Google, Facebook, Airbnb, Uber, Apple, Amazon são nomes praticamente incontestáveis da lista mental daqueles que pensam em empresas inovadoras. E ocupam esse espaço com mérito, afinal são responsáveis por ajudar a moldar novas formas de consumo e trazer rupturas expressivas aos mercados em que atuam. No entanto, o que poucos conseguem captar ao observar tais gigantes são as valiosas lições de negócios que elas têm para oferecer, sobretudo como ganharam musculatura estruturando suas operações sobre plataformas. Em linhas gerais, a estratégia de plataformas tem revolucionado a forma de se fazer negócios. Falamos de tecnologias capazes de conectar várias “pontas” do mercado: motoristas a passageiros, desenvolvedores de aplicativos a consumidores de serviços digitais, proprietários de imóveis a hóspedes, e por aí vai. Mas o conceito não para por aí. Plataformas são uma forma articulada de ampliar o foco do negócio e diversificar receita. É colocar o cliente no centro da estratégia, aprender com ele e cercá-lo com serviços ou produtos capazes de oferecer uma experiência completa, indo além do nicho. O Uber é um exemplo. A empresa deixou sua condição de aplicativo para compartilhamento de carros para se tornar uma plataforma de mobilidade urbana, capaz de transportar o passageiro da forma mais conveniente para o momento: de patinete, de automóvel ou fazendo com que a comida chegue a ele sem esforço próprio de deslocamento. Desde que assumiu em 2017, o CEO Dara Khosrowshahi, trabalha para consolidar a empresa como um expoente de MaaS (Mobility as a Service, ou Mobilidade como Serviço). Os primeiros resultados já podem ser sentidos. O Uber Eats, por exemplo deverá quadruplicar sua receita em 2019 aumentando a participação no resultado total, ajudando e ajudará a empresa-mãe a ter mais um trunfo para se diferenciar de rivais “puro sangue” cujo transporte de passageiros ainda é seu único produto. O início para pensar numa estratégia de plataforma é mergulhar nas necessidades do consumidor, indo além daquilo que já é oferecido. Para Doreen Wang, líder global da Brandz, dona do ranking das 100 empresas mais valiosas do mundo, marcas vencedoras são justamente as que conseguem colocar os clientes no coração de tudo que fazem. Isso pode ser aplicado a empresas maiores ou mesmo startups. É um exercício que deve começar desde cedo, justamente para que a agilidade em desenvolver subprodutos a partir da observação vire cultura. O fato é que todos os olhos devem estar no consumidor, que precisa ocupar o centro da experiência. Certamente ele trará insights valiosos sobre o potencial da estratégia de plataformas para seu negócio.
* É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL