegado ao Brasil apenas flutuando.

Mas seria possível uma embarcação à deriva sair da África e chegar ao Brasil?

Segundo especialistas, é muito pouco provável que isso tenha ocorrido. Se a embarcação realmente tiver partido da Mauritânia, não teria como, explica o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Carlos Teixeira, devido ao fluxo das correntes marítimas. Isso porque não há correntes que saem ao norte da linha do Equador e chegam ao Brasil.

No entanto, eles poderiam ter pegado uma corrente do norte da África até o sul do continente, e depois outra até o Brasil. O trajeto do sul da África até o Brasil levaria cerca de 180 dias, estima o oceanógrafo. Ainda assim, é uma possibilidade remota, já que o barco teria que enfrentar altas ondas e tempestades.

Os protocolos adotados pela PF para identificação das vítimas são baseados nos trabalhos da Interpol Foto: Divulgação/Polícia Federal

“Pelos sistemas de correntes marítimas, não tem como ter saído direto (da Mauritânia). As correntes ao sul da linha do Equador, vêm de leste para oeste. Ao norte, também há correntes de leste a oeste, mas pela posição não chegaria ao Brasil, e sim ao Caribe”, explica Teixeira. Ele afirma ainda que não seria possível que correntes tivessem levado o barco do norte do continente africano ao Caribe e então ao Brasil.

A ideia de que o barco saiu sem algum motor ou vela, no entanto, também é pouco provável, na visão de Teixeira e do doutor em Engenharia Naval e Oceânica e professor no curso de Engenharia Naval da UFSC, Ricardo Aurélio. Para Teixeira, o mais provável é que ele tenha saído com alguma forma de propulsão, mas a perdido em algum momento do trajeto.

“Ondas e tempestades facilmente virariam um barco como esse. Temos naufrágios em barcos mais preparados do que este. Na minha opinião, é muito difícil eles terem chegado só flutuando”, afirma o oceanógrafo.

Já Aurélio pensa na possibilidade de terem recebido um reboque de outra embarcação motorizada. “Em uma situação como essa, é muito pouco provável que esse barco possa ser bem sucedido. Não tinha condição estrutural. Só se eles conseguissem pegar uma corrente marítima, a remo não tem como”, acrescenta o engenheiro naval.

Segundo os especialistas, existem casos passados em que navegações chegaram da África ao Brasil a remo, mas havia uma ótima estrutura e preparação. Eles citam Amyr Klink, que remou da costa da Namíbia, no sul do continente africano, até a Bahia em 100 dias, ajudado por uma corrente marítima que fez com que o trajeto fosse mais rápido.

O que vai ser feito agora?

Agora, as atividades para identificar os corpos irão se basear em critérios do protocolo de identificação de vítimas de desastres da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Esse protocolo é geralmente aplicado em situações de desastres naturais, ataques terroristas e acidentes aéreos, por exemplo. O trabalho é realizado em quatro etapas principais.

  • Fase 1 – Exame do local: Recuperação das vítimas e dos bens;
  • Fase 2 – Dados post-mortem: Os restos mortais são examinados por especialistas para detectar o máximo possível de dados biométricos. Isso pode incluir: impressões digitais; dados odontológicos; indicações físicas como tatuagens e cicatrizes que possam ser exclusivos da vítima
  • Fase 3 – Dados ante-mortem: Os familiares mais próximos são entrevistados sobre o familiar desaparecido para coletar informações sobre a pessoa. Dados biométricos também podem ser coletados para complementar a investigação da fase 1, principalmente com impressões digitais, DNA, dados odontológicos e médicos;
  • Fase 4 – Reconciliação: Uma vez recolhidos os dados das fases anteriores, uma equipe de especialistas compara e reconcilia os conjuntos de informações para identificar as vítimas. A identificação só é possível se houver 100% de correspondência entre os dados da Fase 2 e 3, do DNA e/ou dados odontológicos e/ou impressões digitais.

Além da PF, as atividades de resgate dos corpos no fim de semana tiveram participação da Marinha, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança./COLABOROU RARIANE COSTA

Nove corpos em uma embarcação à deriva - oito dentro do barco e um próximo a ele - foram encontrados por pescadores na região de Bragança, a 215 km de Belém, no Pará. A Polícia Federal (PF) investiga a identidade e a origem das vítimas, e informou que documentos e objetos encontrados sugerem que os tripulantes vieram do continente africano, da região da Mauritânia e Mali.

O barco tem 15 metros de comprimento e 2 metros de largura, e quando a polícia o encontrou, não possuía nenhum mecanismo de propulsão como motor ou vela. Isso significa que o barco teria chegado ao Brasil apenas flutuando.

Mas seria possível uma embarcação à deriva sair da África e chegar ao Brasil?

Segundo especialistas, é muito pouco provável que isso tenha ocorrido. Se a embarcação realmente tiver partido da Mauritânia, não teria como, explica o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Carlos Teixeira, devido ao fluxo das correntes marítimas. Isso porque não há correntes que saem ao norte da linha do Equador e chegam ao Brasil.

No entanto, eles poderiam ter pegado uma corrente do norte da África até o sul do continente, e depois outra até o Brasil. O trajeto do sul da África até o Brasil levaria cerca de 180 dias, estima o oceanógrafo. Ainda assim, é uma possibilidade remota, já que o barco teria que enfrentar altas ondas e tempestades.

Os protocolos adotados pela PF para identificação das vítimas são baseados nos trabalhos da Interpol Foto: Divulgação/Polícia Federal

“Pelos sistemas de correntes marítimas, não tem como ter saído direto (da Mauritânia). As correntes ao sul da linha do Equador, vêm de leste para oeste. Ao norte, também há correntes de leste a oeste, mas pela posição não chegaria ao Brasil, e sim ao Caribe”, explica Teixeira. Ele afirma ainda que não seria possível que correntes tivessem levado o barco do norte do continente africano ao Caribe e então ao Brasil.

A ideia de que o barco saiu sem algum motor ou vela, no entanto, também é pouco provável, na visão de Teixeira e do doutor em Engenharia Naval e Oceânica e professor no curso de Engenharia Naval da UFSC, Ricardo Aurélio. Para Teixeira, o mais provável é que ele tenha saído com alguma forma de propulsão, mas a perdido em algum momento do trajeto.

“Ondas e tempestades facilmente virariam um barco como esse. Temos naufrágios em barcos mais preparados do que este. Na minha opinião, é muito difícil eles terem chegado só flutuando”, afirma o oceanógrafo.

Já Aurélio pensa na possibilidade de terem recebido um reboque de outra embarcação motorizada. “Em uma situação como essa, é muito pouco provável que esse barco possa ser bem sucedido. Não tinha condição estrutural. Só se eles conseguissem pegar uma corrente marítima, a remo não tem como”, acrescenta o engenheiro naval.

Segundo os especialistas, existem casos passados em que navegações chegaram da África ao Brasil a remo, mas havia uma ótima estrutura e preparação. Eles citam Amyr Klink, que remou da costa da Namíbia, no sul do continente africano, até a Bahia em 100 dias, ajudado por uma corrente marítima que fez com que o trajeto fosse mais rápido.

O que vai ser feito agora?

Agora, as atividades para identificar os corpos irão se basear em critérios do protocolo de identificação de vítimas de desastres da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Esse protocolo é geralmente aplicado em situações de desastres naturais, ataques terroristas e acidentes aéreos, por exemplo. O trabalho é realizado em quatro etapas principais.

  • Fase 1 – Exame do local: Recuperação das vítimas e dos bens;
  • Fase 2 – Dados post-mortem: Os restos mortais são examinados por especialistas para detectar o máximo possível de dados biométricos. Isso pode incluir: impressões digitais; dados odontológicos; indicações físicas como tatuagens e cicatrizes que possam ser exclusivos da vítima
  • Fase 3 – Dados ante-mortem: Os familiares mais próximos são entrevistados sobre o familiar desaparecido para coletar informações sobre a pessoa. Dados biométricos também podem ser coletados para complementar a investigação da fase 1, principalmente com impressões digitais, DNA, dados odontológicos e médicos;
  • Fase 4 – Reconciliação: Uma vez recolhidos os dados das fases anteriores, uma equipe de especialistas compara e reconcilia os conjuntos de informações para identificar as vítimas. A identificação só é possível se houver 100% de correspondência entre os dados da Fase 2 e 3, do DNA e/ou dados odontológicos e/ou impressões digitais.

Além da PF, as atividades de resgate dos corpos no fim de semana tiveram participação da Marinha, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança./COLABOROU RARIANE COSTA

Nove corpos em uma embarcação à deriva - oito dentro do barco e um próximo a ele - foram encontrados por pescadores na região de Bragança, a 215 km de Belém, no Pará. A Polícia Federal (PF) investiga a identidade e a origem das vítimas, e informou que documentos e objetos encontrados sugerem que os tripulantes vieram do continente africano, da região da Mauritânia e Mali.

