De olho principalmente no aumento das exportações de alimentos com tarifas mais baixas, o Brasil vai negociar com o México um acordo de livre comércio. Uma delegação coordenada pelo Itamaraty vai hoje à Cidade do México para apresentar as bases da proposta brasileira. As premissas da negociação foram discutidas na reunião de ontem da Câmara de Comércio Exterior (Camex). O México é o sexto maior importador de alimentos do mundo e já dá vantagens tarifárias para vários países, incluindo o Uruguai, parceiro do Brasil no Mercosul.Segundo a secretária executiva da Camex, Lytha Spindola, os empresários brasileiros têm grande interesse no acordo com o México. "Queremos um acordo mais abrangente de redução de tarifas para uma parte substancial ou a totalidade dos produtos", disse. Segundo ela, o acordo de livre comércio tem amparo nas regras da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).O Brasil já tem acordo desse tipo com o México no setor de automóveis. Para uma lista de 800 produtos, desde 2001 há um acordo de redução de tarifas. "O Brasil tem interesse de oferecer uma proposta bastante forte", disse a secretária.A expectativa é que o acordo seja concluído em, no máximo, um ano. "Mas vai depender do México", disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral. Segundo ele, há um interesse especial do Ministério da Agricultura em vender produtos lácteos e suínos aos mexicanos. Ele destacou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) incluiu o acordo com o México na sua lista de prioridades. O anúncio do interesse brasileiro de ampliar o acordo comercial com o México ocorre após a visita do presidente mexicano, Felipe Calderón, ao Brasil, em agosto. Durante a visita, Calderón e o presidente Lula da Silva ressaltaram a necessidade aproximação. RETALIAÇÃOA Camex criou ontem o grupo técnico que vai estudar a retaliação do Brasil aos Estados Unidos por causa dos subsídios ilegais aos produtores de algodão. Segundo Lytha, o grupo vai discutir a lista de produtos que poderão ser usados na retaliação. O direito à retaliação foi autorizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC).A secretária negou que haja divergências no governo em relação à possibilidade de retaliar os Estados Unidos. "Temos uma avaliação muito clara de que fomos vitoriosos nesse contencioso", afirmou. "Como não houve oferta, no momento o Brasil está se preparando para as retaliações."A secretária informou que a Camex está "olhando com muito interesse" para os produtores de algodão do Brasil que foram prejudicados com os subsídios e tiveram um dispêndio grande durante a disputa na OMC. "De alguma forma, vamos buscar compensar o setor", assegurou.