RIO - A segunda noite de desfiles das escolas de samba da elite do Rio de Janeiro no Sambódromo da Marquês de Sapucaí começou às 22h desta segunda-feira, 20, com a apresentação da Paraíso do Tuiuti, agremiação da zona norte do Rio que exaltou o Estado do Pará a partir da história da chegada dos búfalos à ilha. Penúltima colocada no concurso de 2022, a escola tinha por objetivo se manter na elite, e fez um desfile correto, em vários aspectos superior a escolas tradicionais.
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As fantasias e alegorias eram simples, distantes da oponência de Salgueiro ou Grande Rio (agremiações que desfilaram na noite de domingo), mas a história foi muito bem contada, como é de praxe no trabalho da consagrada carnavalesca Rosa Magalhães, maior vencedora de desfiles na “era sambódromo”, como é chamado o período a partir de 1984, quando a atual passarela do samba foi inaugurada. Rosa divide a função de carnavalesca da Tuiuti com João Victor Araújo.
O desfile começou contando a importância dos búfalos na Índia e o comércio de especiarias e outros produtos indianos com o mundo. Aí chegou ao Pará, porque no século XIX um navio saiu da Índia rumo à Guiana Francesa levando especiarias e búfalos, mas naufragou na costa brasileira e só os animais sobreviveram. Eles chegaram à ilha e se tornaram um símbolo dela, servindo como atração turística, montaria para a polícia e fornecedores de leite, por exemplo. Tudo isso foi narrado durante o desfile, com fantasias coloridas e um samba com refrões fáceis de cantar. A cantora paraense Fafá de Belém desfilou em um carro alegórico.
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O segundo desfile da noite foi da Portela, cuja apresentação era a mais esperada da noite. A escola de Madureira (zona norte do Rio), recordista de títulos no carnaval carioca (22), comemora seu centenário neste ano e contou sua própria história na avenida. A tradicional águia do carro alegórico abre-alas brilhava em azul e dourado e uma inovação surpreendia a plateia: um conjunto de drones parado sobre o início da passarela formava palavras como “Portela” e “100 anos”. As baianas se exibiram vestidas com um “divino” manto azul e branco, referência a Nossa Senhora Aparecida e à canção de muito sucesso que compara as cores do manto da santa e da escola.
A escola escolheu cinco personagens históricos para contar trechos de 20 anos da agremiação. O primeiro é Paulo Benjamim de Oliveira, o Paulo da Portela (1901-1949), que fundou a escola junto com Antônio Caetano e Antônio Rufino dos Reis.
A segunda parte da história da Portela foi narrada sob a ótima de Dodô da Portela (1920-2015), porta-bandeira da escola entre 1935 (quando a escola conquistou seu primeiro título) e 1966.
A terceira coube a Natalino José do Nascimento, o Natal da Portela (1905-1975), bicheiro que se tornou um grande líder da escola.
A quarta parte da história da Portela foi contada sob a ótica de David Correa (1937-2020), compositor e intérprete de sambas-enredo da Portela e de outras escolas.
As duas últimas décadas da história da Portela couberam a Monarco (1933-2021), cantor, compositor, integrante da ala dos compositores da Portela a partir de 1950 e presidente de honra da escola de 2013 a 2022.