Um caminhão transportando dez cilindros do gás butil mercaptana tombou na Marginal do Pinheiros na madrugada desta sexta-feira, 23, e complicou o trânsito na capital. Dois dos cilindros vazaram, espalhando o forte cheiro do composto pela região, causando náuseas e dores de cabeça aos moradores dos entornos da área do acidente. Apesar disso, não há riscos para a população, pois o gás não é prejudicial à saúde, segundo o diretor do Centro de Toxicologia do Hospital das Clínicas Anthoni Uong. O gás butil mercaptana é um composto de enxofre não tóxico de odor ruim que é misturado ao gás de cozinha, que não tem cheiro, para permitir que as pessoas percebam vazamentos. Mau cheiro O acidente aconteceu por volta das 4 horas e o mau cheiro característico do gás se espalhou pelas regiões sul e oeste da cidade, atingindo até a região do Parque do Ibirapuera e da Avenida Paulista, causando náuseas e dores de cabeça na população. Os dois cilindros que tiveram vazamento de gás foram retirados do local do acidente e levados para uma área de segurança perto do shopping Eldorado, de onde serão enviados para uma área de transbordo. O caminhão também já foi retirado da pista. O motorista do veículo, Fernando Alan Gomes da Silva, de 25 anos, está internado no Hospital das Clínicas, com reclamação de náusea e dor de cabeça, mas não apresenta ferimentos graves. Trânsito A pista expressa da Marginal do Pinheiros ficou interditada até as 11h40 desta sexta e o bloqueio complicou o trânsito de toda a capital. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) suspendeu o rodízio. A medição das 9 horas realizada pela empresa registrou 116 quilômetros de congestionamento em toda a capital paulista, número bem acima da média para o horário, que é de 47 quilômetros. Às 11 horas, o congestionamento na cidade chegou a 101 quilômetros, quase o triplo da média para o horário, que é de 35km. A medição das 13h30 apontou um índice de lentidão de 33 km, sinal de que o trânsito na cidade começou a se normalizar. Segundo as autoridades que trabalharam no controle da situação, não há mais risco de explosão. Para evitar que o gás explodisse, foi montado um sistema de ventilação forçada para dissipar o combustível. O odor continua forte na região da Marginal. "Não adianta remediar" O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PFL) afirmou que a empresa de transportes responsável pelo transporte da carga vai arcar com os custos de operação realizada pela Prefeitura após o acidente. "Isso já está definido, mas ainda não é suficiente. Não adianta apenas remediar, temos que evitar acidentes deste tipo", disse. Kassab destacou que há na Secretaria de Transportes estudos para restringir o horário de circulação de caminhões com cargas perigosas na cidade. "Estamos vendo a possibilidade de esses caminhões circularem acompanhados por carros da CET, que seriam pagos pelas empresas de transporte". Segundo o prefeito, esta proposta pode ser apresentada como projeto de lei ou tornar-se um decreto. O prefeito reconheceu que a cidade ainda apresenta problemas com relação à prevenção de de acidentes deste tipo. "A vulnerabilidade é grande", disse.