Saiba quem foi Benigna Cardoso da Silva, cearense morta aos 13 anos beatificada pela Igreja Católica


Venerada como um mártir da pureza e da castidade, ela foi brutalmente assassinada em uma tentativa de estupro em 1941; cerimônia de beatificação ocorreu no Crato nesta segunda

Por Renata Linard
Atualização:

A cearense Benigna Cardoso da Silva foi beatificada nesta segunda-feira, 24, no Crato, no sertão do Ceará, pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que representa o papa Francisco. Benigna foi brutalmente assassinada aos 13 anos em 1941 por um rapaz que a assediava. Ela é venerada por católicos como um mártir da pureza e da castidade.

Ainda com 12 anos de idade, Benigna começou a ser assediada por Raul Alves, quatro anos mais velho que ela. Os dois estudavam no mesmo colégio e o rapaz começou a persegui-la. Benigna recorreu ao então pároco da cidade, o padre Cristiano Coelho, para falar do assédio. Ele a aconselhou a ir estudar na sede do município e lhe presenteou com uma Bíblia que, segundo sua biografia, tornou-se o seu livro de cabeceira.

Em 24 de outubro de 1941, Benigna foi ao poço com seu pote para pegar água e Raul estava à espreita, perseguindo ela. O jovem tentou estuprá-la e, com a resistência de Benigna, a matou.

continua após a publicidade

“Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza”, disse Danilo Sobreira, coordenador de Pastoral da Paróquia Senhora Sant’Ana de Santana do Cariri, cidade natal de Benigna, à agência Vatican News.

Raul Alves foi preso, ficou numa casa para recuperação de menores em Fortaleza, até chegar à maioridade. Ele cumpriu pena e voltou ao local do crime 50 anos depois para pedir perdão à família de Benigna.

Benigna Cardoso da Silva nasceu no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, no dia 15 de outubro de 1928. Os pais biológicos morreram e ela foi adotada, junto aos seus irmãos mais velhos, pela família Sisnando Leite.

continua após a publicidade
Cerimônia de beatificação de Benigna no Crato, sertão do Ceará. Foto: Diocese do Crato

Decreto

O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre.

continua após a publicidade

Desde maio de 2019, o dia 24 de outubro é também o Dia de Combate ao Feminicídio no Ceará. A data foi instituída pela Lei 16.892, que prevê a realização de campanhas, debates e seminários para conscientizar a população sobre a importância do combate ao feminicídio e a outras formas de violência contra as mulheres.

“Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa. Era muito dedicada aos estudos – era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos. Recebeu de presente uma Bíblia do pároco na época que virou livro de cabeceira: ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus. E também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo, a quem sempre invocava para a livrar do inferno”, conta ainda Danilo Sobreira.

Benigna Cardoso da Silva foi morta aos 13 anos no Ceará. Foto: Vaticano/Reprodução
continua após a publicidade

Complexo de Benigna

No local, de difícil acesso, da morte da jovem foi erguido um monumento com uma cruz, além de uma lápide e um memorial que conserva alguns de seus objetos pessoais. Católicos iam até lá para rezar e pedir a sua intercessão. Em 2005, foi construída uma capela em uma área próxima para receber os romeiros.

Perto da pequena capela está em construção o chamado Complexo de Benigna. A previsão de entrega da obra está prevista para agosto de 2023. O local vai contar com uma estátua de mais de 20 metros e um espaço para oração que será chamado de Santuário de Benigna, segundo explica Ypsilon Felix, secretário de Cultura de Santana do Cariri à agência Vatican News. “São mais de 48 mil metros quadrados de área, com capacidade para abrigar mais de 100 mil romeiros, com áreas para estacionamento, ambulantes e grandes celebrações.”

