A gripe de Voltaire deu a volta ao mundo


A doença, enquanto palavra, povoa as mentes humanas desde o século 18, apesar de os historiadores a reconhecerem desde o século 12

Por Bruna Toni

“A gripe, ao dar a volta ao mundo, passou pela nossa Sibéria [Ferney, onde mora] e tomou um pouco conta da minha velha e débil figura.” A frase, escrita há 222 anos pelo filósofo iluminista Voltaire, chegou até mim num livro de outro grande pensador francês, Fernand Braudel, com seu clássico Civilização Material, Economia e Capitalismo, publicado pela primeira vez em 1967. Pois estava lendo a obra, por outros motivos que não a pandemia causada pelo Covid-19, novo coronavírus, e encontrei algumas páginas sobre a história cíclica das doenças.

Logo me pus a pensar sobre quais os sintomas que condenavam o corpo “velho e débil” de Voltaire e sobre como a população de sua época encarou a chegada da doença na pequena comuna francesa do País de Gex, um dos arrondissements (bairros) franceses, na divisa com a Suíça.

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Porque lá, a gripe (essa causada pelo vírus influenza), essa doença universal que chama para si inúmeras sensações, atingiu a comuna mesmo com as transformações modernizadoras impulsionadas pelo filósofo. Tantas que Ferney chama-se Ferney-Voltaire desde o século 19, em homenagem a seu patrono

Estátua de Voltaire na cidade onde viveu, Ferney-Voltaire Foto: Jamil Chade/Estadão

Gripe, enquanto palavra, povoa as mentes humanas desde o século 18, apesar de os historiadores a reconhecerem desde o século 12. Biologicamente, porém, ela não é uma, como sabemos. Graças à sua veloz mutação, nos faz sempre perdedores em seu combate. Até porque ela se espalha, como também sabemos. 

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E se espalha com o fluxo de viajantes. Os que são turistas, mas, antes de tudo, aqueles que percorrem os mares – e, mais recentemente, os céus – em nome dos negócios desde a mais tenra idade das civilizações.

Viagens são, assim, propagadoras de doenças? Com toda certeza. Mas, antes de elas carregarem os vírus de uma parte a outra, é preciso que haja ambientes favoráveis à proliferação dos mesmos. “Na verdade, não é mais que uma doença entre muitas outras que se espalham com suas viagens e contágios frequentes, graças às promiscuidades sociais”, escreve Braudel. Ele se referia à peste, cuja letalidade, é bom reforçar, era infinitamente maior do que a da gripe atual. 

Em comum, porém, ambas estão relacionadas à ação devastadora do homem. Seja pelas condições desumanas em que deixamos boa parte da população mundial viver, seja pela maneira com que lidamos com o meio ambiente e outros povos. Uma outra gripe, afinal, estava entre as doenças que dizimaram indígenas nas Américas quando aqui chegaram os europeus. Passaram-se mais de cinco séculos. E o que aprendemos?

“A gripe, ao dar a volta ao mundo, passou pela nossa Sibéria [Ferney, onde mora] e tomou um pouco conta da minha velha e débil figura.” A frase, escrita há 222 anos pelo filósofo iluminista Voltaire, chegou até mim num livro de outro grande pensador francês, Fernand Braudel, com seu clássico Civilização Material, Economia e Capitalismo, publicado pela primeira vez em 1967. Pois estava lendo a obra, por outros motivos que não a pandemia causada pelo Covid-19, novo coronavírus, e encontrei algumas páginas sobre a história cíclica das doenças.

Logo me pus a pensar sobre quais os sintomas que condenavam o corpo “velho e débil” de Voltaire e sobre como a população de sua época encarou a chegada da doença na pequena comuna francesa do País de Gex, um dos arrondissements (bairros) franceses, na divisa com a Suíça.

Porque lá, a gripe (essa causada pelo vírus influenza), essa doença universal que chama para si inúmeras sensações, atingiu a comuna mesmo com as transformações modernizadoras impulsionadas pelo filósofo. Tantas que Ferney chama-se Ferney-Voltaire desde o século 19, em homenagem a seu patrono

Estátua de Voltaire na cidade onde viveu, Ferney-Voltaire Foto: Jamil Chade/Estadão

Gripe, enquanto palavra, povoa as mentes humanas desde o século 18, apesar de os historiadores a reconhecerem desde o século 12. Biologicamente, porém, ela não é uma, como sabemos. Graças à sua veloz mutação, nos faz sempre perdedores em seu combate. Até porque ela se espalha, como também sabemos. 

E se espalha com o fluxo de viajantes. Os que são turistas, mas, antes de tudo, aqueles que percorrem os mares – e, mais recentemente, os céus – em nome dos negócios desde a mais tenra idade das civilizações.

Viagens são, assim, propagadoras de doenças? Com toda certeza. Mas, antes de elas carregarem os vírus de uma parte a outra, é preciso que haja ambientes favoráveis à proliferação dos mesmos. “Na verdade, não é mais que uma doença entre muitas outras que se espalham com suas viagens e contágios frequentes, graças às promiscuidades sociais”, escreve Braudel. Ele se referia à peste, cuja letalidade, é bom reforçar, era infinitamente maior do que a da gripe atual. 

Em comum, porém, ambas estão relacionadas à ação devastadora do homem. Seja pelas condições desumanas em que deixamos boa parte da população mundial viver, seja pela maneira com que lidamos com o meio ambiente e outros povos. Uma outra gripe, afinal, estava entre as doenças que dizimaram indígenas nas Américas quando aqui chegaram os europeus. Passaram-se mais de cinco séculos. E o que aprendemos?

“A gripe, ao dar a volta ao mundo, passou pela nossa Sibéria [Ferney, onde mora] e tomou um pouco conta da minha velha e débil figura.” A frase, escrita há 222 anos pelo filósofo iluminista Voltaire, chegou até mim num livro de outro grande pensador francês, Fernand Braudel, com seu clássico Civilização Material, Economia e Capitalismo, publicado pela primeira vez em 1967. Pois estava lendo a obra, por outros motivos que não a pandemia causada pelo Covid-19, novo coronavírus, e encontrei algumas páginas sobre a história cíclica das doenças.

Logo me pus a pensar sobre quais os sintomas que condenavam o corpo “velho e débil” de Voltaire e sobre como a população de sua época encarou a chegada da doença na pequena comuna francesa do País de Gex, um dos arrondissements (bairros) franceses, na divisa com a Suíça.

Porque lá, a gripe (essa causada pelo vírus influenza), essa doença universal que chama para si inúmeras sensações, atingiu a comuna mesmo com as transformações modernizadoras impulsionadas pelo filósofo. Tantas que Ferney chama-se Ferney-Voltaire desde o século 19, em homenagem a seu patrono

Estátua de Voltaire na cidade onde viveu, Ferney-Voltaire Foto: Jamil Chade/Estadão

Gripe, enquanto palavra, povoa as mentes humanas desde o século 18, apesar de os historiadores a reconhecerem desde o século 12. Biologicamente, porém, ela não é uma, como sabemos. Graças à sua veloz mutação, nos faz sempre perdedores em seu combate. Até porque ela se espalha, como também sabemos. 

E se espalha com o fluxo de viajantes. Os que são turistas, mas, antes de tudo, aqueles que percorrem os mares – e, mais recentemente, os céus – em nome dos negócios desde a mais tenra idade das civilizações.

Viagens são, assim, propagadoras de doenças? Com toda certeza. Mas, antes de elas carregarem os vírus de uma parte a outra, é preciso que haja ambientes favoráveis à proliferação dos mesmos. “Na verdade, não é mais que uma doença entre muitas outras que se espalham com suas viagens e contágios frequentes, graças às promiscuidades sociais”, escreve Braudel. Ele se referia à peste, cuja letalidade, é bom reforçar, era infinitamente maior do que a da gripe atual. 

Em comum, porém, ambas estão relacionadas à ação devastadora do homem. Seja pelas condições desumanas em que deixamos boa parte da população mundial viver, seja pela maneira com que lidamos com o meio ambiente e outros povos. Uma outra gripe, afinal, estava entre as doenças que dizimaram indígenas nas Américas quando aqui chegaram os europeus. Passaram-se mais de cinco séculos. E o que aprendemos?

“A gripe, ao dar a volta ao mundo, passou pela nossa Sibéria [Ferney, onde mora] e tomou um pouco conta da minha velha e débil figura.” A frase, escrita há 222 anos pelo filósofo iluminista Voltaire, chegou até mim num livro de outro grande pensador francês, Fernand Braudel, com seu clássico Civilização Material, Economia e Capitalismo, publicado pela primeira vez em 1967. Pois estava lendo a obra, por outros motivos que não a pandemia causada pelo Covid-19, novo coronavírus, e encontrei algumas páginas sobre a história cíclica das doenças.

Logo me pus a pensar sobre quais os sintomas que condenavam o corpo “velho e débil” de Voltaire e sobre como a população de sua época encarou a chegada da doença na pequena comuna francesa do País de Gex, um dos arrondissements (bairros) franceses, na divisa com a Suíça.

