A prisão dos bombeiros Tito Lívio de Paiva Franco e Antônio Lázaro da Silva Franco, flagrados pelo Estado roubando R$ 30 mil de um empresário na Barra da Tijuca, levou a chefia de Polícia Civil a descobrir uma rede de extorsão montada na 59ª Delegacia de Polícia, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. O grupo achacou de empresários a políticos. Tito também foi indiciado ontem por tráfico de drogas - ele é acusado de ser o fornecedor de algumas favelas da Baixada Fluminense. O esquema de extorsão teve fim apenas no início do ano, quando alguns dos informantes migraram para outras delegacias. Um político local disse ao Estado que procurou um delegado para reclamar que vinha sendo assediado por informantes de diversas profissões que cobravam dele propinas. Na ocasião, o político notou que a delegacia possuía mais informantes do que policiais. O delegado titular da 59ª DP, André Drumond, negou que os bombeiros sejam seus informantes, mas admitiu que, ao assumir o distrito, "renovou 90%" do efetivo. Ele confirmou que a delegacia trabalhava com número excessivo de informantes. O Estado adiantou ontem que os informantes trabalhavam na 59ª DP, fazendo-se passar por policiais, até no atendimento ao público, com acesso a dados confidenciais. Para um delegado, que não quis se identificar, a deficiência técnica na polícia causa uma "dependência crônica" dos informantes, que acabam tendo acesso a dados privilegiados sobre investigados ou testemunhas. Ontem, o envolvimento de Tito (lotado na assessoria de Imprensa do Quartel Central do Corpo de Bombeiros) com o tráfico foi comprovado pelo reconhecimento feito por uma mulher, presa desde janeiro, que o indicou como um dos fornecedores de drogas para favelas em Duque de Caxias. O delegado titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Carlos Augusto Nogueira Pinto, que apura o roubo e tentativa de seqüestro do empresário M.A.S, acredita que o terceiro envolvido no crime também seja informante da polícia. "Ele conhece os procedimentos da polícia. Como não saiu do carro durante o crime, não foi fotografado. Além disso, tentou apagar as impressões digitais." Nogueira Pinto não especificou onde obteria as imagens do terceiro participante do crime. O empresário M.A.S compareceu à 16ª DP acompanhado por dois funcionários, que negociaram com os impostores, que se passaram por um vendedor de uma concessionária que precisava trocar US$ 15 mil para fechar a venda de um Mercedes-Benz. M.A.S. não quis falar com a imprensa, assim como seus funcionários. "Descarto totalmente o envolvimento dos funcionários da agência de câmbio e da concessionária com essa quadrilha", disse Nogueira Pinto. O delegado Fernando Moraes acredita que a quadrilha possa ter até oito integrantes.
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