continua após a publicidade

Francineide Pereira, agricultora e natural de Santana do Cariri, é uma entre as milhares de santanenses que está participando da programação religiosa. Ela é devota de Benigna e batizou sua filha com o mesmo nome da nova beata para agradecer por uma graça alcançada. “Eu tive muito problema de pressão alta durante minha gravidez. Chegou a 20 por 18, era um sufoco! Quando eu fui ganhar minha filha, fui encaminhada para a cidade de Barbalha, já com uma vaga na UTI aberta. Já estava com começo de pré-eclâmpsia. Então eu pedi à menina Benigna que me ajudasse: ‘Minha santinha, se a senhora me ajudar para minha filha nascer com saúde e eu não sentir nada, ela vai ter o seu nome!’, e assim foi”, conta.

A pequena Benigna Maiara tem 5 anos e foi batizada, inclusive, com um vestido vermelho de bolinhas brancas, assim como é representada a mártir Benigna.

Maria da Penha é membro da comissão de acolhida do Santuário de Benigna, localizado no bairro Inhumas, em Santana do Cariri. Ela acompanha essa trajetória de fé popular há muito tempo e hoje diz que está com o coração a mil. “Eu sempre soube que esse dia iria chegar (da beatificação), mas eu ficava me perguntando qual geração minha que testemunharia isso. Agora, aqui estou eu testemunhando esse dia. Estou muito feliz!”

continua após a publicidade
O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre. Foto: Diocese do Crato

A cearense Benigna Cardoso da Silva foi beatificada nesta segunda-feira, 24, no Crato, no sertão do Ceará, pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que representa o papa Francisco. Benigna foi brutalmente assassinada aos 13 anos em 1941 por um rapaz que a assediava. Ela é venerada por católicos como um mártir da pureza e da castidade.

Ainda com 12 anos de idade, Benigna começou a ser assediada por Raul Alves, quatro anos mais velho que ela. Os dois estudavam no mesmo colégio e o rapaz começou a persegui-la. Benigna recorreu ao então pároco da cidade, o padre Cristiano Coelho, para falar do assédio. Ele a aconselhou a ir estudar na sede do município e lhe presenteou com uma Bíblia que, segundo sua biografia, tornou-se o seu livro de cabeceira.

Em 24 de outubro de 1941, Benigna foi ao poço com seu pote para pegar água e Raul estava à espreita, perseguindo ela. O jovem tentou estuprá-la e, com a resistência de Benigna, a matou.

“Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza”, disse Danilo Sobreira, coordenador de Pastoral da Paróquia Senhora Sant’Ana de Santana do Cariri, cidade natal de Benigna, à agência Vatican News.

Raul Alves foi preso, ficou numa casa para recuperação de menores em Fortaleza, até chegar à maioridade. Ele cumpriu pena e voltou ao local do crime 50 anos depois para pedir perdão à família de Benigna.

Benigna Cardoso da Silva nasceu no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, no dia 15 de outubro de 1928. Os pais biológicos morreram e ela foi adotada, junto aos seus irmãos mais velhos, pela família Sisnando Leite.

Cerimônia de beatificação de Benigna no Crato, sertão do Ceará. Foto: Diocese do Crato

Decreto

O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre.

Desde maio de 2019, o dia 24 de outubro é também o Dia de Combate ao Feminicídio no Ceará. A data foi instituída pela Lei 16.892, que prevê a realização de campanhas, debates e seminários para conscientizar a população sobre a importância do combate ao feminicídio e a outras formas de violência contra as mulheres.

“Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa. Era muito dedicada aos estudos – era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos. Recebeu de presente uma Bíblia do pároco na época que virou livro de cabeceira: ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus. E também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo, a quem sempre invocava para a livrar do inferno”, conta ainda Danilo Sobreira.

Benigna Cardoso da Silva foi morta aos 13 anos no Ceará. Foto: Vaticano/Reprodução

Complexo de Benigna

No local, de difícil acesso, da morte da jovem foi erguido um monumento com uma cruz, além de uma lápide e um memorial que conserva alguns de seus objetos pessoais. Católicos iam até lá para rezar e pedir a sua intercessão. Em 2005, foi construída uma capela em uma área próxima para receber os romeiros.