O barco tem 15 metros de comprimento e 2 metros de largura, e quando a polícia o encontrou, não possuía nenhum mecanismo de propulsão como motor ou vela. Isso significa que o barco teria chegado ao Brasil apenas flutuando.

Mas seria possível uma embarcação à deriva sair da África e chegar ao Brasil?

Segundo especialistas, é muito pouco provável que isso tenha ocorrido. Se a embarcação realmente tiver partido da Mauritânia, não teria como, explica o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Carlos Teixeira, devido ao fluxo das correntes marítimas. Isso porque não há correntes que saem ao norte da linha do Equador e chegam ao Brasil.

No entanto, eles poderiam ter pegado uma corrente do norte da África até o sul do continente, e depois outra até o Brasil. O trajeto do sul da África até o Brasil levaria cerca de 180 dias, estima o oceanógrafo. Ainda assim, é uma possibilidade remota, já que o barco teria que enfrentar altas ondas e tempestades.

Os protocolos adotados pela PF para identificação das vítimas são baseados nos trabalhos da Interpol Foto: Divulgação/Polícia Federal

“Pelos sistemas de correntes marítimas, não tem como ter saído direto (da Mauritânia). As correntes ao sul da linha do Equador, vêm de leste para oeste. Ao norte, também há correntes de leste a oeste, mas pela posição não chegaria ao Brasil, e sim ao Caribe”, explica Teixeira. Ele afirma ainda que não seria possível que correntes tivessem levado o barco do norte do continente africano ao Caribe e então ao Brasil.

A ideia de que o barco saiu sem algum motor ou vela, no entanto, também é pouco provável, na visão de Teixeira e do doutor em Engenharia Naval e Oceânica e professor no curso de Engenharia Naval da UFSC, Ricardo Aurélio. Para Teixeira, o mais provável é que ele tenha saído com alguma forma de propulsão, mas a perdido em algum momento do trajeto.

“Ondas e tempestades facilmente virariam um barco como esse. Temos naufrágios em barcos mais preparados do que este. Na minha opinião, é muito difícil eles terem chegado só flutuando”, afirma o oceanógrafo.

Já Aurélio pensa na possibilidade de terem recebido um reboque de outra embarcação motorizada. “Em uma situação como essa, é muito pouco provável que esse barco possa ser bem sucedido. Não tinha condição estrutural. Só se eles conseguissem pegar uma corrente marítima, a remo não tem como”, acrescenta o engenheiro naval.

Segundo os especialistas, existem casos passados em que navegações chegaram da África ao Brasil a remo, mas havia uma ótima estrutura e preparação. Eles citam Amyr Klink, que remou da costa da Namíbia, no sul do continente africano, até a Bahia em 100 dias, ajudado por uma corrente marítima que fez com que o trajeto fosse mais rápido.

O que vai ser feito agora?

Agora, as atividades para identificar os corpos irão se basear em critérios do protocolo de identificação de vítimas de desastres da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Esse protocolo é geralmente aplicado em situações de desastres naturais, ataques terroristas e acidentes aéreos, por exemplo. O trabalho é realizado em quatro etapas principais.

  • Fase 1 – Exame do local: Recuperação das vítimas e dos bens;
  • Fase 2 – Dados post-mortem: Os restos mortais são examinados por especialistas para detectar o máximo possível de dados biométricos. Isso pode incluir: impressões digitais; dados odontológicos; indicações físicas como tatuagens e cicatrizes que possam ser exclusivos da vítima
  • Fase 3 – Dados ante-mortem: Os familiares mais próximos são entrevistados sobre o familiar desaparecido para coletar informações sobre a pessoa. Dados biométricos também podem ser coletados para complementar a investigação da fase 1, principalmente com impressões digitais, DNA, dados odontológicos e médicos;
  • Fase 4 – Reconciliação: Uma vez recolhidos os dados das fases anteriores, uma equipe de especialistas compara e reconcilia os conjuntos de informações para identificar as vítimas. A identificação só é possível se houver 100% de correspondência entre os dados da Fase 2 e 3, do DNA e/ou dados odontológicos e/ou impressões digitais.

Além da PF, as atividades de resgate dos corpos no fim de semana tiveram participação da Marinha, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança./COLABOROU RARIANE COSTA

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