ATAQUES E RADICALIZAÇÃO
Além da imprevisibilidade com viradas dramáticas, a campanha eleitoral deste ano ficará marcada pelos incansáveis ataques entre os principais candidatos e pela crescente radicalização na polarização PT x PSDB, que domina as disputas presidenciais há 20 anos.
Se no primeiro turno Marina foi alvo tanto de Dilma como de Aécio por supostos riscos que suas propostas trariam às pessoas, por suas contradições ou por suas origens petistas, no segundo a artilharia foi concentrada sobre corrupção, contra Dilma, e na gestão em Minas Gerais e no suposto risco de perdas de conquistas sociais, contra Aécio.
As denúncias em torno de um suposto esquema de sobrepreços de contratos da Petrobras para alimentar partidos e políticos governistas, que ocupou grande espaço do noticiário e dos ataques durante a campanha, atingiu o ápice com a publicação da última edição da revista Veja antes do pleito.
A reportagem de capa trouxe o que seria declaração do doleiro Alberto Youssef dizendo que tanto Dilma como Lula saberiam do suposto esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Na sua propaganda na TV, a presidente rebateu a acusação e disse que a revista "excedeu todos os limites da decência e da falta de ética".
A nova denúncia, como não poderia deixar de ser, foi trazida à tona por Aécio no último debate entre os dois na TV Globo, na sexta-feira.
No debate, o tucano bateu na tecla de que para acabar com a corrupção no governo é preciso trocar o governo, enquanto Dilma martelou que quando o PSDB comandou o país, nos dois mandatos de FHC, houve grande desemprego e arrocho salarial.
A petista atacou também pontos da gestão de Aécio como governador de Minas Gerais e ainda usou o fato de ter tido mais votos que ele no Estado o primeiro turno para mostrar que o governo do tucano não fora bem-sucedido, mesmo com a propaganda dele repetindo sempre o altíssimo nível de aprovação popular de sua administração.
Se a campanha de Aécio mostrava inúmeras obras paradas e inacabadas no país, a propaganda de Dilma apontava para o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, anunciado pelo tucano como seu futuro ministro da Fazenda se for eleito, como encarnação de todos os riscos para as conquistas sociais.
FRASES DE EFEITO
Mas a campanha não foi feita só de ataques. Os candidatos apresentaram inúmeras propostas.
Dilma falou em ampliar o programa Mais Médicos com o Mais Especialidades e prometeu que não mexerá nos direitos trabalhistas "nem que a vaca tussa".
Aécio, por sua vez, repetiu inúmeras vezes a palavra previsibilidade, geralmente de forma bem pausada, quando tratava dos temas econômicos. E prometeu, com sua vitória, "libertar" o país do PT.
Mas talvez a frase mais marcante desta eleição seja aquela pronunciada por Campos na véspera do acidente que lhe tirou a vida. "Não vamos desistir do Brasil."