Perto da pequena capela está em construção o chamado Complexo de Benigna. A previsão de entrega da obra está prevista para agosto de 2023. O local vai contar com uma estátua de mais de 20 metros e um espaço para oração que será chamado de Santuário de Benigna, segundo explica Ypsilon Felix, secretário de Cultura de Santana do Cariri à agência Vatican News. “São mais de 48 mil metros quadrados de área, com capacidade para abrigar mais de 100 mil romeiros, com áreas para estacionamento, ambulantes e grandes celebrações.”

Francineide Pereira, agricultora e natural de Santana do Cariri, é uma entre as milhares de santanenses que está participando da programação religiosa. Ela é devota de Benigna e batizou sua filha com o mesmo nome da nova beata para agradecer por uma graça alcançada. “Eu tive muito problema de pressão alta durante minha gravidez. Chegou a 20 por 18, era um sufoco! Quando eu fui ganhar minha filha, fui encaminhada para a cidade de Barbalha, já com uma vaga na UTI aberta. Já estava com começo de pré-eclâmpsia. Então eu pedi à menina Benigna que me ajudasse: ‘Minha santinha, se a senhora me ajudar para minha filha nascer com saúde e eu não sentir nada, ela vai ter o seu nome!’, e assim foi”, conta.

A pequena Benigna Maiara tem 5 anos e foi batizada, inclusive, com um vestido vermelho de bolinhas brancas, assim como é representada a mártir Benigna.

Maria da Penha é membro da comissão de acolhida do Santuário de Benigna, localizado no bairro Inhumas, em Santana do Cariri. Ela acompanha essa trajetória de fé popular há muito tempo e hoje diz que está com o coração a mil. “Eu sempre soube que esse dia iria chegar (da beatificação), mas eu ficava me perguntando qual geração minha que testemunharia isso. Agora, aqui estou eu testemunhando esse dia. Estou muito feliz!”

O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre. Foto: Diocese do Crato

A cearense Benigna Cardoso da Silva foi beatificada nesta segunda-feira, 24, no Crato, no sertão do Ceará, pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que representa o papa Francisco. Benigna foi brutalmente assassinada aos 13 anos em 1941 por um rapaz que a assediava. Ela é venerada por católicos como um mártir da pureza e da castidade.

Ainda com 12 anos de idade, Benigna começou a ser assediada por Raul Alves, quatro anos mais velho que ela. Os dois estudavam no mesmo colégio e o rapaz começou a persegui-la. Benigna recorreu ao então pároco da cidade, o padre Cristiano Coelho, para falar do assédio. Ele a aconselhou a ir estudar na sede do município e lhe presenteou com uma Bíblia que, segundo sua biografia, tornou-se o seu livro de cabeceira.

Em 24 de outubro de 1941, Benigna foi ao poço com seu pote para pegar água e Raul estava à espreita, perseguindo ela. O jovem tentou estuprá-la e, com a resistência de Benigna, a matou.

“Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza”, disse Danilo Sobreira, coordenador de Pastoral da Paróquia Senhora Sant’Ana de Santana do Cariri, cidade natal de Benigna, à agência Vatican News.

Raul Alves foi preso, ficou numa casa para recuperação de menores em Fortaleza, até chegar à maioridade. Ele cumpriu pena e voltou ao local do crime 50 anos depois para pedir perdão à família de Benigna.

Benigna Cardoso da Silva nasceu no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, no dia 15 de outubro de 1928. Os pais biológicos morreram e ela foi adotada, junto aos seus irmãos mais velhos, pela família Sisnando Leite.

Cerimônia de beatificação de Benigna no Crato, sertão do Ceará. Foto: Diocese do Crato

Decreto

O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre.

