As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini, presas injustamente na Alemanha após terem as malas trocadas no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, já estão no Brasil. Elas desembarcam na manhã desta sexta-feira, 14, em Guarulhos e seguiram com Lorena Baía, irmã de Kátyna, Valéria Paolini, mãe de Jeanne, e a advogada Luna Provázio para Goiânia, onde moram.
Segundo Lorena, o casal que ficou 38 dias preso em Frankfurt depois de ter as etiquetas de identidade das malas trocadas por bagagens com drogas, ainda se recupera do baque. “Estão muito abaladas, tentando processar as informações, que estão chegando aos poucos”, relata Lorena.
As goianas foram libertadas no ultimo dia 11, depois que o Ministério Público alemão, de posse do inquérito da Polícia Federal (PF) e de vídeos que comprovavam que as etiquetas das malas foram trocadas no aeroporto, autorizou a soltura do casal. Operação da PF no aeroporto de Guarulhos prendeu sete suspeitos de participar do esquema.
Segundo Lorena, elas pretendem entrar com ação de reparação de dano, mas ela ainda não sabe informar se contra a empresa aérea ou contra o terminal de Guarulhos. “A prioridade era soltar as meninas. Os advogados, agora, estão avaliando toda a situação para ingressar com a ação indenizatória.”
Entenda o caso
A polícia alemã apreendeu no início de março duas malas com 20kg de cocaína cada, etiquetadas com os nomes da veterinária Jeanne, de 40 anos, e da personal trainer Kátyna, de 44, e elas foram presas.
A base para a liberação foram as imagens que mostram as bagagens sendo trocadas durante uma escala no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Segundo a Polícia Federal, um dia antes do embarque das duas brasileiras, outra goiana teve a etiqueta da mala trocada por bagagem com drogas ao viajar para Paris, na França, mas não foi presa.
Saiba mais
Vídeos obtidos pelo Fantástico, da TV Globo, mostram como dois funcionários do aeroporto identificam as duas malas de Kátyna e Jeanne, uma rosa e uma preta, separam e, discretamente, retiram a etiqueta delas em uma área de segurança e de acesso restrito que é monitorada por várias câmeras.
Em outro vídeo, duas mulheres chegam ao aeroporto com duas malas de cores diferentes por volta das 20h30. Seriam as malas que continham os 40 quilos de cocaína, segundo a polícia. As duas vão a um guichê de companhia aérea após um sinal da única funcionária no local, deixam as malas e saem em seguida do aeroporto, sem embarcar para qualquer destino. As duas malas são levadas para o mesmo veículo onde estão as malas de Kátyna e Jeanne e a troca é feita.
A Operação Iraúna da PF já prendeu sete pessoas por envolvimento no caso.
Drama na prisão
Lorena contou no começo da semana o drama vivido pelas goianas na Alemanha. “Elas foram detidas no aeroporto separadamente, algemadas pelos pés e mãos, escoltadas por vários policiais e a única palavra que entendiam era cocaína”, disse a irmã de Kátyna. Segundo Lorena, elas tentaram argumentar que aquelas não eram suas malas, pois tinham cores e pesos diferentes, mas os policiais só repetiam a palavra “cocaína”.
As duas, contou a irmã, tiveram as mãos raspadas para coleta de DNA, sem que tivessem dado autorização para isso. A bagagem de mão foi retida e elas ficaram sem os medicamentos e agasalhos. As duas foram levadas para celas separadas. Nesse local, que era frio e tinha as paredes escritas com fezes, elas ficaram três dias, nos quais lhes foram oferecidos apenas pão e água.
Depois, elas foram transferidas para o presídio feminino de Frankfurt, onde permaneceram separadas e, segundo Lorena, convivendo com mulheres condenadas por diversos crimes em celas frias e desconfortáveis.