Ao ver Dodi agonizando depois de ter sofrido uma agressão, o médico Walter Leite não teve dúvidas: levou-o para o centro cirúrgico da Santa Casa e o submeteu a uma salvadora cirurgia de emergência. Tudo muito normal, não fosse Dodi um cão da raça yorkshire e o médico, o dono do animal. O caso ocorreu no dia 17 de outubro, mas só agora chegou ao conhecimento público e está escandalizando a pequena Taguaí, na região de Avaré. "Tratei do meu animal porque ele é um ser vivo", afirma Leite. O cão tinha sido atacado por outro da raça boxer, maior e mais agressivo. O problema é que, agora, os moradores têm receio de usar os serviços do hospital. Eles temem ser contaminados porque os equipamentos cirúrgicos foram utilizados na cirurgia de Dodi e podem estar infectados. A Câmara quer punir o médico. Uma comissão de vereadores está ouvindo moradores para formalizar uma acusação por mau uso de bens públicos. A Santa Casa é subvencionada pela prefeitura. A Câmara enviou um requerimento à direção do hospital pedindo informações. A diretoria informou que o médico foi advertido por ter usado de forma inadequada as instalações do setor de emergência. Também garantiu que todos os equipamentos foram esterilizados. O caso chegou à Diretoria Regional de Saúde e resultou em uma sindicância. O prefeitoJosé Osvaldo Dalci (PSDB), que também é médico, disse que não concorda com a atitude do colega, mas entende sua preocupação em salvar a vida do animal. "Na faculdade de medicina aprendemos muito com os animais e tratar bem deles é uma forma de gratidão." Segundo Dalci, como o cãozinho foi tratado e passa bem, na cidade, o humor dos humanos também vai bem. Se alguns moradores reprovam a atitude do médico, outros fazem piadas. Um jornal da cidade estampou em primeira página uma charge mostrando o cachorro deixando o hospital com muletas.