Desde maio de 2019, o dia 24 de outubro é também o Dia de Combate ao Feminicídio no Ceará. A data foi instituída pela Lei 16.892, que prevê a realização de campanhas, debates e seminários para conscientizar a população sobre a importância do combate ao feminicídio e a outras formas de violência contra as mulheres.

“Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa. Era muito dedicada aos estudos – era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos. Recebeu de presente uma Bíblia do pároco na época que virou livro de cabeceira: ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus. E também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo, a quem sempre invocava para a livrar do inferno”, conta ainda Danilo Sobreira.

Benigna Cardoso da Silva foi morta aos 13 anos no Ceará. Foto: Vaticano/Reprodução

Complexo de Benigna

No local, de difícil acesso, da morte da jovem foi erguido um monumento com uma cruz, além de uma lápide e um memorial que conserva alguns de seus objetos pessoais. Católicos iam até lá para rezar e pedir a sua intercessão. Em 2005, foi construída uma capela em uma área próxima para receber os romeiros.

Perto da pequena capela está em construção o chamado Complexo de Benigna. A previsão de entrega da obra está prevista para agosto de 2023. O local vai contar com uma estátua de mais de 20 metros e um espaço para oração que será chamado de Santuário de Benigna, segundo explica Ypsilon Felix, secretário de Cultura de Santana do Cariri à agência Vatican News. “São mais de 48 mil metros quadrados de área, com capacidade para abrigar mais de 100 mil romeiros, com áreas para estacionamento, ambulantes e grandes celebrações.”

Francineide Pereira, agricultora e natural de Santana do Cariri, é uma entre as milhares de santanenses que está participando da programação religiosa. Ela é devota de Benigna e batizou sua filha com o mesmo nome da nova beata para agradecer por uma graça alcançada. “Eu tive muito problema de pressão alta durante minha gravidez. Chegou a 20 por 18, era um sufoco! Quando eu fui ganhar minha filha, fui encaminhada para a cidade de Barbalha, já com uma vaga na UTI aberta. Já estava com começo de pré-eclâmpsia. Então eu pedi à menina Benigna que me ajudasse: ‘Minha santinha, se a senhora me ajudar para minha filha nascer com saúde e eu não sentir nada, ela vai ter o seu nome!’, e assim foi”, conta.

A pequena Benigna Maiara tem 5 anos e foi batizada, inclusive, com um vestido vermelho de bolinhas brancas, assim como é representada a mártir Benigna.

Maria da Penha é membro da comissão de acolhida do Santuário de Benigna, localizado no bairro Inhumas, em Santana do Cariri. Ela acompanha essa trajetória de fé popular há muito tempo e hoje diz que está com o coração a mil. “Eu sempre soube que esse dia iria chegar (da beatificação), mas eu ficava me perguntando qual geração minha que testemunharia isso. Agora, aqui estou eu testemunhando esse dia. Estou muito feliz!”

O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre. Foto: Diocese do Crato

A cearense Benigna Cardoso da Silva foi beatificada nesta segunda-feira, 24, no Crato, no sertão do Ceará, pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que representa o papa Francisco. Benigna foi brutalmente assassinada aos 13 anos em 1941 por um rapaz que a assediava. Ela é venerada por católicos como um mártir da pureza e da castidade.

Ainda com 12 anos de idade, Benigna começou a ser assediada por Raul Alves, quatro anos mais velho que ela. Os dois estudavam no mesmo colégio e o rapaz começou a persegui-la. Benigna recorreu ao então pároco da cidade, o padre Cristiano Coelho, para falar do assédio. Ele a aconselhou a ir estudar na sede do município e lhe presenteou com uma Bíblia que, segundo sua biografia, tornou-se o seu livro de cabeceira.

Em 24 de outubro de 1941, Benigna foi ao poço com seu pote para pegar água e Raul estava à espreita, perseguindo ela. O jovem tentou estuprá-la e, com a resistência de Benigna, a matou.

“Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza”, disse Danilo Sobreira, coordenador de Pastoral da Paróquia Senhora Sant’Ana de Santana do Cariri, cidade natal de Benigna, à agência Vatican News.

Raul Alves foi preso, ficou numa casa para recuperação de menores em Fortaleza, até chegar à maioridade. Ele cumpriu pena e voltou ao local do crime 50 anos depois para pedir perdão à família de Benigna.

Benigna Cardoso da Silva nasceu no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, no dia 15 de outubro de 1928. Os pais biológicos morreram e ela foi adotada, junto aos seus irmãos mais velhos, pela família Sisnando Leite.

Cerimônia de beatificação de Benigna no Crato, sertão do Ceará. Foto: Diocese do Crato

Decreto

O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre.

Desde maio de 2019, o dia 24 de outubro é também o Dia de Combate ao Feminicídio no Ceará. A data foi instituída pela Lei 16.892, que prevê a realização de campanhas, debates e seminários para conscientizar a população sobre a importância do combate ao feminicídio e a outras formas de violência contra as mulheres.

“Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa. Era muito dedicada aos estudos – era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos. Recebeu de presente uma Bíblia do pároco na época que virou livro de cabeceira: ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus. E também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo, a quem sempre invocava para a livrar do inferno”, conta ainda Danilo Sobreira.

Benigna Cardoso da Silva foi morta aos 13 anos no Ceará. Foto: Vaticano/Reprodução

Complexo de Benigna

No local, de difícil acesso, da morte da jovem foi erguido um monumento com uma cruz, além de uma lápide e um memorial que conserva alguns de seus objetos pessoais. Católicos iam até lá para rezar e pedir a sua intercessão. Em 2005, foi construída uma capela em uma área próxima para receber os romeiros.

Perto da pequena capela está em construção o chamado Complexo de Benigna. A previsão de entrega da obra está prevista para agosto de 2023. O local vai contar com uma estátua de mais de 20 metros e um espaço para oração que será chamado de Santuário de Benigna, segundo explica Ypsilon Felix, secretário de Cultura de Santana do Cariri à agência Vatican News. “São mais de 48 mil metros quadrados de área, com capacidade para abrigar mais de 100 mil romeiros, com áreas para estacionamento, ambulantes e grandes celebrações.”

Francineide Pereira, agricultora e natural de Santana do Cariri, é uma entre as milhares de santanenses que está participando da programação religiosa. Ela é devota de Benigna e batizou sua filha com o mesmo nome da nova beata para agradecer por uma graça alcançada. “Eu tive muito problema de pressão alta durante minha gravidez. Chegou a 20 por 18, era um sufoco! Quando eu fui ganhar minha filha, fui encaminhada para a cidade de Barbalha, já com uma vaga na UTI aberta. Já estava com começo de pré-eclâmpsia. Então eu pedi à menina Benigna que me ajudasse: ‘Minha santinha, se a senhora me ajudar para minha filha nascer com saúde e eu não sentir nada, ela vai ter o seu nome!’, e assim foi”, conta.

A pequena Benigna Maiara tem 5 anos e foi batizada, inclusive, com um vestido vermelho de bolinhas brancas, assim como é representada a mártir Benigna.

Maria da Penha é membro da comissão de acolhida do Santuário de Benigna, localizado no bairro Inhumas, em Santana do Cariri. Ela acompanha essa trajetória de fé popular há muito tempo e hoje diz que está com o coração a mil. “Eu sempre soube que esse dia iria chegar (da beatificação), mas eu ficava me perguntando qual geração minha que testemunharia isso. Agora, aqui estou eu testemunhando esse dia. Estou muito feliz!”

O papa Francisco assinou em outubro de 2019 o decreto que reconhece o martírio da menina brasileira – a declaração é decisiva para a beatificação, já que assim não é necessário reconhecer um milagre. Foto: Diocese do Crato

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.