Porque lá, a gripe (essa causada pelo vírus influenza), essa doença universal que chama para si inúmeras sensações, atingiu a comuna mesmo com as transformações modernizadoras impulsionadas pelo filósofo. Tantas que Ferney chama-se Ferney-Voltaire desde o século 19, em homenagem a seu patrono

Estátua de Voltaire na cidade onde viveu, Ferney-Voltaire Foto: Jamil Chade/Estadão

Gripe, enquanto palavra, povoa as mentes humanas desde o século 18, apesar de os historiadores a reconhecerem desde o século 12. Biologicamente, porém, ela não é uma, como sabemos. Graças à sua veloz mutação, nos faz sempre perdedores em seu combate. Até porque ela se espalha, como também sabemos. 

E se espalha com o fluxo de viajantes. Os que são turistas, mas, antes de tudo, aqueles que percorrem os mares – e, mais recentemente, os céus – em nome dos negócios desde a mais tenra idade das civilizações.

Viagens são, assim, propagadoras de doenças? Com toda certeza. Mas, antes de elas carregarem os vírus de uma parte a outra, é preciso que haja ambientes favoráveis à proliferação dos mesmos. “Na verdade, não é mais que uma doença entre muitas outras que se espalham com suas viagens e contágios frequentes, graças às promiscuidades sociais”, escreve Braudel. Ele se referia à peste, cuja letalidade, é bom reforçar, era infinitamente maior do que a da gripe atual. 

Em comum, porém, ambas estão relacionadas à ação devastadora do homem. Seja pelas condições desumanas em que deixamos boa parte da população mundial viver, seja pela maneira com que lidamos com o meio ambiente e outros povos. Uma outra gripe, afinal, estava entre as doenças que dizimaram indígenas nas Américas quando aqui chegaram os europeus. Passaram-se mais de cinco séculos. E o que aprendemos?

“A gripe, ao dar a volta ao mundo, passou pela nossa Sibéria [Ferney, onde mora] e tomou um pouco conta da minha velha e débil figura.” A frase, escrita há 222 anos pelo filósofo iluminista Voltaire, chegou até mim num livro de outro grande pensador francês, Fernand Braudel, com seu clássico Civilização Material, Economia e Capitalismo, publicado pela primeira vez em 1967. Pois estava lendo a obra, por outros motivos que não a pandemia causada pelo Covid-19, novo coronavírus, e encontrei algumas páginas sobre a história cíclica das doenças.

Logo me pus a pensar sobre quais os sintomas que condenavam o corpo “velho e débil” de Voltaire e sobre como a população de sua época encarou a chegada da doença na pequena comuna francesa do País de Gex, um dos arrondissements (bairros) franceses, na divisa com a Suíça.

Porque lá, a gripe (essa causada pelo vírus influenza), essa doença universal que chama para si inúmeras sensações, atingiu a comuna mesmo com as transformações modernizadoras impulsionadas pelo filósofo. Tantas que Ferney chama-se Ferney-Voltaire desde o século 19, em homenagem a seu patrono

Estátua de Voltaire na cidade onde viveu, Ferney-Voltaire Foto: Jamil Chade/Estadão

Gripe, enquanto palavra, povoa as mentes humanas desde o século 18, apesar de os historiadores a reconhecerem desde o século 12. Biologicamente, porém, ela não é uma, como sabemos. Graças à sua veloz mutação, nos faz sempre perdedores em seu combate. Até porque ela se espalha, como também sabemos. 

E se espalha com o fluxo de viajantes. Os que são turistas, mas, antes de tudo, aqueles que percorrem os mares – e, mais recentemente, os céus – em nome dos negócios desde a mais tenra idade das civilizações.

Viagens são, assim, propagadoras de doenças? Com toda certeza. Mas, antes de elas carregarem os vírus de uma parte a outra, é preciso que haja ambientes favoráveis à proliferação dos mesmos. “Na verdade, não é mais que uma doença entre muitas outras que se espalham com suas viagens e contágios frequentes, graças às promiscuidades sociais”, escreve Braudel. Ele se referia à peste, cuja letalidade, é bom reforçar, era infinitamente maior do que a da gripe atual. 

Em comum, porém, ambas estão relacionadas à ação devastadora do homem. Seja pelas condições desumanas em que deixamos boa parte da população mundial viver, seja pela maneira com que lidamos com o meio ambiente e outros povos. Uma outra gripe, afinal, estava entre as doenças que dizimaram indígenas nas Américas quando aqui chegaram os europeus. Passaram-se mais de cinco séculos. E o que aprendemos?

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