Brasileiro come muito e mal, diz IBGE


Por Alexandre Rodrigues, Clarissa Thomé e Daniela Amorim

O brasileiro não abre mão do feijão com arroz e tem carne no prato, mas combina o trivial com alimentação de alto índice calórico e baixo teor nutritivo - e abusa do sal e do açúcar. É o que mostra a Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, feita pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em domicílios visitados na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009). O alimento mais ingerido é o café, que lidera a lista da média de consumo diário per capita de itens avaliados. Em média, cada pessoa bebe entre quatro e cinco cafezinhos por dia. O feijão é o segundo, com consumo diário médio equivalente a cinco conchas. Os brasileiros consomem um pouco menos de arroz (uma concha e meia), mas recorrem ao alimento com maior frequência em relação ao feijão. O IBGE pediu a 34 mil moradores de 13,5 mil domicílios que registrassem o que ingeriram em dois dias não consecutivos, exceto água. O arroz foi reportado por 84% em pelo menos um dia, enquanto o feijão apareceu em 72,8% dos questionários. Carne bovina foi relatada por 48,7%. O brasileiro come, em média, mais carne que pão: pouco mais de 63 gramas diários de carne bovina contra 53 gramas de pão de sal, o equivalente a um pãozinho francês. Curiosamente, o maior consumo de carne não está entre os 25% mais ricos, mas na fração intermediária com rendimento per capita entre R$ 571 e R$ 1.089: quase 71 gramas por pessoa. Frango e outras aves são frequentes na mesa de 27%. Se a base de carboidratos e proteínas é satisfatória, o problema está nos acompanhamentos. Só um entre dez brasileiros come os 400 gramas diários recomendados pelo Ministério da Saúde de frutas, verduras e legumes, fontes de fibras. Só 16% reportaram ter comido salada crua. O alto consumo de processados gera ingestão de sódio e gordura saturada acima dos limites saudáveis em todas as faixas etárias. O abuso do açúcar aparece no alto consumo diário de refrigerantes (94,7 ml), sucos e refrescos, mesmo em pó (145ml). "O brasileiro come muito e come mal. Come muito do que não deve e pouco do que deveria", definiu Rosely Sichieri, pesquisadora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio (Uerj). Ela chama a atenção para a maior concentração do consumo de alimentos como biscoitos recheados, salgados fritos e sanduíches entre os adolescentes, também os que menos procuram itens mais saudáveis. André Martins, técnico do IBGE, lembrou que outros desdobramentos da POF mostraram queda da desnutrição, mas apontavam tendência crescente da obesidade, principalmente entre adolescentes. "Agora vemos a relação disso com a escolha dos alimentos." Calorias demais. O consumo calórico diário médio do brasileiro é de 2.044 kcal. Os homens ingerem mais calorias, enquanto os idosos têm consumo energético mais reduzido em ambos os sexos. Pouco mais de 40% come pelo menos uma vez no dia fora de casa, mas essa fonte de alimentação representa, em média, 16,2% do consumo energético total diário do indivíduo. A pesquisa também mostrou carência quase generalizada. Mesmo os 10% da população de 10 a 13 anos que ingerem mais cálcio não atingem a média diária recomendada, de 1.100 mg. A inadequação está na dieta de mais de 80% em todas as faixas etárias. Também foi de mais de 80% a prevalência do excesso de ingestão diária de sódio, acima do limite de 2.300 mg (o que equivale a meia colher de chá)."O brasileiro passou a comer mal por conta da facilidade do rápido preparo do alimento industrial ", avalia Denise Barros, coordenadora do Centro de Alimentação e Nutrição da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O brasileiro não abre mão do feijão com arroz e tem carne no prato, mas combina o trivial com alimentação de alto índice calórico e baixo teor nutritivo - e abusa do sal e do açúcar. É o que mostra a Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, feita pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em domicílios visitados na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009). O alimento mais ingerido é o café, que lidera a lista da média de consumo diário per capita de itens avaliados. Em média, cada pessoa bebe entre quatro e cinco cafezinhos por dia. O feijão é o segundo, com consumo diário médio equivalente a cinco conchas. Os brasileiros consomem um pouco menos de arroz (uma concha e meia), mas recorrem ao alimento com maior frequência em relação ao feijão. O IBGE pediu a 34 mil moradores de 13,5 mil domicílios que registrassem o que ingeriram em dois dias não consecutivos, exceto água. O arroz foi reportado por 84% em pelo menos um dia, enquanto o feijão apareceu em 72,8% dos questionários. Carne bovina foi relatada por 48,7%. O brasileiro come, em média, mais carne que pão: pouco mais de 63 gramas diários de carne bovina contra 53 gramas de pão de sal, o equivalente a um pãozinho francês. Curiosamente, o maior consumo de carne não está entre os 25% mais ricos, mas na fração intermediária com rendimento per capita entre R$ 571 e R$ 1.089: quase 71 gramas por pessoa. Frango e outras aves são frequentes na mesa de 27%. Se a base de carboidratos e proteínas é satisfatória, o problema está nos acompanhamentos. Só um entre dez brasileiros come os 400 gramas diários recomendados pelo Ministério da Saúde de frutas, verduras e legumes, fontes de fibras. Só 16% reportaram ter comido salada crua. O alto consumo de processados gera ingestão de sódio e gordura saturada acima dos limites saudáveis em todas as faixas etárias. O abuso do açúcar aparece no alto consumo diário de refrigerantes (94,7 ml), sucos e refrescos, mesmo em pó (145ml). "O brasileiro come muito e come mal. Come muito do que não deve e pouco do que deveria", definiu Rosely Sichieri, pesquisadora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio (Uerj). Ela chama a atenção para a maior concentração do consumo de alimentos como biscoitos recheados, salgados fritos e sanduíches entre os adolescentes, também os que menos procuram itens mais saudáveis. André Martins, técnico do IBGE, lembrou que outros desdobramentos da POF mostraram queda da desnutrição, mas apontavam tendência crescente da obesidade, principalmente entre adolescentes. "Agora vemos a relação disso com a escolha dos alimentos." Calorias demais. O consumo calórico diário médio do brasileiro é de 2.044 kcal. Os homens ingerem mais calorias, enquanto os idosos têm consumo energético mais reduzido em ambos os sexos. Pouco mais de 40% come pelo menos uma vez no dia fora de casa, mas essa fonte de alimentação representa, em média, 16,2% do consumo energético total diário do indivíduo. A pesquisa também mostrou carência quase generalizada. Mesmo os 10% da população de 10 a 13 anos que ingerem mais cálcio não atingem a média diária recomendada, de 1.100 mg. A inadequação está na dieta de mais de 80% em todas as faixas etárias. Também foi de mais de 80% a prevalência do excesso de ingestão diária de sódio, acima do limite de 2.300 mg (o que equivale a meia colher de chá)."O brasileiro passou a comer mal por conta da facilidade do rápido preparo do alimento industrial ", avalia Denise Barros, coordenadora do Centro de Alimentação e Nutrição da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O brasileiro não abre mão do feijão com arroz e tem carne no prato, mas combina o trivial com alimentação de alto índice calórico e baixo teor nutritivo - e abusa do sal e do açúcar. É o que mostra a Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, feita pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em domicílios visitados na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009). O alimento mais ingerido é o café, que lidera a lista da média de consumo diário per capita de itens avaliados. Em média, cada pessoa bebe entre quatro e cinco cafezinhos por dia. O feijão é o segundo, com consumo diário médio equivalente a cinco conchas. Os brasileiros consomem um pouco menos de arroz (uma concha e meia), mas recorrem ao alimento com maior frequência em relação ao feijão. O IBGE pediu a 34 mil moradores de 13,5 mil domicílios que registrassem o que ingeriram em dois dias não consecutivos, exceto água. O arroz foi reportado por 84% em pelo menos um dia, enquanto o feijão apareceu em 72,8% dos questionários. Carne bovina foi relatada por 48,7%. O brasileiro come, em média, mais carne que pão: pouco mais de 63 gramas diários de carne bovina contra 53 gramas de pão de sal, o equivalente a um pãozinho francês. Curiosamente, o maior consumo de carne não está entre os 25% mais ricos, mas na fração intermediária com rendimento per capita entre R$ 571 e R$ 1.089: quase 71 gramas por pessoa. Frango e outras aves são frequentes na mesa de 27%. Se a base de carboidratos e proteínas é satisfatória, o problema está nos acompanhamentos. Só um entre dez brasileiros come os 400 gramas diários recomendados pelo Ministério da Saúde de frutas, verduras e legumes, fontes de fibras. Só 16% reportaram ter comido salada crua. O alto consumo de processados gera ingestão de sódio e gordura saturada acima dos limites saudáveis em todas as faixas etárias. O abuso do açúcar aparece no alto consumo diário de refrigerantes (94,7 ml), sucos e refrescos, mesmo em pó (145ml). "O brasileiro come muito e come mal. Come muito do que não deve e pouco do que deveria", definiu Rosely Sichieri, pesquisadora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio (Uerj). Ela chama a atenção para a maior concentração do consumo de alimentos como biscoitos recheados, salgados fritos e sanduíches entre os adolescentes, também os que menos procuram itens mais saudáveis. André Martins, técnico do IBGE, lembrou que outros desdobramentos da POF mostraram queda da desnutrição, mas apontavam tendência crescente da obesidade, principalmente entre adolescentes. "Agora vemos a relação disso com a escolha dos alimentos." Calorias demais. O consumo calórico diário médio do brasileiro é de 2.044 kcal. Os homens ingerem mais calorias, enquanto os idosos têm consumo energético mais reduzido em ambos os sexos. Pouco mais de 40% come pelo menos uma vez no dia fora de casa, mas essa fonte de alimentação representa, em média, 16,2% do consumo energético total diário do indivíduo. A pesquisa também mostrou carência quase generalizada. Mesmo os 10% da população de 10 a 13 anos que ingerem mais cálcio não atingem a média diária recomendada, de 1.100 mg. A inadequação está na dieta de mais de 80% em todas as faixas etárias. Também foi de mais de 80% a prevalência do excesso de ingestão diária de sódio, acima do limite de 2.300 mg (o que equivale a meia colher de chá)."O brasileiro passou a comer mal por conta da facilidade do rápido preparo do alimento industrial ", avalia Denise Barros, coordenadora do Centro de Alimentação e Nutrição da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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